Paraíso privado
Em precário equilíbrio sobre as pontas dos pés, retoco o nó da tua gravata. Tuas mãos passeiam pela minha pele nua, que ainda conserva o cheiro de uma noite insone, e se detêm na minha cintura, segurando-me. Beijo teu queixo e ainda penduro-me do teu pescoço numa última tentativa de te reter cá, do meu lado.
Mas recuperaste teu sentido do dever junto com as calças e os óculos. Sais do meu paraíso privado e voltas para esse mundo lotado, dependente de horários, preso do barulho e da contaminação, esse mundo onde teu telemóvel é teu guru e tu apenas mais uma ficha no tabuleiro.
Meus seios roçam tua camisa. Não há oportunidade. Dás-me o último beijo e regressas a esse lugar onde minha suave anarquia não pode alcançar-te.
Ainda bem que, por vezes, aceitas meu convite para meu paraíso privado. Mesmo que seja por uma hora.
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