Há uma caneca de café á minha frente e franzo o meu nariz. Levanto a caneca e coloco a ponta da língua no líquido quente. É amargo, tal como eu esperei que seria. Reviro os olhos e o Harry desmancha-se em risinhos.

-Aos poucos vamos lá.

-Ou não vamos lá de todo hum?- Arqueio as sobrancelhas.

-É uma questão de hábito.- Ele vira a omeleta na frigideira.

-Não devias defender a tua tradição? Traidor.- Murmuro e viro-me para a caneca de chá com leite á minha frente, sabe definitivamente melhor que café e Harry é bom a fazer isto.

-Nós ingleses somos progressistas.- Ele sorri, e dou por mim a sorrir também.

Ele está de calças de pijama e sem camisola, é engraçado ver como ele move com uma naturalidade quase invejável, no entanto é engraçado também a maneira como consigo sorrir sem sequer dar por isso. É incrível como uma pessoa pode pôr um sorriso na tua cara sem que tu dês por isso.

Ele coloca um prato em cima do meu individual e serve-nos com o pequeno-almoço. Senta-se ao meu lado e começa a comer do meu prato, o meu queixo está apoiado na minha mão enquanto olho para ele. As sobrancelhas juntas em concentração, a boca a trabalhar no próximo bocado, é quase irreal mas sinto uma vontade abrasadora de me atirar para cima dele.

-Se não parares de olhar para mim assim nenhum de nós vai sair daqui.- Ele ri-se e poisa o braço.

-És bonito.- Sinto-me corar e vejo as bochechas dele ganharem cor.

-Tu também não estás nada mal miúda.- Ele beija-me a bochecha antes de me passar o garfo para eu comer também. Levo uma garfada á boca e fecho os olhos. Está mesmo, mesmo bom.

-Então...quem era aquele rapaz contigo?- A pergunta dele faz-me estacar e ergo a cabeça.

-Quem?- Franzo a testa.

-Aquele rapaz que disse que estavas acompanhada...

-Nik.- Encolho os ombros.- Eramos vizinho nas ferias quando eu era mais nova, ele foi querido comigo.

-Acredito que sim.

-O que queres dizer?

-Os homens cheiram...como dizer?! Quando uma mulher está sozinha? E triste...

-Tens muita lata!- Riu-me.

-Beijaste-o?- A pergunta dele faz-me engasgar e a sua mão bate nas minhas costas algumas vezes.

-Não! Meu Deus não ia beija-lo assim, nem sequer me sentia no modo beijar.- Abano a cabeça.

-Então tens um modo beijar?- Ele arqueia a sobrancelha.

-Bom sim, geralmente sei quando me apetece beijar alguém.- Encolho os ombros.

Ele mete uma garfada de comida na boca e depois passa-me o garfo, engole um gole de café e olha para mim com uma cara seria.

-Alguma vez esse modo foi ativado perto dele?

-Não Harry, ele é meu amigo, e ele tem uma...

-Então hipoteticamente quando é que esse teu modo é ativado?- Ele olha-me como se eu fosse uma experiencia.

-Bom geralmente quando...

-Quando te beijo tu sentes que foi ativado ou não? Em que circunstancias fica mais alto?

-Meus Deus Harry! Porque?- Que raio?

-Preciso de saber.

-Porque?

-Porque sou o homem que mais beijaste até hoje.- Ele aproxima a cara da minha.

-Aí sim?- Riu-me, mas a cara dele mantem-se seria.

-Sim.- Ele não parece achar graça. Os lábios separados, os olhos cheios de vida, o cabelo desarrumado...

-O meu modo de beijar foi altamente ativado pelo meu namorado.- Sorriu, e a expressão dele suaviza.

-A sério?

As minhas mãos enrolam-se á volta do pescoço dele e puxo-o para mim.

-Sim.- Os meus lábios roçam os dele e separam-se ligeiramente, as mãos dele descem pelas minhas cinturas e ele puxa-me para o colo dele. O pequeno banco quase se desequilibra e encosto a cara ao ombro dele a rir enquanto o banco para quieto. Ergo a cara e olho para ele.

-Tu não sabes.- Ele murmura contra a minha boca.

-Não sei o que?- Sorriu.

-O quanto eu preciso de ti.- Ele beija-me com força, a língua dele escapa para a minha boca e encosto-me a ele, a minha t-shirt sobe quando as mãos dele fazem o caminho pelas minhas costas, a sua outra mão está no meu cabelo e inclina-me a cabeça para um dos lados tendo mais acesso á minha boca. É refrescante e quente ao mesmo tempo, faz cada parte de mim sentir-se mais viva, as sensações são ampliadas e sinto-me como que ligada a uma corrente elétrica. Os meus dentes suavemente mordiscam a pele do lábios superior dele, a minha língua atenua a mordida de amor e ele gema suavemente.

-Não dances com o diabo, tu só te vais queimar.- Ele sussurra na minha boca.

-Eu acho que eu já estou no fogo.- Eu provoco de volta.

-És incorrigível.

-Não. Tenho o meu modo beijar ativado.- Riu-me.

O Harry saiu do quarto e visto-me devagar, a minha roupa interior desapareceu e vou á gaveta do Harry tirar um par de boxers, a seguir visto e calço-me, apanho o cabelo num rabo-de-cavalo improvisado e saiu do quarto, passo pela sala e o Harry está ao telefone de um lado para o outro com dois envelopes na mão. Por um segundo sinto-me como se o mundo real me atingisse. Matt, telefonemas, trabalho...que raio estava eu a pensar? Que o mundo iria ser tão bom lá fora como aqui dentro? Isolada do mundo?

Um frio que não sinto de verdade percorre-me o corpo e aconchego-me no casaco que trouxe ontem á noite, é bom que está sol, embora eu saiba que deve estar muito mais frio hoje que ontem. Harry desliga e vira-se para mim, todo ele é elegância e gostava mesmo de saber o que as pessoas pensam quando me veem com ele desta maneira.

-Tudo bem?- Murmuro. Preciso de me abstrair dos meus pensamentos negativos.

-Sim, uma reunião que cancelei.- Ele encolhe os ombros.

-Oh a sério?- Inclino a cabeça para o lado. São dez da manhã, provavelmente havia muita coisa para ele fazer.

-Sim, mas foi uma reunião que valeu a pena cancelar.- Ele aproxima-se de mim e beija-me os lábios castamente. Depois abana os envelopes dourados á minha frente e sorri.

-O que é isso?- Pergunto.

-Uma gala, Young Lions.- Uma gala? Eu numa gala? Com Harry?

-Oh já ouvi falar, na NYPL (New York Public Library) certo?

-Sim, isso mesmo.

-Adoro a biblioteca, tem uma entrada muito bonita.

-Pois tem.- Porque é que ele está a olhar para mim como que a testar as águas?

-Paciência e Força de Caracter.- Sorriu.

-Perdi-me Sophia.

-Os dois leões, de cada lado das escadas? Chamam-se Paciência e Força de Caracter.- Riu-me.

-Porque te estás a rir?

-Porque são duas coisas de que costumo precisar.- Beijo-o e depois viro-me.

-Levo-te a casa?

-Por favor.- Murmuro embora saiba bem o que me espera.

Quando saímos da garagem não demora nem dois minutos até Harry começar a praguejar.

-Porque é que tenho sequer um carro? A sério esta cidade é horrível!- Ele bate com as mãos no volante.

-Tens um carro porque gostas dele, e a cidade é muito bonito Harry.- Abano a cabeça.- Já saíste sequer para ir andar por ai?

Como estamos parados no transito ele olha para mim e abana a cabeça.

-Já foste ao bairro do Soho? Já foste ao cruzamento da 34ª com a Brooklyn?

-Não, tenho muito trabalho, e quando não tenho trabalho tenho te a ti.

-Então devíamos ir dar uma volta um dia destes.

Ele suspira e acelera para a frente apenas para parar um pouco mais á frente.

-Passear por aqui não é a minha cena.

-Porque não?

-Não gosto da confusão, preferia que fossemos para um lugar calmo.- Ele encolhe os ombros.

-Como por exemplo?- Olho para ele expectante.

-Inglaterra?- Ele diz e avança um pouco mais no trânsito.

Há um silêncio horrível que vem com as palavras. Ele nunca tinha trazido a possibilidade de voltar para Inglaterra, na verdade apenas o mero pensamento de volta lá me traz uma agustia estranha e nada bem-vinda. Na verdade quem me dera nunca mais lá ir. Uma sequência desagradável de imagens passa-me pela cabeça. O medo que uma palavra pode trazer a uma pessoa é uma coisa incrível, a sensação ou um cheiro podem desencadear uma serie de reações de pânico e neste momento apenas a imagem do nosso antigo apartamento faz-me querer desparecer. Nem pensar.

-Sim, não quero ter que ficar aqui a vida toda.- Ele encolhe os ombros.

-E a empresa.

-É uma cede, assim como há uma lá, e pode haver uma em outros sítios.- Ele encolhe os ombros.

-Não me parece.- Encolho os ombros.

-Não estou a dizer que tínhamos que ir já, estou só.

-E se eu quiser viver num outro sitio?

-Queres voltar para a Califórnia?

-Não.- Não é como se eu sentisse saudades.

-Então?

-Estou bem aqui, a viver com a Ave, por agora.

-Preciso de um plano a longo prazo.- Fecho os olhos e começo a sentir-me zangada.

-Okay e se fizéssemos assim, daqui a seis meses voltamos a falar nisto?- Olho para ele.

Ele olha-me como se me tivesse crescido uma cabeça extra.

-Porque?

-Porque estou a ficar mesmo irritada.- Respondo-lhe e um dos cantos do lábio dele sobe, ele tenta conter o riso mas falha miseravelmente.- O que foi?

-Porque estou a ficar seriamente irritada.- Ele imita a minha voz numa escala de agudos francamente desrespeitosos e fico muito vermelha.

-Isso é muito rude.

-Isso é muito rude.- Ele faz o mesmo e bato-lhe no braço. Ele vira a cabeça para mim beija-me rapidamente antes de voltar a colocar os olhos na estrada.

Foi a pior amostra de trânsito que alguma vez testemunhei e demoramos quase meia hora para chegar a minha casa. Harry sai do carro surpreendendo-me e riu-me quando me segue até á porta do prédio, segura-a para mim e depois puxa-me para roubar mais um beijo.

-Estou a ficar seriamente irritado.- Ele imita-me mas desta vez com a sua própria voz.

-A sério?- Sussurro com os lábios perto dos dele.

-Sim. Porque devia poder ficar aqui contigo, e beijar-te até que alguém diga que é ilegal.

-Não que isso te impedisse.- Riu-me.

-Não, não impediria.- Ele beija-me mais uma vez e sinto o estomago saltar. Ele avança até ao carro e no fim baixa a janela.

-Até logo.- Ele assobia.

-Tchau amor.- Pisco muito os olhos e levanto uma perna.

Ele ri-se e desaparece com o carro no final da rua.

Enquanto subo as escadas sinto-me mais leve, mais leve do que alguma vez me lembro de ter estado nestes últimos dias, parece magia. Quando abro a porta de casa e atiro a mala para o chão reparo no namorado de Ave a dormir no meu sofá, quase nu.

Sinto-me divida entre fingir que não vi, mas quando ele acordar vai perceber que o vi, e que estou aqui...o que é mais constrangedor? Viro-me para trás e bato com a porta da frente outra vez, assim se ele acordar vai poder sentir-se mais embaraçado que eu, tirando a vergonha de mim. Bato novamente com a porta mas ele mantem-se imóvel. Bato outra vez mas desta vez com tanta força que o chão estremece. Ele levanta-se de um pulo e fecho dou um passo para trás, ele cobre-se com uma almofada e eu sorriu-lhe.

-Bom dia Paul.- Sei que estou a ficar vermelha, mas ele está muito engraçado o cabelo preto e os olhos castanhos parecem algo divertido.

-Oh Soph... bom dia.- Ele olha em volta embaraçado e não sei se hei de rir ou chorar. O que é que eu digo agora?

-A Ave foi trabalhar.- Ele atira e preciso de encontrar alguma coisa que não nos faça a ambos parecer estúpidos.

Uma batida na porta leva-me para fora de o momento e abro-a.

-Esqueceste-te do teu casaco no carro.- O Harry entraga-me o casaco com um sorriso na cara e beija-me antes de levantar o olhar e o seu queixo cair.

-Quer merda é esta?- Ele sussurra a olhar para mim.

-Harry, este é o Paul, o namorado da Ave.

-Porque é que ele está nu?

-Paul, prazer.- Ele chega até nós e riu-me quando o Harry olha para a mão estendida e depois para almofada que protege a dignidade do homem.- Bom vou á casa de banho.

Ele anda para trás até á casa de banho e tranca a porta, solto um suspiro de alívio e aceito o casaco das mãos do Harry.

-Obrigada, vou precisar disto.- Sorriu.

Harry está serio a olhar para a porta da casa de banho, o seu olhar cai em mim. Nada contente.

-Isto acontece muitas vezes? O namorado da tua amiga andar nu por casa? Porque é que ele está aqui sequer?

-Não.- Aconteceu duas vezes, mas nunca foi de propósito.

-Isto é muito fodido Soph.- Ele arregala os olhos.

-Não, não é, ele estava embaraçado.

-Não é? Se fosse uma mulher nua á minha frente eu queria ver se era isso que ias dizer.- Ele olha espantado para mim.

-Okay, talvez eu não ficasse contente, mas quais eram as chances? Tu vives sozinho.

-Tu precisas mesmo de vir viver comigo.

Oh não.

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Olá meninas, soooooo? Okay tenho de vos dizer que estou contente que eles voltaram, mas comigo isso nunca é sinonimo de paz certo? Certo ahaha

Eu disse que ia postar hoje a capa da nova historia, mas fiz três capaz e sinceramente não me sinto ligada a nenhuma delas, vou tentar agora outra vez encontrar uma imagem melhor, alterar o design das letras... vou continuar a tentar.

Oh uma leitora muito querida no twitter teve uma ideia engraçada de eu fazer vídeos diários no snap, podia fazer se vocês quisessem, eu fico sempre um pouco reticente em fazer snaps ás vezes mas acho que ia ser divertido, digam-me o que acham.

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LOVE U GIRLS