Visão No. 49
Nunca me encontrei
Nesse mundo vasto em que não pertenço a nenhum lugar...
Não tenho uma causa por qual lutar,
Porque toda luta me parece inglória,
Se todos os sonhos puros
Provaram-se irrealizáveis.
Vejo apenas um mundo em agonia
Onde todos querem algo
e estão cegos na própria ansiedade…
Acordamos todos os dias,
Como se dormíssemos mais profundamente,
Para um pesadelo
Que nos consome até estarmos vazios…
Acordamos todos os dias
E esse despertar é abraçar a dor,
E a dor só pode ser esquecida com a ilusão…
Mas a ilusão não consegue se manter consistente
Até o ponto de esquecê-la…
Tenho algo que chamo de alma,
Mas sem saber muito a respeito,
E às vezes tudo o que queria é que eu não a tivesse…
Queria-me um mero autômato fazendo todos os dias o que me cabe,
Confiando na ordem do mundo,
Capaz de cumprir meu desígnio
Sem ao menos duvidar…
Mas a dúvida me assalta todos os dias
E eu olho e vejo
A incongruência de tudo…
E há um pacto que assino com sangue
Cedendo minh' alma
Para viver em uma existência que não é muito mais verdadeira que um sonho
Da qual desperto sem ter dormido bem...
E estando nessa vigília,
Percebo que a noite se estende
E que a aurora custa a despertar
E o amanhecer não vem
(Talvez nunca mais venha).
No escuro, tudo é vago e sombrio…
No escuro, só a agonia é real…
No escuro do despertar
Nada desperta em mim
senão a constatação de que ainda vivo...
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