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Capítulo 9 parte 2

LINDA

As cores azul e cinza predominavam o quarto. Sua guitarra estava sobre a cama, o amplificador bem ao lado, no chão, e o violão pendurado na parede. Havia uma tela enorme de computador sobre a mesa de estudo. Era ali que ele jogava videogame, visto que a cadeira era daquelas ideais para esse tipo de atividade. Também avistei uma miniatura do Santo Paulo, o mascote do São Paulo Futebol Clube, e alguns troféus sobre um dos nichos espalhados pelo ambiente de estudo. Provavelmente pertenciam aos torneios de canoagem.  

— Vai ficar em pé que nem uma idiota? — ele debochou e eu apenas fiz não com a cabeça. — Então senta.

Olhei em volta, franzindo o cenho. Ele ocupava a cadeira gamer e a cama ficava distante da mesa de estudo.

— Onde?

Seu sorriso maldoso cresceu antes de responder minha pergunta.

— No meu colo. — Abri a boca com sua resposta atrevida, mas ele riu, levantou e disse: — Senta aqui, eu me viro.

Com passos incertos, fui até a cadeira, mas antes de sentar, coloquei minha mochila sobre a mesa de estudo, ficando de lado para Pedro. Eu sabia que era observada por ele, também sentia que por trás da sua impaciência, ele estava começado a se divertir com meu acanhamento.

Peguei meu caderno, livro, bolsa de lápis e o tablet. Depois deixei a mochila no chão. Então Pedro puxou um tamborete que estava escondido debaixo da mesa e o arrastou para se acomodar do meu lado. Assim que me sentei, ele pegou o meu tablet e disse:

— Vou deixar aberto o aplicativo da escola para termos uma direção no estudo. Mas sugiro começarmos com alguns problemas de Análise Combinatória. Por incrível que pareça, essa é a subárea que mais tem derrubado participantes nos últimos anos.

— Ok. — Balancei a cabeça.

Sem tirar os olhos da tela, ele esticou o braço na direção ao nicho acima de nós, pegou um livro grosso e o depositou na mesa, bem na minha frente. Com o título em inglês, o calhamaço mostrava ser sobre teoria e prática.

— Entender e estar sempre relembrando os princípios é fundamental. Está pronta?

— Estou. — Balancei a cabeça outra vez.

E assim passamos quase três horas. Revisando em leituras, solucionando exercícios e esboçando o relatório. Fiquei a maior parte do tempo calada, praticamente monossilábica. Dizia sim, ok, entendi e outras coisas do tipo. Na verdade, eu era muito boa em Análise Combinatória, não havia nada de novo no que Pedro falava, mas fiquei quieta por dois motivos: timidez e encantamento. Caramba! Como ele ficava lindo ensinando! Nem parecia o garoto impaciente que me dava patada sempre que podia.

Estávamos de costas para a entrada do quarto, mas escutávamos os saltos de Edna do lado de fora. Ela estava fazendo marcação cerrada, por isso, não olhei nenhuma vez para trás nas vezes que eu percebia que ela estava parada na porta.

Quando terminei de resolver o último problema, peguei meu telefone. Havia uma mensagem do motorista avisando que estava a caminho para me buscar. Isso tinha sido há cinco minutos, então, pelos meus cálculos, demoraria ainda uns vinte minutos para ele chegar.

Apoiei o cotovelo esquerdo na mesa e descansei a cabeça sobre minha mão. Não consegui desviar meus olhos de Pedro. Ele estava atento ao seu caderno, escrevendo a lápis com o rosto concentrado. De repente, me senti tão sortuda por conhecer mais uma faceta daquele garoto!

Num certo momento, nossos olhares se encontraram. Meu coração foi a mil! O normal seria romper aquela conexão, pois ficar vulnerável a esse garoto era perigo na certa! Contudo, a curiosidade me manteve ali, presa em suas írises escuras. Mais uma vez estávamos bem perto um do outro, aquilo era bom, muito bom mesmo! Trocar olhares intensos vai além da sedução, na verdade, é tentar desvendar a alma do outro, e eu estava feliz porque as circunstâncias nos permitiram um momento como aquele.

Mas aí uma coisa horrível aconteceu: meu estômago roncou!

Arregalei os olhos.

Que vergonha!

Pedro abriu um sorriso, não um dos sarcásticos que costumava dar. Foi um sorriso leve e alegre. Porém, nem mesmo com esse presente, pude deixar de ficar constrangida.

— Eu ia perguntar se quer comer algo — ele deu uma risadinha — Agora não adianta nem fingir que não está com fome.

— Desculpa, eu...

— Fica tranquila. Também estou morto de fome. — Ele fechou o calhamaço e se colocou de pé. Ao se espreguiçar, esticando os braços para cima, escutei estalos de alguns de seus ossos. Depois disso, ele curvou o tronco, apoiando uma mão na beirada da mesa e ficando quase rente ao meu rosto. — Por hoje chega de estudar. Junte suas coisas e vamos comer alguma coisa lá embaixo.

— Ok.

Minha voz mal saiu com seu olhar dominante, parecia que ele tinha noção do alvoroço que me fervia por dentro. Não precisou de muito para que recuperássemos a mesma conexão de segundos atrás. Se ele aproximasse mais um pouco, eu o beijaria ainda que tivesse zero experiência. O meu primeiro beijo seria dele e, se ele quisesse, teria todos os outros para o resto da vida. Infelizmente um som de pigarro rompeu com a nossa bolha.

— O lanche está posto na sala de jantar. — Ouvi a voz de Edna enquanto Pedro levantava o tronco devagar, ainda com o olhar preso ao meu. — Interrompo algo?

— Não. — Ele virou de frente para ela. — Chegou na hora certa, mãe. Estou com muita fome.

Em menos de um minuto, joguei meus materiais de qualquer jeito dentro da mochila e segui os anfitriões.

Quando chegamos no primeiro andar, Edna foi em outra direção e acompanhei Pedro até a sala de jantar.

Lá, tivemos uma surpresa. A mesa realmente estava posta, havia cestinha de minipãezinhos, outra repleta com variados biscoitos amanteigados (que eu amava!), geleias e manteiga. O problema era que só havia um lugar arrumado. Apenas um jogo americano, um prato, um copo com suco e um guardanapo.

Pedro estancou os passos e ficou encarando a mesa. Eu não quis prestar atenção em sua fisionomia. Tive medo da sua reação, tive medo de ele se divertir daquela maldade orquestrada por sua mãe.

Eu queria sair daquela casa correndo! Nunca gostava de visitar os Oliveira Rizzo! Era sempre um saco ter que aguentar Edna! No que dependesse de mim, jamais voltaria para aquele lugar por vontade própria!

Ficamos naquele silêncio angustiante por um tempo que parecia não ter fim. Até que escutei sons de salto alto se aproximando e a voz de Edna soar às minhas costas.

— Ai meu Deus, Linda! — ouvindo meu nome, olhei para aquela mulher que se postava do meu lado. — Pensei que não comeria aqui! Eu não sabia que ficaria tanto tempo...

— Mãe, o que a senhora fez? — pela primeira vez, vi Pedro falar em tom raivoso com a mãe. — É óbvio que ela ficaria para lanchar! Estamos estudando há horas!

— Não tem problema! — falei, sobressaltada e preocupada. Eu não queria mãe e filho se estranhassem por causa de mim.

— Como não tem problema? Você é minha visita! — Pedro bradou.

— Meu motorista me mandou uma mensagem, dizendo estar a caminho. De qualquer forma não daria tempo de comer aqui.

— Ele recebe um salário pra ficar por conta de você. Ele que te espere! — Pedro marchou até o único lugar posto da mesa, afastou a cadeira para trás e, apontando o assento com uma das mãos, disse: — Sente-se, Linda.

Edna deu um passo à frente.

— Meu filho, você está exagerando. Foi só um engano.

Todos nós sabíamos que não foi um erro de comunicação, mas eu não discutiria isso.

— Tudo bem, dona Edna. — Apertei as alças da minha mochila, que estava pendurada em minhas costas. Engolindo em seco, tentei sorrir mesmo que estivesse doendo por dentro. Acho que tudo que consegui fazer foi uma careta. — Eu realmente preciso ir. Obrigada por me receberem.

Dei meia volta, saindo de lá o mais rápido possível.

Eu esperaria pelo motorista no lado de fora.

Uma lágrima fujona escapou enquanto eu atravessava o jardim. Esfreguei a palma da mão na bochecha com raiva. Eu não desmoronaria ali! Não mesmo!

Havia um banco perto da guarida. Eu caminhava para lá quando ouvi me chamar.

— Linda! Espere! — a voz de Pedro ecoou pelo jardim, mas continuei andando. — Linda! Por favor! Sei que está me ouvindo!

— O que foi? — virei bruscamente. Já que não teria como escapar dele, a agressividade seria o caminho contrário do vitimismo que tentava tomar conta de mim.

— Eu... — meio sem jeito, ele estendeu a mão, que segurava uma trouxinha de guardanapo — Sei que sente enjoo no carro quando seu estômago está vazio. Também sei que gosta muito desse tipo de biscoito.

Sim, eu gostava da sensação de esfarelamento em minha boca que aqueles quitutes caseiros causavam.

De repente, a minha falsa "amarra" de desfez. Ele não esqueceu! Em nossa viagem de férias, eu passei mal nas vezes em que andamos de carro e meu estômago estava vazio. Ele prestava atenção em mim!

— É. Eu gosto. — Dei um meio sorriso.

— Então aceita. — Ele reforçou a mão estendida, dando um passo na minha direção. Peguei aquela trouxinha sem tirar os olhos do rosto dele. — Posso ficar aqui com você até o motorista chegar? — acenei com a cabeça positivamente. — Vamos nos sentar. — Apontou para o um banco com treliça ornada de flores que ficava em frente a fonte central.

Sentei-me ao seu lado, sem tirar a mochila das costas, e abri o guardanapo.

— Pegue — ofereci — Não gosto de comer sozinha.

Meio sem jeito, ele pegou um palitinho de canela. Antes de colocá-lo na boca, ele olhou para frente, fixando em algum ponto distante, e sussurrou:

— Desculpa pela minha mãe.

— Tudo bem. — Encolhi os ombros.

— Não está tudo bem. Uma hora ela vai ter que aceitar a sua adoção. — Ele mordeu metade do palitinho de canela sem muita vontade. — Minha mãe sempre diz que meu irmão e eu devemos praticar o bem, ser educados e todas essas coisas. É estranho ver que ela não está fazendo nada daquilo que nos ensina. É confuso pra mim.

Eu poderia dizer a ele que sua mãe queria que os filhos fossem pessoas melhores do que ela. Se um dia eu tivesse filhos, eu faria a mesma coisa. O sangue do meu sangue seria uma versão muito melhor de mim. O problema era que eu não estava certa se Edna pretendia isso. Provavelmente ela tinha muita teoria sobre generosidade e até se achava bondosa. Pessoas ruins costumam pensar que são boas, se autointitulam assim quando na verdade são apenas cheias de discursos. Mas é fácil ter boas ações enquanto estamos dentro do nosso ciclo social, envoltos por nossa vidinha e rotina de sempre. O desafio de "praticar o bem" fica complicado quando saímos da zona de conforto, quando nos deparamos com aquilo que é diferente para a gente, aquilo que nos incomoda. Eu era o desafio de Edna Oliveira Rizzo. Eu a incomodava!

Entretanto, eu não diria nenhuma dessas coisas a Pedro. Uma vez aprendi que os prudentes ficam de boca fechada. Por isso, não dei continuidade ao assunto, apenas joguei um quebra-quebra na boca. Degustei daqueles segundos do sabor doce e da textura aveludada, em seguida, perguntei:

— Amanhã pode ser na minha casa?

— O quê? — ele me olhou confuso, sem entender minha pergunta fora de contexto.

— Os estudos. Pode ser na minha casa?

— Claro. — Sorriu, meio sem jeito, e jogou o restante do palitinho de canela na boca.

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