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Capítulo 2

LINDA

Tive medo de comer errado com aquelas pessoas por perto. O ossinho do stinco de cordeiro estava apontado para cima e pedia para ser segurado que nem coxas de galinha. Ainda bem que a carne praticamente se desfez quando finquei o garfo nela, caso contrário, eu teria muita dificuldade para comê-la sem fazer bagunça.

A mesa de jantar retangular de doze lugares era uma das coisas mais elegantes que eu já tinha visto. Luíz se sentou na ponta, Shari ao seu lado direito, depois eu e, em seguida, Nico. Ao lado esquerdo do anfitrião estava o senhor Frederico, Edna e Pedro.

Passei metade do jantar calada e envergonha, respondendo apenas o básico do que me foi perguntado. A bem da verdade era que eu estava com medo de abrir a boca e falar besteira. Percebi que cada palavra que eu dizia, doía os ouvidos de Edna, que já não fazia questão de esconder a perplexidade. Meu sotaque a incomodava, a adoção a apavorava, sentar à mesa comigo a afrontava. O pior foi que ela estava bem na minha frente, não tirava os olhos da minha direção como se estivesse esperando algum deslize meu.

— Luís comentou que você é um gênio da matemática. — Senhor Frederico falou e eu demorei alguns segundos para perceber que era comigo.

— Não sou não, senhor. — Minha voz soou insegura e xucra.

— Fiquei sabendo que venceu a última Olimpíada de Matemática do Ceará. Isso é coisa de gênio, menina. — Ele sorriu amigavelmente. — Vai continuar competindo?

— Não posso mais. — Respondi, desistindo de dar a última garfada no risoto para dar espaço a sobremesa.

— Por que não?

— Essas olimpíadas são destinadas apenas aos alunos das escolas públicas.

— Entendi. — Ele pareceu refletir por uns instantes e continuou. — Mas não faltará competições de matemática, ciências e qualquer outra matéria agora que está matriculada na Roads. — Frederico se referia a minha nova escola, cuja rede de ensino bilíngue ia desde o maternal até o último ano do ensino médio. A instituição educacional era nova-iorquina e possuía filiais espalhadas nas principais cidades do mundo. — Agora em janeiro, Pedro participará da sua segunda olimpíada. Ano passado, a equipe de São Paulo ficou em quarto lugar.

No impulso, lancei um olhar de admiração para o herdeiro mais velho dos Oliveira Rizzo e perguntei:

— Matemática também?

Mas Edna tomou a frente, respondendo pelo seu filho.

— Sim. É matemática. A Roads de São Paulo possui um corpo docente qualificado que seleciona os melhores alunos para as competições. — A madame sorriu forçadamente e aprumou o corpo como uma garça na beira de um lago. — Eles são muito criteriosos. Não basta o aluno querer participar, ou se destacar numa prova ou outra. Nem mesmo as famílias que fazem parte do conselho estudantil podem influenciar na hora da escolha das esquipes. Precisamos manter o padrão pelo bem da instituição!

— E a Roads de São Paulo já subiu no pódio de alguma dessas Olimpíadas? — soltei a pergunta sem maldade e silêncio se fez.

Não foi minha intenção causar constrangimento, mas, ver Edna sem resposta, deu-me um pouquinho de satisfação.

— Segundo lugar seis anos atrás. — Então Nico respondeu, me fazendo olhar para o lado. — A equipe de robótica conquistou medalha de prata em Toronto.

— Robótica teórica ou prática? — perguntei com real interesse.

— Aí você me pegou. Na época eu tinha dez anos.

— Teórica. — Pela primeira vez ouvi a voz de Pedro.

Olhei de relance para ele, mas percebendo o semblante enviesado de sua mãe, não aguentei segurar um comentário estava na ponta da língua.

— Talvez a escola precise de elevar esse padrão. Pelo bem da instituição, é claro. — Nesse momento, um funcionário recolheu o meu prato. Olhei para cima e falei: — Excelente comida, obrigada.

Aguardávamos a sobremesa e minha tensão aumentava. Eu deveria ter segurado meu atrevimento porque aprendi que não se afronta pessoas mais velhas. Ali eu era a sortuda por ter sido adotada por um bondoso casal rico. Não me custava relevar a soberba de Edna, afinal, a madame não me conhecia de verdade. Se ela era uma amiga presente na vida Shari, com o tempo perceberia que eu não era um investimento de alto risco. Eu estava disposta a fazer por onde e não decepcionaria a família Montenegro.

Entretanto, a mulher parecia indignada que uma sem berço como eu estivesse sentada à mesa junto com sua preciosa prole. Enquanto eu dizia a mim mesma que resistiria a qualquer provocação, a perua aproveitou cada oportunidade para me alfinetar.

— Linda, você fala inglês? — ela sorria com as sobrancelhas levantadas.

Shari foi logo respondendo por mim.

— Sim, ela fala. Frequentou anos um curso de inglês.

— Não é a mesma coisa, Shari. — Edna riu com uma máscara fina de educação, na qual mal escondia sua arrogância. Nem mesmo quando meus "novos" pais me apresentaram aos meus "novos" avós eu tinha sido tão subestimada. Os pais de Luís ficaram um pouco arredios e me encheram de perguntas também, mas foram muito educados comigo. Totalmente diferente da madame Oliveira Rizzo, que deu continuidade a sua fala: — Esses cursinhos só ensinam o básico. Inglês se aprende na prática, viajando, morando fora...

— Edna, querida, — seu marido, o senhor Frederico, a interrompeu. — Uma escola como Roads tem todo arcabouço para receber os alunos matriculados. Linda não é primeira a vir de uma escola pública. Tenho certeza que ela se sairá muito bem.

— Sim. — Shari retomou a fala. — Uma professora particular acompanhará Linda nos primeiros meses de aula. É um procedimento comum para alunos que não frequentam a escola desde o maternal.

— Ela é jovem e inteligente. — Luís Montenegro opinou e notei que, assim como eu, estava incomodado com a petulância de Edna. — Em pouco tempo ficará fluente em inglês.

— Disso eu tenho certeza. — Então Shari segurou a mão do marido por cima da mesa, mas olhou para mim, sorrindo com amor.

Uma felicidade diferente borbulhou em meu estômago. Já fazia muito tempo que eu tinha aprendido a me defender sozinha e não me lembrava como era ter pessoas agindo em meu favor. Isso me fez perceber que valia a pena ignorar as sutis amolações da senhora Oliveira Rizzo, pois, toda a minha gratidão estava direcionada ao casal Montenegro. Eu jamais faria algo para prejudicá-los, pelo contrário, eu faria de tudo para dar-lhes toda a alegria possível.

Então a sobremesa foi servida. Cada um de nós recebeu um prato contendo um "montinho" (que se assemelhava a um novelo de lã de cor castanha), onde a base do doce era feita por uma massa assada típica de tortinhas de limão.

— Hum, Mont Blanc! — senhor Frederico expressou contente diante de seu prato. Sem cerimônia, ele começou a comer enquanto puxava um assunto aleatório com Luís. O cabra era uma figura!

Tratei de olhar para o meu próprio prato e minha nossa! Aquilo realmente parecia ser delicioso!

Shari, com paciência e meiguice, me explicou do que era feito a tal Mont Blanc.

— Essa sobremesa é feita com creme de castanhas portuguesas, merengue e mascarpone.

— É embonecada, — segurei a colher, incerta se realmente deveria mergulhá-la em algo que mais parecia um enfeite. — dá até pena de comer. Por que tem esse nome engraçado?

— Por causa da montanha mais alta dos Alpes.

— Deve ser um lugar incrível. — Comentei sem conseguir tirai o olhar daquela obra de arte.

— Sim, é realmente muito bonito.

— Esse topo branco deve representar a neve. — Sorri, observando o açúcar de confeiteiro polvilhado a pequena montanha de creme.

— Isso mesmo.

— E deve fazer um frio danado por lá.

Ela riu baixo devido ao meu sotaque que sobressaía quando eu baixava a guarda.

— Sim. Muito frio, Linda. Temos planos te levar lá.

Sentindo-me mais à vontade, não tive medo de me expressar:

— Oxi, se aqui em São Paulo já passando a maior friagem, imagine então lá nas Europa!

— Na Paraíba as temperaturas são sempre elevadas? — a pergunta de Edna me fez levantar a cabeça na sua direção.

Meu sorriso morreu.

— Não sei.

— Como não sabe? — A madame riu com ironia.

— Nunca estive na Paraíba. — Evitei colocar rispidez na voz. — Nasci e vivi a vida inteira no Ceará.

— Oh, sempre faço confusão. Me desculpa. — Falou sem fazer questão de disfarçar o deboche.

— A senhora é tão apetrechada que nem parece ser desinformada. No sertão é calor, sempre calor! — dando o assunto por encerrado, olhei para Luís, que meneou sutilmente a cabeça, aprovando a minha fala.

Aliviada por não ter decepcionado o meu "novo" pai com minha pequena malcriação, voltei a observar o tal Mont Blanc por mais alguns instantes. Então afundei a colher na sobremesa, pegando uma quantidade razoável e levando aquela iguaria a boca.

Por Deus! Eu nunca tinha provado nada igual! O açúcar, na medida certa, causou uma sensação tão boa na minha língua! Nunca pensei que pudesse existir algo tão saboroso!

Tive que abaixar a cabeça para esconder minha expressão de prazer e, ao fechar meus olhos, senti uma lágrima escorrer numa das bochechas.

Cristo do céu! Eu estava chorando por causa de um doce?

Rapidamente, limpei a gota escorrida para que ninguém percebesse. Mas, assim que levantei a fronte, dei de cara com Pedro me observando. Eu não o conhecia o suficiente, mas a expressão em seu rosto remetia a aturdimento.

Que vergonha!

— Gostou? — Nicolas perguntou, me fazendo olhar para seu lado.

— Acho que essa é a minha comida favorita no mundo inteiro. — Fui sincera, incluindo no meu tom de voz, que saiu embargado.

— Seus olhos... — ele franziu a testa.

— O que tem meus olhos?

— Eles mudaram de cor. Há pouco estavam verdes e agora estão meio cinzas.

— Ah... eles são assim. — Pigarreei e sorri sem jeito. — Coisa de família. Acontece o mesmo com minhas irmãs.

E quando choro também.

— Todas têm olhos verdes como os seus?

— Aham.

— Que incrível!

— Mas os olhos de Francisca e Bruna não possuem o mesmo verde. — Shari interveio. — O tom dos olhos de Linda são mais cristalinos.

— Uau! — o garoto parecia realmente impressionado.

Nessa hora, a governanta se aproximou e falou algo no ouvido de Shari. Ela se levantou, pedindo-nos licença. Com Luís e Frederico imersos numa conversa sobre golfe, percebi que estava "desprotegida".

Eu sabia que Edna atacaria de novo, e foi justamente o que ela fez.

— E o pai de vocês? Qual é a cor do olho dele?

— Temos pais diferentes. — Minha voz saiu quase num sussurro.

— Hum... — Ela aprumou o corpo, totalmente satisfeita com minha ex-vidinha de merda e aproveitou do momento para soltar mais uma de suas falas capciosas. — Shari disse que você já é tia de três meninos. Suas irmãs se casaram cedo?

— Elas não são casadas, senhora. — Respondi fria e abaixei minha cabeça para dar atenção somente a sobremesa.

Obviamente, Edna não precisava das minhas respostas, pois eu suspeitava que Shari tivesse lhe contado a minha história. Aconteceu que a mulher queria me lembrar de onde eu vinha por pura maldade.

Eu não estava com vontade de falar que ambas das minhas irmãs engravidaram aos catorze anos, que Francisca estava com vinte anos e já era mãe de dois, ou que Bruna sempre foi a primeira da turma, mas se apaixonou por um malandro, abandonou a escola por causa desse malandro, foi largada pelo malandro e agora, aos dezesseis, criava sozinha o pequeno Cícero.

Cravei a colher no Mont Blanc, em seguida, enfiei uma quantidade exagerada de doce dentro da minha boca. O consolo do açúcar veio rápido. Fechei olhos e falei:

— A melhor comida do mundo!

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