30° Taça
SALVEEEEEEEE
Faltam 1
A aproveitem, porque é o último capítulo antes da última taça.
Espero mesmo que gostem do capítulo de hoje, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
DE.SE.JO
substantivo masculino
1. aspiração, querer, vontade.
2. expectativa de possuir ou alcançar algo.
Partindo deste princípio, posso afirmar com certeza que sinto desejo.
Eu desejo muitas coisas, Park Jimin é uma delas.
Eu desejo tudo.
Passam-se quase três semanas desde que Park teve alta do hospital. Quase três semanas que conviver com Jimin tem se tornado difícil.
Porque o enólogo me deixa maluco.
Na maior parte do tempo tento reprimir o que sinto, porque a ideia de ambicionar o corpo do cara que estou apaixonado é algo que me causa pavor. Entretanto, sempre que deito a cabeça na cama, a voz de Namjoon é trilha sonora dos meus pensamentos.
Nunca percebeu, não é? Você se força inconscientemente a não desejar, porque sabe que não é do comportamento da natureza Amare.
Eu até tento mudar de posição ou cobrir os ouvidos com o travesseiro, todavia, a voz dele continua me rodeando.
Você deseja, Jungkook. Você não é como seus pais ou Stacy.
As sensações e a vontade ainda estão aqui.
Se parar de negar que não deseja, vai notar que você também deu errado.
Ou talvez sempre estiveram.
Jimin está na casa dele. Eu estou na minha. O decorrer da semana tem sido assim já que tenho dois filhos mimados para cuidar, só que a distância tem me feito parecer sedento.
Quando chego no trabalho e passo o dia inteiro vendo aquele homem engravatado concentrado em comandar uma empresa, sinto vontade de arrancar meus próprios cabelos.
Desejo é diferente de prazer, só que ambos andam lado a lado. O prazer vem com o desejo. O prazer vem logo após, até mesmo antes ou durante, a realização daquilo que desejamos.
Eu cheguei a essa conclusão, a de que o desejo com cada fibra do meu corpo, não apenas pelos pensamentos inapropriados pelo loiro ou a sede descomunal por ele, mas uma junção deles com as palavras do meu amigo e com um Jimin afirmando, depois que confessei que havia pensado na possibilidade de tocar a mim mesmo em uma das noites que passei em claro, que sim; eu sinto desejo por aquele homem.
Você não só pode como deve fazer. Masturbe-se, delírio, e pense em mim até o último espasmo.
Ou então quando me senti intocável quando sumi com alguns números da minha conta bancária que, nos últimos meses, tem crescido em abundância. Essa sensação foi nova para mim tal qual qualquer outra vontade que tenho me permitido sentir, fez eu me sentir minimamente poderoso.
Gastei com algo incrivelmente inútil, mas que me causou satisfação. Não só o que comprei, como o ato em si de possuir também. Eu já tinha um carro, todavia, comprei outro. Um zero.
Um foda.
Agora, entendo o que Jimin quis dizer quando fomos pela primeira vez no vinhedo juntos.
Tudo é muito novo, desde o anseio por mais desse poder até o sexual pelo corpo alheio. Ou então, a vontade que sinto de sentir tudo o que Jimin me proporciona quando estamos pelados em algum cômodo da casa. Quando me permiti causar todo esse calor a mim mesmo, com auxílio dele apenas na minha imaginação, é que eu pude ter certeza do quanto tudo isso mexe comigo. Do que faz comigo.
Do quanto é gostoso e libertador. Do quando eu quero. Quero prazer, quero poder. Quero amar e destruir.
Apenas quero.
Ao acordar nesta manhã, me olhar no espelho e não ver que o vermelho rubi — do qual tomava conta dos meus olhos até o momento em que me deitei na noite passada — me causa pânico num primeiro instante. Até entender que, assim como Jimin perdeu o ametista para os olhos de mel e Taehyung perdeu o rubi para o verde-azulado, eu também perdi o meu. Perdi o vermelho, a cor do amor, para um marrom escuro que beira o preto.
Se não fosse pela luz batendo e pelo afeto que, nos últimos tempos, faz parte da minha rotina, acreditaria que estivesse a ponto de morrer por falta de amor; como é comum acontecer com Amares sem afeto.
Só que... Eu não sei mais o que é normal. Tudo tem ficado tão confuso e turbulento, eu não sei em quem e no que acreditar. Assistir e ler algo sobre as últimas notícias que rodeiam o mundo me parece tão falso. Nada mais faz sentido, são mentiras.
Tudo fachada.
Por isso, ao invés de sentir medo, sorrio ao ver a coloração em meus olhos. Porque quer dizer que posso ser como eles. Quer dizer que posso amar, que posso desejar.
Que posso sentir o que preciso sentir.
Eu sou humano também.
Minha ausência na Wine neste dia tem meus olhos como justificativa. Demoro a me conectar de volta à realidade e quando isso acontece, tenho um problema: como vou esconder isso?
Mesmo que o mundo esteja um caos nos últimos dias, nas últimas semanas, não devo me expor. E quando digo caos, não me restrinjo a apenas o fato de estar surgindo pessoas Não Amares e Não Cupiditatem todos os dias, mas a revolução que elas estão fazendo.
Revolução.
Tem sido violenta, o governo tem tentado usar a força para abafar essa anomalia. Também não me restrinjo apenas à Califórnia, tem acontecido ao redor do mundo todo. Os líderes polêmicos cujas ideologias são consideradas polêmicas e antiquadas, porque são a minoria nessa disputa de pecados, têm sido abafados (mais que o comum) e coagidos pela majoritária que defende a sociedade do amor e do desejo como a resposta para os conflitos.
O caminho da paz e da luz divina.
Então, noto que isso acontece há décadas. É assim desde o começo. As pessoas estão tentando aparecer há muito tempo, contudo, algo escandaloso sempre acontece e é o suficiente para distrair todo o restante da população. Eu me sinto enganado, porque foi exatamente isso que aconteceu por anos.
Eu fui enganado.
O fato de demonizarem esse grupo de "terroristas hereges" que tenta acabar com a paz e a palavra de Deus é mais que o suficiente para enganar. Para confortar corações amedrontados. Porque todos somos fanáticos por uma história, por livro foi deixado. E está tudo nele. Esse apocalipse está no livro, está previsto desde o princípio.
É fácil acreditar.
E difícil de provar o contrário.
— Preciso da sua ajuda... — digo quando minha ligação é atendida. — Pode vir na minha casa? agora?
Taehyung nunca veio no meu cogumelo antes, mas meu desespero faz ele brilhar primeiro que qualquer outra pessoa que seja mais próxima de mim. Porque ele pode me entender. Agora, é o único que sabe o que está acontecendo comigo.
Porque Taehyung também é um Amare que entrou no processo da metamorfose.
E quando ele chega, me pegar sentado na sala não o deixa curioso porque a nova tonalidade dos meus olhos, que o fitam no instante em que aparece, toma total atenção dele.
Tae, ao contrário do que acho, não parece assustado. É quase como se eu pudesse enxergar o alívio em seu olhar, em seus traços, em sua postura. Ele senta ao meu lado e toca meu rosto, e então me abraça.
— Você está livre agora.
A voz, apesar de ser grave por natureza, me conforta ao invés de me deixar acanhado. Não que eu esperasse me sentir assim, mas talvez eu devesse.
Mesmo assim, me sinto bem. Sinto medo, mas sei que há semelhantes a mim. Sei que não estou sozinho. Taehyung me abraça e me faz ter mais certeza de que não estou.
— Você tem acompanhado os jornais? — indaga, eu balanço a cabeça.
Faz alguns minutos que trocamos o sofá da sala pela cozinha, onde prometi que faria algo para comer.
Porque não consigo ficar parado.
Porque não quero ficar parado.
— Tenho evitado. Por quê?
— Tá um caos lá fora. — Sua voz rouca soa sombria, diferente de quando me confortou quando chegou. — Estão querendo fazer um coletivo. E ir as ruas.
— Tae... Não se exponha — peço, torcendo para que ideia alguma esteja passando na cabeça dele. — Eu sei que quer que tudo isso acabe logo, e eu também quero, mas é perigoso. Fazer uma espécie de manifestação agora, justo agora, vai ser mais violento do que bonito. Sabe disso, né?
Demora, mas balança a cabeça em concordância.
— E eu não quero que se machuque.
Ele engole em seco e eu ouço. O cenho tranquilo tenciona, os olhos se perdem na garrafa de vinho que Park me presenteou meses atrás; ainda intocado.
— Eu achei que era só eu... — diz de repente, o olhar e o pensamento longínquo. — Eu passei anos da minha vida achando que tinha algo de errado para eu não ser como todo mundo. Que fui punido por Deus e por isso não era o suficiente para ser, ao menos, um promíscuo.
Me olha, o que o olhar verde carrega agora me causa um arrepio ruim. Faz eu querer me abraçar.
— Tem tanta gente como eu. Como você. E não tem nada de errado, a gente só está sendo o que nunca deveria ter sido mudado: humano.
Taehyung se assemelha muito ao que eles nos fazem abominar: um Herege. Agora, entretanto, eu entendo que as pessoas que eles diziam que eram criminosos por nos fazer querer acreditar no que não existe não passam de pessoas que, por décadas, foram caladas. Pessoas que tentam mostrar que o que não existe, na verdade, é o paraíso que eles querem que vejamos no mundo Amare Cupidi.
A questão é que eu não quero que ele se machuque. Por mais que a ideia de viver se escondendo me parece assustadora, é menos dolorosa do que o que pode acontecer caso se exponha demais. Por isso, o faço prometer. E me agarro a sensação de que não jura da boca para fora, que está me garantindo verdades.
No fim, mudo o rumo da nossa conversa porque essa me aflige e sei que não sou o único. Então, questiono como tem sido a semana do rapaz; tanto porque faz dias que não o vejo, mas também porque quero esquecer o que está da porta para fora.
Por hora, ao menos.
Quando diz que precisa ir, me despeço mesmo querendo que continue comigo. Porque não quero ficar sozinho, porque Taehyung é uma boa companhia, porque sinto medo da minha própria.
Não quero ficar sozinho comigo mesmo.
Tae se vai e eu tento montar um cronograma que seja agitado o suficiente para me manter ocupado o dia inteiro. Distraído no sofá, já quase finalizando as tarefas para enfim começar a ocupar a cabeça, o soar da campainha me tira a concentração.
Sou cauteloso ao ir até lá, e me surpreendo ao ver Taehyung outra vez.
— Só vim trazer isso — ele diz. Parado sobre o tapete de boas vindas, me estende a caixa. — Vai precisar agora.
São lentes.
Lentes rubi. Vermelhas. Como meus olhos foram por anos.
Isso me faz chorar, mas me preocupo em fazer isso apenas quando me despeço do rapaz outra vez. Enfim sozinho, derramo lágrimas e externo soluços audíveis. Milk e Coffee me consolam.
Na hora do almoço, receber a ligação do meu melhor amigo me deixa feliz. Talvez os acontecimentos estejam me deixando emotivo, porque choro outra vez quando Namjoon admite que esteve pensando em mim.
— Já almoçou? — Nego seu questionamento, a ligação está no viva-voz. — Posso te buscar na Wine pra gente comer junto?
Mordisco o lábios inferior. — Não estou na Wine.
— Não foi trabalhar?
Eu confio em Namjoon. Eu posso confiar nele. Por isso não hesito sobre se devo contar ou não.
— Vem aqui pra casa que eu te explico melhor — digo, sabendo que será melhor ele ver.
Claro, como um bom fofoqueiro, Namjoon sequer retruca, apenas confirma e se despede dizendo que chegará logo. Perceber sua afobação me faz rir, e eu provoco dizendo que precisa vir preparado para cair para trás.
Ele solta um grito histérico antes de encerrar a ligação de maneira abrupta.
Partindo do ponto de que é um almoço fora, entro no banho depois de enviar uma mensagem dizendo que pode entrar já que não poderei recebê-lo. De qualquer forma, ele já é de casa.
E dito e feito. Namjoon está sentado na beira da minha cama quando saio do quarto com a toalha na cintura. Ele me olha no instante seguinte em que noto sua presença, de repente é como se tudo o que é capaz de emitir ruído tenha feito silêncio. Apenas para que Nam possa perceber o que há de incomum.
— Você estava certo... — murmuro, meus olhos querendo encher d'água outra vez. — Eu também dei errado.
O silêncio alheio começar a me incomodar com o passar dos segundos, ainda mais quando Namjoon não esboça nada. Só fica ali, me olhando. Eu desvio os olhos em algum momento, desconfortável mesmo que seja alguém que costumo me sentir à vontade.
— Você se sente mal? — Quando quebra a quietude, estou próximo do guarda-roupa à procura de algo para vestir. Em resposta, balanço a cabeça. — Nada?
— Não é como Jimin — digo. — O desejo não machuca como o amor machuca.
Em segundos, troco a toalha na cintura por uma roupa. Me viro para Nam assim que visto uma camiseta.
— Eu me sinto bem — acrescento.
— Mesmo? Isso não te assusta?
— Muito — confesso e recebo, pela primeira vez, um sorriso. Um sorriso de conforto.
— Não precisa se sentir assim — diz e estende a mão para mim. — Eu vou te proteger.
Quando me aproximo, Namjoon me puxa para um abraço. É tão forte que me faz sentir, de fato, protegido. Eu poderia ficar o dia todo com ele, agarrado nele.
— Você pode sair assim? — ele pergunta me olhando nos olhos. — Podemos almoçar em casa, se quiser.
— Podemos sair. Eu posso esconder... como Jimin.
— É melhor assim, não é? — Balanço a cabeça em concordância. — Tudo bem.
Namjoon fica sentado na cama enquanto termino de me ajeitar. Sinto dificuldade em colocar as lentes e ele me ajuda. O branco que contorna as íris estão avermelhados e úmidos quando me olho. O vermelho artificial se assemelha muito a como era.
É fácil enganar.
— Podemos ir.
Passar algumas horas com meu melhor amigo, como costumava ser, me traz uma sensação de nostalgia e até saudade. Faz um tempo que Namjoon e eu não ficamos assim, só nós dois. Sem preocupação alguma.
Pelos menos por algumas horas.
E Nam me arranca risadas. Ele me conta as histórias pervertidas e hilárias que aconteceram na Êxtase nas últimas noites, me faz gargalhar sem tanto esforço.
— Eu tinha esquecido o quanto você é besta... — digo entre uma risada e outra.
— Faz mesmo tanto tempo assim desde a última vez? — Balanço a cabeça. — Devemos voltar a sair mais.
Ele me deixa em casa com a promessa de que vamos nos encontrar mais vezes, nem que seja apenas para fazer nada em casa. Eu o abraço forte antes que vá, agradecendo pelo dia e pelas risadas. E por, mais uma vez, ser meu porto-seguro. Antes de ir, ele acena para Milk e Coffee.
No meio da tarde Park me liga também. Ele se lamenta por não conseguir vir ao menos almoçar comigo — por ser um dia em que, devido a um encontro de enólogos renomados, nem na empresa ele está —, mas promete que virá e ficará comigo e com os gatos essa noite.
Ouvir isso me faz escorrer no sofá.
— Fiquei surpreso quando vi que era Stacy, ela comentou que você ligou dizendo que não iria hoje — ele diz, eu suspiro devagar. — Você nem me falou nada... Aconteceu algo?
— Eu não queria te distrair hoje. — Encolho as pernas no sofá conforme minha voz baixa desliza pelas paredes da sala. Jimin demora para dizer algo. No fim, repete a pergunta de outrora. — Aconteceu... Tá sozinho?
Ouço o som abafado de vozes. Talvez ele esteja longe delas, mas ainda escuto ao fundo da ligação. Contudo, Jimin diz que sim para a minha pergunta.
— Não quero entrar em detalhes por ligação, a gente conversa melhor quando você voltar — é o que digo.
— Mas está tudo bem? — Me apresso em responder que sim. — Nem uma dica?
Sorrio ao notar a manha no tom doce de voz dele.
— Uma dica? — Penso em como contar isso sem contar de maneira direta. Não que eu não queria dizer para Jimin, logo para ele, só que quero que seja pessoalmente. Sem ninguém mais. — Digamos que aquele calor... me mudou. Também. Como você. Sabe?
Nas entrelinhas, Park Jimin deveria ter entendido que "aquele calor" significa o desejo que tem se manifestado e que "me mudou" tem relação com os meus olhos. Acredito que o "como você" tenha contribuído para que ficasse explícito.
Porque ele entende.
— Qual é a cor? — Sua pergunta vem baixa, falha e ofegante. Como se, por um instante, tivesse ficado sem ar.
— Pense num céu noturno, estrelado. — Fito meu reflexo no vidro do porta retrato. — É como vejo agora. Só que... quando o sol se alinha a eles... mudam de cor. Chocolate. Não são pretos.
— Como... Como café? — palpita, a euforia escancarada. Me faz sorrir e balançar a cabeça.
— Como café, meu bem...
Jimin parece ter esquecido que está num compromisso cujo sua presença é uma das atrações, porém, alguém aparece chamando por ele. Eu ouço, apesar de baixo. Querem conversar e tirar fotos, ele pede um momento e diz que já está indo.
— Preciso desligar... — diz, amuado. — Me espera? Volto para casa no fim do dia.
— Estarei aqui, amor — garanto, abraçando eu mesmo.
Park é quem finaliza a chamada, o delay antes do bip me faz crer que não queria ter que desligar tanto quanto eu.
Fico pensativo durante o restante do dia, minha mente viaja por momentos e sensações. A tonalidade dos meus olhos somada ao fato de que tenho consciência de que não sou normal me causa picos de ansiedade.
Eu poderia gritar agora mesmo.
Fico inquieto. Meu coração dispara do nada. Falta de ar me toma. Mesmo tentando focar nos afazeres de casa, minha cabeça continua turbulenta.
Até mesmo dolorida.
Jimin tentou se manter afastado da minha casa nos primeiros dias depois que sugeriu evitar vir me ver. E eu entendo que o motivo para essa atitude. Contudo, ouvir a campainha tocar e me deparar com a figura elegante do enólogo parado na porta quando a abro me aquece o peito. Me faz sorrir.
Me faz só ignorar os perigos de sua presença e puxá-lo para dentro. A porta se fecha num instante e noutro me agarro a ele.
— Que bom que veio.
— Senti sua falta... — confessa baixinho. — Deixe-me ver.
Eu quebro o abraço apenas para que possa me olhar nos olhos. Quando se alinham, encontro conforto no fim de tarde.
— Oh... — solta, espontâneo. — Como se sente?
— O próprio caos — digo, ele ri e segura meu rosto. Abre a boca e sinto que vai falar algo, porém Jimin apenas me aperta num abraço forte.
Eu não ouso não retribuir.
Por minutos, em pé mesmo, a gente não se desgruda. Não se move.
Ele questiona sobre os gatos e nós vamos à procura. Encontramos os dois na sacada, Milk sentado no parapeito observando a rua (ele é fofoqueiro) e Coffee estirado sobre a mesinha no canto. Milk desce miando quando ouve a voz de Park, Coffee continua sem muita movimentação. Jimin senta na poltrona bege ao lado da mesa e acaricia o felino de pelagem preta enquanto o branquinho roça na calça cara.
É uma cena que me causa boas sensações, me faz sorrir.
— Como foi o evento? — pergunto, me esgueirando e me sentando sobre o par de coxas. Um dos braços de Jimin rodeia minha cintura no instante seguinte. Ter me acomodado de lado sobre seu colo me permite ver tanto seu rosto bonito quanto a vista da sacada.
Por hora, entretanto, passo meus braços em torno do pescoço e foco apenas no rosto belo.
— Tranquilo. Tirei algumas fotos, dei algumas entrevistas e, talvez, um possível novo contrato. Deve entrar em contato com você em breve. — Ele relaxa a postura quando passo os dedos por trás de sua orelha. — Estou tão cansado...
— Imagino que tenha sido um dia cheio. Alguma pergunta... inconveniente?
Não preciso explicar, Park logo entende o que quero dizer.
— Não diretamente. Algumas avulsas com intenções de achar uma brecha para entrar no assunto, mas nenhuma específica sobre as fotos ou a "intoxicação alimentar".
— Menos mau, quer dizer que está dando certo. — Balança a cabeça de leve e eu sei que devo mudar de assunto antes que fique emotivo. — Podemos tomar banho e jantar. E aí você descansa. O que acha?
Balança outra vez, desta quase ronronando. — E como foi o seu dia?
— Caótico partindo do princípio de que não tenho mais o vermelho nos olhos. — Sopra uma risada junto comigo, eu explico como foi e como me senti quando acordei e me olhei no espelho. — Conversei bastante com Taehyung. E o Nam veio me buscar pra gente almoçar junto. Disse que estava pensando em mim e ligou pra almoçar com ele. Fofo, né?
A expressão de Jimin deixa de ser relaxada e tranquila. Não é algo tão significativo, é um sutil tencionar de sobrancelhas. Mas eu percebo.
Ele sempre retorce os traços quando ouve o nome do meu amigo.
— Jungkook... — solta, de repente parece incerto, ponderando. — Você não acha que está na hora de... deixar ele ir?
Minha testa tenciona sem meu consentimento. Eu tento parecer avulso ao que está falando, só que minha reação involuntária ao ouço não ajuda muito.
— Como assim? — murmuro, Jimin se ajeita na cadeira acolchoada mesmo comigo no colo.
— Você não acha que deveria deixar o Namjoon seguir a vida dele? — O canto da minha boca sobe, por um momento seu questionamento soa engraçado. Ele parece com medo das próprias palavras, diz com a mesma cautela de alguém que está pisando em galhos secos num cenário em que a vida depende do silêncio absoluto.
— Ele não está preso a mim. — Espremo os olhos. Soa seco, não é minha intenção.
— Não? — Agora seu tom é cínico, até mesmo irônico. Me incomoda um pouco.
— Não, Jimin, ele não está. — Desvio os olhos, ficando de pé. — Na verdade, eu é que estou preso a Namjoon.
Dou dois passos adiante, é o suficiente para chegar na sacada. Corro uma das mãos pelos fios lisos dos meus cabelos e apoio o antebraço no parapeito, olhando a paisagem noturna que estar no segundo andar me proporciona.
— Não me entenda mal, delírio, é apenas um questionamento. O que quero dizer é que... — a oscilação na voz me faz crer que Jimin está nervoso agora. — Desculpa, só acho que você deveria repensar essa história de... pagá-lo para estar ao teu lado. Isso não te machuca?
Fito as suculentas plantadas nos três vasinhos ao meu lado, o verde prende a minha atenção.
— Eu não posso — digo, a voz um pouco mais baixa que antes. De repente, vejo Namjoon e nossos momentos juntos. Momentos antigos.
— Por que não?
Mordisco o lábio, sorrindo para as plantas. As memórias deslizam pelas folhas verdinhas.
— Namjoon não está preso a mim, ele é livre para fazer o que quiser e isso inclui não aceitar mais o que lhe ofereço. Ele está comigo porque quer — conto em meio ao nosso filme. — Diferente de mim, que está preso a uma pessoa que é mais que importante na minha vida. Mas que só pode ficar se eu oferecer algo em troca.
Namjoon pode não me amar de verdade, mas retribui todo o amor que sinto por ele. Eu preciso dele por perto porque me apeguei, eu já não consigo me ver sem meu melhor amigo. Se for embora, será semelhante a dor de uma perda. Porque Namjoon já é alguém que ocupa um espaço no meu peito. Pagá-lo para me amar perdeu o sentido há muito tempo, e o pago porque ele é importante.
Porque faz parte da minha vida, de quem sou.
Suspiro e me viro, olhando para o CEO ainda sentado na poltrona. Ele me encara com atenção, a preocupação está estampada na feição bonita.
— Está tudo sob controle, não me machuca mais. Eu aprendi a lidar — garanto. — Não vou ser o primeiro a romper, eu amo Namjoon. Quero ele na minha vida pelo restante dela. Se ele quiser ir, não o impedirei. Se ficar, ficarei feliz.
Jimin não fala nada, eu volto para dentro de casa alegando que preciso de um banho. Não é uma desculpa, preciso mesmo de um, todavia, também é uma oportunidade de dar um fim no assunto.
Eu queria poder dizer que isso não mexeu comigo, mas estaria mentindo. Esse questionamento de Jimin ficou na minha cabeça não apenas no jantar e quando me deitei, mas nos dias que vieram a seguir também.
É um assunto que já foi muito refletido por mim nos últimos dez anos, e que já me era claro. Entretanto, eu não tinha ninguém que me amasse de volta, por isso Namjoon continuou por todos esses anos na minha vida. Agora, contudo, Jimin demonstra carinho sem esforço algum.
E Namjoon... Namjoon precisa lembrar do motivo pelo qual me ama todo mês.
Todo mês sem falta.
Isso me deixa pensativo ao longo da semana. E quando o expediente do sábado chega ao fim no começo da tarde, decido acabar logo com essa agonia que me toma o peito. Sem saber muito bem como iniciar o assunto com Nam, opto por tentar ficar sozinho com ele.
Sozinho e num lugar tranquilo, num lugar nosso.
Eu
Be|
Tá ocupado?|
[17:47]
Nam
|Já disse q pra vc nunca tô
[17:50]
Eu
Kkkk besta|
Tá com fome?|
Estava pensando em comer um dogão na praça|
Faz tempo que a gente não come|
Anima?|
[17:51]
Nam
|Com toda a certeza
[17:51]
Eu
Então fica pronto|
Te busco em casa|
[17:52]
Nam
|Tá
|Jimin vai?
[17:52]
Eu
Só a gente|
Me avisa quando tiver pronto|
[17:52]
Eu deixo o celular de lado para me arrumar, o que não demora tanto já que estou de banho tomado. Quando manda mensagem dizendo que posso buscá-lo, cuido dos gatos e da casa uma última vez antes de pegar a chave do carro e pôr a carteira no bolso.
Em dez minutos estou buzinando em frente à casa do meu amigo. Ele me cumprimenta com um sorriso grandão e um beijo.
— Ele não quis vim? — pergunta. Fofoqueiro.
— Na verdade, eu é que não queria que ele viesse. — Namjoon solta um que feio que me faz rir. — Eu queria que fosse só a gente hoje. Tô com saudade de fazer essas coisas com você.
— Fofo.
A gente conversa no caminho. E conversa quando senta em uma das mesas de plástico próximo do trailer de cachorro-quente. Nam pede dois e um refri, eu peço um e um suquinho.
Os óculos me irritam em algum momento. É noite e eu pareço um idiota, então ergo até o topo da cabeça. Não me preocupo com a tonalidade dos meus olhos, fico mais confortável agora que posso ver tudo nitidamente.
— As vezes eu esqueço — comenta, me olhando com atenção. — Até que preto combina com você.
— É castanho-escuro.
— Preto — simplifica, eu rio.
— Não é, por mais que pareça. Contra a luz fica marrom.
— É bonito, de qualquer forma.
Eu desvio os olhos quando os lanches chegam, evitando fitar a mulher. Só ergo quando se afasta.
E aí a gente como. Devora, talvez essa seja a melhor maneira de definir. Pergunto sobre como foi a semana e ele me conta tudo. Me arranca risadas do que rola na Êxtase que me tiram o fôlego, Namjoon é besta demais.
— Nam — chamo, apoiando o cotovelo na mesa. A essa altura já terminei de comer, mas pedi outro suco enquanto a gente fica de boa conversando.
— Hm?
Umedeço os lábios, meu amigo me olha.
— Você quer seguir a sua vida?
Acho que a minha pergunta o pega de surpresa, porque franze o cenho. Ao mesmo tempo que o deixa confuso.
— Em que sentido?
— Quero saber se... você quer ir embora. Da minha vida. Se não quer mais isso.
Brinca com o porta-guardanapo sem desviar os olhos de mim.
— Você quer que eu siga a minha vida? — devolve.
— Se você quiser, não vou me opor. — Meu tom sai firme, mesmo que meu coração acelerado mostre o quanto essa conversa me deixa ansioso. — Mas não. Não quero. Você é importante para mim. Passamos tanto tempo juntos, você é meu tudo agora. Quero você comigo pra sempre, porque eu te amo muito. Mas vou entender se quiser ir.
Namjoon não diz nada de imediato, só fica me olhando por uns dez segundos, mas sorri de lado e diz: — Eu também te amo, Jungkook.
Acho que sempre sonhei com isso. Com o momento em que Namjoon iria dizer que me amava de volta. Nunca aconteceu, mesmo depois de dez anos convivendo, porém, tinha me acostumado com minhas declarações platônicas.
Meus olhos enchem d'água, eu sorrio bobo.
Extasiado com a declaração.
— Eu quero seguir a minha vida e estou fazendo todos os dias. E você faz parte dela, querido, e te ter perto também é importante para mim. Não tem porque eu sair da sua vida sendo que nós dois estamos felizes como está. — Ele estica a mão para tocar a minha sobre a mesa. — Eu só vou sair da sua vida quando você quiser, Jungkook. Caso contrário, vou morrer ao teu lado.
Tomado por um sentimento bom, meu rosto esquenta e eu sorrio mais. O comichão no peito me faz querer sair da cadeira onde estou e me agarrar a Namjoon, que me olha como se eu fosse um quadro bonito. Eu me sinto, mais uma vez, amado pelo meu amigo. — Obrigado por estar na minha vida.
Nam sorri e sacode a mão no ar como se dissesse "deixa disso", e olha ao redor antes de dizer: — Quer dar mais uma volta?
Eu não hesito em aceitar.
A gente se esgueira pela paisagem noturna e aconchegante da praça, final de noite de um sábado preguiçoso, de tal maneira que o tempo passa despercebido. As risadas alheias dele se misturam a minha a cada novo passo adiante que damos e a sensação é nostálgica.
Por um instante, volto à uns anos atrás onde costumávamos sair com mais frequência. Sem um destino, sem um motivo, só nós dois. Agora, entretanto, sei que onde quer que eu esteja, Namjoon vai estar comigo. E não afirmo isso porque não acredito na possibilidade da gente se afastar em algum momento e sim porque, mesmo que a vida nos separe, Namjoon está presente em quem eu me tornei hoje.
Em quem eu sou.
— Péssima música — ele diz, futucando a multimídia do meu carro na tentativa de mudar de música. — E, porra, você ainda ouve rádio? Quem ouve rádio?
— Por que não ouvir rádio? — resmungo, dividindo atenção entre ele e a direção do veículo. — As vezes gosto de saber o que está acontecendo enquanto vou para o trabalho.
Namjoon solta um ruído desgostoso e até engraçado, passando as estações sem dar tanta atenção ao que está tocando.
Até chegar num ponto que me irrita, então dou um tapa no dorso de sua mão e o impeço de mudar mais uma vez.
— Vai ficar nessa — ralho, mal abrindo a boca.
— Ah não, Jungkook! — ele resmunga, choraminga. Cai numa frequência que, pelo horário, não toca mais músicas. A voz lenta da mulher toma conta do meu carro. Eu implicaria um pouco mais com meu amigo, porém a mensagem chama não só a minha, como a atenção de Nam também.
— [...] a polícia tem tentado intervir nessas aglomerações, mas a pergunta fica no ar: de onde está vindo tantas? e em que momento, e porquê, resolveram aparecer? Ao que tudo indica, o gatilho na Califórnia pode ter sido o caso do enólogo Park Jimin, cuja influência fez com que sua foto, dita como manipulada, trouxesse à tona o que, até então, acontecia sem a ciência coletiva. Entretanto, ao redor do mundo, revoluções e movimentações têm acontecido há meses por pessoas cujos olhos e traços não se adequam mais ao normal; ao comum.
Aperto o volante.
— Tira isso — mando.
— Nesta noite, a movimentação organizada por esse grupo causou um alvoroço na principal avenida da cidade, onde sete pessoas vieram a óbito e mais de cinquenta ficaram feri–
Nam troca de frequência, começa a tocar uma música lenta. Meu pé pesa no freio sem que eu percebo, meu corpo projetado para frente quando o carro para em segundos é o que me faz notar que freei.
— Que foi? — Sinto o toque leve no meu ombro, que se torna um aperto de conforto quando Namjoon fecha os dedos ao redor dele.
É nebulento. Uma névoa turva e densa cobre meus pensamentos. Meu raciocínio. Eu não consigo falar, explicar, mas pego meu celular no console. No meio da pista, com carros transitando e buzinando, disco o número de Taehyung.
Chama. Chama. Chama.
Só chama.
Até caí.
Ele prometeu.
Ele me prometeu.
O celular cai no colo no instante que troco o freio pelo acelerador. O que toca meus olhos se torna turvo vez ou outra, estar em alta velocidade aumenta a falta de nitidez. Sinto a mão de Namjoon no meu ombro, sua voz me pedindo calma soa longe.
Eu acelero mais.
Só paro de pisar fundo quando chego em frente à pequena residência do rapaz. O fato de o lado de dentro estar completamente escuro não diminui as esperanças que preenchem meu peito, apesar do coração estar estalando como o motor quente do meu carro. E a aflição é revertida em força e projetada contra a porta de madeira.
O nome do garoto rasga a minha garganta quando sai, mas meus chamados histéricos perdem o sentido conforme os minutos passam. Perdem força. E o fôlego se vai. Assim como a força das minhas pernas, onde tento me firmar para me manter estável.
Ele me prometeu.
— Hm... Não, é o Namjoon. Mas ele está aqui, posso passar se–
A voz alheia ainda está longínqua.
— Ah sim... Certo, estamos indo. Obrigado, Jimin. — Quando olho por cima do ombro, Namjoon está do lado de fora do carro com meu celular próximo da orelha. Ele o afasta do rosto sem pressa e coça a nuca com a mão livre, a expressão tenta me passar conforto. — Era o Jimin.
Não digo nada. Não porque não quero, mas porque sinto que não tenho capacidade de proferir uma palavra a mais sequer.
— Ele disse que... — Nam continua. — Disse que ligaram para ele. Do hospital de urgência e emergência. — Pressiono a porta trancada com meu corpo, a visão ainda turva. — Taehyung deu entrada no início da noite. E está muito machucado.
Balança a cabeça de um lado para o outro, Namjoon balança para cima e para baixo ao mesmo tempo. E então, vem até onde estou.
— Taehyung me prometeu que não brincaria de ser heroi — choramingo, soltando meu corpo pesado quando meu amigo me abraça.
— Jimin disse que está indo para lá. — Me agarro a Namjoon. — Acho melhor você ir para casa.
— Ele deveria estar dormindo agora. — Amasso a camiseta dele. — Dormindo...
— Ele deve ter sentido que precisava fazer isso, querido. — Balanço a cabeça em negação. — Vamos para casa? Acho melhor...
— Quero ir. Por favor, eu preciso ir até lá! — O agarro pelos ombros. — Eu preciso.
— Tudo bem, mas eu dirijo.
Eu concordo, porém apenas é a condição posta por Namjoon. A lerdeza dele no volante durante o percurso até o local mexe com meus nervos, mas o carinho que a mão alheia faz ao segurar a minha me acalma em determinado momento. Enquanto a gente não para próximo ao hospital — longe devido ao trânsito e a quantidade de carros ao redor dele — Nam não solta a minha mão.
Apenas de não ser o mesmo onde Jimin ficou em observação, o ambiente hospitalar me causa calafrios. Basta ver toda a correia de ambulâncias, todo o caos de sirenes e giroflex, ou então da correria de pessoas machucadas e médicos para que a sensação de sufocamento dê as caras.
Fito Park Jimin na recepção tumultuada do hospital público de urgência e emergência. Ele parece perdido e aflito, sem saber o que fazer ou com quem falar.
Todo mundo parece estar ocupado demais.
Mesmo com a barulheira, chamar pelo enólogo o faz me olhar assustado. Quando me reconhece, não perde tempo ao me abraçar com força.
— O que aconteceu? Cadê ele? Como ele veio parar aqui?! — Sai tudo de uma vez da minha boca, eu acabo me atropelando.
— Eu não sei, ninguém sabe me responder nada direito. — Jimin parece assustado, atordoado. Mesmo assim, mantém o tom de voz firme tal qual seu abraço ao meu redor. — Houve uma confusão, todas essas pessoas ficaram machucadas. Ou morreram. E outras estão morrendo no corredor, durante o atendimento. Aqui não tem espaço para todas essas pessoas... — Sua afobação é notável pela maneira fadigada que diz, é como se estivesse sem ar. — Taehyung... Eu não sei, não me deram muitos detalhes. Só disseram que ele está muito machucado, foi um dos primeiros a chegar. Não puderam me dizer muito porque mais pessoas feridas chegaram.
Jimin nega com a cabeça e me olha. O mar violeta me fita com súplica, a água dos sentimentos toma as extremidades com uma rapidez impressionante.
— O que está acontecendo com o mundo, delírio?!
Eu não respondo simplesmente porque não sei. É um questionamento pertinente, e até mesmo assustador. Em resposta, aperto Jimin num abraço. Um abraço que, em meio ao caos que é a recepção deste hospital, reúne as forças que perdi ao perceber que Taehyung não estava em casa.
A gente custa a se desprender um do outro. Quando acontece, Jimin cumprimenta Namjoon com um aceno de cabeça. Eu consigo encontrar uma única cadeira desocupada em meio a tormenta, Nam e Ji ficam em pé ao meu lado. O tempo todo atento a qualquer mísera informação sobre o rapaz.
— Eu não aguento mais! — Park exclama, quase pulando sem sair do lugar. — Fica aqui, eu vou ver se descubro algo. E solicitar que transfiram Taehyung para o meu hospital. — ele diz olhando para Namjoon, e faz um carinho breve na minha nuca antes de se afastar. Não consigo dizer nada porque em poucos segundos o loiro já está longe.
Ainda na repetição, ainda sentado na cadeira dura do hospital de urgência e emergência, ouço a voz assustadora que sai da TV pequena presa na parede branca se misturar ao desespero das pessoas procurando por familiares. Em algum momento meus ouvidos capturam a voz do jornalista no noticiário local anunciando:
— O mundo está entrando no que podemos chamar de Apocalipse.
Eu estremeço na cadeira gelada. O que muitos estão enxergando como Apocalipse, como o fim dos tempos, eu vejo como o Paraíso, o início de um novo ciclo da nossa espécie.
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
MUITA INFORMAÇÃO eu sei
Calma. CALMA. Vamos por partes
O JK pediu para que o Nam dissesse de volta quando esquecesse, e ele disse. Não que o JK tenha esquecido por completo, no fundo ele sabe que todas aquelas palavras são mentiras, são só para fazer ele se sentir bem, mas ele não liga tanto. Porque Namjoon é alguém por quem criou afeto ao longo dos anos
Mesmo que para Namjoon Jungkook signifique outra coisa
E esse diálogo entre os dois é muito loko. É fofo se você não sabe o contexto da história deles. Agora que vocês sabem, dá pra notar o que há por trás de cada palavra. Enquanto o JK fala de amor, Namjoon fala de dinheiro. Desde o começo da fic é sobre dinheiro. E tá tudo bem para eles porque ambos têm importância na vida um do outro. Na do JK, Nam proporciona afeto e atenção. Na do Nam, JK proporciona dinheiro (pra caralho, inclusive)
Perceberam a diferença entre os dois? Pois é, não tem. Não existe diferença. Tanto o Nam quanto o JK são ambiciosos no mesmo nível. Por razões diferentes, mas os dois são iguais
Rapaz...
Esse final também é de abalar nossos cures
Sobre o Tae... Ah, o Tae... Ainda tenho coisas a falar sobre o Tae
SPOILER: no próximo capítulo vocês vão sair de bucho cheio. Tudo o que neguei durante 30 taças, vocês vão receber de uma vez na 31°. Vão ter um coma alcoólico de tanta boiolagem. Aguardem a ressaca depois de beberem 31 taças, porque não é pouca coisa
Minha conta no twitter é @DanKyunsoo
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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