25° Taça
SALVEEEEEEEEE
E o cap de hoje tá difícil hein. Se preparem
Espero mesmo que gostem do capítulo de hoje e boa leitura 💕
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
A gente meio que passa a vida toda escutando, e sabendo, que vamos morrer um dia. Todos nós, sem exceção. Entretanto, apesar disso, dói, né? Dói quando esse momento chega.
A dor é dilacerante.
Enquanto o som alto daquela máquina toma conta de todo o quarto, assisto uma cena que estraçalha meu coração. Uma mãe aos prantos na beira da cama de um hospital sendo confortada pelo marido aflito; agarrada ao corpo do filho, ela suplica a Deus, o todo misericordioso, por uma segunda chance.
Eu, apesar do estado de choque, consigo reunir forças o suficiente para chamar os médicos. Aperto o botão ao lado da cama, mas corro até a porta logo em seguida e chamo a atenção da primeira pessoa com jaleco que vejo.
Depois disso tudo acontece muito rápido. Tudo vira um caos. Os médicos entrando no quarto. Afastando os dois mais velhos do filho. A movimentação no corpo sobre a cama. A tentativa de reanimação. O ruído fodido daquela máquina. A gritaria. O choro.
— Tem algo de errado — uma dos médicos diz, tocando o pescoço e o pulso de Jimin.
Acho que Amélia, o esposo e eu não deveríamos estar assistindo a tudo isso. A questão é que os médicos parecem empenhados em tentar descobrir o que há de errado e nossa presença se torna insignificante desde então.
Eu gostaria de ter sido expulso do quarto no instante em que chegaram, minhas pernas não querem funcionar agora. E não quero ter que assistir a isso.
— Tem pulso. Mas...
Tem pulso? Como? Aquela máquina maldita não me deixa esquecer que seu coração está parado há quase dois minutos.
Um dos médicos descobre a maior parte do corpo de Jimin e, quando abrem a vestimenta hospitalar na altura do peito, eu escuto a risada baixa de um deles.
— Como isso foi acontecer? — a mulher pergunta, vendo o outro médico colar de volta ao peito de Park.
E aí a máquina volta a apitar.
Eu fecho os olhos, esvazio os pulmões o máximo que dá e abaixo no chão quando perco a força nas pernas que, até então, pareciam pedras de tão rígidas. Chega.
Segurando a cabeça, questiono a mim mesmo quando essa tortura vai acabar? Porque eu não aguento. Não mais. .
As vozes estão abafadas. Amélia chora de alívio ao longe. A máquina apita vez ou outra, tão longe quanto. Meu coração bate na cabeça, latejando. Eu tremo, estremeço da ponta do fio de cabelo aos pés.
Me apoio no chão e fico em pé outra vez. Saio do quarto sem olhar para trás. O branco em todo o lugar que olho me incomoda, assim como os corredores longos sem janela alguma. Com a respiração agitada, o peito doendo com a vibração que meu coração caótico causa, me esgueiro entre os médicos, os pacientes e as macas. Na recepção, empurro a porta de vidro com força e saio do hospital.
Então respiro.
Contudo, o ambiente ainda me incomoda. Sirenes. Pessoas apáticas transitando. Pego o celular no bolso e sinto dificuldade ao encontrar o contato de Namjoon.
Demoro para levar até a orelha quando disco, mas ainda está chamando. E continua chamando. E chamando. E chamando.
Até cair na caixa postal.
Eu tento de novo. E chama até cair outra vez.
— Merda...
Olho para trás, para o hospital brilhando em meio à madrugada, e passo a mão no rosto suado. O úmido é frio, apesar de eu estar sentindo calor. Eu vim para cá na ambulância, por isso peço uma corrida no aplicativo com destino à Êxtase. Meu melhor amigo é a primeira pessoa que me vem à mente. Ele vai saber lidar comigo.
Ele sempre sabe.
Sei que está na Êxtase agora. São três e quarenta da madrugada, é o horário de êxtase da Êxtase. Quando chego, pago pela corrida e agradeço ao motorista, saindo do carro.
O mundo gira ao meu redor por um instante.
Não é a minha primeira vez na casa noturna, mas nunca passei da porta. Porque não é o tipo de local que aprecio frequentar.
— Ingresso. — O segurança me barra na entrada. — O caixa é ali atrás.
— Eu não... Eu só vim procurar o meu amigo — explico, abraçando e acariciando meu próprio corpo mesmo que não esteja frio. — Namjoon, ele é o dono.
— Tudo bem. Compra o ingresso, depois você entra e procura o seu amigo. — Ele não acredita em mim. Imagino a quantidade de pessoas que aparecem aqui dizendo que é amigo do meu amigo querendo entrar de graça.
Suspiro e relaxo os ombros, assentindo com a cabeça. O segurança abaixa a guarda quando percebe que me dei por vencido, e aproveito a distração dele para me abaixar e correr em direção a entrada. Ele grita e vem atrás de mim, só que, por ter o dobro do meu tamanho, é mais lento que eu.
Tem MUITA gente.
As luzes piscando em meio ao breu atrapalha ver com exatidão, mas tem muitas pessoas dançando. A Êxtase é um círculo aberto e tem três andares. No térreo, onde estou, fica a pista de dança no centro e o bar nos cantos; seguindo o formato circular da construção. No primeiro e segundo andar, logo em cima, é onde fica os... enfim, as pessoas transam. E é como uma sacada, é tudo aberto, elas transam ao ar livre, debruçada sobre o parapeito de vidro tendo vista para a pista de dança aqui embaixo.
Eu evito olhar para cima.
Em vez disso, olho para todos os lados e tento focar no meu amigo, torcendo para que ele esteja aqui e não lá em cima.
Um alívio momentâneo toma meu corpo ao que o encontro no bar. Ele está flertando com duas mulheres lindas enquanto prepara uma bebida para elas. E eu até me perderia no carisma dele se só não estivesse a fim de receber um abraço apertado e chorar no colo da pessoa que me sinto seguro.
— Querido! — grito, me jogando sobre o balcão ao lado das duas Cupiditatens.
A minha chegada nada discreta chama a atenção delas e dele.
— Jungkook? — Ele espreme os olhos, acho que para ter certeza de que sou eu. — Tá fazendo o que aqui?
— Nam, a gente pode conversar? — Tensiona o rosto. — Por favor.
— Tô trabalhando, Jungkook. Agora não. Eu vou pra sua casa depois, pode ser?
E aí ele volta a dar atenção as duas outras pessoas ao olhar e sorrir para elas.
— Namjoon... — chamo de novo. — Não quero tomar seu tempo. Eu juro que é rápido.
No instante que digo isso, sinto mãos me agarrarem.
— Você tem que pagar! — o segurança berra na minha orelha, me arrastando para longe.
— Namjoon! — Me agarro ao balcão, olhando para o meu melhor amigo como se o mundo dependesse dele.
Ah, Jungkook... Você esquece as coisas tão fácil. Você se engana tão fácil. Namjoon é um Cupiditatem.
Ele é.
Eu vejo o exato momento que ele fecha os olhos e trava a mandíbula com força, jogando a coqueteleira com força demais na pia. Voa bebida e gelo para tudo quanto é lado.
Me assusta.
— Solta ele, Gabriel — manda, pulando por cima do balcão.
O segurança me larga e eu sorrio quando percebo que venci. Mas escondo o sorriso quando Namjoon chega muito perto. O ambiente escuro, os olhos violetas, a expressão raivosa e as luzes acendendo e apagando com certa constância o dão um ar diabólico e assustador.
— Vamos lá pra fora — quando fala, se afasta e segue na frente.
Eu hesito por um segundo e sigo ele até a saída, onde o segurança já voltou ao seu posto.
— Namjoon... — chamo, pela primeira vez conseguindo falar sem precisar gritar. O som alto e caótico fica dentro da casa noturna.
Nam respira fundo e morde a boca de leve antes de sorri fraco.
— O que você quer? — a voz é mansa agora.
Há momentos em que mesmo se esforçando, Namjoon não consegue disfarçar. Ele não consegue continuar fingindo.
Mentindo.
— Não sei, eu... — Abraço meu próprio corpo. — Achei que pudesse procuraro meu amigo quando precisasse de ajuda.
— Cadê Jimin? Não tá com ele porque? — Nego com a cabeça. — Merda. Eu não posso te dar atenção agora, Jungkook. Vai pra casa.
— Você não pode... Ou você não quer? — É a vez dele negar com a cabeça.
— Não quero. É isso que quer ouvir? — Não digo nada porque não consigo. — As coisas não são só sobre você, então só hoje, Jungkook. Eu só preciso de um tempinho, ok? — O tom seco, o cenho tão travado quanto a musculatura dos braços, expõe sua irritação. — Vai pra casa. Dorme. Vai passar, seja lá o que você esteja sentindo. Tô ocupado, não posso te dar atenção agora.
Sorrio.
— Eu sou só um. Elas são duas.
— ELAS NÃO ME IRRITAM O TEMPO INTEIRO!
Ele berra, como se tivesse explodido.
— Desculpa — abaixa o tom, fechando os olhos. — Por favor, vá pra casa. Eu não quero te magoar, quando fechar aqui eu vou pra sua casa e a gente conversa o tanto que você quiser e sobre o que você quiser. Mas eu preciso de paz agora.
Conviver com Namjoon tem um preço. Às vezes ele é um amor. Às vezes ele machuca seu coração. Mas a mentira compensa.
Na maioria das vezes, pelo menos.
— Eu achei que tinha visto ele morrer na minha frente hoje — conto quase sem voz. — Eu só não quero ficar sozinho.
Namjoon passa a mão na cabeça antes de pegar o celular no bolso. E aí leva até a orelha depois de alguns cliques.
Então, sorri para o chão.
— Desculpa o horário inoportuno, Yoongi — Meus olhos enchem d'água. — Pode buscar o seu filho? Não! Está tudo bem, ele só precisa de companhia e eu estou trabalhando agora. Isso, na Êxtase. Mesmo? Obrigado. Desculpa te acordar. Beijo.
Afasta o aparelho da orelha e devolve ao bolso.
— Você não vai ficar sozinho.
É a última coisa que diz antes de me dar as costas. Contudo, não permito que se afaste ao segurar o braço dele de leve.
— Namjoon... Você prometeu, com todas as suas forças, que colaria meu coração. Lembra?
— Não tenho nada a ver com isso! — Se solta do meu toque frouxo com brutalidade, me olhando com os olhos arregalados. — Caralho, Jungkook, me erra. Só por hoje. Me esquece. Enquanto o sol não nascer eu não existo. Pode ser? Eu nunca te peço nada, só dessa vez. Eu colo depois disso.
Ele se distancia de novo e eu deixo. Porque ele está certo. Namjoon nunca me pede nada. Me aguenta o tempo inteiro alugando ele e não reclama.
Eu desmonto no meio-fio, na beira da pista. Abaixo a cabeça e a apoio nos braços, sobre os joelhos. E fico. Quietinho. Encolhidinho. Esperando. Acho que durmo, porque sou pego de surpresa com a voz do meu pai.
— O que houve? — Seokjin indaga, aflito.
— Me leva pra casa? — Minha voz sai arrastada.
Me oferece um sorriso gentil e assente com a cabeça, tocando meu ombro. Ele me ajuda a ficar de pé e me abraça até o carro, onde Yoongi toma a direção com uma expressão preocupada.
— Você não está drogado, não, né? — é a primeira coisa que ele pergunta quando entro no banco de trás.
Me arranca uma risada manhosa.
— Não, pai — murmuro, me encolhendo. — Papai...
Pai Jin entra na frente e me olha por entre os bancos. E aí fica os dois me olhando.
— Desculpa — peço. — Posso ficar com vocês?
— Claro que pode! Que pergunta. Vai, Yoongi. — Cutuca o braço do mais baixo na direção.
Pai Yoon não demora muito para sair com o carro. A gente vai quietinho o caminho todo. Me sinto constantemente observado por eles. Eu penso muito em Jimin. Penso que talvez eu devesse ter ficado lá. Mas se tivesse ficado, surtaria ainda mais em algum momento.
Entretanto, por hora, meu maior medo é meu celular tocar com o número dos pais ou da irmã do loiro. Porque pode não ser uma notícia boa.
Notícia essa que estou me preparando para receber, porque talvez ela seja inevitável.
Já na casa dos meus pais, sou cuidado por eles como se tivesse voltado a ser criança. Eu sento no sofá depois do banho e Yoongi aparece com um copo de achocolatado morno. Jin senta ao meu lado e depois Yoon faz o mesmo, só que do outro.
— Vai contar pra gente o que está acontecendo?
Acho que agora não tem mais como evitar, nem esconder.
— Me apaixonei por um Cupidi — enfim digo, não olhando para saber a reação exata deles. — E ele está no hospital agora. Pode não passar de hoje.
Meus olhos enchem d'água.
— Namjoon brigou comigo e eu tô chateado com ele. Mesmo ele tendo razão. — Encaro o copo de vidro que seguro. — Eu só quero dormir e acordar num lugar em que o mundo não seja esse.
Porque esse machuca muito.
— Ah, meu amor... — Jin me agarra e me abraça meio de lado.
— O que houve? Com... esse Cupidi que você... — Yoon começa, mas não continua.
Eu suspiro.
— Ele tá machucado — digo apenas. — E a dor dos machucados está matando ele.
— Eu sinto muito.
Eu também.
Seguro a mão alheia e o puxo para um abraço também. Acaba que eu fico no meio dos dois, recebendo amor dos dois. Me acalma.
Me conforta.
— Desculpa — peço, a voz e o corpo trêmulos. — Preocupar vocês. E decepcionar.
— Não decepcionou! Tá tudo bem. — E aí eles me apertam mais. — Termina. A gente te coloca pra dormir.
Murmuro manhoso e termino de beber o achocolatado morno sem pressa, a mão de um acaricia meus cabelos e a do outro aperta minha coxa já perto do joelho, onde sabe que sinto cócegas.
Ameniza o peso em meu peito.
Quando subo, vou ao banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes, sentindo um calor gostoso ao entrar no meu antigo quarto e ver as coisas exatamente no mesmo lugar; mesmo depois de tanto tempo.
— Descansa, tá? — Yoongi pede, alisando meus cabelos outra vez quando deito na cama. Ele senta na pontinha de um lado e Seokjin senta na do outro.
Minha antiga cama é pequena, não dá para mais de uma pessoa.
— Pai... — Os dois me olham com atenção. — Se der errado no hospital... — De repente meus olhos enchem d'água. De novo. — Posso voltar para cá? — Encaro um, depois o outro. — Morar aqui de novo?
Os dois sorriem. Jin beija a minha testa.
— É claro que pode, meu amor. Nem deveria ter saído.
Isso me alivia. Porque tenho certeza de onde sei que vou ficar seguro quando acontecer. Quando Jimin não estiver mais aqui. Porque Namjoon tem razão, não vou me manter saudável morando só eu e os gatinhos.
Penso que ficar um tempo com meus pais seja a melhor alternativa. Porque não quero ficar sozinho. Porque não quero ter que lidar com tudo sozinho. Porque não quero ter que encontrar Jimin na cama de um hospital.
Mas preciso.
Preciso voltar para casa.
Confesso que enrolo na cama quando acordo de manhã. A decoração do meu antigo quarto me faz lembrar que as coisas não estão acontecendo da melhor forma, e é por isso que estou deitado nessa cama minúscula.
— Merda...
Eu não levanto por um bom tempo, e quando faço isso, evito procurar meu celular. Por hora, ao menos. Eu tomo um banho demorado, parando no tempo como se tivesse poder para isso. Quando, na verdade, é apenas minha percepção enquanto a água cai em cima de mim.
Porque o tempo continua passando. Ele não para um segundo, nem para que eu possa respirar um pouco.
Ao sair do banho, encontro meu pai sentado na cama. Yoongi sorri e me abraça, e pergunta se dormi bem. Eu tento parecer melhor, então sorrio, retribuo o carinho e minto ao afirmar que sim. Mas tudo bem, ele fica mais tranquilo.
O café da manhã me parece saboroso, só que a fome é um problema. Ela não tem feito parte de mim nos últimos dias. Sei que a moleza que sinto vem dela, por isso me forço a engolir mesmo que a vontade seja de fazer o contrário.
Eu preciso comer.
— Preciso voltar para casa — anuncio, atraindo a atenção dos dois. — Por causa dos gatinhos. E depois ir pro hospital.
Eu preciso ir para o hospital.
— A gente te leva — Jin diz, limpando minha boca com a mão mesmo. Me arranca um sorriso, porque sinto falta.
Saudade deles presentes.
Só quando levanto da mesa de jantar que enfim caço meu celular. Quando desbloqueio, não ter nenhuma notificação de ligação ou mensagem me alivia, ao mesmo tempo que faz eu me sentir sozinho.
— Liga pra gente — Yoon diz ao parar com o carro em frente a minha casa. — Se precisar de qualquer coisa.
— A gente vem correndo — Jin completa e sai do carro só pra me abraçar.
— Prometo — garanto, apertando ele. — Obrigado por tudo.
Me despeço mais uma vez de Yoongi antes de destrancar a casa com a chave que fica no meio das plantas na frente de casa, já que todas as minhas coisas ficaram na casa de Jimin quando saí às pressas de madrugada dentro da ambulância.
Namjoon está aqui.
Ver os sapatos dele no lado de dentro de casa me faz engolir em seco.
Está tudo silencioso. Passa das dez da manhã. Eu mordisco a boca e encaro o topo da escada. Não parece ter ninguém em casa.
Fecho os olhos e respiro fundo, só então saio do lugar. Subo os degraus sem fazer muito barulho, olhando tudo com atenção. Sou abordado por um gatinho preto que sai do meu quarto correndo, me faz sorrir.
— Oi, meu amor — sussurro, pegando ele no colo. Ele mia. — Ainda está bravo comigo?
Acho que não, porque lambe meu dedo.
Ajeito o felino no colo e termino de andar até o quarto, abrindo mais a porta entreaberta. Namjoon está deitado na minha cama. Não dorme, caso contrário sei que estaria roncando como se o amanhã não houvesse. Ele só está deitado, olhando o gato branco dormindo sobre o meu travesseiro.
Quando entro, a atenção dele vem para mim. Me oferece um sorriso pequeno e eu retribuo ao sentar no lado vazio do colchão.
Coffee pula do meu colo e se enrosca em Milk.
— Veio sozinho? — pergunta manso, quebrando o silêncio.
— Meus pais me trouxeram. — Cruzo as pernas sobre a cama.
Namjoon suspira e estica o braço. Eu permito que toque e segure a minha mão quando estico também.
— Desculpa — pede. — Por ter... falado aquelas coisas. E por ter gritado.
Aperta a minha mão de um jeito que me conforta. Quando olho, noto a total atenção dele em mim.
— Eu não queria ter erguido a voz porque sei que você fica magoado. Eu só... não consegui me segurar. — A expressão é amena. O tom é calmo. — Desculpa, por favor.
— Tudo bem. — Devolvo o sorriso, acariciando o dorso da mão dele. — Você não tem controle sobre algumas coisas. A culpa foi minha por ter aparecido lá e insistido que ficasse comigo.
Namjoon nega.
— Você está machucado, querido. Não invalide a sua dor, a culpa não foi sua. — Me puxa com gentileza para mais perto, eu descruzo as pernas e me deito na cama — Posso ficar com você? Nós temos um coração estilhaçado para colar, certo?
Sorrio e assinto, sentindo vontade de chorar de novo.
— Vem. Deixa eu te abraçar.
Eu chego mais pertinho dele e me viro de costas. Namjoon me abraça com força e isso faz eu me sentir melhor.
— Obrigado por ter vindo — digo, sentindo protegido agora.
— Eu disse que viria. — Apoia o rosto no meu pescoço. — Eu sempre venho, não venho? — Concordo. — Eu tô aqui, meu amor.
Aperto os olhos com força.
— Nam... — chamo e ele murmura. — Posso te pedir algo que nunca pedi antes?
— Claro que pode.
Eu demoro um pouco para conseguir falar. Namjoon não me apressa e intensifica o carinho. Eu fecho os olhos e os aperto com força.
— Diz que me ama. — Sai baixo, mas sei que é o suficiente para que escute. — Quando eu estiver distraído e não lembrar mais que as coisas são como são, diz que me ama de volta. Por favor.
— Tem certeza?
— Não importa o quanto isso me custe — digo sem hesitar.
Namjoon suspira.
— Eu digo, meu bem — então diz, me tranquilizando com o tom manso. O beijo suave depositado na minha bochecha me acalma ainda mais.
Eu relaxo pela primeira vez desde que saí da casa de Park dentro de uma ambulância. Estou com medo dos próximos minutos, mas sei que Namjoon vai me proteger. Ele sempre me protege. Sempre foi assim.
Pego no sono em algum momento. Não posso afirmar em qual ou por quanto tempo, mas durmo. Sou acordado com meu celular tocando ao meu lado, na cama. Namjoon ainda me abraça, ainda me protege.
Meus olhos se acostumam com o ambiente antes de focar na tela do aparelho brilhando sobre o colchão.
Amélia.
Quero dizer, o contato dela não está salvo no meu celular, mas depois de meses atendendo ligações com o mesmo número, já não me é estranho. Amélia sempre liga para a Wine para perguntar sobre Jimin, porque conversar comigo é o que acalenta o coração de uma mãe sem notícias do filho.
A questão é que eu travo. Porque a ligação que eu passei as últimas horas tentando me preparar chegou e eu descobri que: não, eu não estou nem um pouco preparado.
Eu preciso de mais tempo.
Sento na cama e, mesmo não querendo, acabo me desvencilhando do abraço de Namjoon.
Ele está acordado. Quando olho, os olhos violetas me encaram com curiosidade. E ao perceber o meu desespero, e o motivo dele, o olhar se torna reconfortante e receptivo.
— Atenda — diz, o tom ameno. — Estou aqui com você.
Escutar isso, e sentir a atenção que Nam está me dando, me dá coragem para pegar o celular.
Eu hesito mais, mas atendo no fim.
— Amélia? — digo, minha voz sai falha.
— Jungkook...
Mas a dela não está tão diferente assim da minha.
— Jungkook, você... pode vir para cá?
Meu corpo estremece.
— Ele... — Fecho os olhos com força. — Ele morreu?
Não acho que essa seja a melhor forma de descobrir isso. Nem para mim, nem para ela. Mas sai. Só... Só sai.
E Amélia demora para responder. Aumenta minha aflição.
Meu medo.
Namjoon toca e segura minha mão. Eu aperto de volta.
— Por favor — imploro.
— Ele acordou.
Meu coração, mesmo com a resposta dela, continua acelerado. Continua doendo.
— E ele tá bem? Como ele tá? — Me enrolo nas palavras, sai tudo de uma vez. Rápido.
— Ele... tá bem. Ele... Os olhos dele...
Tensiono o rosto.
— O que tem os olhos dele? — pergunto, me sentindo ser observado por Namjoon.
E quando encaro ele tenho certeza de que os olhos violetas estão grudados em mim.
— Não estão violetas. Os olhos dele estão da cor do mel, Jungkook.
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjo? Como vocês estão?
O capítulo de hoje foi tenso e intenso. O Jungkook tá perdidinho, desnorteado e surtando. Ele não sabe o que fazer ou pra quem chorar. Namjoon não o deu atenção e ele foi parar na casa dos pais. CAÓTICO
Mas pelo menos ele tem um refúgio para quando acontecer. Ele poderá voltar para casa, para os pais dele. Porque ele sabe que não vai suportar uma perda tão grande sozinho
Os Yoonjin de papais do Jungkook é tudo pra mim, sabe? Ain que tristrezaaaa
Muito fofos!
Apesar da discussão, os Namkook fizeram as pazes no mesmo capítulo porque não queria fazer vocês sofrerem ainda mais (olha como sou boazinha). Mas o que acharam disso?Algumas coisas começarão a fazer sentido a partir do capítulo que vem
E os olhos dele estão mel 👀
SPOILER: no próximo capítulo haverá revelações, como eu disse sobre a relação do Nam com o JK. Vocês querem saber o que ele sente, certo? Como tudo começou? Pois bem. Aguardem
Enfim, é isso por hoje
Minha conta do Twitter é @dan_kyunsoo
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam. Amo vocês 💜
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