Estava tudo tranquilo, até eu ver uma foto do Harley e ficar com saudades.

Quero meu bebê de volta.

Por isso decidi ir até Nova Iorque buscá-lo. Sei que nesse exato momento minhas irmãs estão surtando, é quase cinco da manhã e eu estou no aeroporto indo buscar meu cachorro. Mas eu nem ligo.

   Não consigo ignorar os comentários do garoto do Instagram. Se ele não tem me stalkeado, então não sei o que ele tem feito. Porque é só eu postar uma foto que lá está ele curtindo e comentando. Não importa a hora. Ele está sempre lá. Chega a ser um pouco apavorante, mas resolvi relevar.

   Entro no avião vinte minutos depois de comprar minha passagem, me acomodo no meu lugar e espero até poder ver o meu bebê.

Pode ser mesmo loucura, não tem nem uma semana que estive em NY, mas é que eu não consigo ficar muito tempo sem o Harley e meus pais tomaram posse do meu cachorro. Eu tenho ciúmes e eles nem se importam.

   Quando chego no JFK, me apresso para sair dali e pegar um táxi. Já estou até imaginando a cara dos meus pais.

"Amanda? O que faz aqui? Onde estão suas irmãs?" - Essas são as palavras do meu pai, quando entro em casa e dou de cara com ele.

   Ele sempre foi o primeiro a acordar em casa e acho que isso nunca vai mudar.

"Oi papai, estou bem, obrigada por perguntar. Eu vim buscar o Harley, não consigo mais ficar sem meu bebê e não dá para ficar vindo ver ele uma vez por semana. E minhas irmãs estão em casa" - Tento ser o mais fofa possível para não levar uma bronca dele.

   Posso não ser mais uma garotinha, mas ainda recebo broncas do meu pai como se fosse. E na maioria das vezes até choro. Meu pai é muito liberal, mas quando pega para ser sério, corre porque a coisa é feia.

"Sabe que horas são? Tem noção do perigo? Sair sozinha de madrugada, onde estava com a cabeça, Amanda?" - Mesmo assim ele me repreende e lá estou eu me sentindo uma menininha.

"Me desculpa, mas é que eu não consegui me controlar" - Falei torcendo as mãos, sempre faço isso quando estou nervosa.

"Como sempre. Precisa ter mais cuidado, pequena. Ou vai acabar matando o velhote aqui de preocupação" - Meu pai diz mais calmo e me abraça.

   Amanda 1 x 0 Papai.

   Me aconchego no seu abraço. Uma coisa eu admito e com muito orgulho: sou a filhinha do papai. Apesar de Biáh ser mais nova, eu sou a mais mimada de todas. Tessa sempre foi muito autossuficiente. Biáh está sempre grudada na mamãe. Então sobrou eu para nosso pai mimar.

E eu adoro isso.