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Capítulo 6 parte 2

LINDA

Glória Montenegro nunca trabalhou por necessidade, apenas por prazer. Sua família foi dona de mineradoras no passado e, no presente momento, os descendentes viviam tranquilamente. Por causa da sua história percebi o quanto era verdade algo que ouvi a vida inteira: dinheiro atrai mais dinheiro. Pois, ao se casar com Maximus Montenegro, a riqueza superabundou. Juntos, ficaram ainda mais poderosos e influentes.

Bem... esses eram os meus avós; pessoas cultas que conversavam sobre arte erudita como se fosse uma trivialidade, que dominavam línguas e que possuíam uma importante agenda social, cujos os amigos eram grandes políticos e artistas consagrados. Ah! Sem mencionar a quantia exorbitante que gastavam com caviar Beluga e champanhe Bollinger! Coisas que eu só pensei que existisse nos filmes do James Bond.

Confesso que apesar de não ter a mínima noção do que era ser neta de alguém, eu estava gostando da experiência.

Mas nem tudo foram flores. À princípio Glória pareceu não estar de acordo com a minha adoção. Talvez ela pensasse nos riscos em colocar um grande sobrenome numa qualquer como eu. Até então os patriarcas da família tinham apenas Luís como herdeiro do grupo M. Montenegro. Como julgá-los?

Quando fui apresentada ao casal idoso, toda a situação foi melindrosa, como se pisássemos numa área cheia de armadilhas, entretanto, recebi um voto de confiança. Ainda que fosse uma confiança ressabiada.

O primeiro a se soltar foi Maximus que, graças a um tabuleiro de xadrez em sua casa, começamos a jogar semanalmente.

Já com Glória a coisa foi mais delicada. Ela nunca teve que lidar com um pobre de igual para igual. E quando digo pobre, refiro-me a pobre de comportamentos e pensamentos. É difícil mudar a mente de um dia para o outro, mesmo todo o esforço que eu vinha fazendo.

No mais, ela e eu fomos nos aproximando graças a sua escola de etiqueta e boas maneiras para moças. Pensei que seria um tédio, uma cafonice sem fim, mas o curso ia além de aprender qual era a função dos talheres. Me surpreendi ao entender que elegância não era sinônimo de arrogância e indiferença, e que era possível ser feminina sem ser mal-entendida. Ter etiqueta deveria servir primeiramente à segurança física de uma mulher. Jamais pensei que a postura adequada, um simples gesto com os braços e o posicionamento das mãos podiam delimitar meu espaço pessoal, assim, mostrando até onde o outro deveria ir.

Naquele dia tínhamos feito uma aula prática à mesa. Foi interessante e, no fim, saí com a barriga cheia de tanto experimentar canapés e patês. Glória havia dispensado meu motorista para ficarmos mais um tempo juntas. No caminho até minha casa, puxou assunto, fazendo perguntas sobre a Roads e dando-me dicas valiosas de sobrevivência para a minha nova vida social.

Quando chegamos na porta do meu prédio, pensei que nos despediríamos por ali, mas ela deu ordem ao seu motorista para que entrasse na garagem, dizendo que pretendia subir para dar um abraço em minha mãe.

Imediatamente mandei uma mensagem para Shari, pois achei melhor prepará-la. Por mais que a relação entre nora e sogra fosse boa, o comportamento da minha mãe mudava na presença de Glória. Não era por fingimento ou falta de autenticidade. A verdade era que a matriarca Montenegro tinha tanta elegância, com sua postura tão distinta, que nos causava sensações conflitantes. Não ficávamos cem por cento à vontade com ela por perto. Sentíamos intimidação e admiração ao mesmo tempo. Uma loucura!

Quando entramos na sala da cobertura, fomos informadas que Shari estava em seu ateliê.

Minha nossa! Provavelmente ela não visualizou a mensagem que enviei às pressas!

Fiquei aflita enquanto subíamos um lance de escadas. Eu tentava andar devagar e pisava firme no chão para que o barulho anunciasse a nossa chegada. Mas, avistando a porta do ateliê aberta, tive uma gota de esperança de que a nora já soubesse da visita surpresa da sogra.

— Olá, estamos entrando. — Glória anunciou sentindo-se à vontade.

Shari estava de pé e de frente para um cavalete alto. A tela era uma miscelânea de cores, como se estivesse testando uma pintura com espátulas, mas o que me chamou a atenção não foi a sua arte abstrata. Minha mãe nunca usava avental e estava sempre descalça e descabelada durante o trabalho, pois assim era seu processo criativo. Então vê-la tão certinha, deu-me a entender que tinha lido a minha mensagem.

— Olá, Glória. — Sorriu, tentando disfarçar o afobamento. — Como foi a aula?

Vovó caminhou na sua direção e enquanto a cumprimentava com um abraço, respondeu:

— Linda aprende rápido.

— Não avisei que minha garota era esperta? — Shari piscou para mim.

— Ela deixou as herdeiras Castrini para trás. Por falar nisso, como aquelas garotas são chatinhas! — sentei no sofá achando graça, pois Glória Montenegro era muito educada e parecia guardar suas opiniões para si. Era a primeira vez que eu a ouvia falar mal dos outros. — Só não são piores que a filha de Joana Fleming que, além de arrogante, é desastrada. Mal conseguiu passar o foie gras na torrada sem fazer a maior lambança. Acho que ela tem algum problema de coordenação motora.

Shari arregalou os olhos e eu segurei para não rir alto. Cogitei que vovó tivesse bebido, às escondidas, seus champanhes durante a aula.

Após alguns minutos de conversa, ela se despediu de nós duas. Ganhei um abraço caloroso e até um beijo no rosto. Essa atitude fez minha mãe me lançar um olhar cômico. Quando ficamos finalmente sozinhas, ela arrancou o avental, largando-o no chão, e veio se sentar do meu lado.

— Eu quase nunca a vi tão solta e carinhosa quanto agora. — Ao se jogar no sofá, foi logo tirando os mocassins com os próprios pés. — O que você fez para conseguir isso?

— Não sei. — Respondi, rindo.

— Ela nem se importou com a bagunça do ateliê! — Shari soltou o imenso coque e sacudiu as mechas. Quando deitou a cabeça no encosto do sofá, fechou os olhos e disse: — Foi a única vez que ela entrou aqui e não demonstrou reprovação. Linda, minha filha, o que quer tenha feito hoje, faça sempre!

— Eu só fui obediente e tentei ser boa aluna. — Imitei o gesto de Shari, descansando a cabeça no encosto, mas mantendo os olhos abertos e fixos no teto. — Até que gosto das aulas de etiqueta. Acho que a Glória percebeu isso e ficou feliz.

— Você é uma boa menina. Naturalmente boa. Tenho sorte.

Fiquei constrangida com o elogio, pois não me sentia uma pessoa boa. Eu até que tentava! Fazia o que tinha que ser feito, era obediente ao meus pais adotivos e respeitava as regras sem dificuldades. O problema estava em meu passado recente, no sertão, no segredo que eu guardava e que me fez decidir ser adotada pelos Montenegros. Eu realmente tinha vivido uma situação de matar ou morrer. Fiz minha escolha e todos os dias pedia perdão a Deus. Agora eu estava bem, segura. Cabia a mim ser grata pela segunda chance.

Por isso que tentei não me importar com o que havia acontecido naquele mesmo dia na escola, quando Lauren roubou minha mochila para me expor ao ridículo. Quase que ela conseguiu o feito. Aturar essa garota e a Trupe dos Almofadinhas não deveria me abalar.

Mas, toda vez que eu lembrava do ocorrido, eu me abalava.

Por quê?, suspirei alto e essa reação chamou a atenção.

— Está tudo bem, minha filha? — ainda com a cabeça deitada, apenas virei-a para esquerda e vi que Shari tinha mudado a posição. Seu corpo estava completamente sentado de lado, com o cotovelo apoiado no encosto, me encarando com preocupação.

— Está tudo bem.

— Mesmo? — ela insistiu sem acreditar. — Vou até estranhar se isso for verdade.

Sorri sem graça. Ela tinha razão. A psicóloga que nos acompanhava no processo de adoção e pós-adoção havia dito que eu teria muitos momentos em que não estaria bem. A sinceridade em falar sobre meus sentimentos era importante para o bem-estar da nossa família.

Então imitei a posição de Shari, ficando de frente para ela.

— Estou com algumas dificuldades na escola. Nada relacionado aos estudos e professores... — Freei a fala mesmo ciente de que precisava desabafar, mas querendo encontrar um jeito de não detalhar demais.

— Está com problemas com os colegas. — Conclui por mim.

— Sim. Alguns parecem não gostar da minha presença por mais que eu fique na minha.

— Isso precisa ser dito aos coordenadores da Roads. — Disse com seu rosto ganhando traços de seriedade. — Podemos marcar uma reunião e contar o que está acontecendo.

— Não precisa disso tudo. Não é tão grave assim.

Meu coração foi a mil. Existia chances de eu sofrer ainda mais retaliação dos colegas se a coordenadora viesse saber o que acontecia comigo. Qualquer estratégia pedagógica malfeita, aniquilaria a pouca empatia que meus colegas tinham por mim. Se é eles tinham alguma... Eu só queria que pessoas como Lauren me deixassem em paz. Seria possível?

Shari notou minha aflição, entendendo o que se passava em minha cabeça adolescente. Com isso, suavizou o semblante e perguntou:

— Tem certeza? — fiz que sim. — Ok, mas vou conversar com Pedro e Nico. Talvez eles possam ajudar, te incluindo mais nas...

— Não! Deixa os garotos! — interrompi sem conseguir esconder o nervosismo. Tive que respirar fundo antes de voltar a falar com mais calma. — Não quero incomodá-los. Nico já me ajuda como pode e, do jeito que estamos indo, está ótimo! Estamos nos tornando bons amigos.

— E o Pedro?

— O que tem ele? — fiz de desentendida.

— Ele é gentil com você?

Não. Ele é um babaca omisso., pensei, mas o que respondi foi:

— Pedro é mais fechado, na dele.

— Sim, ele é desse jeito, mas quando se solta, é divertido e bom amigo.

Duvido.

— Quem sabe, com o passar do tempo, a gente fique mais à vontade um com o outro. — Falei quase num sussurro, olhando para baixo por não acreditar em minhas própriaspalavras.

— Mas você gosta dele, não é?

Muito! Mais do que deveria!

— Eu gosto. — Minhas bochechas esquentaram com a confissão.

Ficou óbvio para Shari que eu tinha uma queda pelo filho mais velho da sua melhor amiga.

— Estou pensando em chamá-los para passar um fim de semana aqui. Talvez assim vocês se entrosem de vez.

Voltei a encará-la.

— Acho melhor não.

— Por que não? — levantou as sobrancelhas. — Funcionou quando Ami veio dormir aqui. Vocês se tornaram amigas!

— Logo mais começarão os trabalhos e as provas finais. Vamos ficar ocupados, estudando. Além disso, nós vamos viajar com os Oliveira Rizzo nas férias. Acredito que essa será uma oportunidade para sermos amigos.

Como a Roads seguia o calendário das escolas estadunidenses, o ano letivo começava em agosto e terminada no ano seguinte, em meados de junho. Tanto os Montenegros quanto os Oliveira Rizzo não queriam passar o inverno no Brasil, então no mês de julho faríamos uma grande viagem para alguns países da Europa e a finalizaríamos nos Estados Unidos, onde eu conheceria os parques da Disney e da Universal.

Luís e Shari disseram que seguiríamos um roteiro básico, apenas para me apresentar os locais que eram tão comuns a eles. Além do mais, eles concluíram que este seria um bom começo para meu repertório cultural, com destinos seguros. As viagens mais exóticas ficariam para outra ocasião.

Os parques temáticos americanos seriam um bônus para que pudéssemos correr atrás do tempo perdido, pois todos os adolescentes do meu novo ciclo social já tinham vivenciado tal experiência diversas vezes.

Bem, eu não tinha do que reclamar. Afinal, conheceria o Mickey!

Porém, era só imaginar que eu passaria um mês inteiro na companhia de Pedro, que me vinham sensações mistas: uma expectativa gostosa e um medo covarde. Fora das paredes das Roads ele teria a oportunidade de me conhecer de verdade.

De repente, senti meu estômago se contorcer de ansiedade e eu tremi da cabeça aos pés.

Shari, pensando que minha reação era por causa do problema que eu enfrentava na Roads, falou:

— Linda, minha filha, quero que nunca fique com receio de nos contar aquilo que está te incomodando. — Ela colocou a mão em meu ombro e continuou. — Aqui é o seu lar, é o lugar em que pode se sentir segura. Você será ouvida e amada.

— Eu sei.

— Não. Infelizmente você ainda não sabe. — Gentilmente, ela subiu a mão até minha bochecha. — Mas, aos poucos, terá confiança e saberá.

Naqueles cinco meses com minha nova família fui ouvida como nunca havia sido antes. Luís e Shari tinham um real interesse na minha vida, se esforçavam em me fazer feliz e realizada. Muitos poderiam pensar que era por causa da facilidade de uma vida endinheirada, mas não. Não era por causa do luxo, na verdade, isso não me importava, pois eu sabia viver com o pouco e lutar para que esse pouco durasse. A diferença estava no amor que eu recebia sem ao menos me sentir merecedora.

Por isso, percebi que era hora de dar um presente à mulher que cuidava de mim como se tivéssemos o mesmo sangue.

— Obrigada por ser paciente comigo. — Fiz uma breve pausa, preparando-me para dizer algo que vinha do fundo do meu coração. — Obrigada por tudo, mãe.

Ela paralisou, surpresa. Seus olhos se enchendo de lágrimas.

— Você me chamou de mãe. — Ela falou com um fio de voz.

— Sim.

— É bom ouvir isso. — Disse, puxando-me para um abraço apertado.

— É bom dizer isso.

Seu peito tremeu e escapou-lhe um soluço. Fechei os olhos, totalmente segura.

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