79ºCapitulo
Na minha inconsciência oiço folhas de papel, um teclar profundo e suspiros, é difícil localizar os sons mais á medida que vou ficando mais presente no espaço acabo por dar uma volta sobre mim mesma, o corpo pesado e a sensação de um corpo ao meu lado a imobilizar-se. Abro os olhos um pouco e o quarto está escuro exceto pela luz baixa da mesa-de-cabeceira do Harry, estico o braço e passo-o por cima da perna dele aproximando-o mais, ele deve estar sentado mas não tenho força suficiente para raciocinar sobre isso. Os dedos dele estão no meu cabelo calmamente fazendo mais sonolenta.
-Porque é que não estás a dormir?- A minha voz lenta e rouca.
-Estou a trabalhar.- Ele sussurra.- Volta dormir.
-Que horas são?- Pergunto abrindo os olhos, olho para o laptop nas suas coxas e vejo que são três da manhã, porque raio estaria ele a trabalhar até esta hora.
-Volta a dormir.- Ele sussurra, mas agora estou demasiado desperta para conseguir fechar os olhos. Sento-me e olho para ele, o chão está coberto de papéis, e ele parece tão cansado como eu, no entanto recusa-se a fechar o computador.
-Tu devias dormir.- Digo-lhe e baixo a tampa do computador.
-Não posso.- Ele volta a abrir.
-Porque não?- Volto a deslizar para dentro das cobertas.
Há um silêncio pesado no quarto e quando a ideia por detrás dele não dormir me atinge reviro os olhos.
-Tu estás a fazer isto por minha causa?- Eu volto a sentar-me.
O olhar dele é culpado o suficiente, e dentro de mim quero discutir a atitude estupida, mas por outro lado algo estranho e esquisito que aprendeu a gostar deste lado protetor do Harry argumenta contra. E se puser ambos os lados na balança... continua a ser estupido, ele não pode deixar de dormir só porque estou...estou doente?
-Tu vais mesmo ter que dormir Harry, e para bem da minha presença nesta cama vais pousar esse computador, esquecer esses papéis, e dormir comigo.- Esfrego os olhos e quando ele mantem o rosto severo como quem não vai fazer nada disso puxo-lhe o computador do colo e meto-o no chão perto da minha cama.
-Para de tornar isto difícil.- Ele suspira.
-Não! Para tu de tornar isto difícil, eu tenho sono quero dormir e a única coisa que oiço é o bater irritante das teclas!
-Se é tão incomodativo podia ir para a sala.- Ele revira os olhos.
-Estavas de volta em cinco minutos para ter a certeza de que eu estava viva.- Digo-lhe e levanto-me.
-Onde é que vais?- Agarro na colcha e enrolo-a á minha volta.
-E que tal tu ficares aqui nessa crise maluca de sono e eu ir dormir para o sofá?
Oiço atirar-se á colcha e parar-me, finalmente as suas expressões amenizam e ele parece ligeiramente mais recetivo á minha maneira de ver as coisas, é apenas incrível que ele não perceba que desta maneira faz-me sentir pior comigo mesma.
-Fica aqui.- Ele pede, um tom de voz rouco.
Olho para os meus pés descalços e avanço até á cama, olhando com cuidado para o homem enfurecedor que está ao meu lado, é apenas louco ele tenha achado que isto ia resultar. Ele abre espaço para mim e deito-me, mas em vez de o deixar segurar-me como ele realmente gosta de fazer chego-me para trás. Ele revira os olhos e riu-me, nem pensar que vou cair nesta de adormecer primeiro.
Deito-me e aponto para o espaço entre o meu ombro e o meu pescoço, de alguma maneira eu também gosto de lhe dar conforto, e isto é difícil para mim, mas posso ver quão difícil é para ele. A cabeça dele faz pressão contra mim e riu-me, os meus dedos emaranham-se no cabelo e olho para o braço dele, por cima da minha cintura, é apenas estranha a maneira como me sinto em relação a ele, num momento é paixão crua e louca, noutro momento é calma e pacifica, existem tantas maneira de amar o Harry, que ás vezes é difícil passar por todas, e ás vezes gosto de o amar de uma maneira, e depois começo a ama-lo de outra, mas o amor está sempre lá, a fazer o meu coração correr no meu peito, tal como os meus dedos a correr pelo cabelo suave.
-Está tudo bem.- Eu sopro e ele ri-se.- Eu estou aqui.
-Para de gozar comigo!- Ele sussurra.
-Não estou a gozar, estou mesmo a dizer-te isto.- É verdade.
E lentamente, como um beijo é no início deixo-me levar também eu pelos movimentos suaves da respiração dele.
A semana passou devagar, o Harry foi trabalhar, eu fiquei a ver a Ave voar á minha volta como uma mãe águia, fomos fazer exames, devo ter os resultados na próxima semana, nenhum email sobre uma chamada para um emprego, visitei a Sam, vai mudar-se para a casa nova na próxima terça, fiquei triste, chorei, dormir, comi e voltei a ficar em casa, e hoje é sexta feira. Dizer na minha cabeça que dia é parece ajudar-me com a solidão de passar tanto tempo sozinha em casa, no entanto descobri uma livraria café enquanto fazia compras e passei a ir lá a seguir ao almoço, só para ver as pessoas passar.
-Até logo.- A Ave sorri e sai de casa, porque ela tem um emprego. Reviro os olhos e abro o computador, o meu telemóvel vibra e atendo-o sem olhar para o visor.
-Bom dia boneca.
-Oh olá campeão.- E todos os dias cinco minutos depois das nove o Harry liga para saber como me sinto, é obvio que não é porque estou meio constipada, ou porque tenho peneia do sono, ou os músculos no meu coração podem não estar a fazer um bom trabalho, não, ele liga-me por sabe o quão irritada estou por não ter nada para fazer, e depois falamos de coisas aleatória, vejo coisas na internet e conto-lhe e depois ele diz-me como chegou ao escritório e como a Chloé sorriu para ele como se ele fosse um menino pequeno, e depois desligo porque sei que ele tem que trabalhar, mas não me quer deixar sozinha.
E hoje, não é diferente.
-Alguma novidade?- Ele pergunta depois da conversa do costume.
-Bom, há uma sondagem neste site sobre o rabo da Kim Kardashian, mas como és meu namorado vou manter-te fora dos acontecimentos. O que achas?
-De me manteres fora dos acontecimentos? Bom nada de especial, o teu rabo é o suficiente para eu morder.- Ele ri-se e sinto-me corar.
-Não idiota, se o rabo dela é verdadeiro ou implantes?
-Implantes?
-Sim provavelmente.- Suspiro e passo a página, de repente o meu email assinala um email e carrego secamente, deve ser sobre descontos na mercearia onde vou.
-Queres mesmo arranjar um trabalho hum?
-Yap, e não me digas quão feliz estás por eu estar em casa.- Suspiro.
-Não estou, gosto que estejas feliz, para além disso a minha conta do telemóvel disparou.- Ele diz-me e eu acabo por espirrar, não sei se é alergia á primavera que ai vem, ou se estou mesmo constipada.
Abro o correio eletrónico e paro de ouvir qualquer coisa que o Harry e diga, porque isto é demais para eu poder falar com ele e ler ao mesmo tempo. Estão a pedir-me para ir segunda-feira a uma entrevista numa empresa de arquitetos, é uma daquelas companhias a quem as empresas dão os projetos em vez de manterem arquitetos como o Harry faz, é simplesmente, fantástico.
-Estás ai?- O Harry chama, mas não o oiço, demasiado ocupada em reler.
-Acho que acabei de curar a minha depressão "não tenho emprego"
-Bolas! Estava mesmo a gostar destes telefonemas.- Sei que ele está a brincar, talvez não, mas mesmo assim não consigo parar de sorrir.
-Vou voltar a ser útil á sociedade, quão excitante isso é?- Fecho o email e olho para o relógio, devia ir pesquisar mais sobre ele antes de responder ao email.
O Harry está num profundo silencio e quando desligamos reviro os olhos, sei que algo não está bem, e sei que provavelmente ele estava a gostar mais desta situação do que queria admitir, mas não vou ficar fechada em casa, e muito menos desperdiçar um curso que me levou a eternidade a fazer.
Levanto-me e decido vestir-me, arranjar-me pela primeira vez em seis dias, é bom vestir alguma coisa que não sejam calças de fato de treino. As calças de ganga assentam-me bem e calço os sapatos que o Harry me deu, escolho uma camisola e visto o casaco, a minha mala está a ganhar teias de aranha e agarro nela, saiu de casa e ao descer as escadas oiço um som horrível vindo da lavandaria. Abro a porta vermelha e espreito lá para dentro, apenas para ver o chão inundado de água, um homem nos seus vinte e seis anos que nunca vi antes parece atordoado. Ele olha para mim desesperado e pergunto-me porque é que ele não desligou a máquina que continua a fazer um barulho horrível. Levo um passo adiante e puxo o fio que liga as máquinas, o barulho cessa e o rapaz está a olhar para mim como se tivesse visto um anjo.
-Era só puxar a ficha, esta máquina não funciona.- Sorriu-lhe.
Ele cora e agarra no cesto que tem nas mãos com mais força.
-Oh! Eu não sabia, quando a liguei...- A voz dele é tímida e simpatizo com ele. Oiço a voz do Harry na minha cabeça a repreender-me pela maneira fácil como simpatizo com toda a gente, no entanto ignoro.
-Tudo bem, parece que vamos ter que limpar isto.- Vou até ao armário com as esfregonas da empresa que vem fazer a limpeza e agarro numa, ele tira-a da minha mão e começa, apanho panos e mando-o para os cantos do chão, pego em outra esfregona e começo e ensopar a esfregona da bagunça de água á minha volta.
-Sou o Gabriel.- Ele diz minutos depois.
-Soph.- Estendo-lhe mão e ele aperta-a.- Nunca o tinha visto.
-Mudei-me na quarta-feira.- Ele explica.- Não precisas mesmo de fazer isto.- Ele murmura envergonhado.
-Não tem, na minha primeira semana aqui, estraguei o elevador.- Encolho os ombros.- O que é estupido tendo em conta que os odeio.
-Eu vivo no 5D.- Ele diz-me suavemente.
-3E. Vivo com uma amiga.
Continuo a limpar e espremer o excesso para o balde e ele continua embaraçado. Reparo nas camisas bem dobradas no cesto, e pergunto-me porque raio ele ligou a máquina se as camisas estão em dobradas e secas? Ele não devia...
-Os teus sapatos.- Ele diz-me e olho vendo horrorizado o veludo pálido completamente manchado pela água.
-Oh céus.- Sinto os pés ficarem frios e encolho os dedos.- Tudo bem suspiro e continuo a limpar.
-Devem ter sido caros.- Ele murmura e olha encantado para eles.
-Oh foram um presente.- Porque é que ele está a olhar tanto para eles.
-São Prada certo? Desculpa estar a ser tão intruso, sou formado em moda, gosto de apreciar peças únicas.
-Não são únicos, deve haver um monte por aí.
-Só são feitos alguns desses por ano.- Ele sussurra e sinto-me estranha com o olhar que ele me dá.
Quando o chão está menos molhado encosto a esfregona e sorriu-lhe.
-Foi um prazer Gabriel, a sério, tem mais cuidado para a próxima com a máquina.- Riu-me e ele acompanha-me educadamente até eu me ir. Olho para os sapatos menos húmidos agora e espero que não estejam estragados ou assim, se é que sapatos destes podem ficar estragados.
Ando pela rua do nosso apartamento até chegar ao cruzamento da 6ª com a Broadway, é um caminho que quase nunca faço, mas torna-se chato fazer sempre o mesmo, os meus sapatos dão-me uma sensação confiante, mesmo ainda húmidos. A melhor parte de passar nesta parte da cidade é que todos os restaurantes que não posso pagar estão aqui, e que a probabilidade de ver o Harry é enorme, a menos que ele almoce no escritório hoje. Decido ligar-lhe, é quase meio dia e ele atende ao quarto toque.
-Sophia.
-Olá, estava a pensar se não querias vir almoçar comigo.- Bato o salto no chão e observo a confusão á minha volta.
-Sim, vou buscar-te a casa?- Ele parece nem estar a prestar atenção.
-Estou fora, perto daquele restaurante onde almoçaste uma vez e nos encontramos?
-Queres um almoço á borla?- Ele ri-se, e sei que está a brincar, mas ainda me sinto estranha.
-Estava a pensar que podíamos ir a outro lugar.
-Estou ai em dez minutos.
Dez minutos parecem pouca coisa, mas quando há um mar de gente á tua volta e estás sozinha parece ser um inferno de tempo, no entanto nove minutos e cinquenta e sete segundos depois o vejo o Harry a abrir espaço na multidão, ele não está a sorrir, mas quando lhe aceno o canto direito do lábio dele sobe.
-Olá jeitoso.- Sorriu e ele beija-me suavemente os lábios dando-me a mão.
-Olá, então não queres almoçar aqui?
-Não, há uma livraria que é um café, e eles tem as melhores saladas vegetarianas do mundo inteiro.- Digo-lhe e sorriu.
O sobreolho dele franze e ele olha para baixo, os olhos dele arregalam quando olha para os meus pés.
-O que é que aconteceu aos sapatos?- Ele abana a cabeça
-Longa historia, um vizinho novo que deu cabo de uma máquina, ajudei-o e...- olho para baixo.- Achas que estão estragados?
Mas não é nisso que o Harry está focado, e no fundo do meu cérebro sei que ele congelou em "vizinho novo".
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CHEGAMOS AO 1 MILHÃO NESTA HISTORIA, AO TODOS TEMOS MAIS DE 10.000.000 DE LEITURAS EM TODAS AS HISTORIAS, SUBIMOS UMA HASHTAG COM A AUTORA DA DARK JEANS EU DIRIA QUE A NOSSA SEMANA FOI MUITO BOA.
Estou tão orgulhosa de nós e do que fizemos todas juntas, e eu nunca me vou cansar de agradecer e "obrigada" parece uma palavra minúscula para tudo o que vocês me dão, a sério, e este natal vou compensar-vos por isso senão sabem do giveaway de natal leiam a nota que está antes deste capitulo.
Obrigada meus anjos.
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Eu amo-vos
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