Não tenho forças
E não ter forças é uma inconformidade 
Que não espero de mim…

Mas a minha vontade 
Acostumou-se a ser contrariada.
Chama-se vida essa ironia… 

Sábado:
Que fiz eu do tempo livre? 
Não soube ocupá-lo… 
E isso nem é uma visão… 

"Guardar o Sábado!"
Tão grande coisa que pôs
Deus na sua Lei…
E quanto não somos incompetentes 
De o pôr num cofre como tesouro…

Gastamo-lo!
Uns trabalham e esse dia se sucede tão indiferente como todos…
Uns como eu o desperdiçam… 

Acordei cedo para o desperdiçar mais
E nem metade do dia estava cansado 
Do despropósito de cada hora… 

Bebi,
Mas com preguiça de estar ébrio,
Enquanto essa sobriedade aborrecida 
Me acusava de ser um inútil… 

Então escrevi… 
A cabeça doendo,
Os olhos ardendo,
E nada a se fazer para acrescentar 
Algum sentido morno à existência...