Visão No. 28
Fazemos um juízo errado
acerca dos outros…
Tolamente imaginamos que são
de algum modo ignorantes
De uma sabedoria que só nós retemos...
Que seus argumentos e respostas
Estão condenados ao erro,
Pois parte da verdade lhes escapa
E não a nós que somos doutos...
Engajamo-nos em grandes causas,
Fiéis a nossa perícia
E para justificar essa grande ciência
Que nos pertence e vem de nós...
Diligentes em mostrar
O único caminho viável a toda humanidade…
Assim pensamos,
Profundamente convictos de sermos guias,
Com tão desmedida petulância…
Com dedo em riste,
Tecendo sermões inúteis,
Crentes da indefectibilidade das nossas visões de mundo…
E por isso estou cansado de vos ouvir
E tenho sentido mais afinidade com quem se prova inepto ao discurso sutil
Do que com o bem falante argumentador de grandes causas…
Quero, pois, que meu discurso
Decaia a mera banalidade,
E seja mais profundo em ritmo que em sentido,
Que minha voz
Traga-vos mais escuridão do que luzes,
Como a noite alta e constelada…
Não vos quero despertar
Se vos despertar trouxer também a arrogância cega
De quem se julga iluminado de si mesmo,
Mas caso vos dê me ouvirdes,
Que meu canto vos entorpeça!
E que o abismo que eu vos aponte
Seja não consolo, mas razão de medo,
E se não for, que venham os ousados!
Venha quem tem nos lábios seu próprio canto,
Seu próprio receio,
Seu próprio anseio
E que veja o quanto lhe der seus próprios olhos...
A vida é breve
(Breve para os que estão vivendo/
Longa jornada para quem a enfrenta)
Não retemos dela nada, sejamos doces portanto!
Sabei que o amor é algo de inefável,
Não luteis por ele como numa guerra!
Não há guerra, nem luta, nem causa,
No caminho de quem amou um dia.
Por isso o pregador que o propala
Sequer alguma vez soube o que é amar…
Digo apenas: Tende fé!
Não há doutrina sobre isso,
Mas nada muda se disser: Tende um sonho!
A fé em vós vos revela o caminho como farol
E não como se fosse guia para cegos…
Mas para que aptos a ver
vejamos o caminho que temos a frente
E o trilhemos com nossos passos,
Com nosso canto, com nosso ritmo...
Só isto é certo:
Vagamos em nossas existências,
Pela noite escura do mundo!
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