Visão No. 52
Salvação não há para ninguém,
Mas se espera que se salvem primeiro as mulheres, as crianças e os velhos…
Mas aos poetas não se quer que se salvem,
Que roubam a doçura das mulheres
E se fazem cafajestes…
Que tolhem a inocência das crianças
E se fazem temerários…
Que pervertem a sabedoria dos velhos
E se fazem transgressores…
Salvação não há para ninguém
E a poesia é um descaminho
E a poesia é um desvario...
Desvio que desvela a desilusão…
Desistência e desídia...
Esta é toda a poesia...
Às mulheres, a doçura do beijo
(Sorve-a toda mas depois verseja…);
Às crianças, o brinquedo dos versos
(Nada ensina, mas canta…);
Aos velhos, a certeza da morte
(E à morte, revelada com despudor,
Nenhum consolo!
Mas...
A agonia da juventude que finda,
A dor do desejo que frustra,
A ternura do coração que empedernesce,
A dureza da palavra finada na letra,
O silêncio da canção morta na lauda fria…)
Salvação não há para ninguém,
Mas que todos se salvem:
As mulheres, as crianças e os velhos!
Que todos se salvem!
Menos o poeta…
Que de (des)consolo
Ele já tem os seus versos!
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