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01. welcome back '

⋆·˚ ༘ * BEM–VINDA DE VOLTA
CAPÍTULO 01 ⋆·˚ ༘ *

HOPE MONROE

          É irônico pensar que há a palavra "esperança" em meu nome, quando não há uma gota disso vagando em meu corpo. Um corpo fraco e sequelado que não vê comida há muitos dias e está cheio de marcas externas e internas.

Externas porque recentemente me envolvi num incêndio que derreteu trinta por cento da pele da minha perna direita. E internas porque ninguém além de mim pode enxergar o coração triste e ferido que mora no meu peito. Abriu-se um buraco nele no dia em que Miguel Monroe, a minha alma gêmea, morreu.

Estava frio naquele dia, nublado e ventando. Não haviam passáros no céu e os monstros do nosso novo mundo estavam quietos. O clima estava sombrio. Era como se a cidade soubesse e estivesse em um luto prematuro.

Meu irmão se foi como uma gota de chuva na correnteza de um rio, e eu não pulei para me afogar junto dele, só fiquei lá, parada, assistindo a vida o largar.

O som de seu corpo se estraçalhando no chão assim que se jogou daquele prédio para me salvar ainda invade os meus pesadelos.
E a esperança em mim se esvaiu neste dia, mesmo que por alguma razão as pessoas ainda insistam em me chamar de Hope Monroe.

Hope! — ouvi Enid Dickinson gritar e dei a ela um sorriso, como se dissesse "estou ouvindo" — Qual é, 'tô te chamando há séculos!

Dou de ombros, o que a faz respirar fundo para conter a impaciência.

A conheci em um dia bem perturbador. Ela só tinha treze anos e salvou a vida de uma criança de doze, a minha vida. É minha amiga leal e irmã desde então — e eu nunca a disse isso, por medo de me abandonar, mas acredito ter sido uma terrível escolha de sua parte decidir não me deixar para morrer.

— Estava pensando no acidente de novo? — Enid me pergunta, baixando o tom de voz para soar cautelosa.

— Não solte palavras sobre o acidente — eu respondo, ansiosa para que ela mude o rumo da conversa antes que eu me mate.

— Me desculpa, — ela diz, com os olhos transbordando compaixão e pena. — eu só quero que você saiba que não foi culpa sua.

Exceto que foi.

— Eu não estava pensando nisso — assumo, sentindo o rosto esquentar. Enid pode forçar a barra de vez em quando. — Apenas pare de falar sobre o acidente, por favor, eu imploro.

Falar sobre Peter não o traria de volta. Me arrepender não o traria de volta. Pedir perdão e dizer que tentei... Nada o traria de volta.

— Apenas continue com o motivo pelo qual antes me chamava.

Enid assente e parece se recompor para tornar o assunto. Ela toma coragem enquanto caminha pelos trilhos que seguimos há alguns dias. Olhando para as árvores, como se não fosse nada de mais, ela então continua: — Os trilhos nos levam à um abrigo chamado Terminus, é por isso que insisti para seguirmos por esse caminho.

Eu travo e levanto meus olhos. Meus ossos gelam com o pensamento de viver em comunidade. Isso não funciona para pessoas como eu. Pessoas controladas por uma força maior do que a que podem carregar. Pessoas que podem inconscientemente matar outras pessoas enquanto elas dormem e que agem como marionete na maior parte do tempo. Não. Eu não confio nem um pouco na minha cabeça pra coisas assim.

Pra nada, sendo sincera.

— Estou tentando em uma quantidade muito grande não insultar você agora com palavras que nunca conseguirá esquecer, então vamos apenas voltar para a CasaVelha e esquecer dessa sua ideia mal querida, certo?! — dou meia volta sem esperar por sua resposta.

— Hope — ela me chama, demonstrando cansaço na fala. Me viro para encarar suas sobrancelhas franzidas. Ela se senta nos trilhos e acena com a cabeça para que eu me sente ao seu lado. Não me movo, meus pés estão plantados neste chão. — Pense nas coisas boas pelo menos uma vez na vida!

— Está dizendo que sou uma pessoa negativa?

— Sim — Enid nem hesita.

E, droga! Eu sabia que ela estava certa sobre isso.

— Mas também estou dizendo — ela continua, dando um sorriso aconchegante agora — que se você tentar ver isso com outros olhos, pode ser bom! Quero dizer, eu acho que seria bom se você conversasse mais com pessoas de verdade, e não só com os fantasmas da sua cabeça.

E lá vamos nós de novo. Eu sabia do que isso se tratava.

— Você fala como uma senhora de três séculos atrás! — Enid fecha a boca quase que imediatamente, o que não impediu as palavras de escaparem.

Eu sabia que isso a incomodava.

Desde que nasci, minha mente tem sido minha maior casa. Passo quase o tempo todo nela. É exaustivo e entediante as vezes, mas para mim é impossível não pensar. Penso em coisas que posso fazer, mas que nunca acabo de fato fazendo, penso em coisas que poderia ter feito, e que nunca fiz, e então penso no que fiz, e me arrependo. O ciclo se repete diariamente. Acho que estou enlouquecendo.

Minha cabeça é a morada de quatro mulheres que odeio tanto quanto odeio à mim mesma.

Catharina, Charlotte, Cihrce e Jo'Hanna foram as primeiras bruxas da família Monroe, pioneiras de uma maldição somente para as mulheres. Por favor, é óbvio que seria assim! Não fiquei surpresa quando minha mãe me contou.

Elas morreram durante a terceira década de 1700 por razões completamente maléficas, e decidiram fazer da minha mente o seu limbo — ou melhor dizendo, inferno.

Antigamente as três primeiras conversavam comigo, usando de um sarcasmo extremamente agressivo para me ferir. Com o tempo me acostumei, e suas palavras já não me afetavam tanto. Aí elas desapareceram, e por meses fui feliz.

Então, a pior apareceu: Jo'Hanna, a Cruel. Sua forma humana ainda me faz visitas constantes, mesmo que esteja morta há centenas de anos. Meu corpo fica completamente gelado quando ela aparece, e é como se sugasse toda a minha energia para se manter como fantasma, na verdade, acho que é exatamente isso que Jo'Hanna faz.

Enid não a vê. Ninguém mais a vê. Apenas eu, porque com certeza fui abençoada pelos piores deuses com esse dom. Aposto que são todos homens infelizes e desgraçados que aleatoriamente decidiram desgraçar a vida de uma mulher infeliz.

O ponto é, que por não me comunicar muito com pessoas reais, acabei adquirindo um vocabulário antigo que já não é mais tão utilizado.

Costumava ser embaraçoso antes do fim do mundo quando ainda falavam comigo na escola. Os olhares de julgamento e sussurros entre os corredores já haviam se tornado algo rotineiro.
Por um longo tempo tentei ignorar o sentimento, mas eu tinha sete anos e até então não era boa com mentiras. Miguel notou minhas olheiras, meu cabelo desgrenhado e minha boca esfolada. Então, para não ter mais que vomitar todos os dias de ansiedade, precisei estudar em casa por uns anos.

Meu pai era francês, e eu o-

— Hope, me desculpe — Enid me busca para o presente, arrancando de mim um pequeno susto. — Eu gosto de como você fala, sério! Eu só... — ela encolhe os ombros timidamente. — Eu queria poder estar com outras pessoas também. — seus olhos focam nas pedras abaixo de seus pés, e me sinto um pouco enjoada. — Depois que Peter se foi, ficou mais solitário... por favor... você não pode negar que é entediante só com nós duas.

Senti meu coração apertar. O que é uma reação completamente esperada de alguém que acabou de ser chamada de tediosa, você deve admitir.

— Você está livre para ir — respondo, tentando esconder o descontentamento na voz. — Ficarei bem, e será bem-vinda se alguém dia quiser voltar.

Dou as costas para ela e retorno na direção de onde vínhamos. Posso ouvir os seus olhos rolarem.

— Eu não vou a lugar nenhum sem você! — ela diz, e sinto o peso voar de meus ombros.

Eu não deixaria Enid ir sem mim, não mesmo. Preciso dela mais do que respirar! Mas tenho muito, muito medo mesmo que ela me deixe, então busco suas palavras de afirmação o tempo inteiro somente para ter certeza de que ela não caiu em razão e transformou o seu doce amor por mim em um amargo desgosto.

— Tudo bem então, nós voltaremos para a CasaVelha — Enid se levanta, mas não parece derrotada. Ela passa por mim com um sorriso sereno e então sussurra: Nunca saberei se Glenn encontrou Maggie, Bob e Sasha.

Posso estar mesmo ficando louca, mas tenho 110% de certeza que ela nunca mencionou esses nomes antes, nem mesmo quando estava tagarelando sobre seus livros e poemas.

— Quem?

— Haviam recados deixados por aí para Glenn. O sangue e a lama ainda estavam úmidos, alguém está procurando pela família.

Minha pele queima como gelo seco. Meu estômago embrulha. Meus joelhos formigam e não há mais saliva em minha boca.

Consigo ouvir o grito de uma pessoa que não está aqui, e tudo se torna escuro. Eu procuro o chão antes que ele me encontre e me sento nos trilhos. Sinto os braços de Enid ao meu redor me puxando para perto. Ela me lembra de que preciso respirar.

'O nome "Terminus" preenche a entrada superior de um lugar muito grande. Existe um garoto ao alto de um vagão. Mortos ao redor tentam alcançar os seus pés. "Carl!" alguém se põe aos berros. Ele é puxado por um homem. O garoto se desequilibra e cai.'

Eu não vejo mais nada.

— Aconteceu de novo? — Dickinson busca a verdade em meus olhos. Assinto porque não há nada de bom para dizer.

Estavam aqui mais uma vez, prontas para me levarem ao auge do medo e ao cúmulo da esperança. Era esse o começo do fim. Tinham vindo buscar o que sobrou da última vez: a alma dolorida que eu escondia para que não roubassem, porque foi tudo o que restou daqueles que um dia me amaram.

— Parece que sua família te encontrou novamente, 'Coisa. — assim que identifiquei sua voz, suasória e lenta, mergulhei num mar de fúria. O mundo se tornou febril e doente, e eu desejei não estar viva.

— Bem-vinda de volta, Bruxa Maldita — digo à Jo'Hanna, com um sarcasmo pra lá de carregado na fala.

— Agradeço a recepção, pobre garota Monroe, é um prazer vê-la novamente, — ela se senta ao lado de Enid que não pode enxergá-la nem ouvi-la, e estica suas pernas cobertas pelo vestido branco ensanguentado. — ainda mais com uma aparência tão saudável.

Sarcasmo não combina com você. Penso, e ela ri sem humor.

A Dickinson se mantém em silêncio visto estar acostumada com situações assim. Contei à ela sobre o passado, as visões, o bullying, a fome, o abandono e tudo mais, na primeira semana do nosso triste encontro. Quanto mais cedo ela soubesse e menos apego eu tivesse construído por ela, menos horrível seria quando ela decidisse ir embora à fim de se distanciar da louca.

— Estou deveras feliz que não tenha concordado com a ideia de fazer amigos no Terminus — Jo'Hanna continua, me enfurecendo a cada segundo. Gostaria que ela fosse embora logo. — Não seria bom para você quando a rejeitassem por ser tão fracassada e esquisita — ela se levanta e troca de lugar, ficando mais próxima de mim agora. — De Enid eles gostariam, no entanto, basta olhar para ela! É gentil e tem um sorriso bonito. Ela sim conquistaria o amor de todos eles. Sinto muito que você não seja capaz...

Cale a boca.

Ei! Não seja mal-educada! Ninguém gosta de uma mulher mal-educada.

Ninguém gosta de você, acho que foi isso que quis dizer.

Raiva preenche os olhos escuros e tempestuosos de Jo'Hanna, posso sentir o pulmão sob seu peito subir e descer de forma desesperada, mesmo que seja impossível para ela respirar.

— Retire imediatamente o que disse, sua menina burra e insolente.

Eu a coloco no mudo. Não literalmente, porque isso infelizmente não é possível, mas a ignoro até que se zangue o suficiente e suma de vista.

— Nós vamos para o Terminus — digo à minha irmã assim que me ponho em pé. Ajeitando o arco nas costas, suspiro fundo, cheia de incertezas dolorosas.

De qualquer forma, eu me sentia pronta para fazer exatamente o que Jo'Hanna não queria que eu fizesse.

Eu salvaria o garoto, Enid conversaria um pouco com pessoas normais, e então voltaríamos para a CasaVelha juntas.

A Bruxa Maldita te convenceu disso? — ela se levantou tão rápido quanto a velocidade da luz e abriu um enorme sorriso. — Eu não posso acreditar!

— Não, não foi ela — admito franzindo o cenho, enojada com a ideia de Jo'Hanna me convencendo a fazer algo outra vez. — Há alguém lá que eu vi, e eu preciso salvá-lo.

— Espere. Você está dizendo que o "viu" como quando "viu" o seu irmão?

Assinto apenas uma vez, olhando no mais fundo de seus olhos azuis que me encaram com medo.

— Mas será diferente desta vez. Eu irei salvá-lo. Prometo isso.

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