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Capítulo 10

PEDRO

O elevador abria direto no hall da cobertura dos meus tios. Eu não tinha formalidades para entrar ali. Frequentava o lugar desde que me entendia por gente e naquele sábado não deveria ser diferente. Acontece que foi.

Ainda estava muito recente o que minha mãe tinha feito com Linda. Quase um ano da adoção da menina e dona Edna não se conformava com a situação. Não foi assim que ela me ensinou a tratar as pessoas, então era confuso vê-la ir contra os seus ensinamentos. Além disso, eu nunca tinha sido maltratado no lar dor meus tios. O certo seria que a filha dos Montenegro fosse tão bem recebida em minha casa quanto eu era bem recebido no lar deles.

Por isso eu estava nervoso, e constrangido também.

As últimas horas revivi em minha mente o modo como Linda saiu, praticamente, correndo da minha casa, e como fui atrás dela sem pensar duas vezes. Não saía da minha cabeça a expressão triste de seu rosto quando a chamei pelo jardim, o verde de seus olhos realçados por causa das lágrimas e a raiva camuflando a sua vulnerabilidade. Mas, o mais impressionante foi ver como ela aceitou rápido meu gesto de gentileza. Uns biscoitos amanteigados me renderam um sorriso pequeno, o suficiente para fazer bater mais rápido o meu coração.

Aquilo mexeu comigo. Eu não estava acostumado a me esforçar em agradar alguém.

Ainda no hall, ouvi uma canção animada e risadas femininas vindo da sala principal. Dava para saber que era tia Shari e Linda, já a terceira voz não reconheci. Assim que entrei no ambiente, a cena era realmente divertida. Uma sintonia que toda mãe e filha deveria ter. As duas dançavam ao som de algo nordestino, talvez fosse um forró ou xote, eu não tinha certeza por puro desconhecimento.

— Um passo pra frente e outro pra trás. — Com uma de frente para a outra, Linda conduzia tia Shari enquanto uma empregada espanava um móvel e as assistia aos risos. — Só me acompanha.

— Isso não está fácil. Não levo jeito, Linda.

— Solte mais o quadril, mãe.

— Eu não sei rebolar! — Shari exclamou, injuriada.

— Como assim? — Linda se soltou da mãe, dando um passo para trás. — Com uma poupança bonita dessas e não sabe rebolar?

Minha tia riu alto, se sentando no sofá. Há muito tempo eu não a via desse jeito, tão solta e feliz. As tentativas fracassadas de engravidar foram apagando o seu brilho ao longo dos anos. Minha mãe não enxergava isso?

Fiquei mais um tempo ali sem fazer questão de ser visto. Quando uma nova canção começou a tocar, a introdução era lenta e o sanfona fazia uma melodia melancólica.

— Adoro essa música! — Linda abriu os braços de modo apaixonado e cantou junto com o cantor. — Hoje lembrei de você, queria te encontrar, em pouco tempo talvez...

Eu gostava da sua voz. Era leve e afinada. A Jaguncinha era cheia de talentos que cada vez ficavam mais evidentes.

Quando a canção ganhou um ritmo mais animado, ela voltou a dançar. Sua empolgação me arrancou um sorriso.

— Dança mais um pouquinho, mãe!

— Por hoje chega, não tenho o seu pique. — Shari falou enquanto eu adentrava de vez na sala para ser visto.

— Que pena. — A menina lamentou sem parar de se movimentar.

Ela usava um vestidinho amarelo que batia no meio das coxas. Ao jogar os braços para o alto, o tecido esvoaçante escondeu só o necessário, e para melhorar a minha visão, os quadris começaram a se mexer e ela foi girando no próprio eixo. Não demorou para nossos olhares se cruzarem.

Eu não conseguia parar de sorrir.

— Boa tarde. — Cumprimentei.

— Quanto tempo chegou? — Linda parou de rebolar, arregalou os lindos olhos, mas manteve os braços para o alto.

— Não muito — passei por ela, indo na direção de Shari. — Oi tia.

— Pedro, meu querido. — Minha tia ficou de pé, me abraçou e deu um beijo em minha bochecha. Depois ela afastou o rosto, mas, segurando os meus braços, olhou por cima dos meus ombros e falou com a filha: — Bem, agora você tem um par para dançar.

Linda, que estava as minhas costas, ficou calada.

— Tenham uma boa tarde de estudos. — Tia Shari se retirou.

Assim que virei na direção de Linda, vi que ela pegou o telefone, que estava sobre a mesa de centro, e pausou a canção.

— Vamos? — olhando para o chão, ela começou a andar.

— Ok. — Segui atrás sem fazer questão esconder o sorriso. Ver a Jaguncinha tímida era instigador e divertido. Fiquei com vontade de provocá-la, a piada estava na ponta da língua, mas vendo que seguíamos na direção oposta da escada, perguntei: — Para onde estamos indo?

Pra sala de jantar — continuou andando e realmente se dirigindo ao lugar.

De repente, fiquei curioso.

— Não vamos estudar no seu quarto?

— Não levo garotos para o meu quarto. — Respondeu rápido, como se fosse um discurso ensaiado.

Entramos na sala de jantar e quando paramos diante da mesa, percebi que seus livros já estavam por lá.

— Por que não estumamos na biblioteca, então? — deixei minha mochila no chão e puxei uma cadeira, fazendo um gesto para ela se sentar.

— Prefiro estudar num ambiente mais aberto. — Ela se acomodou no assento e fiz o mesmo na cadeira ao lado.

— Você tem medo de que role algo com a gente? — perguntei, vendo-a tirar lápis, borracha e a caneta do estojo, para em seguida, enfileirá-los sobre a mesa meticulosamente. Ela nem se quer esboçou que me daria uma resposta. Resolvi atiçá-la mais um pouco, no entanto, não existia um pingo de verdade no que eu diria a seguir. — Se esse é o problema, fique tranquila que não sinto atração por você.

Ela inflou os pulmões, soltando o ar calmamente. Então virou o olhar na minha direção e um meio sorriso com nuances de deboche estava estampado em seu rosto bonito. Só não roubei um beijo da sua boca porque ela começou a falar.

— Foi exatamente esse tipo de coisa que minhas irmãs ouviram antes de serem emprenhadas pelos cabras que diziam não sentir atração por elas.

Franzi a testa, encarando-a. Linda tinha seus traumas, mas parecia que cada vez lidava melhor com tudo aquilo que um dia a fez se angustiar.

Com isso, preparei-me para rebatê-la com mais uma mentira.

— Acha mesmo que vou tentar te seduzir, Jaguncinha? — sorri, seguro. — Que imaginação fértil!

— Não é imaginação fértil não, Pedro. É útero fértil! Você não tem noção da capacidade que a minha família biológica tem em procriar — tive que rir do seu jeito de falar e ela acabou rindo também. — Agora podemos estudar?

— Sim, senhorita.

Deus, como ela é absurdamente incrível!

Após um tempo, a cozinheira passou pela sala de jantar, já sem o uniforme e com uma bolsa pendurada no ombro. Ela avisou a Linda que a farinha de milho estava hidratada e se despediu de nós. Eu não sabia o que aquilo significava, mas resolvi ficar quieto.

Então Linda agarrou o caderno onde tinha escrito à mão o nosso segundo relatório e ficou de pé. Em seguida, disse para eu pegar o notebook e segui-la. Fui atrás enquanto ela caminhava descalça até chegarmos na cozinha. Eu gostava daquela parte da casa dos meus tios, era um lugar claro e espaçoso, sempre tinha maçãs verdes na fruteira da bancada e um bolo bonito na boleira de cristal, que ficava na mesa de canto alemão de madeira branca. E dessa vez não foi diferente. Havia um bolo com cobertura açucarada intacto e mais outras coisas espalhadas. Entretanto, Linda não mostrou intenção de nos acomodarmos por ali. Ela deixou o caderno sobre a bancada central, seguindo para o fogão.

— Você pode digitar o nosso relatório enquanto eu cozinho?

— Você vai cozinhar? — fiquei surpreso.

— Sim. Uma vez por semana nós comemos algum prato típico do Nordeste aqui em casa. Hoje é dia de Cuscuz de Milho. Mas não pense que será um cuscuz embonecado como os de São Paulo, que é cheio de ingredientes. A receita é mais simples.

— Interessante. — Foi tudo que consegui comentar, pois eu não mencionaria que a quantidade exagerada de ingredientes no cuscuz paulista não me agradava.

— Já comeu a versão nordestina? — neguei com a cabeça. — Bem, se você não quiser experimentar, tem outras coisas para...

— Vou comer.

— Espero que goste. — Sorriu, tímida, e virou de costa para começar o preparo.

Depois disso, foi difícil tentar me concentrar no texto. Tudo bem que eu só digitaria o que ela havia deixado pronto à mão, isso não me exigia esforço intelectual, mas a visão da garota na minha frente atrapalhava tudo. 

À medida que sua movia para misturar os ingredientes, o tecido leve do seu vestido balançava junto com seu corpo. Sua cintura fina se destacava, assim como o desenho bonito de seus quadris.

Merda! Linda não tinha noção de seu potencial! A menina era inocente demais para mim.

Será que não se dava conta de que era perigoso ficar tanto tempo de costas para um adolescente como eu?

Mal digitei três frases quando ela colocou uma panela de formato estranho no fogão aceso e veio se sentar do meu lado. Suas pernas ficaram balançando no banco alto enquanto bisbilhotava a tela do notebook. Segundos depois ela franziu o cenho.

— O texto não está fazendo sentido. — Sem demora ela pegou o caderno, onde tinha escrito o relatório a mão, para conferir as palavras. Então deu uma risadinha ao perceber que o erro foi meu. — Você digitou errado.

— Desculpa. — Fiquei sem graça.

— Tudo bem. Estamos estudando desde ontem. Minha mente também está cansada.

— Não foi esse o problema — passei a mão pelo meu cabelo sem coragem de ser cem por cento honesto, mas um pouco da verdade eu daria a ela — Fiquei te observando preparar a comida. Você faz parecer fácil.

Suas bochechas começaram a ganhar um tom avermelhado. Quase que as toquei para ter certeza se estavam tão quentes quanto aparentavam. O problema era que eu não pararia por ali. Nunca me contentaria com uma carícia simples. Eu brincaria com seu rabo de cavalo, arrastaria minha mão até sua nuca e a traria para perto. Bem perto.

— É só um cuscuz. Não tem nada de complexo nisso. — Linda sussurrou e não aguentou sustentar nossos olhares, apenas voltou a dar atenção ao seu caderno. Fiz a mesma coisa, um pouco frustrado por não poder saciar meus instintos, mas conformado com progresso da nossa convivência.

Passamos os próximos minutos trabalhando juntos no texto. Ela ditava e eu digitava.

Em um certo instante, Linda teve levantar para desligar o fogão. Perguntei sobre aquela panela de formato diferente. Ela disse que se chamava cuscuzeira. Nome óbvio. Como não tinha pensado nisso?

Não demorou para terminamos o texto, em seguida, o salvamos e enviamos para nossos e-mails.

Tia Shari apareceu, desenformou o cuscuz e nos chamou para nos sentarmos à mesa de canto alemão. Passei manteiga no cuscuz de milho e me surpreendi com o sabor. Era simples, porém gostoso. Muito melhor do que aqueles que vinham cheios de ervilhas, ovos cozidos e sardinha.

Tivemos um momento agradável. Conversamos sobre as Olimpíadas de Matemática, sobre Dublin e até sobre a festa de quinze anos de Linda, que aconteceria em poucos meses. Minha tia falava com animação sobre o planejamento da comemoração enquanto sua filha parecia assustada e envergonhada. Diante disso, soltei que achava legal garotas que escolhem debutar e a Jaguncinha pareceu relaxar um pouco ao ouvir minha opinião.

Anoitecia quando voltei para casa. Eu estava feliz até encontrar com minha mãe sentada no sofá da sala de estar. Não foi difícil entender que ela estava me esperando chegar. Infelizmente não foi para me receber de braços abertos. Ela queria me azucrinar e conseguiu mexer com minha cabeça ao dizer que eu deveria ter cuidado nesse tempo em que estudaria com a "adotada", pois era assim que minha mãe costumava se referir a Linda. 

— Por mais que Shari a eduque, essa menina nunca estará no mesmo nível que você e seu irmão. É por isso que se usa a expressão Educação de Berço! Existem coisas que se aprende bem pequeno. Não sabemos quem Linda é de verdade, não sabemos nada da sua infância e o que pode ter acontecido com ela ao longo da vida miserável que levava. — Exasperada, dona Edna levantou as mãos num gesto exagerado de rendição. — Eu já desisti do Nicolas! Ele não me ouve, mas pelo menos quer apenas ser amigo da adotada, já você... sei que no primeiro instante que colocou seus olhos nela, se interessou. Não quero saber de ver você se engraçando com uma garota que anda com preservativos para todo lado.

— Qual o problema de andar com preservativos? Isso mostra que ela é prudente! — ironizei, mas sem um pingo de humor.

— Não me venha com gracinhas, Pedro. Ela só tem catorze anos!

— E daí? Eu perdi a virgindade com catorze anos! — falei mais alto que deveria. — Além disso, o problema de Linda não é esse e a senhora sabe do que se trata!

— Se o Luís, a Shari e o diretor Jones querem acreditar na história de que a garota é traumatizada, tudo bem! Mas eu não engulo essa justificativa não! E espero que você seja mais esperto!

Fechei os olhos, com as mãos na cintura, e suspirei.

— A senhora não tem noção do que está falando, mãe.

— Atenha-se apenas em estudar com Linda porque aqui, nessa casa, eu não a receberei como sua namorada!

Tive se sair de perto da minha mãe para não ser mais malcriado do que já estava sendo.

Eu sentia muita atração por Linda, mas eu não ultrapassaria os limites com a garota se não fosse para ter um relacionamento sério. Não dava para ficar brincando com a filha dos meus tios. O problema era que, aos dezessete anos e com planos de fazer faculdade fora do país, não cabia assumir um compromisso. Por ironia do destino eu queria conquistar uma pessoa e namorar de verdade pela primeira vez. De repente, parecia boa ideia fazer parte da vida de alguém tão especial.

Estava muito difícil controlar essa nova vontade e várias vezes tive raiva de mim mesmo por não dominar meus sentimentos. 

Com frustração, joguei meu corpo em cima da cama sem me importar em tirar o tênis. Apoiei minha cabaça em meus braços e encarei o teto por um tempo. Aquele sábado poderia ter terminado melhor; finalmente Linda e eu estávamos nos dando bem. Não dava para conformar com o aperto que eu sentia no peito depois de passar uma tarde com o rosto sorridente.

Qual era o problema da minha mãe? Desde quando ela havia se tornado uma mulher tão intolerante?

Peguei meu telefone, que estava no bolso da minha calça, para distrair a mente. Havia algumas mensagens dos meus amigos e de Any. Todos queriam saber se eu apareceria na festa do Caleb, um colega do time de canoagem. Eu tinha me esquecido completamente daquele compromisso. Para falar a verdade, nem estava com vontade de sair de casa. Mas pensar que Linda era proibida, mexeu com meu lado autodestrutivo. Any vinha se jogando em cima de mim há um bom tempo. Depois que Lauren foi suspensa, sua vida social nunca mais foi a mesma na Roads. Ela não foi expulsa da escola, mas agora ficava na dela e todas as vezes que cruzava nos corredores com um de nós, abaixava a cabeça. Então Any, sua ex-melhor-amiga, ocupou seu lugar num piscar de olhos. Não havia dúvida de ela sempre quis ser a abelha rainha do nosso mundinho medíocre. Uma garota estúpida com ambições estúpidas. Por que eu não me aproveitaria disso?

Se dona Edna pensava que Linda poderia ser minha destruição, era porque não convivia de perto com Any Sanchez.

Linda tinha muitos motivos para errar e colocar a culpa nos outros, mas todos os dias lutava para vencer. Ela tinha objetivos nobres e queria acertar na vida.

Já Any só queria errar.

Confirmei minha ida à festa.

Depois de um dia de acertos, minha noite seria de erros.

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