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Capítulo 14 parte 2

PEDRO

Minha mãe estava certa. Linda teve apendicite.

A cirurgia foi simples, a menos invasiva possível, e ela receberia a alta hospitalar em vinte e quatro horas.

Nico não esperou que ela chegasse em casa e deu um jeito de visitá-la no hospital.

Como um covarde, não fui. Preferi ficar na minha, recluso, porque eu não saberia como me comportar quando fosse revê-la.

Ter um tempo para pensar na declaração que ouvi dela não ajudou em nada. Quanto mais eu tentava descobrir se Linda estava consciente do que havia dito, mais confuso eu ficava. Não existia dúvidas de que eu a queria muito, desde a primeira vez que a vi. A princípio tive raiva por desejar uma garota como ela, inocente e meio jeca. Demorei para aceitar a atração que sentia. Quando percebi que não tinha jeito de aniquilar os sentimentos, rendi.

E gostei de estar rendido.

Mas amor? Nunca tinha parado para pensar nisso.

Se Linda estivesse se lembrando do diálogo que tivemos na varanda do meu quarto, se ela me amava, eu a amaria de volta? Era recíproco? Eu ainda não sabia.

Com nossa convivência nos últimos meses, até quis avançar em nossa relação. Às vezes eu cogitava namorá-la pra valer como nunca tinha feito com ninguém. Entretanto, quando colocava a mãos na consciência, não enxergava um futuro promissor. Em breve minha vida mudaria, eu viveria em outro país e passaria meses longe dela.

Se nosso relacionamento desse errado e terminássemos de um jeito ruim, quanto abalada ficaria a amizade entre nossas famílias? Eu já não esperava que adultos tivessem atitudes maduras diante do caos adolescente, não tendo como exemplo a minha mãe.

Por outro lado, havia grandes chances de que eu ficaria desapontado caso a Jaguncinha não se lembrasse da declaração que fez a mim.

Agora eu estava subindo as escadas rumo ao segundo andar da cobertura dos Montenegro.

Dessa vez minha mãe não falou nada de negativo sobre eu ir estudar com Linda. Não houve alertas, pressão psicológica ou falas preconceituosas. Nada além de um Bons estudos, meu filho.

O problema era eu e meus pensamentos.

Aéreo, só fui perceber que conheceria o quarto de Linda nos últimos degraus. Havia três dias desde a sua cirurgia. Em nada eu entendia a respeito do tempo de repouso, mas tia Shari disse que a filha não podia fazer movimentos extravagantes por quinze dias.

Minha visita não estava sendo voluntária. Pela manhã, recebi uma mensagem de Linda, onde dizia estar pronta para voltar a estudar. Mesmo com o recesso escolar, não seria prudente perdermos tempo. A Olimpíada estava cada vez mais próximas.

Respondi apenas com um ok. Eu tinha noção do quanto estava sendo babaca.

Nenhum Como vocês está se sentindo?

Nenhum Que susto você nos deu, Jaguncinha!

Nenhum Desculpa não ter telefonado, mandado mensagem ou a droga de um e-mail. Só estou assustado.

A porta do quarto estava aberta. Sem anunciar, entrei. Logo vi Linda sentada na sua cama com as pernas esticadas e as costas apoiadas na cabeceira acolchoada e lilás. Havia um caderno em seu colo que ela folheava. Como se sentisse a minha presença, levantou a cabeça e sorriu, tímida. As bochechas se avermelharam. Não parecia chateada pelo meu sumiço.

Permaneci sério, travando uma batalha interna, com uma vontade louca de tocá-la.

— Esse é o seu quarto. — Foi o que consegui falar e ela assentiu.

Rompi nosso contato visual para caminhar devagar e olhar ao redor. Tudo era muito feminino, não só na decoração como no cheiro também. Perfume de algo fresco, agradável. Não havia nada fora do lugar, tudo limpo, organizado e arejado. Até seus adesivos de art journal estavam empilhados por tamanhos e cores, dentro gavetinhas transparentes de acrílico. Eu já tinha percebido que Linda gostava das coisas em ordem. Nunca passou desapercebida sua mania de enfileirar canetas, lápis e borracha toda as vezes que estudávamos.

Contornei sua cama atento a novos detalhes. Havia um mural de metal, pintado de lilás, pregado na parede onde ficava sua escrivaninha, igualmente lilás. De perto vi anotações que pareciam ser um cronograma de estudos e rotina do dia a dia. Também tinha fotos: ela com os pais num jardim que parecia ser em Versailles. Em outra, Nico, Ami e ela sentados naquelas típicas mesas japonesas em algum restaurante. Quando foi que os três saíram juntos?, pensei curioso. A seguinte imagem, apesar de estar mais desgastada, dava identificar Linda uns anos mais nova com o rosto grudado aos de duas garotas. Uma parecia muito com ela, porém a pele era mais morena e o verde dos olhos voltado para o musgo. Suspeitei que fosse Bruna, a irmã preferida. Não precisei pensar muito para entender quem deveria ser a terceira garota. Não era Francisca, irmã mais velha de Linda, pois a figura na fotografia quase sumia de tão esmirrada, a menorzinha das três. Era Midiã, a amiga que morreu atropelada. E eu só sabia disso porque tia Shari tinha me contado, há pouco tempo, sobre a tragédia.

Eu estava prestes a procurar um lugar para sentar e começar com os estudos quando uma outra foto chamou minha atenção. Ao contrário das outras que estavam pregadas no mural, essa estava sobre a mesa, escorada no porta-lápis, como se tivesse sido tirada do lugar para ser vista de perto.

Era nós dois em sua festa.

Algo se contorceu dentro de mim. De novo a mesma sensação que fugia do meu controle.

A ideia de também estar incluído no mundinho de Linda agitou meu peito. Eu tinha importância para ela. Isso era bom. Isso era ruim.

Eu não deveria estar surpreso, afinal estávamos cada vez mais próximos.

Eu só não queria ser dominado por essa fragilidade. Eu não queria acreditar que ela já poderia me amar bem antes, sendo que a tratei mal na maior parte do tempo desde que nos conhecemos. Em contrapartida, não era possível que eu tivesse conquistado seu amor nos poucos meses que convivemos pacificamente. Talvez fosse carência da parte de Linda; eu pouco sabia sobre sua vida antes da adoção. 

O mínimo de atenção que dei, a confundiu. Mas, se isso fosse verdade, ela poderia muito bem ter nutrido sentimento semelhante ao meu irmão, ou Rup. Os dois nunca foram estúpidos com ela, viviam sendo gentis, muito mais do que eu para falar a verdade.

Sacudi a cabeça para lançar fora essas enxurradas de pensamentos acelerados. Eu não estava acostumado em ser uma pessoa complexa, comigo tudo sempre foi mais simples. Sim ou não. Querer ou não querer. Odiei me sentir em crise, inseguro como uma garotinha, um sentimento feminino demais que feria a minha masculinidade.

Dei mais uma olhada ao redor, enjoado de tantos tons de lilás.

— Tem muito roxo aqui. — Falei meio mal-humorado, não querendo mostrar que eu sabia a diferença entre lilás, roxo e violeta. Então a encarei antes de perguntar. — Como você está?

— Bem... bem melhor. Obrigada por ter me segurado durante o desmaio.

Apenas balancei a cabeça. Era ruim lembrar o estado em que a encontrei. Para evitar novos incômodos, resolvi ir direto ao meu objetivo de estar ali.

— Acho melhor começarmos a estudar.

— Tudo bem. — Ela concordou e fez menção em se levantar.

— Não. — Na mesma hora a impedi, pois, assim que cheguei, tia Shari foi enfática ao dizer que a filha deveria ficar de repouso. — Não se levante.

— Bobagem. Eu posso me sentar na cadeira.

— Fique onde está! — com agilidade, arrastei sua cadeira de rodinhas até sua cama. Sentei, abri minha mochila e tirei meu tablet. — Podemos fazer uma revisão de tudo que estudamos no último mês. O que acha?

— Ok — meneou a cabeça, fechando o caderno de desenho e se ajeitando na cama.

Nos minutos seguintes fiz muito esforço para me concentrar apenas em estudar. A Olimpíada aconteceria em algumas semanas e ganhar uma medalha no meu último ano escolar acrescentaria o meu histórico.

Ficamos revezando questões, onde um ditava e o outro resolvia, exatamente do jeito que aconteceria. Linda tinha o raciocínio rápido, entregou resultados corretos em poucos segundos e se mostrou mais do que pronta para competir em Dublin. Pensar que ela estava em plena forma intelectual dava uma pequena esperança. A Roads de São Paulo tinha chances reais de subir no pódio dessa vez.

Os poucos segundos em que ela riscava cálculos freneticamente no papel, observei suas pernas, em posição de índio, coberta por uma calça azul muito justa, dessas que as mulheres usam para ir à academia. A camisa branca de botões era larga, dando um ar confortável. Fiquei tentado a perguntar sobre o tamanho do corte em sua barriga, eu queria ver a atadura, os pontos...

— Está tudo bem, Pedro? — ao ouvir meu nome, levantei o olhar até seu rosto.

— Sim. Por quê?

— Você está muito sério desde que chegou. — Ela esperou que eu dissesse algo. Vendo que fiquei emudecido, prosseguiu: — Fiz alguma coisa que te chateou? Você está diferente.

A inocência em seu rosto quebrou comigo. O mesmo semblante de quando nos conhecemos. Ela estava insegura e não era para menos. Minha atitude fria poderia ser responsável pelo regresso da nossa relação. Ainda dava tempo de remediar a situação e me desculpar, mas eu ainda estava confuso, odiando estar dentro de uma tempestade de emoções.

Por isso, não suportando mais, perguntei:

— No Ano-Novo, você se lembra o que aconteceu depois que acordou do desmaio?

Com o semblante impreciso, encolheu os ombros.

— Lembro de acordar dentro do carro a caminho do hospital. — Era a resposta que eu queria, mas, mesmo assim me peguei desapontado. Linda, esperta como sempre, notou minha expressão descontente. — Por quê? Falei alguma loucura?

Neguei com a cabeça. Em seguida, desci o olhar para seu braço. As unhadas estavam suaves, mas ainda evidentes.

— Quem te machucou? — apontei para as feridas em fase de cicatrização.

No mesmo instante, Linda cobriu o antebraço direito com a mão esquerda.

— Ah, não foi ninguém. Eu mesma fiz isso na minha pele quando a dor piorou. — Olhava na minha direção, mas evitando os meus olhos. Estava na cara que mentia. — Foi involuntário.

Apenas acenei com a cabeça, fingindo acreditar. Pois, caso tivesse se machucado do jeito que alegava, Linda teria que ter dois braços direitos. As posições das marcas de unhas indicavam isso.

Deixei essa questão para lá e voltamos a estudar. Era melhor me manter na ignorância do que precisar agir por saber demais.

Quando fui embora, decidi que o melhor a ser feito era me afastar de Linda. Nossos sentimentos estavam fortes demais, tudo tomando um rumo sem volta. Era necessário podar para nosso bem. Além de que, jamais tiraria vantagem de sua inocência, da pureza do seu olhar e de tudo que ela pensava sobre o amor.

Eu tinha que estar longe porque se estivesse por perto, a tomaria para mim sem pensar nas consequências. 

Sendo assim, apenas cumpriria nossos cronogramas de estudos até o fim da Olimpíada. Depois a afastaria de vez.

Eu possuía muitos defeitos, mas não o de aproveitador.

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