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Capítulo 12 - Pressentimento

"Pedir ajuda, não é vergonhoso"

Agora são por volta das dez da manhã, tenho a tal consulta com o psiquiatra, e no momento estou na clínica esperando o doutor me chamar.

Meus pensamentos no momento estão sendo os piores, só quero acabar com tudo isso de uma vez por todas, a dor dentro de mim está me sufocando, é como se a minha vida estivesse por um fio e por outro lado parece que o sofrimento não vai acabar nunca. Eu pareço estar em uma rua sem saída...

- Alô Kathe? Ei?

- Ah oi Emma

- Estou te chamando faz tempo aqui

- Desculpa, eu estava... Enfim, já me chamaram?

- Ainda não, estou preocupada com você minha querida

- Não se preocupe, já basta eu me sentir um peso na sua vida e na vida do Benjamin

- Você nunca será um peso para nós e Kathe...
—antes que ela terminasse sou chamada para ir a sala do doutor.

Me levanto, vou até a sala e sou recebida por um homem alto, magro, de olhos verdes, parece ter uns trinta e três anos e com uma cara séria.

- Oi Katherine, fique à vontade, me chamo Gustavo
—ele diz amigavelmente e estende a mão, estendo a minha cumprimentando ele de volta
- sente-se. Katherine, o Willy me ligou e conversou comigo um pouco, ele me contou como você chegou até ele

- No dia que eu quase me matei, infelizmente não deu certo

- Em um dos dias que você quase se matou

- Como você sabe que eu já tentei outras vezes?

- Não só como eu sei mas como sei também que você pensa em fazer isso novamente

- Como você sabe?

- Vejo em seus olhos

- Olha só, você é psiquiatra ou é algum vidente?
— ele continua sério
-Olha eu vou embora daqui tá? já chega!

- Katherine, me dê cinco minutos e eu deixo você ir tudo bem? me diga o que você está sentindo

- Uma droga, uma farsa porque apenas existo e não vivo, estou existindo apenas dentro de uma bolha de sofrimento e agonia, então me diga pra que existir assim?
—nesse momento começo a chorar descontroladamente, começo a bater no meu próprio corpo. O Dr Gustavo imediatamente se levanta da cadeira e vem até mim

- Ei, Katherine, ei? Olha pra mim! Olha dentro dos meus olhos Katherine, preciso que olhe pra mim!
—ele diz em um bom tom de voz, olho para ele mas continuo querendo me bater.
- Katherine, eu estou aqui com você, não bata em você, se você precisa descontar sua raiva pode bater em mim, estou aqui para você, estou apenas aqui
—continuo olhando para ele e o abraço e choro desesperadamente e ele me abraça de volta como se fosse um pai, um pai que eu nunca tive.
Fico ali abraçada com ele por uns cinco minutos até me acalmar.

- Que vergonha, que vergonha por ter abraçado você.

- Pedir ajuda, não é vergonhoso. Eu disse que estava aqui para você e eu realmente estava e estou
—ele diz e após me entrega um copo com água, me sento na cadeira e tomo toda a água

- Sabe Deus Katherine? Ele abraça os seus filhos nos piores momentos de angústia, como um verdadeiro Pai.

- Agora eu sei que você é realmente amigo do Willy, o psiquiatra que fala de Deus realmente tinha que ser amigo do Willy.

O Doutor Gustavo apenas ri e é uma risada boa de se escutar.

- Katherine, vou te passar um medicamento, você topa tomar direitinho?

- Está falando como se eu fosse uma criança

- De certo modo existe uma criança dentro de ti, que ainda precisa ser curada

- Bom, eu tomo o tal remédio então

- Você não vai precisar pagar nada pelo remédio, eu tenho ele aqui no meu consultório

- Ah obrigada

- Isso é uma das ajudas de Deus especialmente para você

- Ah claro, como se eu fosse muito especial

- E você é Katherine, sempre foi...
—esse doutor tem alguma coisa estranha nele, um brilho diferente nos olhos do Gustavo, essa coisa de Deus deixa as pessoas estranhas

- Katherine, não seja teimosa em tomar o remédio, as vezes a teimosia nos leva a caminhos espinhosos.
Toma o remédio assim que chegar em casa ok?
E não Katherine, você não precisa fazer o que algo de errado está dizendo na sua mente para fazer

- Eu... Você... Você não sabe o que se passa na minha mente

- Katherine, tentar suicídio não foi o escolhido para você

- Olha, eu posso ir embora?

- Sim, aqui seu remédio, tome ele e não faça nenhuma besteira hoje

- Olha muito obrigada viu por... Pelo remédio, a consulta, eu já vou indo, tchau doutor Gustavo

- Até mais Katherine.

- Doutor louco, eu hein!
—digo isso em meus pensamentos enquanto vou andando até a sala de espera, onde vejo a Emma.

- E então minha querida, como foi?

- Ele parece ser mais vidente do que psiquiatra... Bom Emma eu quero ir embora e fora que você ainda precisa ir trabalhar

- Ah não se preocupe, vou passar o dia com você hoje.

Emma Narrando

Estou com um pressentimento ruim sobre a Kathe, pedi o dia de folga pra ficar de olho nela. A Kathe não tem ideia mas ela é como se fosse uma filha pra mim e para o Benjamin.

- Kathe, o que acha de ir ao shopping? Almoçamos lá e fazemos algumas comprinhas
—digo enquanto entro no carro

- Emma, eu não tenho um real

- Quem disse que você é que vai pagar?

- Eu não me sinto muito bem com isso Emma

- Vai Kathe, por favorzinho? Quando você tiver dinheiro você paga a próxima ida ao shopping, tudo bem?

- Ai tá bom

- Yes!
—respondo animada. Quero que a Kathe tenha um bom dia e que esse pressentimento ruim vá embora logo.

Meia hora depois chegamos ao shopping.

- Kathe, olha só que aliança mais linda!

- As vezes parece que você nem é uma policial

- Por que?

- Porquê policias são sérios e bravos, ah já entendi Emma você é séria só com o Benjamin né? Aquela de dar uma de difícil

- Katherine! A senhora quer conhecer então esse meu lado sério e bravo?

- Não mesmo
—dou risada dela

- Primeiro que eu sou um ser humano normal e meu trabalho exige de mim todo esse lado sério
Segundo, eu não sou tão séria assim com o Benjamin, nós somos amigos...

- Ah sei, e se ele te desse aquela aliança ali e te pedisse em namoro
—sorrio ao pensar nisso.
- Viu só, está sorrindo, você gosta do Benjamin

- Ai Kathe, vamos almoçar vai? E deixa de papo furado.

Depois do almoço, passeamos um pouco pelo shopping mas a Kathe não se interessava em nada, o olhar triste dela quebra o meu coração. Logo após fomos embora, passei a tarde com a Kathe, ela está distante, não quis conversar quando eu puxava assunto, assistiu um filme de comédia comigo e não consegui ver na carinha dela nem um sorriso se quer, e o pior é o que o meu pressentimento está maior dentro de mim de que algo ruim vai acontecer.

Ouço alguém tocar a campainha.

- Oi Emma
—diz Ben, e logo após ele deixa um beijo no topo da minha cabeça

- Oi Ben, que surpresa boa

- Ah então minha presença é algo bom?

- Sempre é
— digo sem perceber e ele sorri, o sorriso pelo qual eu sempre fui apaixonada.
- Mas aconteceu alguma coisa? Não era para você estar na delegacia?

- Ah sim, por isso vim aqui te chamar

- Como assim?

- Recebemos um denúncia grave, eu estou sozinho e preciso que você vá comigo resolver esse problema, o nosso chefe me mandou vir te buscar para que você possa ir comigo

- Mas e os outros policiais?

- Estão atrás de outra ocorrência e os outros estão na delegacia de plantão para quem chegar lá

- E a Kathe? Você sabe que eu só não fui trabalhar hoje pra ficar com a Kathe por causa do meu pressentimento

- Eu sei e eu entendo, eu também estou muito preocupado com ela, mas vamos orar e deixar ela aqui, nós precisamos ir

- Ai meu Deus protege minha Kathe por favor.

Me despeço da Kathe, digo que preciso ir resolver uma ocorrência grave e já volto mas meu coração ficou aqui com ela.

Continua...

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