Visão No. 51
Quando te vi, te amei…
Sem por quê,
Sem sensatez...
Ignorante de quem eras
Como quem julga tudo saber da realidade
Porque a viu…
Sim. Há o amor que se lança no mundo
Com uma argola mirando a baliza…
Há o anzol que se lança aos mares
pela certeza
de que os peixes virão
das profundezas desconhecidas…
E de fato
Não havia nada conhecido
Que te despisse da tua beleza,
Que te despisse da instintiva atração
Que provocavas à animalidade
existente em mim...
E que me fazia querer-te como para cumprir o dever procriador da espécie…
Mas mesmo assim,
Era o instinto que via o que via em ti,
E gerava o prazer do propósito,
Enquanto a intuição o adivinhava
E narrava-me as estórias belas
Que sempre têm um final feliz…
Esquecia-me de que nada sabia,
Esquecia-me do animal que alimentava em mim,
fingindo desconhecer a natureza que o impelia.
Mas não te via ou alcançava
Segundo um pragmatismo são.
E na luz da lua que te vestia de branco,
Quando o mundo todo era escuro,
Eu te amava subjetivamente...
Não. Eu mesmo não era a fera
(Meus instintos mentiam-me),
Pensava eu cravando os dentes nos teus seios nus.
Eu não era um trágico
(Minha intuição falhava)
E não haveria de haver um fim,
Ainda que feliz,
Para um amor tão grande…
Estava sobre ti
E sobre mim vi a Via Láctea fria,
A beleza fria e sem sentido
Que regelava o mundo
E logo tudo estava escuro nos teus braços
E o final feliz chegou no momento da saciedade
Em que alcançamos a mística conjunção,
Anunciando logo a seguir a dispersão de tudo.
Houve suficiência
E meus braços penderam antes que eu transpusesse os éons…
E o calor arrefecido dos teus beijos
Foi nublado
Como ilusão em outra ilusão...
E a luz do sol veio nos mostrar pela manhã que éramos feitos de carne e ossos apenas...
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