Visão No. 2
Agora que penso bem
Tu eras tão bela…
Mas o que era a beleza pra mim
Em eras tão remotas do mundo?
E acho que tinha tanto medo do teu silêncio
Que o silêncio era tudo o que via...
Por isso talvez
Tenha ido à cata de efêmeros cacos de vidro
Enquanto desprezava
A tua beleza de rubi...
Era um garoto tolo sem compreensão…
E contudo, que inveja de ter sido tolo!
Que inveja das coisas passarem
Aos meus olhos no silêncio…
(Sem dar-me conta mesmo de sua raridade
E sem lhes dar mais importância
Como a que se dá
Além da banalidade da vida)
Hoje tudo é esse ruído
Que arranha a superfície
E tudo grita ao arrastar-se…
(A vida é uma cacofonia imensa,
Uma nau que zarpa do porto
Apitando a partida!)
Meus ouvidos doem,
Mesmo o silêncio os faz doer agora…
É que já tenho o ruído impresso nos tímpanos…
O que ouvi é o que me lança à face essa vergonha,
Que traz à tona esta "inveja"…
Que é um ver mal sobre mim mesmo.
(Mas de ti
Resta o silêncio sobre a própria raridade.
Teus lábios em silêncio,
Tuas sutilezas no silêncio…
Tanto que precisou toda uma era
Para eu me dar conta de ti…)
Rubis!
Rubis tão lindos
E seu brilho em brilhos tece a teia
De um ao outro …
Da realidade que foi,
Do que veio a ser,
Do que não veio
E da possibilidade
Agora impossível.
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