1° Taça
SALVEEEEEEEEE
OFICIALMENTE (e finalmente hahaha) O PRIMEIRO CAPÍTULO!!!
Peço a colaboração e gentileza de vocês, um comentário e uma estrela fazem muita diferença na minha vida. Afinal, é a partir deles que sei que devo continuar. Que estão gostando do que estou entregando a vocês ❤️
Espero que gostem do capítulo de hoje, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
Amare é uma palavra em latim que, no português, significa Amor;
Já Cupiditatem é uma palavra em latim que, no português, significa Desejo.
Amare e Cupiditatem.
Amor e Desejo.
Vermelho e Violeta.
● ● ●
Em uma Era em que pessoas foram induzidas a terem características antagônicas, eu, Jeon Jungkook, passo a minha medíocre vida tentando encontrar uma tal de "alma gêmea''.
Me questiono o porquê de ainda me submeter a certas infelicidades.
Porque ô peste difícil de achar. Passei tanto tempo da minha vida procurando (meus tempos de escola que o diga), que tem vezes que eu simplesmente penso em não acreditar mais. E o foda é que todas as pessoas ao meu redor parecem felizes com o par romântico delas – ou até mais de uma pessoa –, enquanto eu continuo aqui: pleno e sozinho.
Odeio casais felizes.
E quando digo "características antagônicas" não quero dizer cor de cabelo ou pele. Quero dizer características que afetam diretamente a personalidade e a maneira de viver em sociedade. Não que já não fosse assim antes, a questão é que tomou proporções surreais. De fato, não éramos assim séculos atrás.
O mundo foi dividido deste modo após um grupo religioso extremista, querendo mostrar que os valores dele eram melhores e maiores que os dos outros, separou as pessoas com amor no coração, capazes de amar incondicionalmente seu deus. Essas iriam para o tal paraíso. Enquanto a outra parte seria os sujos, os promíscuos, os ambiciosos. Esses iriam para o tal inferno.
Foi com essa tese que eles revolucionaram o mundo. Vinculados à ciência, mutaram os humanos através de vacinas (essas que prometiam algo bem diferente do que, de fato, era). Eu só sei que duzentos anos depois, atualmente, esse grupo religioso de fato conseguiu o que queria: separar o amor do desejo.
Em escala global.
Devo admitir que às vezes fico imaginando como seria ter os dois. Juntos. Mas são pensamentos que não devo ter, por isso os guardo para mim. Temos que viver com a ideia da perfeição, que somos como somos porque deus quis.
Nós somos perfeitos.
Eu sou um Amare. Amares tem vínculos fortes com o amor. Todo o tipo de amor. Quando eu estou a fim de alguma coisa, não é apenas um sentimento de gostar. Eu amo aquela coisa. Só há dois extremos para os Amares: o amor e o ódio. Ou nós amamos, ou nós odiamos; mas não demonstramos esse ódio, apenas nos afastamos das coisas que não nos agrada de maneira a evitar que esse sentimento tome conta. Entretanto, o extremo ódio é raramente alcançado. É MUITO difícil um Amare sentir ódio.
Mas não impossível.
Além de Amares, existem os Cupiditatens. Amares, de forma geral, mantêm distância de Cupiditatens, e Cupiditatens adoram correr atrás de Amares. De acordo com eles, o prazer é maior.
Prazer.
Enquanto Amares são ligados com intensidade ao amor, Cupiditatens tem um vínculo absurdo com o desejo. Eles não amam. Nunca. Eles vivem em prol do prazer — principalmente o sexual, mas não se limitam apenas a esse. O desejo vem do possuir, do obter. Seja dinheiro, seja sexo, seja poder.
Eles se acham os fodões mesmo sabendo que vão para o inferno.
Nós Amares, de forma geral, construímos nossas vidas ao lado de outros Amares porque o desejo, o prazer, não é algo que nos interessa. Não que prazer não exista, mas não é o mesmo para nós como para eles.
Mais para frente você vai entender melhor os tipos de prazeres que estou falando.
Ao contrário de Amares, Cupiditatens, de forma geral, se relacionam com outros Cupiditatens – mesmo preferindo a pureza de um Amare.
Digo de forma geral porque há casos em que Amares se envolvem com Cupiditatens, mesmo com a raridade deste evento. Não é algo impossível, apenas tenha em mente que um Cupiditatem não retribui. Eles nunca amam. Então, se um Cupiditatem está tendo algum vínculo com um Amare, é pura e unicamente por causa do prazer sexual. Porque sexo entre Amare e Cupiditatem é muito mais gostoso.
Eu sei disso porque Cupiditatens não escondem suas preferências, tampouco o motivo pelo qual gostam mais de Amares do que da própria natureza.
E porque eu tenho um amigo Cupidi — o que, depois de tudo o que lhe expliquei acima, possa parecer irreal e até irônico. Breve entrarei em detalhes sobre, não se apresse.
Devo admitir que mesmo sendo Amare e ter tendências a me envolver muito rápido com as coisas e as pessoas, tenho certa dificuldade em criar sentimentos ou encontrar o alguém que fará as tais borboletas voarem no meu estômago. Meus pais, ambos Amares, se conheceram com dezesseis anos, por exemplo. E as histórias que eles contam sobre o começo são tão românticas que parecem irreais. Colegial, acampamento da escola, primeiro beijo com direito a chuva e tudo, pedido de namoro meses depois, casamento na praia, eu, envelhecer juntos.
Enquanto isso, estou aqui, me aproximando dos trinta anos, morando com dois gatos, conversando diariamente com plantas e só saindo quando me arrastam porque prefiro mil vezes virar a noite maratonando Crepúsculo enquanto me acabo em porcarias. Eu vivo assim.
E estou muito feliz, se você quer saber.
Porém, contudo, entretanto, todavia, me sinto sozinho às vezes. Muito raro, mas acontece. E é aí mesmo que eu maratono Crepúsculo. E bebo vinho também. É possível notar que estou na merda quando tomo algo com álcool. Eu não gosto de álcool, mas o vinho desce quando tenho crises existenciais.
Enfim, deixa essa infeliz parte da minha vida de lado. Por enquanto, pelo menos.
Agora que já expliquei que uma metade do mundo pende para o lado afetivo, Amare, e a outra metade para o lado carnal, Cupiditatem (induzidos por um grupo genocida), posso dar sequência.
Nesse exato momento estou jogado no sofá. Isso. Literalmente, jogado. Está passando Hora de Aventura e sou completamente apaixonado pela Princesa Jujuba com a Marceline. Elas me lembram os meus pais. Jin é adorável e responsável como Jujuba e Yoongi é gótico e inconsequente como Marcelina.
Meus pais.
E estou prestando atenção na icônica cena do beijo das duas, depois da Rainha dos Vampiros achar que havia perdido a Princesa Jujuba, quando escuto a campainha soar. Suspiro e fecho os olhos, afundando ainda mais no estofado confortável. É segunda-feira de manhã e eu não estou a fim de sair daqui.
Mas acabo levantando depois do segundo toque.
— Já estou indo! — berro, me arrastando pela sala.
— Achei que fosse continuar me ignorando.
Reviro os olhos ao escutar a voz do meu melhor amigo atrás da madeira branca.
— Ah, é você — murmuro, destrancando e abrindo a porta.
— Faz quanto tempo que você não sai de casa? — ele pergunta, entrando na minha casa antes mesmo que eu o convidasse.
Namjoon pode ser muito folgado e pra frente quando quer.
Nós nos conhecemos no fundamental e, por incrível que pareça, conseguimos manter uma amizade até a vida adulta. A maioria das minhas outras amizades acabaram quando nos formamos, mas Namjoon ficou. É o único Cupiditatem suportável que eu encontrei em todos esses poucos anos da minha vida.
Ele é pervertido às vezes, mas só não tenta alguma coisa comigo porque é hétero, porque eu tenho absoluta certeza que ele tentaria se não fosse por isso. E não estou sendo escroto e nem falando absurdos, essa é a realidade.
— Quem sai de casa hoje em dia? Isso é ultrapassado.
Namjoon para perto do sofá e coloca uma das mãos na cintura, me olhando com uma das sobrancelhas arqueadas.
— Cacete, Jungkook, eu tenho vergonha de você. — Dou de ombros e fecho a porta, sentando no sofá outra vez logo em seguida.
— Estou ocupado, se você não notou — digo, apontando para a televisão. — Se veio tentar me arrastar para uma das suas casas de swing sugiro que volte mais tarde e tente novamente.
— Olha, até que não é má ideia. — O encaro e ele sorri astuto. — Mas relaxa que não é por isso que eu vim. Não hoje. — Volto os olhos para a televisão, mas mantenho os ouvidos nele.
— Isso é novidade, prossiga.
Namjoon, então, não perde oportunidade e se espicha no sofá também, ao meu lado.
— Bom, eu nem ia vir aqui hoje, mas passei a noite na casa de uma Amare magnífica — ele conta. Eu o olho no instante em que morde o lábio inferior. — Foi uma hora direto e–
Minha cara se distorce em nojo.
— Me poupe, Namjoon!
Ele gargalha.
— Ok, ok. Sem detalhes. — Balanço a cabeça de um lado para o outro. — Enfim, essa Amare me contou que o chefe estava pegando muito no pé dela porque um dos funcionários da empresa foi demitido e todas as obrigações dele foram jogadas nas costas dela.
— Tá, e o que exatamente eu tenho a ver com isso?
— Então... tecnicamente você é um vagabundo. — O olho incrédulo. — Você não trabalha, passa o dia todo em casa e só levanta desse sofá para ir ao banheiro.
Olha, isso não é mentira... Mas eu não sou um vagabundo! Precisava me humilhar?
— E aí eu mencionei você. Você é formado em secretariado, não é? E administração? — pergunta.
— Sim e sim — respondo com preguiça.
— Perfeito, a vaga já é sua. — Franzo o cenho e olho para o cara ao meu lado, que tem os pés apoiados na mesinha de centro da minha sala.
Nisso que dá dar confiança para um Cupiditatem.
— Como assim? Vaga do que, onde, para quem, quando?
Eu me questiono todos os dias porque caralhos a gente precisa ter responsabilidades. De forma resumida, vender a minha alma para um sistema para conseguir alguns números na conta bancária que vão, miseravelmente, garantir a minha sobrevivência por não sei tantos anos.
Não tem lógica eu me foder a vida toda para morrer no final, com todo o respeito.
— Eu acabei de arrumar um emprego pra você, cara! — Namjoon diz, categoricamente. — Na verdade, você vai ter que passar por uma entrevista, é claro. Mas como eles meio que estão desesperados por um secretário novo, suas chances aumentam bastante.
— Eu não posso ser sustentado pelo resto da minha vida pelos meus pais, não? — indago de forma dramática.
— Não, Jungkook, infelizmente você vai ter que trabalhar. — Dá dois tapinhas na minha coxa. — Certo, eu te mando o horário e o endereço por mensagem mais tarde. Ela deve ter comentado mas eu estava concentrado demais revirando os olhos. Acabei nem me atentando.
O tom dele, no fim da fala, tem um quê de malícia.
— Você é estupidamente nojento — resmungo.
— Obrigado — debocha e beija a minha testa em seguida. — Era só isso mesmo. Vê se toma banho quando for para a entrevista, ok?
— Eu te odeio.
— Não, Amare, você não me odeia. — Levanta do sofá.
— Odeio muito.
— Até mais, querido! A gente se fala mais tarde.
E sai.
Sopro uma risada e abano a cabeça de um lado para o outro, voltando a prestar "atenção" na televisão. Entre aspas porque a minha mente vaga pelas inúmeras possibilidades que rodeiam a frase "eu consegui um emprego para você".
Não sou totalmente sustentado pelos meus pais, ok? Eu revendo revistas em quadrinhos e mangás na internet. E como sou só eu aqui em casa e os meus filhinhos – dois gatinhos (Coffee e Milk) e as plantinhas (Espigão, Medusa e Lilith) – consigo sobreviver. Meu amigo está equivocado ao dizer que sou um vagabundo porque, apesar de não sair tanto de casa, eu faço alguma coisa.
Pouca, mas é alguma coisa.
A questão é que eu não trabalho fora de casa há anos. Meu primeiro e único emprego foi um estágio de um ano e meio como secretário de um advogado ignorante muitos anos atrás.
Eu já nem sei mais como falar com as pessoas pessoalmente.
Fora que se eu pegar outro chefe Cupiditatem igual ao primeiro que tive, eu surto. Amares são, em sua maioria, sensíveis. Qualquer grito mais grosso e meus olhos já enchem d'água, e aquele cara era um pau no cu. Não quero ter outra experiência dessa. E, para o meu pesadelo, é mais comum encontrar Cupiditatens no poder do que Amares.
O que não quer dizer que seja impossível Amares tomarem o poder. Eu gosto quando isso acontece, sabe? É muito bom ver Cupiditatens se mordendo quando recebem ordens de um superior Amare. Meu pai Jin, por exemplo, é manda-chuva. É satisfatório ver ele no comando, fazendo Cupiditatens engolirem seus próprios egos.
É simplesmente prazeroso.
Aliás, esse será um dos poucos momentos que você vai me ver falando sobre prazer. E em todos que isso acontecer, não vai ter nada a ver com o sexual, mas sim satisfação por algo.
Suspiro e tento voltar a distrair a mente com o desenho animado, porém a minha preocupação está toda focalizada na futura entrevista – essa que nem sei se vai acontecer de fato.
Me frustro e desligo a televisão ao passar minutos tentando esvair a cabeça de possíveis situações embaraçosas para aquela entrevista, decidindo ir cuidar dos meus filhos.
Cuidar deles costuma ser a minha terapia.
Passa das dez da manhã e eu não molhei as suculentas ainda. Costumo fazer isso pela manhã bem cedinho ou no início da noite, mas fiquei tão ocupado na noite anterior organizando as embalagens dos pedidos de mangás que nem tive tempo, tampouco hoje de manhã já que levei as caixas ao correio para despachar logo.
E Namjoon ainda tem a audácia de me chamar de vagabundo.
Subo a escada devagar e caminho com calma pelo pequeno corredor até a sacada, acariciando a cabeça de Coffee. Ele está deitado em cima do encosto macio da cadeira bege. Eu costumo sentar aqui durante a tarde para ler ou no início da noite para ver o céu, a vista é bem bonita e o som dos carros passando na rua me relaxa.
— Folgado — murmuro para o gatinho preto que sequer abre os olhos para me recepcionar. Sopro um riso e vou até próximo da sacada onde três lindos vasinhos enfeitam o espaço. — Espigão, você está tão bonito — elogio o cacto gordo e espinhoso, sorrindo ao ver as florzinhas no topo dele. — Lilith e Medusa também! — digo, tocando suavemente uma das folhas de Medusa. — Acho que vou deixar para molhar vocês amanhã — decido ao afundar a ponta do indicador na terra para ter certeza de que não está úmida por mais que eu tenha molhado pela última vez semanas atrás.
Elas não gostam muito de água.
Me afasto e olho para o bichano de pelagem escura deitado que enfim ergue a cabeça e dá sinal de vida.
— Coffee... — Me sento na cadeira e o gato não hesita em sair de cima do encosto e pular no meu colo, só então bocejando e se espreguiçando. — Onde está Milk, hein? Aquele vadio.
Coffee é o mais preguiçoso, passa o dia dormindo em algum canto da casa. Diferentemente dele, Milk fica vagabundeando pelo telhado das casas vizinhas. Ele geralmente sai de amanhã, volta na hora do almoço e depois some de novo. E só volta no fim do dia para dormir. Ele é muito cara de pau.
Coffee se estica todo de vários jeitos diferentes antes de deitar novamente, agora no meu colo. Suspiro e acaricio os pelos curtos e macios, olhando para a vista que a sacada me proporciona. Há algumas casinhas feitas em drywall, uma do ladinho da outra, e bastante árvores verdes e pequenos arbustos que decoram a rua. Gosto de morar aqui, é sempre quieto e tranquilo. E seguro também.
Franzo o cenho ao ver uma bola branca de pelos vagando despreocupadamente sobre o telhado da casa vizinha e abano negativamente a cabeça.
É Milk.
— Seu namorado é um cara de pau — digo, descendo o olhar para Coffee, que arranjou uma posição confortável em minhas coxas. Ele mia baixo, com os olhinhos amarelos quase se fechando de sono, e começa a ronronar. — Só aparece quando quer.
Volto a atenção para o gato que se prepara para pular do telhado alheio em cima da cerca alta de madeira que divide os quintais. E então ele pula no toldo da janela da minha sala para, no fim, pular em cima do guarda-corpo da sacada.
— Um dia você ainda vai derrubar as minhas plantinhas, Milk — digo, acariciando entre as orelhinhas pretas de Coffee enquanto o felino de pelagem branca pula em cima da pequena mesa de madeira ao meu lado. — Lembrou que tem casa, foi?
Ele mia para mim, pulando da mesa para o meu colo. E então eu o assisto lamber o rosto de Coffee ao praticamente deitar sobre o mesmo.
— Isso, esfrega na minha cara que vocês são lindos juntos e que eu não tenho ninguém pra namorar fofinho também. — Milk não me dá a mínima e Coffee até mesmo fecha os olhos para aproveitar o carinho. — Vocês me deixam triste, sabiam? Odeio casal feliz.
Eu poderia passar o dia inteiro conversando com eles. Ou, basicamente, segurando vela para Coffee e Milk. Passar o dia com eles me faz bem. Eu surtaria se não tivesse ninguém para conversar.
Amares odeiam ficar sozinhos, ainda mais na vida adulta. É como se nós necessitássemos de atenção. Como se, com o passar do tempo, nos tornássemos mais carentes. Adotar plantinhas e gatinhos supre um pouco dessa necessidade, mas eu ainda me sinto incompleto. E por mais que eu tente ocupar a cabeça com outras coisas, o sentimento de falta simplesmente não vai embora.
É mais forte que eu.
E ver meus gatinhos namorando não melhora em nada.
Sei que eles namoram porque – além de ficarem se acariciando o dia todo, exatamente como estão fazendo no meu colo nesse momento – eu já vi eles... bem... você sabe... fuc fuc.
Não foi uma experiência muito agradável. Mas enfim, foi assim que descobri que eles são mais que apenas amigos.
Fico junto com eles na varanda por quase uma hora e quando noto que não estão nem um pouco a fim de desmanchar a bolha que criaram, sou obrigado a estourar ela em algum momento. Me levanto e peço desculpas por quebrar o clima, mas eles continuam deitados juntos na cadeira mesmo depois que entro.
Desço para o térreo e vou direto para a cozinha na intenção de fazer alguma coisa para comer já que está se aproximando da hora do almoço.
Eu não costumo fazer muito mais que isso durante todo o meu dia. Eu acordo, levo os pacotes no correio, fico com meus nenéns na varanda, assisto televisão, me alimento e alimento os gatinhos, e às vezes molho as plantas. E arrumo a casa se tiver que arrumar.
Isso no período da manhã.
Já durante à tarde eu leio alguma coisa, atualizo minhas planilhas diárias no notebook – mesmo fazendo as mesmas coisas todos os dias – apenas para não perder o costume e porque sou insuportavelmente organizado, falo com as meus pais caso contrário elas me matam e leio por mais um tempo porque me relaxa. E no fim do dia fico sentado na varanda com os gatinhos e as plantinhas, tomando alguma bebida doce até me dar sono.
Então faço tudo de novo no dia seguinte.
Eu gosto de rotinas, mas devo admitir que tem vezes que só quero passar o dia todo embaixo do cobertor. Gosto de acreditar que momentos assim são normais para todo e qualquer ser humano. Afinal, ninguém vive a vida inteira disposto todos os dias. Existem dias tristes, mesmo que sem motivos para tal. E está tudo bem.
Passa das quatro horas da tarde quando recebo mensagem de Namjoon. Estou sentado na varanda, deslizando preguiçosamente a tela do meu notebook para baixo a fim encontrar algum livro novo para comprar – já que estou há algumas páginas de finalizar "O Diário de Anne Frank" – quando o toque baixo soa do meu celular, esse que está na mesa ao meu lado, indicando a mensagem.
Nam
|Oi gato
|Apaguei qnd cheguei em casa e só acordei agr acredita?
|Enfim, tá aqui o endereço do lugar. É amanhã às 10h. E vc tem que aparecer lá 30 min antes
|N se atrasa zé ruela. Pode ser a chance da sua vida
[16:39]
— Amanhã?! — exclamo. Minha intenção era me preparar psicologicamente para essa entrevista, no mínimo, uma semana antes. Não horas antes!
Eu
Namjoon|
EU NÃO TENHO NEM ROUPA PRA ESSE TIPO DE EVENTO|
[16:40]
Mando para ele, demonstrando ao máximo meu desespero ao ler as mensagens; quando, na verdade, eu realmente não tenho roupa para uma entrevista. Faz tempo que eu não saio para lugares que pedem vestimentas mais formais e elegantes. Minhas roupas sociais devem estar no fundo do meu armário, amarrotadas e com cheiro de roupa que ficou guardada por muito tempo.
Se é que ainda servem em mim.
Nam
|KKKKKKKK
|Ninguém mandou viver enfurnado nesse cogumelo o dia todo
[16:40]
Eu
Eu te odeio|
[16:40]
Nam
|Vc me mama
|Ops
|Ama*
|Passa aqui bem cedinho q eu te empresto alguma coisa. E ainda te acompanho até lá se quiser
[16:41]
Eu tenho o amigo mais besta que alguém poderia ter, sinceramente. Pago dez pratas se ele não tiver errado de propósito. Conheço essa peça de outros carnavais.
Eu
Acho que não te odeio tanto...|
[16:42]
Nam
|Claro que n gato. Vc n vive sem mim
|Agora vê se se esforça pelo menos um pouquinho ok?
|Te dei um empurrãozinho mas n vai adiantar de nada se vc n se ajudar também
[16:43]
Ler a última mensagem dele faz eu me questionar se é algo que realmente quero. Certamente vivo me limitando a infinitas coisas pelo fato de vender apenas mangás e quadrinhos para manter as coisas aqui em casa, seja a minha comida ou a comida dos meus gatos, além de conseguir manter o carro. O restante das coisas, como as contas da casa, são pagas pelos meus pais. E então você pergunta: mas Jungkook, você não tem vergonha de estar a três meses de fazer trinta anos e ainda ser bancado pelos seus pais?
Então te respondo: não. Não tenho.
Porém, contudo, todavia, em minha defesa, foram eles que insistiram em pagar. Eles me mimam muito, tenho que admitir. Sequer queriam que eu viesse morar sozinho quando tomei tal decisão. Por eles, mesmo depois de casado, eu poderia continuar morando lá.
Amares são conhecidos por não conseguirem se desapegar das coisas e pessoas. Quando se apegam é difícil largar.
Não estou colocando muitas expectativas nessa entrevista, mas, se der certo, vai ser um dinheiro legal. Vou poder me tornar totalmente independente – financeiramente falando –, além de poder enfim começar a planejar a minha tão sonhada viagem. Tenho curiosidade de ir para outros lugares. Não para morar, é claro, apenas para conhecer cenários novos e criar lembranças.
E agora, pensando melhor, talvez, só talvez, eu esteja um pouco empolgado para o dia de amanhã.
🍷ི꙰͝꧖๋໋༉◈
E aí, anjos! Como vocês estão?
Primeiro capítulo entregue! Clap clap
Cada capítulo vai ser uma taça, no final da fic todo mundo vai estar bêbado kkkkkkk 31 taças não é pra qualquer um hahahaha
Vocês vão entender melhor como cada "natureza" se comporta com o tempo, e aí vocês vão entender o naipe do bagulho
E pode ser que esse capítulo não tenha sido TÃO cativante assim. O Jungkook pensa demais, mas o fato dele bombardear vocês de informação é importante para o entendimento do acontecimentos a seguir
Prometo que os próximos serão mais dinâmicos e terão mais diálogos, apesar dos monólogos do JK não serem tão ruins hahaha
Ah e se acostumem, ele é todo sistemático e realmente gosta de rotinas
Simmmm, os Yoonjin são velhinhos e papais do JK 🤧 coisa mais linda 💕
Coffee e Milk 😭 os melhores personagens SIM
SPOILER: no próximo capítulo vai rolar a entrevista do JK e a primeira interação entre os Jikook. Aguardem
Enfim, é isso por hoje
Minha conta no Insta é @dan_kyunsoo, tô sempre por lá
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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