14: Apenas pedir desculpas
Francisco, mais uma vez, se colocou na estrada e dirigiu até a cidade vizinha. Já era a terceira vez que ele fazia isso nos últimos dois meses. Desde a vez em que ele conduziu até la viu a Bruna, foi como se automaticamente ela tivesse criado um imã que o atraia sempre para o mesmo lugar.
Quando a viu pela última vez, ainda estava grávida. Estava linda, usava um vestido florido e sandálias rasas, conversava alegremente com outras duas mulheres enquanto caminhavam pela cidade, ela parecia tão feliz.
A vontade que teve de falar com ela foi muito grande, queria se desculpar e estar com ela, fazer parte da vida dela e do seu filho, mas não se achava merecedor daquilo, então acabou indo embora.
Ele foi até a casa dela, estava decidido a falar com ela, tocou a campainha várias vezes, mas ninguém abriu a porta. Então se hospedou num hotel próximo, estava disposto a voltar para la outra vez, não iria embora antes de falar com ela.
Na sexta-feira de manhã ele foi até la outra vez, mas não a encontrou, então decidiu perguntar para uma vizinha, que acabou contando para ele tudo o que havia acontecido na época em que ela deu à luz. Francisco sentiu-se muito mal ao ouvir aquela história, sentia que todas as coisas más que aconteciam com Bruna eram sua culpa.
Quando ia embora, ele viu Bruna atravessar a rua e entrar em casa, era a oportunidade perfeita para falar com ela, mas ele escondeu-se e apenas ficou observando-a de longe, depois do que ouvira, estava se perguntando se não era melhor deixar as coisas como estavam e manter-se longe.
Depois de um mês da primeira visita que fez cidade, ele voltou a ligar para o Rafael, pediu que o mantivesse sempre informado sobre a vida da Bruna, e que investigasse também sobre o homem que aparecia com ela nas fotos, Thomas. Ficou bastante aliviado ao saber que eles mantinham apenas uma relação profissional, no fundo, ele alimentava esperanças de voltar a ter alguma coisa com ela, mas não se achava merecedor de perdão.
Naquela noite foi até ao hotel, mas não pregou o olho a noite toda, apenas ficou a pensar nela, queria conhecer a sua filha, que pela vizinha descobriu que se chamava Alexandra, mas infelizmente não pôde ver ela.
No sábado à noite ele precisaria voltar para a capital, pois tinha uma viagem marcada para domingo à tarde, então, mais uma vez saiu de casa e foi atrás de Bruna, ao chegar, se deparou com Carla, que estava um pouco reticente em falar com ele e dar informações sobre a Bruna, pois não o conhecia, então ele teve de falar quem era para que soubesse que Bruna havia saído com Alexa para o parque.
Francisco entrou no carro e saiu seguindo o caminho que lhe foi indicado por Carla. Ele dirigia um pouco apressado para chegar logo ao parque e encontrar Bruna, temia que ela saísse de lá e fosse para outro lugar. Precisava falar com ela antes que a coragem fosse embora.
Quando viu Thomas à distância, logo o reconheceu e virou-se para olhar se por um acaso Bruna estaria com ele. A ação durou menos de cinco segundos, mas foi tempo suficiente para parar de prestar atenção na estrada a sua frente. Quando voltou a sua atenção para a estrada, viu uma moça atravessando distraidamente enquanto olhava para o lado. Ele tentou travar o carro o mais rápido que conseguiu, mas não foi rápido o suficiente. A última coisa que viu antes do carro se chocar com o corpo da moça foram os olhos, aqueles olhos que ele conhecia tão bem.
Francisco desceu rapidamente do carro e foi ver como Bruna estava. Ela estava inconsciente e tinha alguns machucados no rosto e nos braços, pelo que ele podia ver. Rapidamente, Thomas chegou correndo e abaixou-se perto deles, verificando os sinais vitais de Bruna.
Francisco estava tremulo e suava frio, sabia que precisava fazer alguma coisa, mas seu corpo parecia paralisado. Estava em choque.
— Alguém chama uma ambulância!
Um grito o tirou do seu estupor, e quando viu, Thomas já estava ao seu lado, não só ele, mas uma multidão inteira. Ele pegou o telefone e começou a digitar os números um por um. As suas mãos não paravam de tremer.
E se ela morresse? Ele seria um assassino? Teria matado a mãe da própria filha?
O pânico começou a tomar conta dele com uma velocidade incrível, e ele começou a chorar e a puxar o cabelo, sem saber o que fazer, se sentia um incompetente, inútil. Não tinham se passado dois minutos desde que ele havia ligado para a ambulância, mas sentia como se eles estivessem a demorar uma eternidade para chegar.
Os paramédicos chegaram e logo começaram os procedimentos, precisavam de alguém que a acompanhasse na ambulância, então Thomas ofereceu-se para ir, mas Francisco disse querer ir ele mesmo, Thomas não o conhecendo, voltou a refutar e só depois de uma pequena briga, ele disse que era o pai da filha dela e que iria com ela para o hospital. Thomas viu-se sem escolhas e concordou.
Foi até Angélica, que ainda estava em choque, após acalmá-la um pouco, pediu que procurasse o telefone de Bruna na sua bolsa e ligasse para os pais dela. Thomas olhou para Alexa, que dormia tranquilamente na sua cadeirinha, e torceu para que Bruna ficasse bem.
Francisco queria muito ver a filha, conhecê-la, pegá-la no colo, mas isso tudo teria de ficar para depois, naquele momento a única coisa que ele queria era que Bruna ficasse bem.
Angélica ligou para o contacto de socorro, que estava gravado como "Mamãe", estava nervosa, não sabia como dar a notícia.
Chamada ON
— Estou, filha — respondeu Marta depois do terceiro toque, estava feliz por receber uma ligação da filha.
— Boa noite, senhora. Não é a Bruna... — Angélica respirou fundo, tentava encontrar coragem para dar a notícia.
— Quem é então? — Marta perguntou com uma expressão curiosa, sentia que alguma coisa estava errada.
— É a Angélica, uma amiga. Preciso que a senhora venha para cá... para a cidade onde a Bruna mora — decidiu não dar a notícia por telefone.
— Aconteceu alguma coisa? Por que ela não me ligou? — Foi até ao quarto acordar Daniel, que fazia uma sesta.
— É que a Bruna está ocupada agora, então não vai poder falar, mas ela quer muito que a família dela venha para cá — Angélica se esforçava para soar natural, mas a tarefa não era fácil.
— Está bem, mas sinto que você esconde alguma coisa, se a Bruna quisesse mesmo nos ver ela teria ligado.
— Não, eu não estou a esconder nada — Angélica entrou em pânico, não sabia mais o que inventar — Ela vai estar ocupada por algumas horas, e não teria como ligar, a senhora pode vir?
— Claro que sim, me manda o endereço.
— Claro, mando agora mesmo.
Chamada OFF
Após desligar o telefone, Marta recebeu uma mensagem com o endereço. Era um pouco longe, mas ela não se importava nem um pouco em dirigir algumas horas para poder ver a filha e conhecer a sua neta.
Ela falou com o Félix, que havia ido passar a tarde com eles, então combinaram de ir juntos, também estava ansioso para ver a irmã. Daniel estava decidido a não ir, não via sentido em viajar tão longe ao fim da tarde. Só chegariam lá à noite. Marta e Félix tiveram de insistir muito para que ele mudasse de ideias, e só depois arrumaram as suas malas.
Sem saber do que realmente havia acontecido com a filha, eles faziam tudo tranquilamente, convencidos de que estavam apenas indo visitá-la.
No hospital,
Bruna foi levada para a sala de urgências, e Francisco ficou a esperar no corredor. Ele não conseguia pensar em mais nada a não ser no momento do acidente. Nunca pensou que faria uma coisa dessas. A culpa o atormentava a cada segundo. Depois de quase uma hora, Thomas chegou ao hospital, e os dois ficaram a esperar notícias dos médicos.
Uns minutos depois, o telefone de Francisco tocou, e ele atendeu.
Chamada ON
— Pai, eu atropelei ela, eu atropelei a Bruna, ela está a ser operada, e eu não sei o que fazer — foi a primeira coisa que falou assim que atendeu o telefone, o desespero evidente na sua voz.
— O quê ? — Vítor gritou assustado — como assim você atropelou alguém? Andou a beber outra vez? Era suposto você estar a arrumar as suas malas para viajar!
— Sei — Francisco suspirou e baixou a cabeça — não era suposto eu ter vindo para cá, mas eu queria tanto ver ela, ver a minha filha.
— Que filha Francisco? Do que você está a falar? — Vítor sentia os nervos a flor da pele.
— Pai é uma longa história, mas preciso que você venha para cá.
— Me manda o seu endereço — Vítor saiu do escritório e logo ligou para um advogado.
Chamada OFF
Francisco desligou o telefone e voltou ao corredor para esperar por notícias. Um tempo passou-se, e logo apareceu uma enfermeira.
— Familiares de Bruna Monteiro? — a enfermeira olhou em volta procurando por alguém.
— Sou eu, eu sou o... namorado dela — respondeu Francisco.
Thomas revirou os olhos ao ouvir aquilo.
A enfermeira continuou:
— A senhorita Bruna sofreu uma pancada muito forte na cabeça e teve um traumatismo craniano grave. Ela está a ser operada, não sabemos ainda quais sequelas ela poderá apresentar após a cirurgia, mas aconselho vocês a se prepararem para o pior...
— Ela não vai morrer, não é? — perguntou Francisco, já se sentindo sem ar.
— Não posso dizer que sim ou que não. As hipóteses de que isso acontecer são poucas, mas as sequelas podem ser graves, como paralisia, cegueira, coma... Eu só peço que aguardem.
— Muito obrigada, enfermeira. E quanto tempo essas cirurgias costumam demorar? — perguntou Thomas.
— Em média, variam de duas a oito horas, mas tudo depende da gravidade do caso.
A enfermeira retirou-se, e Thomas voltou a se sentar.
Francisco saiu do hospital e sentou num banco na parte de fora, tentando pensar e organizar as ideias.
Sentia-se aflito pelo simples lembrar das possíveis sequelas mencionadas pela enfermeira, a culpa o corroía, e a voz traiçoeira na sua mente não o permitia pensar com clareza. Suspirou e voltou a entrar.
Trocou algumas palavras com Thomas e foi até a cafeteria, precisava de alguma coisa que o ajudasse a clarear a mente.
Assim que voltava, ouviu vozes desesperadas, seguidas de um grito choroso, o seu coração acelerou, temia que o pior tivesse acontecido.
Os seus olhares cruzaram-se, e ele viu uma fúria crescente enquanto caminhava até ele, nada pôde fazer para impedir o soco que acertou o seu rosto, o fazendo perder o equilíbrio e cair.
Hi sweetie
E aí ? Vocês esperavam por isso?
Acham que ela vai sobreviver ?
Eu espero muito que sim, vamos cruzar os dedos para a nossa protagonista.
Bjs. nos vemos no próximo capítulo. <3
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