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Capítulo 13

LINDA

Como a Roads seguia o calendário das escolas estadunidenses, não tínhamos férias de dezembro e janeiro, apenas três semanas de folga para comemorar o Natal e o Ano-Novo. Eu achava engraçado alguns dos meus colegas chamarem esse longo recesso de Winter Break, que traduzindo com precisão seria nada mais que Pausa de Inverno. Ironicamente, faltava muito para a chegada da estação mais fria. O verão no Brasil estava tão intenso que nem mesmo as chuvas diárias conseguiam amenizar o calor. Era por isso que eu preferia chamar esses dias de folga de Christmas Break, ou seja, Pausa de Natal.

Por falar em Natal, era o segundo que eu passava com os Montenegro. Não pude deixar de pensar que no primeiro eu era uma menina recém-adotada, assustada e muito insegura.

Quanta mudança havia acontecido desde então!

Hoje eu estava muito mais à vontade com aquela família que agora eu sabia que era minha.

Maximus e Glória, meus avós, nos receberam em sua casa para a ceia. A noite foi incrível. Viver a experiência de festejar com quem amamos tinha um gosto todo especial. Sem dizer que pude me esbaldar com minha sobremesa favorita: o Mont Blanc. Além da comida deliciosa e da conversa divertida à mesa, tivemos mais momentos especiais. Vovó tocou e cantou músicas natalinas em seu piano, que ficava ao lado de uma imensa árvore cheia de bolas e enfeites vermelhos. Essas últimas horas do dia vinte e quatro de dezembro foi mágica, voltei a ser criança ao abrir os presentes e pular de alegria. Porém, eu nem imaginava que o presente maior viria no dia seguinte.

Na manhã do dia vinte e cinco ganhei uma videochamada da minha irmã Bruna e seu filho Cícero. Desde a ameaça de Francisca, eu estava proibida de ter contato com minha família biológica sem a autorização dos meus pais adotivos. No início não gostei de ser privada de ter notícias deles, entretanto, com o tempo percebi que, de certa forma, tal castigo acabou me fazendo bem. Desligar do passado fez a minha vida avançar, porém, as vezes eu me sentia egoísta por não olhar para trás. Eu nada sabia sobre o que acontecia com minha irmã do meio e seu filho, somente sentia muita falta dos dois. Ao vê-los pela tela do telefone, chorei. Meu sobrinho tinha acabado de fazer três anos e estava lindo, grande, sorridente, segurando uma bola de futebol em suas mãozinhas. Que saudade eu estava de abraçá-lo e do seu cheirinho de bebê.

O lugar onde eles estavam era diferente da nossa humilde casinha no sertão. Quando perguntei de onde faziam a chamada, Bruna disse que agora trabalhava numa casa de família em Fortaleza, que seus patrões eram boas pessoas e não se importaram que o garoto viesse morar com eles. Cicinho frequentava uma boa creche durante o dia, mas fazia natação, inglês e amava futebol. Fiquei aliviada por ele não estar vivendo no interior com minha mãe e, principalmente, com Chica.

Vê-los felizes foi acalentador. Uma alegria sem fim tomou conta do meu peito e senti muita gratidão, pois estava recebendo muito presentes no dia em que o presenteado deveria ser Jesus.

Mas foi na véspera do Ano-Novo que algo muito chato aconteceu.

Desde o início de dezembro eu já sabia que comemoraríamos o réveillon na casa dos Oliveira Rizzo.

Edna andava mais pomposa do que nunca com o fato de que daria uma festa para as famílias mais importantes do estado. Tentei não pensar que pisaria naquela residência de novo e foquei no que vestiria, nos saltos que calçaria, na maquiagem que usaria etc. Sim, Edna era uma bruxa, mas, ainda assim, eu gostava muito do filho mais velho dela.

Fazer o que, não é?

Tive que dar o braço a torcer quando cheguei no jardim da mansão e vi tudo pronto. Não foi uma comemoração a céu aberto devido a probabilidade de chuva. Então, sem camuflar a beleza daquele espaço verde, havia uma imensa tenda que cobria todo o gramado e piscina. Aquela coisa parecia ser feita de vidro de tão transparente! Além disso, a decoração estava impecável; muito dourado e branco para todo o lado. Quase chorei de emoção ao ver uma generosa torre de taças de champagne. E não eram taças comuns! Elas possuíam o formato coupe vintage; do jeito que eu via nos filmes da Bette Davis e da Ingrid Bergman.

Eu nunca tinha consumido uma gota sequer de álcool, na verdade, nem sentia vontade de experimentar, mas empolguei só de pensar em ter uma daquelas taças na mão e agir feito uma diva da era de ouro de Hollywood. Era mais pela imagem de elegância que eu associava do que pela curiosidade a respeito do gosto da bebida. Entretanto, pela primeira vez naquele dia tive vontade de ingerir alguma coisa. Uma cólica chatinha estava incomodando o lado direito da minha barriga desde a hora em que havia acordado de manhã. Talvez fosse pela ansiedade de me encontrar com Pedro ou o desprazer de ter que encarar a mãe dele. Ou talvez fosse as duas opções. Sei lá. Só sei que seria bom que eu desse um jeito de comer logo, nem que fosse um canapezinho, pois eu estava começando a ficar tonta pela falta de calorias.

Até aquele momento mal tive tempo de falar com Pedro e Nicolas. Por serem filhos dos anfitriões, os dois ficaram ao lado dos pais recebendo os convidados na primeira hora da festa. Tanto que, quando cheguei no local, apenas acenei para eles enquanto Frederico e Edna davam boas-vindas aos meus pais, mas, assim que passei pelos garotos para adentrar no jardim, senti um toque suave deslizar do meu punho até meus dedos. Surpreendida, levantei a cabeça para encarar Pedro que, por sua vez, sustentava um semblante tranquilo olhando para nossos pais como se nada tivesse acontecido. Foi rápido e especial. O danado sabia como mexer comigo!

Passei os próximos minutos querendo que os convidados chegassem logo para ter a companhia dele. Seria perfeito se eu pudesse estar ao seu lado na hora que soltassem os fogos.

Após um tempo, sentada à mesa com minha família, avistei sua figura surgir de longe. Finalmente ele estava livre para aproveitar a festa!

Pela segunda vez eu o via vestido formalmente, a primeira foi em meu aniversário. O traje sob medida ficava bem em seu corpo que, apesar de ter apenas dezessete anos, era atlético. A prática intensa de canoagem dava-lhe uma forma forte, porém sem exageros.

Com ele cada vez mais perto, sorri feito uma tonta e ele devolveu meu gesto. A timidez me fez abaixar o olhar por um segundo. O coração acelerado e o calor em minhas bochechas embaralhavam o meu lado sensato. Suspender nossa conexão visual significava um tempinho para respirar, então, assim que o fiz, levantei a cabeça pronta para continuar de onde tínhamos parado. Para minha decepção, Any se meteu no nosso meio. De onde essa garota surgiu? Do inferno? Só pode! Eu nem sabia que a família Sanchez era tão importante para estar na lista de convidados dos Oliveira Rizzo. Entretanto, lá estava ela, em carne e osso com sua saia longa e dourada, justíssima ao corpo, além do cropped branco exclusivo de alguma marca bacana.

Any Anybody e seu modelito nas cores da decoração da festa. Que lambisgóia!

De repente, achei meu vestido de linho branco infantil demais. Nem mesmo as alças transpassadas nas minhas costas e minhas pernas a mostra pela discreta fenda lateral podiam me dar a confiança que eu precisava.

Porque Any tinha o que eu não tinha: traquejo e experiência com garotos.

Porque Any tinha os limites mais expandidos.

Porque Any não ligava para as consequências.

Porque Any não tinha nada a perder.

Porque Any era perfeita para o Pedro adolescente.

Diferente de mim, que só tinha um porquê.

Porque eu, Linda, queria mais dele. Um dia eu seria uma mulher e mulheres não querem garotos, uma mulher de verdade quer um homem de verdade. O Pedro adolescente era interessante, o garoto que fazia meu coração bater forte, as pernas tremerem, as mãos suarem e todas essas coisas que a paixão faz com a gente. Mas eu queria muito mais o adulto que ele viria a ser.

Não existe vantagens em nascer em uma família disfuncional e miserável. Mas aprendi algumas coisas sendo testemunha ocular das merdas que minhas irmãs e minha mãe faziam. O principal defeito delas era a falta de paciência com situações básicas da vida. Elas não sabiam planejar, muito menos renunciar os desejos fugazes por um tempo e ir devagar. Passos lentos e concisos para uma conquista maior.

Abrir mão de ter Pedro no presente para tê-lo em um futuro duradouro.

Com essa convicção, me dei conta de que eu não apenas gostava dele. Com toda certeza que não!

Seria bobagem tentar simplificar aquilo que nunca foi simples. O amor.

Meu Deus! Eu o amava. E amava muito! Muito mesmo!

Péssima hora para descobrir que ama alguém, Linda!

Assustada com essa constatação, continuei observando Pedro e Any. Ele já não sorria, só encarava a garota que falava e gesticulava com animação. Nada demais acontecia. Eu não tinha motivos para ciúmes.

Mas por que não consigo controlar a vontade de puxar Any pelos cabelos?

A dor em minha barriga voltou. Talvez fosse meu corpo necessitado por comida. Amor recém-descoberto e fome não poderia gerar coisa boa. O problema foi que não tive vontade de colocar na boca as iguarias servidas naquela casa.

Pedi licença para meus pais e me levantei. Eu precisava ficar sozinha por uns instantes para aceitar a minha recente descoberta sobre o amor.

Mas, para onde eu iria? Havia pessoas em todos os cantos daquele jardim!

Tomei a liberdade de contornar a lateral da mansão e entrar pela área de serviço sem me importar com a agitação da cozinha. Eu tinha algumas opções de isolamento. A primeira, e mais óbvia, era o banheiro. A segunda seria seguir até o hall, sair pela porta da frente e sentar próximo à fonte central, já que a festa se limitava na parte detrás da construção. A terceira era mais a arriscada, mas a mais interessante: a varanda do quarto de Pedro.

Não pensei muito quando subi as escadas. O andar de cima estava quieto e convidativo, perfeito para meu estado de espírito. Passo a passo segui e atravessei o arco da porta do quarto semiescuro, a pouca claridade que adentrava no ambiente vinha de fora. Apesar de ter estado ali apenas uma vez, ficou gravado em minha memória a disposição dos móveis e os detalhes da decoração. A silhueta do violão na parede assim como o nicho de troféus parecia uma pintura de pouca luz e cores fortes. O clima ideal para meu atual momento. Tive vontade de me deitar naquela cama de edredom macio, mas não o fiz porque já estava invadindo aquele espaço sem ter sido convidada. Pedro não conhecia o meu quarto, nunca o convidei para conhecer o lugar que era só meu, o que tornava muito injusta a minha intromissão.

Fui para a varanda, onde a vista dava para o jardim lateral da mansão. Segurei na grade de ferro e olhei para baixo. Quase não havia fluxo de pessoas naquela parte, servindo apenas como área de acesso para os toilettes externos.

A dor em minha barriga piorou. Fechei os olhos, começando a acreditar que as ferroadas não eram por causa da fome. Não estava nada normal.

— O que você está fazendo aqui? — uma pergunta soou ameaçadora atrás de mim.

Apertei forte as pálpebras prestes a virar e responder Edna, mas escutei seus saltos estalarem no chão e logo senti sua presença do meu lado.

— Responda minha pergunta, menina. O que está fazendo no quarto do meu filho?

— Não estou bem. — Fui sincera. — Eu precisava me afastar das pessoas.

— Pedro não gosta que entrem no quarto dele sem permissão.

Duvido.

— Ele é meu amigo. Não vai se importar.

— Se a namorada do meu filho te ver aqui, ele terá problemas. Saia.

Eu sabia que Edna mentia, pois ela era o tipo de mãe que pensava que ninguém seria bom o suficiente para seus filhos. Any Anybody serviu apenas como uma isca para tentar me afugentar. Não deu certo.

Com a dor se intensificando, assumi uma rebeldia impaciente. Virei de lado para ficarmos frente a frente, e endurecendo a mandíbula, falei:

— Não vou sair.

— Vai me enfrentar na minha própria casa? — estreitou os olhos. — Saia já daqui, sua malcriada!

— Não.

Com minha recusa, Edna se aproximou mais e segurou meu antebraço. Suas unhas entram em minha pele enquanto tentava me arrastar dali. Mal saí do lugar de tão ridícula era a sua falta jeito, mas por outro lado, seus dedos ossudos estavam me machucando com aquele apertão. A vantagem de estar sendo ferida fisicamente era o desfoque dar dor em minha barriga. Quase agradeci a madame chatona pela agressão. Também quase lamentei quando ela desistiu de tentar me enxotar da varanda ao me soltar com brusquidão.

A cólica sobressaiu de maneira nauseante.

— Garota suja. Sem berço. — Ela empinou o nariz. — Nunca estará à altura do que somos! Ouviu bem? Nunca!

Não seria uma má ideia vomitar na cara dela, seria?, pensei e apesar da ira que senti, fiquei baqueada por aquela mulher nunca ter dado a chance de me conhecer melhor, ao contrário disso, a senhora Oliveira Rizzo agora escolhia se rebaixar, provocando uma adolescente cheia de inseguranças e cicatrizes de um passado recente.

— Não sou uma pessoa ruim, dona Edna. — Sussurrei a frase com um certo ressentimento. — Eu não sou ruim.

Foi estranho porque, de repente, seu olhar não me lançava mais chamas de raiva, e sim de abalo. Talvez tenha sido o que falei ou o jeito que falei. Vai saber! Sua postura arrogante estava desfeita, ainda assim duvidei que tivesse alcançado sua humanidade. Provavelmente apenas se tocou que tinha passado dos limites comigo.

Quando uma forte fincada atingiu meu lado direito, não consegui disfarçar e me abracei na altura do ventre.

— Pode chamar minha mãe ou meu pai? Não estou me sentindo bem.

Percebendo que eu falava a verdade, acenou com a cabeça, porém, para não perder o costume de me alfinetar, balbuciou:

— Eu os chamarei, mas eles não são seus pais. — Engoliu em seco, incapaz de dizer gentilizas a mim. — Você é nada mais que uma caridade.

Assim, se retirou e eu voltei a ficar de frente para a grade da varanda.

Aquela virada de ano não estava nada boa.

Ainda com os braços cobrindo minha barriga, vi as marcas das unhas de Edna. Que explicação eu daria se alguém questionasse esses machucadinhos?

Droga! Eu não queria que minha mãe perdesse sua melhor amiga por causa de mim, a filha adotada.

Como se não bastasse estar com dores e ser arranhada por uma socialite viciada em fluoxetina, eu estava me contorcendo de ciúmes por causa da aparição de Any!

Pelo menos Pedro não pareceu feliz ao vê-la. Só que eu não conseguia me livrar da sensação de ameaça. Um medo de perder algo que nem sequer era meu.

Ciúmes.

Foi então que pensei em algo fútil, uma bobagem sem tamanho, todavia serviu como um pequeno consolo. Any poderia até estar num cropped caríssimo. Que se dane o seu umbigo de fora! Por que eu não podia elevar minha autoestima e admitir que estava deslumbrante? Eu também tinha o meu lugar de honra! Poxa! Essa coisa de ser o tempo todo modesta num ambiente tão hostil não estava dando certo! Bastava me olhar no espelho! Eu não estava vestida apenas com uma peça ou um acessório de luxo. Da minha cabeça aos meus pés havia milhares de dólares investidos em mim! A presilha do meu penteado trançado, os brincos, o anel, o vestido off-White, o sapato Loubotin verde-água! Tudo, tudo mesmo! Até a calcinha possuía um valor inacessível para trabalhadores comuns! Pra que sentir inferior a Any Anybody?

— Pelo menos meu vestido é mais caro que o look inteiro dela. — Dei uma risadinha sem me preocupar em ser uma megera, como tantas vezes Lauren e Any foram comigo.

Look de quem, Jaguncinha?

Merda! Meu sangue gelou ao ouvir Pedro.

Que momento ruim para ele chegar!

Virei tão rápido para encará-lo que tudo girou.

As únicas coisas que me lembro foram as minhas pernas se enfraquecendo e Pedro vindo rápido em minha direção. Depois disso, fechei os olhos.

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