CAPÍTULO 28 - Herói
— Você tem certeza disso? — A voz de Verônica questionou do outro lado da linha. Jake esfregou o rosto ao confirmar.
— Sim, temos certeza. Calleigh até viu que todo o dinheiro que ela havia mandado pra você foi retirado da conta um dia após seu aniversário de dezoito anos e, a não ser que tenha ganhado um carro de aniversário, ele usou para alguma coisa.
— Desgraçado! É por isso, é exatamente por isso que ele está fazendo isso com o Josh, Jake! Ele quer a merda do dinheiro do garoto para se afundar em bebida. Eu... Eu não acredito nisso! Eu vou matá-lo!
— Não, Verônica! Não vai! — Jake disse, tentando manter sua calma — Respira, Calleigh vai dar um jeito nisso!
— Jake, eu agradeço tudo o que você e Calleigh fizeram por mim e por Josh, mas eu realmente não vou mais resolver isso pacificamente — desligou.
— Droga! — ele gritou, tirando o celular do ouvido e batendo com força no capô do carro.
— O que ela disse? — Calleigh perguntou observando-o de braços cruzados.
— Que cansou de esperar que a gente resolva isso pacificamente e que vai resolver do jeito dela! — Jake disse, chutando a roda do carro.
— O que aconteceu? — Bruce perguntou ao se aproximar. Jake virou-se para ele, erguendo as sobrancelhas para o ex-marido de Verônica.
— O motivo pelo qual William quer ficar com Josh é para conseguir ter acesso a pensão que a mãe dele deposita todos os meses para o garoto, que só será liberada quando ele tiver dezoito anos — explicou, dando as costas para Bruce ao passar a mão pelos cabelos.
— Verônica sabe?
— Sim — disse, virando-se para ele novamente, irritado — E disse que cansou de resolver isso pacificamente, que no caso seria judicialmente, acabando com William da forma mais sábia, e vai resolver isso por conta própria.
— O que? — Bruce não parecia nada calmo com essa ideia. — Verônica é louca, Jake! A última vez que ele fez mal para o Josh ela quebrou o nariz dele. O que acha que ela vai fazer agora? Ela vai atrás de William agora mesmo!
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O sangue de Verônica seguia quente em suas veias quando pegou o que precisava no apartamento depois de ter desligado o telefone de Jake com as informações que ele havia lhe passado. Ela não precisou perder tempo se trocando, havia feito isso assim que chegou em casa, então, correu até o carro e arrancou com ele na maior velocidade que pode em direção a casa do pai.
Ashford havia tentado manter a calma quando Maise lhe disse que Jake e Calleigh haviam ido conversar com Bruce para conseguir informações, mas aquilo era demais para manter seus pensamentos no lugar.
Ela não conseguia pensar de forma racional. Qualquer consequência sobre aquilo era completamente irrelevante para ela, nada seria capaz de botar qualquer tipo de pensamento em sua cabeça diferente daquele que estava tendo naquele momento: ela o destroçaria.
Não restaria misericórdia, não restaria compaixão, não restaria absolutamente nada de bom para William Ashford, nem sua memória nojenta.
Ela pisou ainda mais no acelerador, insistindo contra o carro a ir mais rápido. Os veículos a sua volta buzinavam, mas não era como se estivesse ouvindo alguma coisa além do próprio zumbindo do seus nervos ou do seu coração acelerado martelando em seu ouvido.
Como um flash, ela se viu em frente ao endereço conhecido, jogando o carro em frente a vaga da casa, pulando do carro a toda a velocidade.
— Verônica! — ela se virou ao ouvir seu nome. Jake e Bruce estavam saindo do carro do banqueiro, indo em sua direção às pressas.
Ela não olhou para eles, apenas se apressou pelas escadas, segurando no corrimão para conseguir tomar impulso para chutar a porta. Ela escancarou quase no mesmo instante e ela se jogou para dentro da casa.
— William, seu desgraçado maldito! — gritou, virando-se na sala. Josh arregalou os olhos, que estavam inchados de lágrimas e com um corte recente na sobrancelha, além da bochecha vermelha, sentado no canto de uma poltrona velha.
William, estava sentado no sofá maior, esparramado pelo acolchoado, vendo jogo com uma cerveja na mão, coçando o saco. Ele ergueu o rosto para ela, ficando em pé com uma agilidade que somente um ex-policial conseguia ter, estando naquele estado.
— O que está fazendo aqui?
Ela não respondeu com palavras, apenas avançou contra ele, erguendo o punho e batendo contra seu queixo com força. William cambaleou, mas ergueu a mão contra ela, batendo em Verônica que foi para trás, antes de se jogar sobre ele de novo, acertando outro murro, até ele cair no chão. Ela subiu sobre ele, erguendo os punhos enquanto desferia golpe atrás de golpe contra seu rosto sem parar.
— Verônica! Verônica! Para com isso! — Josh gritou se aproximando, tentando empurrá-la, mas ela era tão policial quanto William, logo era mais forte que Josh.
— Verônica! — Jake chegou a sala, correndo em direção a mulher, puxando-a de cima do homem que ficou em pé às pressas, cuspindo sangue com o nariz claramente torto.
— Sua vadiazinha desgraçada! — William disse, cuspindo no chão uma bola de sangue grossa. Verônica tentou se soltar dos braços de Jake, mas ele a manteve presa contra a parede. — O que você acha que está fazendo? Quer terminar de perder a chance de cuidar desse viadinho nojento para sempre?
— Cala a boca! — Ela gritou — Cala a porra da boca, seu filho da puta! Eu vou matar você! Eu vou arrancar tudo o que você tem, eu vou presa e apodrecer na cadeia, mas eu mato você! E você nunca, nunca, vai encostar em dinheiro nenhum que minha mãe deixou para Josh como fez com o meu, seu desgraçado! — Berrou, sacudindo as pernas para se soltar.
Josh pareceu confuso com a informação, olhando de Verônica para o pai sem saber do que estavam falando. William, por outro lado, apenas pareceu espantado, como se tivessem arrancado o tapete de debaixo de seus pés e tivesse descoberto estar sobre um buraco sem fundo.
— O que disse?
Ela riu, se acalmando somente para parar de espernear um pouco e tirar os fios de cabelo do rosto.
— Ah! Você achou mesmo que eu não descobriria isso, não é? Acabou pra você, iremos bloquear todo o dinheiro e somente Josh vai poder pegar. Então, você tem duas opções, ou você deixa ele em paz ou você me mata aqui e agora, pois eu não vou deixar você ficar um minuto a mais perto dele ou de qualquer dinheiro que não te pertence! — disse aos berros. William engoliu a seco.
— Verônica, se acalma, você já bateu nele, vamos embora!
— Me solta, Jared! Me larga agora, inferno! — gritou com ele, voltando a se debater. William grunhiu.
— Eu vou matar vocês dois. Seus dois bastardos filhos da puta — disse, apontando para ela e Josh. — Minha vida já acabou mesmo, vocês realmente acho que eu me importo em dividir o inferno com vocês dois? — perguntou, dando passos para trás até a escrivaninha.
— Não! Não, William, não! — Josh disse, tentando se aproximar, mas William o impediu com um soco que o fez cair. O sangue escorreu pelo nariz do menino quando ele apoiou as mãos no chão e ele tomou outro soco no estômago que o fez se virar, se contorcendo em busca de ar. — Verônica...
Ele tentou dizer sem ar, mas Jake só notou o que ele queria dizer quando o revólver de William estava apontado para o rosto dele.
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— Abaixa essa arma! — disse Jake, se enfiando em frente a Verônica que parou de se meter quando notou o que ele estava fazendo. — Me fala o que você quer, que eu te dou agora. Me fala quanto, mas baixa a arma!
Jake mantinha as mãos erguidas, tentando transparecer uma calma que ele não tinha. Seria fácil demais para ele resolver aquilo com dinheiro, se a questão fosse essa. Poderia erguer o celular e transferir para William quanto dinheiro ele quisesse. Seria fácil demais para, da mesma forma, William meter uma bala em meio a seu rosto.
— Sai da minha frente, playboyzinho, ou o alvo pode ser você! A não ser que queira realmente morrer por conta dessa vadia. Eu tenho certeza que ela consegue ser tão competente quanto a mãe — sorriu, mostrando os dentes amarelos para Jake.
— Me fala o valor que você quer, que ele é teu — Jake insistiu —. Eu sou Jared Müller, eu sou dono do banco com Josh estava trabalhando. Eu consigo te dar quanto você quiser para abaixar essa arma e deixar que eles saiam.
— Jake! — Verônica grunhiu, tentando dar um passo em sua direção.
— Sshhh! — chiou ele, para que ficasse quieta. — Me fale um valor.
— Você realmente está disposto a pagar pela vida deles? Dizem que a vida tem um valor inestimável, então serei obrigado a fazer jus ao ditado — William disse, meneando a cabeça, mantendo o revólver apontado para eles.
— É seu, só deixe que eles saiam.
— Jake! Por favor... — Verônica começou a implorar.
— Pega o Josh e sai daqui! — Jared rosnou para ela.
— Jake!
— Agora, Verônica!
Ela deu um passo à frente, indo até Josh e o segurando pelos ombros. Jake permanecia com as mãos erguidas, mantendo contato com William para que ele não se assustasse de forma alguma e acabasse atirando em alguém.
Ela ergueu o irmão, empurrando Josh para frente para que ele ficasse em pé. O rapaz cambaleou, segurando-se aos móveis desgastados para conseguir ficar em pé e sair da sala. Todavia, ao invés de Verônica fazer o mesmo, ela levou a mão até o cós da calça, puxando uma faca de lá que Jake só distinguiu quando viu o reflexo prateado em sua mão.
A mulher se jogou contra William, a faca entre os dedos, erguida, pronta para afundá-la em seu peito. O revólver de William saiu do rosto de Jake para virar-se contra ela e o disparo fez toda a casa ecoar.
— Verônica! — Ele gritou, indo em direção aos dois, segurando as mãos de William que tentava mirar contra ela para atirar, enquanto segurava com a outra mão seu pulso com a faca.
Bruce entrou correndo, indo até Jake, puxando a arma da mão de William enquanto Jake segurava Verônica pela cintura e o tirava de cima dele.
— Desgraçado! — Ela gritou, enquanto o homem a tirava de perto e outros policiais entravam correndo na sala para imobilizarem-no.
Ela soltou a faca que caiu no chão com um estampido. Seus joelhos falharam e ela caiu no chão aos prantos, enquanto observava William ser algemado e arrastado para fora por Bruce.
— Shhh! Tá tudo bem, tá tudo bem! — Jake disse, se ajoelhando em frente a ela, segurando seu rosto para lhe manter com a cabeça erguida. — Acabou, Verônica! Acabou!
Josh se aproximou, se ajoelhando ao lado da irmã, lhe abraçando com toda a força que tinha. Finalmente, aquilo havia acabado.
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— Aqui — Jake disse, oferecendo uma xícara de chá para Verônica que estava sentada no sofá, enrolada em um cobertor, tremendo feito louca.
O choque ainda não havia passado, mas ela havia conseguido entender que Bruce havia armado uma emboscada para William assim que soube o que Verônica faria, provando que conhecia a ex-mulher mais do que ela achava capaz.
Jake sentou-se ao seu lado e ela deu um gole no chá. Os cabelos ainda estavam molhados por conta do banho que havia tomado e Josh descansava em seu quarto após um longo depoimento na delegacia.
— Está mais calma? — perguntou, colocando suas pernas sobre seu colo, massageando seus pés.
— Não — respondeu, observando o chá com atenção demais —, eu quase estraguei tudo. Eu deveria ter saído quando você disse.
— Você não sabia dos planos de Bruce e, no final, deu tudo certo.
— Ele poderia ter atirado em você. Ele tentou, Jake — disse, erguendo os olhos verdes na direção dele.
— Mas não conseguiu. Eu estou bem! Resolvemos o problema, igual eu havia prometido que faria — Ela tentou sorrir.
— Até o momento você tem um total de zero promessas quebradas. Ninguém nunca se manteve invicto por tanto tempo, sabia? — Ele deu de ombros, sorridente.
— Eu tenho meus meios, não é segredo pra ninguém. — Ela sorriu de novo, se curvando no sofá para estender a mão até a dele.
Verônica segurou seus dedos por um minuto antes de falar:
— Obrigada. Eu nunca terei chances o suficiente para te agradecer pelo o que fez por mim e por Josh hoje. Ou sempre. Na verdade, desde que eu te conheci, tudo o que você fez foi me ajudar e me ajudar e eu sei que não mereço tanto. Obrigada, Jake, por absolutamente tudo. Eu realmente não sei o que teria sido de tudo isso sem você. Você é meu herói.
Ele se virou no sofá, apoiando o cotovelo no estofado e recostando a cabeça na mão. Ela fez o mesmo, tão próxima que pareciam estar dividindo a mesma respiração.
— Não tem o que me agradecer, Verônica — respondeu, estendo a mão até um mexa solitária que caia sobre seu rosto, a tirando dali com delicadeza. Seus dedos roçaram por sua bochecha levemente a fazendo fechar os olhos contra seu toque. Jake engoliu a seco ao deixar que seu polegar desenhasse formas irregulares em sua pele. — Verônica, eu...
— Shhh — disse ela, antes de se acomodar mais perto dele, deixando sua cabeça encostar na sua, os narizes juntos um do outro. — Eu sei.
E, sem esperar que ele dissesse mais nada, o beijou.
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