✨-11-✨
🌟▫️BRUNNA▫️🌟
- Brunna, acorda! - Minha mãe gritou, provavelmente do outro lado da casa, mas não abri meus olhos, ao contrário, relaxei as pálpebras e empurrei um pouco de saliva para o canto da boca simulando baba e continuei "dormindo". Em pouco minutos ouvi os seus passos dentro do meu quarto.
- Você vai perder a aula, anda, eu sei que não está dormindo porque baba não tem bolhas. -Ao ouvir aquelas palavras, eu me levantei num pulo.
- Não é sábado? - Eu perguntei enquanto fazia um coque de qualquer jeito no cabelo e entrava no banheiro para uma ducha rápida.
- Claro que não, ainda é quarta-feira e seu pai já foi trabalhar porque ele e o Renato precisavam estar na empresa mais cedo, você vai ter que ir para a escola de ônibus porque precisarei trabalhar em um projeto última hora e não terei tempo. - Eu mencionei que meu pai e o pai da Ludmilla trabalham no mesmo setor de planejamento de uma empresa de arquitetura?
Para melhorar minha vida, minha mãe trabalhava como projetista cadista autônoma num escritório dentro da nossa casa e muitas vezes criava as plantas planejadas pelo setor onde meu pai e o tio Renato trabalhavam. Quando isso acontecia, os Oliveira e os Gonçalves se reuniam e eu era obrigada a conviver com a Ludmilla mais do que o necessário, isso sem contar as outras reuniões que não envolviam trabalho, churrascos, jantares e essas coisas inúteis.
Sai do banho correndo, vesti uma calça jeans qualquer, uma camisa que deixava meus ombros a mostra e desci, pegando umas quatro maçãs na cozinha antes de sair.
No mesmo instante em que fechei a porta da frente atrás de mim, olhei para direita vi a dêmonia possuidora de pensamentos saindo da garagem com aquele pedaço de metal oxidado que ela chamava de moto. O ar me faltou por causa do susto. A babaca devia se achar a rainha das motociclistas porque só andava naquela coisa usando coturnos e jaqueta de couro. E os cabelos? Ela parecia ter sido atacada por orangotangos raivosos. Ridícula!
Meus olhos franziram ao avistar uma coisa muito familiar em seu torso e eu marchei até aquela ridícula.
- Já não basta só roubar as meias dos outros, Oliveira? - Ela virou-se para mim com as sobrancelhas erguidas, parecendo surpreendida com a minha presença.
- Bom dia para você também, Brunna! Não foi colocar o lixo para fora hoje? - Ela sorriu.
- Devolva a minha mochila! - Eu praticamente gritei, ignorando sua pergunta e apontando duas maçãs para a mochila no peito dela. Ela olhou para baixo e deu de ombros, retirando primeiro sua própria mochila das costas e em seguida tirando minha mochila de seu torso.
- Você esqueceu isso no meu quarto ontem quando saiu da minha casa com todos os meus waffles e me fez comer um mingau nojento de aveia. Você não percebeu que estava indo para o colégio sem mochilas? - Eu senti meu rosto pegar fogo ao notar que eu só havia me preocupado em pegar algo para comer.
- Ah, tanto faz! - Eu respondi pegando a mochila de suas mãos, colocando-a nos ombros antes de ir dá uma mordida na maçã e ir pisando fundo para o ponto de ônibus.
Tudo era culpa dela! Se ela não houvesse me beijado, eu não teria esquecido a mochila no quarto dela, se ela não houvesse me beijado ou plantado aquela cerejeira, eu não teria ficado pensando nela e teria acordado mais cedo para pegar carona com meu pai e consequentemente conseguiria dar o "bom dia" do meu futuro marido.
- Quer uma carona, Bru? - A voz da idiota interrompeu meus pensamentos e eu a encarei, com o capacete estendido para mim.
- Não quero, eu vou de ônibus. -Resmunguei, colocando minhas outras maçãs dentro da mochila.
- Qual ônibus, aquele ali? - Ela apontou a cabeça para a direita e meu olhar acompanhou a direção, vendo a parte lateral do ônibus escolar virando a curva. Eu fechei meus olhos e inspirei fundo antes de abri-lo novamente e visualizar a palhaça me estendendo o capacete e grunhi antes de tomá-lo de sua mão com um puxão.
- Desmancha esse sorriso! -Eu gritei e entreguei minha mochila para que ela pudesse guardar no compartimento que havia na moto. - Cuidado com minhas maçãs! -Ela assentiu antes de guardar a mochila e sentar-se em cima daquela lata idiota. Eu sentei atrás dela e me segurei na ponta de sua jaqueta.
- Não segure ai! Abrace minha cintura. - Ela falou me olhando por cima do ombro. Nem fodendo eu iria abraçar aquela palhaça. Ainda mais com parte daquela barriga ridiculamente bronzeada, parcialmente exposta pela camisa curta.
- Eu não vou te abraçar, Oliveira!
- Então pode descer da moto e ir a pé! Eu não vou te carregar correndo o risco de você cair da moto e ainda querer me processar depois. - Eu não podia me dar o luxo de ficar esperando um ônibus, por isso, circundei sua cintura com o braço e segurei meus pulsos, sentindo os músculos de sua barriga se contraírem, mas tentei ignorar aquilo.
O caminho até ao colégio foi mais tranquilo do que pensei que seria, a babaca não fez nenhuma gracinha, digo, teve um momento no qual eu senti seus dedos acariciarem os meus, mas dei um tapa em sua mão e ficou tudo certo.
Ela parou em frente ao colégio e eu imediatamente quebrei o contato entre nossos corpos, descendo da moto e tirando o capacete enquanto ela fazia o mesmo e tirava a minha mochila do compartimento.
- Se você quiser, posso te dar carona todos os dias, assim você poupa o seu pai de ter que dar a volta ao mundo só para te deixar aqui. - Ela olhou por cima dos meus ombros e sorriu. - Bom dia garotas! - Segui o seu olhar e dei de cara com Maria Clara e Camila, com os olhares intercalando entre Ludmilla e eu. Merda! Eu deveria ter pedido para a Oliveira me deixar na esquina, assim ninguém me veria chegando com ela.
- Ludmilla! - Virei em direção ao sotaque rouco e me deparei com Vanessa se aproximando. Ótimo! Tudo o que eu queria, o clube todo reunido. Quase bati palmas para aquela lindeza.
- Bom dia, Van! - A babacona a cumprimentou com um sorriso.
Tão oferecida...
- Posso ter uma palavrinha com você?
Essa Vanessa sempre sorriu desse jeito?
- Vamos, Bru? -A voz da Camila estava me atrapalhando.
- Shrr - Eu resmunguei sem tirar os olhos das idiotas!
- Claro que sim, só preciso levar a moto para o estacionamento.
- Eu te acompanho. - A magrela sorriu e Ludmilla assentiu antes de olhar para mim.
- Bru depois nos falamos, pensa na minha proposta. - Ela piscou pra mim e saiu com a prupru.
- Pinsi ni minhi pripisti - Eu resmunguei enquanto via as duas desaparecerem diante dos meus olhos.
- I still get jealous... - A voz da Camila cantarolando fez com que eu pulasse de susto e a babaca começou a rir. - Adoro essa música do Nick Jonas, você não gosta, Clara? - Eu me virei para as duas e as vi sorrindo para mim.
- Sim, a cena que acabei de ver daria um ótimo vídeo clipe para essa música. - Eu revirei os olhos e passei por elas, esbarrando propositalmente em seus ombros.
- Bru, você veio com a Oliveira porque a aula de sexo durou a noite toda? - Aquilo me fez estacar no meio no caminho e as duas baterem contra minhas costas.
- Quê? - Virei para as duas sem poder acreditar naquela idiotice toda.
- Eu sei que é o seu primeiro chupão, mas você não precisa ficar exibindo como se fosse um troféu. - Clara respondeu com um risinho.
- Do que você está falando?
- Dessa marca roxa gigante no seu pescoço, bem que a Ludmilla tem cara de vampira. - Camila riu, me entregando um espelhinho que ela sempre carregava na mochila. Eu tomei o apetrecho da mão dela e procurei a tal marca, sentindo a fúria consumir o meu corpo vendo o círculo roxo com matizes mais escuras na minha pele.
- Eu vou matar aquela filha da mãe! - Eu berrei no corredor enquanto marchava em direção ao estacionamento pensando em todas as formas de assassinato. Assim que cheguei lá procurei a dêmonia com os olhos e senti todo o sangue ser drenado do meu corpo com a cena que vi.
🌷▫️DAIANE ▫️🌷
Eu estava nas nuvens!
Os momentos vividos no encontro de ontem com Vanessa estavam marcados em minha memória. O jeito que eu queixo se entortava um pouco quando ela sorria, o modo como ela franzia as sobrancelhas quando me ouvia contar sobre minhas amigas, a voz rouca carregada pelo sotaque porto-riquenho quando ela me contava sobre os cantores preferidos, o beijo que ela deu no meu rosto quando agradeceu pela tarde agradável... tudo nela era perfeito!
- Saia da frente, hipogrifo! - A voz masculina e o som da buzina me despertou de meus devaneios enquanto eu empurrava a bicicleta pelo estacionamento do colégio. Olhei para o lado e vi o babaca do Pedro descer daquele jipe ridículo com seu inseparável companheiro Lucas. Ele não iria acabar com minha felicidade com aqueles apelidos de péssimo gosto. Desviei a cabeça para o outro lado e vi Brunna correndo pelo estacionamento como um touro bravo. Eu só a via naquele estado quando a Ludmilla estava metida no meio. Eu adorava as brigas entre as duas e por isso a segui, vendo-a parar no meio do caminho com os olhos arregalados em um ponto específico. Movida pela curiosidade, dei alguns passos à frente, ainda carregando a bicicleta e vi a mesma coisa que Brunna viu.
Minha melhor amiga beijando Vanessa.
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