Visão No. 68
A esperança é um veneno
Que justifica tudo o que fazemos…
Mas e se realmente
Fosse melhor se nada fizéssemos
— Algo como o que os sábios já disseram…
Mas de cada ato perpetrado,
De cada gesto impensado,
De cada espasmo,
Dá-se um movimento que não cessa,
Surge uma esperança que se propaga,
No ciclo do fracasso e
Na perpetuação das dores
E vicissitudes de ser…
Nenhum pragmatismo dos homens
É tão eficiente em comportar a realidade,
Em lhe reduzir à medida adequada
E conveniente
Do coração humano…
Não há liberdade que em excesso
Possa ser suportada…
Nem justiça tamanha que se justifique
Sem a injustiça,
Sem um desejo nas margens da cobiça
E por isso,
Todo conceito é uma falsificação
E de todas as mentiras,
O livre-arbítrio é a mais terrível…
Se somos livres
E nossas individualidades
Significam alguma coisa,
Seu sentido não é nada além de ser um conceito…
Somos
E se somos, não escolhemos,
Se nos tornamos
Não escolhemos…
Se escolhemos
É sempre no ponto extremo
Em que a renúncia
Se contrapõe a aceitação do destino que nos cabe…
Não. Nossa ruína não é a liberdade!
Nossa ruína é que somos condenados
A ser quem somos
Sem escolha, sem razão, por mais inconveniente e excessivo que sejamos…
E a esperança de sermos melhores
É esse veneno agridoce
Que pervade de sabor essa existência insípida…
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