Visão No. 21
No aprisco da alma,
Há em mim memória e realidade
Entrecruzadas…
Sou-lhes o seu pastor
E no tempo oportuno
Tiro delas a lã de minhas vestes…
Na tarde em que vou de encontro
Ao que mesmo sou para mim
E abandono o que sou de funcional e útil à humanidade…
Dispo-me do vestido da lembrança
E deixo de vagar como se fosse humano…
Mas sou o pastor
De rústico vestido
Aquecido na noite pelo manto
Das lembranças e pelo espírito do vinho…
Dos dias de sol, que foram tantos,
Tenho a tua lembrança,
Nenhuma mágoa, nenhuma blasfêmia,
Apenas agora a tristeza
Do sol que se foi e se vai mais…
( Para dentro da noite!)
E a tua lembrança
E o vinho que acalenta
Põem-me um vermelho na face
Como o sol que ruboriza o céu na despedida…
Hora de recolher-me (penso),
Enrolando-me no manto que teci
De memória e realidade…
E como um pastor
Recolho-as de novo ao aprisco da alma...
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