Visão No. 37
O começo não é agora,
Não nasci nesse instante
E estar aqui
A constatar como novidade
O que é tão velho quanto o sol
Não é uma inocência pura
Sobre o fluxo das coisas...
Minha inocência é um relembrar
Que o embalo da vida
É que nos fez adormecidos…
E por isso estive andando inadvertidamente
Sem dar-me conta de nada…
Não é certamente que esteja aqui
À toa,
À esmo,
Lançado no mundo como um dado,
Mas mesmo quando não me dou por isso,
Sei que estou aqui…
O espanto do acaso,
A comoção das tragédias contingentes,
O sofrimento que é uma partícula subatômica
Compondo com prótons, nêutrons e elétrons
Os fundamentos de todas as coisas ao redor…
Disso sei
E que me cumpre mais que este cansaço de o saber?
Dizem-me: Muda!
Sai deste marasmo!
Não te permita a atonia de estar sempre à toa
Vendo a vida a passar…
Mas mudo
(E mudo não por deliberação),
Mudo nesse transmutar que é mister das coisas
E é assim como se não mudasse...
E cá estou
E vejo as coisas transformando-se
E percebo que ninguém jamais
Domou o ímpeto do tempo
E disso sei melhor
do que quem nunca reparou...
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