CAPÍTULO 1 - Pacífico
Nova York, o coração dos negócios, o sangue que pulsa pelo resto do mundo em dinheiro, riqueza e paixões. Manhattan com sua elite escandalosa aka Gossip Girl, seus playboys milionários, os magnatas e tudo isso compilado em uma pessoa só: Jake Müller.
Jared Frost Müller, mais conhecido como Jake, era um cara sortudo.
Além de ter sido agraciado com o fato de ter nascido em uma das famílias de banqueiros mais ricas do mundo, se não bastasse, Deus havia sido favorável com ele lhe dando uma beleza digna de capa de revista. Os olhos azuis acinzentados eram um belo deleite para quem os visse, a pele dourada e perfeita contrastando com os músculos do seu corpo, o abdômen rígido e os cabelos loiros, feito um anjo que caiu do céu - ou que saiu do inferno, se é que dá para entender.
Dinheiro e beleza, a dose certa para ter o que ele quisesse.
"...O amor, em suas frequências, muda o mundo. É como o bater de asas de uma borboleta que pode causar um tufão do outro lado do globo. Quando sorrimos para alguém, começamos uma conexão, tão simplória que nos leva às vezes ao mais profundo relacionamento e consequentemente a mais profunda paixão, e no final? Bem, você é capaz de lembrar do incêndio, mas nunca da primeira ação que lhe trouxe as chamas..."
Jake jogou a revista que Maisie havia deixado no seu apartamento para o lado e jogou o moletom suado no chão, indo para o banheiro com o peito desnudo e deixando os tênis de corrida pelo meio do caminho.
Não tinha tempo para baboseiras românticas na sua vida, ele precisava estar sempre ligado em tudo para que o fluxo nunca parasse. Ele era quase um viciado em ganhar dinheiro, por mais que isso não fosse uma necessidade para manter o seu estilo de vida que vinha de berço. Era como um jogo, um hobbie que o forçava a galgar mais e mais na montanha russa de investimento do Upper East Side.
De dia, ele lia o jornal e via como andavam as tabelas das Bolsa de Valores de Nova York, à tarde, tinha sua corridinha e algumas horas gastas na academia, e a noite em sua caçada por sexo divertido com uma garota diferente, que estivesse disposta a aventuras e alguns minutos de descanso entre uma compra de uma ação e outra. Ele era insaciável e ela tinha de entender que ele não era capaz de parar, nem na cama e nem nos negócios.
Ele tinha poder e sabia disso, sabia e gostava.
Jake saiu do chuveiro alguns minutos após ter entrado e tirando todas as partículas de suor que poderiam haver em seu corpo. Vestiu-se casualmente, parando no espelho antes de jogar os cabelos claros para trás e alisar a barba com as mãos.
A noite já havia caído e ele esperava que sua saída com Chloe fosse tão sensacional quanto tinha em mente. Ele havia a conhecido não tinha nem três meses, mas ela era exótica o suficiente para lhe render certos sacrifícios.
Chloe, nas vezes em que saíram juntos, apareceu cada dia com o cabelo de uma cor, haviam tatuagens que cercavam seu corpo inteiro, além de uma quantidade de piercings tão assustadora, que ele tinha certeza que ela seria barrada ao tentar entrar no banco do seu pai.
Jake pegou as chaves sobre o balcão ao sair do apartamento. Seu humor estava bom o suficiente para que ele cantarolasse animadamente enquanto remexia no celular e descia os 20 andares até o subsolo do estacionamento.
Era bom morar em uma das duas coberturas do seu prédio, mas considerando que o elevador era mais lento que o necessário, não era tão agradável assim em dias de pressa.
— Josh! — A voz estridente da mulher ecoou pelo estacionamento do prédio assim que a porta do elevador se abriu. Jake olhou em direção ao seu carro e notou que duas vagas ao lado, uma mulher loira tentava erguer uma caixa gigantesca com a ajuda de um adolescente que ele mal sabia como conseguia ficar em pé. Havia um hematoma arroxeado perto do seu olho e parecia prestes a desmaiar. — Merda! — Grunhiu quando a caixa cedeu e tudo o que havia nela se esparramou pelo chão.
— Deixa que eu pego isso. — Jake falou quando ela abaixou-se para pegar os livros espalhados pelo estacionamento. Ele os empilhou nos braços fortes e os recolocou na caixa de papelão recém remontada sem esforço algum, a pegando no colo e fazendo a mulher suspirar ao tirar uma mecha de cabelo loiro dos olhos.
— Ah, muito obrigada! — ela disse, jogando a mecha de cabelo para trás. Eles eram curtos, não passavam do seu ombro, mas estavam enrolados de uma forma sofisticada e emolduravam bem seu rosto redondo. Seus olhos eram grandes e verdes, além de lábios rosados e convidativos, quase tão convidativos quanto os seios grandes que ela tinha - não que ele tenha reparado. — Se você puder colocar no elevador pra mim, eu vou te agradecer pelo resto da vida! É muito pesada — falou colocando as mãos em formas de prece.
— Claro, sem problemas. — respondeu Jake com um sorriso e seguiu até o elevador, colocando a caixa lá dentro assim que ele abriu. O adolescente agradeceu com um aceno e subiu com duas mochilas e a caixa de livros. — Precisa de ajuda em mais alguma coisa? — Perguntou virando-se para ela. — Talvez uma televisão de tubo?
A mulher sorriu, negando com a cabeça enquanto fechava o porta-malas vazio.
— Não, mas muito obrigada. Já resolvi tudo. — disse encolhendo os ombros. — Você mora aqui? — Questionou apontando para o teto.
— Ah, sim, moro. Faz alguns meses que me mudei para cá, não fico muito em casa, então não conheço quase ninguém. — Respondeu. — E você?
— Sim, moro aqui faz alguns anos já. — Seu blazer branco e sua camisa de seda estavam sujas e ela olhou no relógio com certo desespero ao notar a marca de pó. — Ah, droga. — Falou arrancando o blazer e se enfiando dentro do carro desesperada. — Merda, merda, merda.
— Ahn... — Ele afundou as mãos nos bolsos sem saber o que fazer, observando o estacionamento em busca de qualquer coisa para olhar que não a mulher. Ela apareceu de volta, segurando uma blusa preta nas mãos.
— Ah! Me desculpe. — Balançou a cabeça, fazendo os cabelos chacoalharem ao notar que ele ainda estava ali sem saber o que fazer. Ele até achou graça. — Obrigada pela ajuda, "vizinho".
— Não por isso, "vizinha" — respondeu sorrindo enquanto ela entrava no carro e ele seguia até o seu veículo.
Ele buzinou sem olhar para trás e saiu do estacionamento apressado para seu encontro com Chloe.
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Verônica jogou a roupa suja para trás e viu quando Josh saiu do elevador com os olhos cheios de lágrimas. Ele estava péssimo, seus olhos castanhos estavam inchados pelas lágrimas e pelo soco que o pai havia dado nele quando o menino finalmente tomou coragem para se assumir.
Aquele homem era um idiota mesmo, sua vontade era ir lá e afrontar o pai e questionar o que um bêbado fracassado como ele tinha para falar sobre a sexualidade de alguém? Era por isso que ela havia saído de casa tão cedo e era por isso que sua mãe havia sumido de lá quando eles eram pequenos.
Ela até queria julgá-la, mas sabia que ela também não conseguiria conviver com alguém como pai, mas naquela situação, pelo menos levaria os filhos, o que ela não fez.
Verônica cuidou do irmão a vida toda, mas seu trabalho lhe soterrava e ela só conseguia ajudá-los financeiramente, mas agora que o seu pai idiota havia espancado o garoto para fazê-lo ser "homem de verdade", ela o havia trago para morar consigo e que o babaca se virasse com a aposentadoria medíocre de policial aposentado sem sua ajuda.
— Precisa que eu leve mais alguma coisa lá pra cima?
— Não, vai descansar. Eu preciso resolver umas coisas. — deu um meio sorriso e o irmão assentiu, limpando o canto do rosto. — Tenta dormir, a gente se vê de manhã, ok?
— Certo. — respondeu cabisbaixo. — Você não vai lá, vai? Assim que ele ver que eu fugi de casa ele vai jogar toda a culpa em cima de você e...
— Você não fugiu de casa, Josh, você está morando com sua irmã. Ele sabe que se arrumar qualquer confusão eu jogo um processo nas costas dele e ele vai pagar pensão pelo resto da vida. — Josh deu os ombros. Ele era um garoto alto para os seus 17 anos, tinha os cabelos claros espetados para o alto e os olhos castanhos como os do pai. Josh tinha um sorriso bonito e era a pessoa mais engraçada, carinhosa e que sempre tinha a resposta certa na ponta da língua, que ela conhecia. — Eu vou tentar voltar logo, mas... — Suspirou e ele assentiu com a cabeça antes dela dar partida no carro e sair dali.
Do seu prédio no centro de NY até a parte periférica do Brooklin não era uma distância lá muito grande, mas considerando que precisava encontrar-se com um cara em menos de uma hora, ela teria de fazer o trajeto de 25 minutos em 10.
A casa onde passou sua infância era pequena e um dia, há muito tempo atrás, já foi chamada de lar. William Ashford, o ex policial condecorado do NYDP hoje era um bêbado homofóbico que quando não estava em coma alcoólico, estava infernizando a vida do adolescente de 17 anos que ele nunca chegou a ser pai.
Verônica estacionou o carro em frente ao prédio e respirou fundo, observando a rua escura e mal encarada a sua frente. Só de olhar para aquela fechada o seu sangue fervia e uma onda de raiva muito poderosa passava por seu corpo.
William era um cara ruim. Sempre fora e sempre seria, em todos os aspectos. A infância, tanto dela quanto de Josh havia sido difícil por conta dele, mas ela podia aguentar quando ainda era com ela, quando ele começou a implicar com Josh a coisa ficou sério e o ódio que nutriu dia após dia só cresceu.
Ela desceu o carro com o peito estufado e subiu os três degraus até a entrada.
— Verônica? — A voz a chamou antes de ela abrir a porta à base do chute. Verônica se virou, observando o carro que se aproximava e notou o rosto conhecido demais sair do veículo. — O que faz aqui? — Bruce perguntou.
Seu ex-marido, a propósito, também tinha carreira policial. Bruce Turner era um cara legal que tinha seus bons 1,75m, os ombros largos e músculos de um detetive em serviço. Verônica respirou fundo, antes de dar as costas para a porta e virar-se para ele.
— Oi Bruce — disse com um sorriso contido.
— O que faz aqui? — Repetiu se aproximando. A diferença de altura deles era algo que sempre incomodava, mas não tanto quanto o fato de brigarem feito gato e rato por mais gentil que ele fosse, que foi o que a fez terminar com o casamento em menos de um ano.
— Eu moro aqui — respondeu com um sorriso. — Ou melhor, morava. Não posso visitar meu querido papai? — Suas sobrancelhas se ergueram com petulância.
— Considerando que seu pai tentou dar uma queixa pela ausência do seu irmão, eu acho um pouco estranha a sua visita, sendo bem sincero. — Ele sorriu e ela deu os ombros.
— Que pena. — Virou-se, chutando a porta com força que arrebentou a maçaneta com um estalo. Bruce negou com a cabeça enquanto Verônica entrava na casa podre, feito um furacão. — William!
William Ashford apareceu cambaleando pelo corredor com os olhos arregalados e aterrorizados. Os cabelos ralos estavam bagunçados, a barba por fazer, além de estar magro, fedido e cheirando a bebida.
— O que você está fazendo? — Ele questionou enquanto ela avançava em sua direção de punho cerrado. — Como que você faz isso na minha por... — Ele não teve tempo de terminar sua frase, já que o punho da filha bateu com força no seu nariz fazendo sangue jorrar.
— Verônica! — Bruce gritou aterrorizado.
— Desculpe, não ouvi o que você disse. — Colocou a mão na orelha em direção aos grunhidos do pai caído no chão em agonia. — Ah, você disse que vai ficar longe do Josh? — Questionou antes de sorrir e ficar ereta. — Ah, que bom, era exatamente isso que eu queria mesmo. — Seu rosto se fechou novamente. — Passar bem.
Ela deu meia volta, saindo da casa imunda sem olhar para trás. Bruce mantinha os olhos arregalados para a cena, mas a seguiu. Verônica caminhou até o carro e abriu a porta, jogando-se no banco e ligando o motor.
— Você ficou louca? Ele pode querer dar queixa. — Bruce desceu os degraus parecendo apavorado. Verônica deu os ombros. — Você quebrou o nariz dele!
— Jura? E eu nem tinha a intenção — falou cheia de irônia — E quanto a queixa, estarei aguardando ansiosamente. Pode ser que eu o denuncie também ou esqueceu que homofobia é crime? — Questionou dando ré para sair da vaga.
— Ele fez alguma coisa com o Josh? — Ela deu os ombros e acenou com a mão, saindo dali. — Verônica! — Ele gritou, mas ela não lhe deu atenção.
Tinha um encontro.
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