Visão No. 32
Tenho esta esperança tola
De que virá o sol pela manhã...
Que essa escuridão tão densa
É contingência das horas
E não um selo perpétuo sobre ver...
Meu sorriso tem o nervoso
De um temor que vem de nada surgir...
A cadência de um tempo
Que dança nas sombras como um cipreste.
A inquietação que não se enxerga
Mas que se ouve à noite inteira.
E que é um vento chacoalhando nas telhas,
Um gotejamento dentro tempestade,
Um trovão gritando rouco
E um relâmpago apagando-se
Por um instante muito mais longo
Do que jamais foi capaz de iluminar...
E o vejo
(Esse desespero)
Além da tessitura das cortinas de mim...
E vejo senão o que se dá a ver...
E tantas coisas ainda imagino
das horas depois:
Que haverá uma manhã
Cravejada do orvalho precioso da eternidade,
Como uma cota de cristal
De um existir salpicado de luz...
E um céu de puro azul
Vindo por cima da existência
E dissolvendo a fosca névoa que me aprisionou um dia...
E essas esperanças
Estão caladas
Por causa do pêndulo que diante de mim
Já não oscila,
Detido no espaço-tempo
Da hora derradeira
Sobre a qual nada avança
E pelo qual o raiar da manhã
Já também não vem...
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