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Capítulo 20 parte 2

*a foto acima é uma pintura de Winston Churchill,  ex-primeiro-ministro do Reino Unido. O quadro se chama "Les Calanques".

LINDA

Mesmo assim liguei para meu motorista, pedindo para que buscasse Ami e eu de manhã. Também mandei uma mensagem para minha amiga e avisei que partiríamos assim que o sol nascesse.

Meu combinado com Pedro foi de passar apenas a noite, ou melhor, as horas que restavam dela. Além disso, ainda que nada demais viesse acontecer entre nós dois, eu estava sem coragem de encarar os outros hóspedes da fazenda no dia seguinte. O melhor a ser feito era sair de fininho. Eu conhecia a mente dos meus colegas da Roads. Eles pensariam muitas coisas porque, afinal, eu tinha "sumido" da fogueira para me "trancar" num quarto com um garoto.

E sim, sendo bastante sincera, no fundo eu me importava com o que diriam ao meu respeito.

As más línguas nunca acreditariam no que de fato acontecia dentro do quarto: Pedro jogado em um pequeno sofá no canto da parede, e eu em uma cama queen só para mim.

Nem muito perto e nem muito longe um do outro. Porém, todo espaço seguro que eu precisava.

Mais à vontade, puxei assunto. Comecei perguntando sobre a universidade que ele foi aceito. Ele explicou algumas coisas e falou da sua vontade de cursar Economia.

— Às vezes penso em Economia também, — confessei — mas aí repenso e vejo que não seria ruim estudar Administração, ou Matemática, ou Artes Visuais...

Ele segurou o riso.

— A vantagem de estudar em uma universidade nos Estados Unidos é que você não precisará se decidir logo no primeiro ano.

Eu estava deitada de lado com o cotovelo apoiado sobre a cama e com minha cabeça sobre a mão. Segurei uns segundos de silêncio antes de revelar qual era o meu plano.

— Pretendo graduar no Brasil.

Suas sobrancelhas quase se juntaram ao me ouvir.

— Por quê? A Roads está te preparando para cursar no exterior.

— Eu sei. — Concordei um pouco acanhada. — Também sei que sou capaz de estudar no fora do Brasil. É que... — hesitei por um instante — só não quero ficar meses longe da minha família. Seria bom estar por perto e participar do dia a dia dos gêmeos. Entende?

Ele sorriu pequeno, mas o brilho nos seus olhos fez minhas bochechas esquentarem.

— Acho que sim.

Sem conseguir sustentar a maneira que nos encarávamos, mudei de posição, ficando de barriga para cima.

Tive plena consciência de que estava fugindo de uma possível troca de flertes. Não fiz de propósito. Óbvio que eu queria trocar olhares, toques e até beijos com ele. Mas eu também queria manter meu coração seguro. Se eu tivesse algo mais íntimo com Pedro, eu me colocaria em risco. Em todos os cenários que eu nos imaginava juntos, nenhum deles eu via um final feliz. O motivo era simples: logo ele começaria a faculdade em outro país.

O que aconteceria depois que estivéssemos longe um do outro?

Eu ficaria arrasada.

Então estava decidido que eu não me arriscaria. Meu emocional ainda não era saudável o suficiente para algo que tinha tudo para ser maravilhoso, mas que vivenciaríamos por um curto período.

Observei a luz amarela do teto, sabendo que não conseguiria oferecer nada físico à Pedro. No entanto, alguma coisa (ao menos uma) ele merecia saber ao meu respeito.

Isso eu posso dar.

— Sou superdotada — comecei num sussurro — minha psicóloga e um bando de médicos disseram isso. Depois de muita investigação, recebi esse diagnóstico há alguns dias. Eu... — respirei fundo, não querendo soar convencida — eu pensava que era boa em matemática porque me dedicava. Tipo, a prática leva a perfeição e coisa e tal.

Calei-me e esperei algum comentário de Pedro. Percebendo que ele não diria nada, disparei a falar.

— Antes da adoção eu tinha duas escolhas: conformar com minha realidade, seguindo o modo de vida da minha família ou ser diferente, aprendendo tudo que me ensinavam na escola para que no futuro eu pudesse ter uma vida um pouco melhor. A escola era fácil. Com poucas palavras dos professores, eu já entendia tudo. Minhas tarefas eram finalizadas bem antes dos outros alunos. Sobrava tempo demais e eu sempre ficava entediada. Às vezes, eu desenhava nos cantos dos cadernos, outras vezes me mandavam para biblioteca, mas era uma biblioteca de escola pública, numa cidade muito pequena e pobre. Tudo era precário. Então, quando li todos os livros, a bibliotecária me mostrou sites com exercícios avançados de matemática, física, astrofísica... A conexão da internet não era lá grande coisa, mas dava pro gasto — ri fraco ao me lembrar de uma época que parecia tão distante — O que importa é que fiquei viciada em aprender. Eu não me achava boa, apenas dedicada. E Curiosa. Ninguém dentro da minha casa havia dito que eu era inteligente ou me parabenizado por, sei lá, tirar dez com frequência. Ninguém se interessava pelos assuntos que eu lia, ninguém perguntava como tinha sido meu dia. E nem dava para culpá-los por serem negligentes. Nossas prioridades eram outras. A gente sobrevivia um dia de cada vez. Por isso que eu pensava ser uma pessoa comum.

Suspirei pronta para encerrar meu "monólogo" por ali, mas, quando dei por mim, novas confidências começaram a sair da minha boca.

— Minha vida era um inferno. — Falei muito baixo, com um certo receio de revelar o que nunca tive coragem de admitir. — Hoje eu tenho noção disso. Na época, não. Porque aquilo era tudo que eu conhecia, o meu mundinho. Eu não queria ir embora e ser adotada, mas as coisas tinham chegado num ponto que...

Foi aí que travei.

Simplesmente travei.

Eu estava levando a conversa por um caminho um tanto quanto delicado. Não era meu objetivo detalhar certas particularidades de outra vida que tive e que parecia ter acontecido há anos.

Pela visão periférica, percebi que Pedro não estava mais deitado, e sim sentado. Fiz o mesmo, colocando as pernas para fora da cama.

Olhei para meus pés que não alcançavam o chão e tive uma ideia de como fazer a minha conversa chegar aonde eu queria que chegasse.

— Se uma criança recebe mais coisas ruins do que coisas boas, existe poucas chances de ela se tornar uma pessoa do bem. Eu vi muitas coisas feias, Pedro. — Levantei a cabeça para encarar seus olhos castanhos. — Saí de lá na hora certa. Ser uma Montenegro foi a melhor decisão que tomei. Shari e Luís me mostraram o que é ser uma família de verdade. E isso não tem nada a ver com classe social. Tem a ver com amor. Não vejo vantagem em ser superdotada. A vida não fica mais fácil só porque sou inteligente acima da média. Sempre serei desajustada, tanto no intelecto quanto ao fato de eu não ter nascido em um berço de ouro. Sempre haverá gente que vai me achar inadequada. Sempre haverá Laurens, Anys, Hermanns...— e Ednas., apenas pensei — Sempre haverá julgamento e, se eu for tirar satisfação com cada um deles ou procurar fazer justiça por cada absurdo, não conseguirei viver a minha vida. Hoje não fiz uma denúncia porque, por mais que eu seja a vítima, para muitos serei a vilã. E Pedro, não quero dor de cabeça. Só quero que me deixem viver em paz com que eu amo.

Terminei de falar, vendo-o processar as minhas palavras. Eu não fazia o tipo de pessoa que desabafava coisas profundas facilmente. Ele sabia disso. Por isso que ele me encarava com seus olhos brilhando, nitidamente lutando para permanecer em silêncio, pois havia entendido que eu não queria nada de volta.

Só quis falar.

Colocar para fora.

Ouvir minha própria voz ajudava a entender se eu estava sendo razoável. Porque, de vez em quando, eu me cansava de ficar só dentro da minha cabeça.

Num certo momento, ele fez menção de se levantar, mas se segurou, meneando a cabeça em um gesto afirmativo, sutil, lembrando-se que não deveria me tocar.

De repente, achei estúpida a condição que impus. Eu queria ser tocada. Pelo menos um pouco.

Eu poderia voltar atrás com minha palavra? Ele me acharia louca?

Enquanto eu me questionava, um sorriso suave e um olhar terno tomou conta do rosto dele. Então, seguiu-se com um novo assunto.

— Ansiosa para as férias?

Sorri de volta com a mudança do assunto.

Nesse ano, os Oliveira Rizzo e os Montenegro alugaram uma casa de praia na Riviera Francesa, onde passaríamos quinze dias.

— Ansiosa é pouco. — Encolhi os ombros, um pouco envergonhada pelos meus pensamentos anteriores. — Adoro a França.

— Ah, isso eu sei.

— Será que encontrarei mont blanc na Riviera Francesa? Não vejo a hora de comer aquela maravilha de novo. — Empolgada com o rumo da conversa, endireitei a postura. — Também quero fazer trilha, explorar as praias entre os calanques. Você sabia que vamos ficar na mesma cidade que Churchill passou suas férias? Ele pintou quadros inspirados nas paisagens de lá. Não dá pra acreditar que o primeiro-ministro da Inglaterra, o mesmo cara que acabou com a Segunda Guerra Mundial, tinha talento artístico. Acho isso demais...

Tagarelei por um tempo e Pedro me ouviu de bom grado, às vezes fazia breves interrupções, às vezes só sorria. Sempre receptivo e gentil.

Eu me apaixonei ainda mais.

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