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55ºCapitulo

O resto do voo foi tão calmo como poderia ser depois de ter acordado, e quando aterrei no aeroporto de Álborg a manhã caminhava para mim a passos largos, a minha mochila estava nas minhas costas e senti-me grata por não ter trazido uma grande mala, isso evitou-me tempo na fila para recolher a bagagem.

Olhava atentamente toda a gente, não que fossem diferentes, apenas mais loiros, mas de certa forma estar noutro pais dava-me uma perspetiva melhor do que se seguiria, e percebi que o que tornou mais suportável a separação do Harry quando fui para Nova York foi realmente saber que ele estava longe, e que mesmo que quisesse cede não podia, e agora, aqui, longe dele, do cheiro dele, do toque e da voz dele dá-me uma ilusão de facilidade em lidar com tudo isto.

-Soph!- Viro-me e vejo a minha mãe.

Mas a minha boca esta no chão quando vejo o seu cabelo mal preso num rabo de cavalo confortável, o cabelo escuro a tentar escapar do aperto do elástico, as calças de fato de treino, e o casaco de pelo enorme, parece descontraída como quase nunca vejo a minha mãe, quase desleixada, mas feliz com isso, o olhar triste foi-se e corro para ela, abraço-a como se não a visse por meses, e deixo-me ficar desajeitada nos braços familiares que não importa o quê, vão amar-me sempre.

-Olá para ti também, estás muito carinhosa hoje.- Ela murmura quando me afasto, o nó na minha garganta cresce ao lembrar-me de uma das últimas conversas que tive com ela, sobre o Harry.

-Estou tão contente por estra aqui, á anos que não vinha cá.

-Estou contente por teres vindo, por estarmos todos aqui, o teu irmão vai chegar amanhã com a Meredith.- A minha mãe estendo o casaco pesado extra para mim e apresso-me a vesti-lo. É quase impossível voltar a colocar a mochila por isso ando com ela na mão ao lado da minha mãe, ouvindo as conversas estranhas que me passam pelos ouvidos, sem perceber nada, apenas fascinada com aquilo que é o desconhecido.

Quando me sento no lugar do passageiro a minha mãe liga o aquecimento dos bancos e derreto-me em cima do cabedal, o frio lá fora em Abril ainda é forte, mais do que um mau dia em Nova York.

-Meu Deus é tão estranho ouvir as pessoas a falar outra língua.- Murmuro quando a minha mãe liga o rádio.

-Não te lembras te uma única palavra?- A minha mãe diz meio zangada.

-Não...não sei.- Murmuro a puxar pela memória.- Tu ainda sabes falar Dinamarquês?- Olho para ela, e quando paramos num semáforo ela ri-se.

-Querida nasci aqui, ás vezes digo coisas feias ao pai em dinamarquês e ele não entende nada.- Ela ri-se.

-Oh.- Digo, desejando saber alguma língua a mais.

-Vamos fazer um teste?- A minha mãe volta a acelerar o carro e começa.- Hej?

Reviro os olhos, esta é fácil.

-Significa "Olá"- Murmuro.

-Farvel?

-"Adeus"

- Din far er i dårligt humør i dag?

-O pai está...- Digo rindo-me.

-O teu pai está de mau humor hoje.

-Chegava lá por dedução.- Bato na cabeça.

-Alguma palavra que ainda consigas dizer sem eu te dar uma ajuda.

Puxo pela cabeça e encosto-me para trás no banco, quer lembrar-me de algo espirutuoso ou engraçado para dizer, alguma piada, ou trava língua que tenha ouvido, mas não sai nada, estou bloqueada.

-Bedstefar...- Murmuro olhando para um baloiço abandonado pelo qual passamos, o meu avô montou-me o meu primeiro baloiço, deu-me o meu primeiro empurrão. É isso que a palavra significa "avô", e foi isso que me trouxe aqui.

A minha mãe fica calada e sinto-a fungar com o nariz, mas ignoro, se ela for como eu, detesta que os outros a vejam chorar, na verdade raramente a vi chorar, e quando acontecia eu e o Teddy virávamos a cara para o pai, ao que ele com olhos zangados, tristes ou pensativos negava com a cabeça, não respondendo.

O pensamento de que a minha mãe está a meses de ficar sem o pai faz o meu coração doer, o pensamento de ficar sem alguém faz o meu coração cair aos meus pés, eu mal posso suportar ficar longe de alguém sem me atormentar, então a ideia de nunca mais ver alguém porque esse alguém se foi é abominável. É um ciclo, e o meu avô viveu muito, no entanto o problema é que o tempo que a pessoa vive, não é o mesmo que o amor por essa pessoa vive, o amor fica até que o nosso coração dê o ultimo sopro de vida e leve as saudades embora connosco.

-O teu pai convenceu os médicos a deixarem o teu avô vir para casa, tem duas enfermeiras e por acaso o médico que acompanha vive na quinta alguns hectares ao lado da nossa.- A minha mãe diz e sorri.- O teu pai estava a tremer quando o teu avô lhe chamou "ladrão de berços" com um sorriso tremulo no rosto, ele esquece-se de muita coisa porque a idade também não ajuda mas lembrava-se de algo, lembrou-se de mim e depois apontou para a fotografia, expliquei-lhe de novo sobre ti e o Teddy, e sorriu...

Ela cala-se momentaneamente e percebo que talvez o meu avô não se lembre de mim, não tão bem como eu dele, mas não estou magoada, ou ferida, tenho as memorias na cabeça e a alegria de tudo isso no coração, a misturar-se com o ardor contante que ainda habita, parece que tenho o nome do Harry tatuado a ferros no coração e que por muito que tente não me consigo esquecer dele por muito tempo.

Thisted é uma cidade pequena no norte da Dinamarca e é onde o meu avô viveu toda a sua vida. É verde, mais verde que o Reino Unido, o cheiro é único e a maneira como a minha mãe conduz o mercedes antigo do meu avô pela costa faz o meu coração apertar em saudades, em como no verão eu era trazida no mesmo carro a esta praia, onde não importava quão alto e bravo estava o mar, a pequena Sophia queria saltar lá para dentro, fazendo a gargalhada rouca do avô soar como o sopro divino.

Abro a janela mesmo com o frio e deixo que o vento me bata com força na cara, o tempo está cinzento, as ondas bater com força nas rochas, e ao longe avista-se a localidade, os telhados vermelhos e a suavidade do aroma que paira no ar. Nova York é nada comparado com a calma que consigo respirar aqui.

Dez minutos depois estamos a entrar pelos portões que rodeia a casa, vejo a enorme porta de carvalho e as pequenas estatuas assustadoras assente nas escadas de mármore que dão para o alpendre, o meu pai está com um gorro e um casaco enorme a falar o telemóvel e quando nos vê desliga a chamada, anda até ao lado do carro onde está a mãe, e abre a porta com um olhar zangado.

-Não acredito que foste sem me dizeres nada!- O meu pai não grita, mas a forma como entoa as palavras faz parecer que os dragões enfurecidos dentro dele estão prestes a explodir.

-Por amor de Deus Alex nasci aqui, aprendi a conduzir aqui, sou melhor na estrada que tu.- A minha mãe ri-se e salta do carro, parece uma miúda desobediente.

-Fiquei preocupado.

-Ficas sempre.- A minha mãe beija-lhe a bochecha e abre as portas de trás do carro para tirar as coisas.

O meu pai vem até mim e abraça-me com força, colocando uma mexa de cabelo atrás da minha orelha, tira o gorro e coloca-o na minha cabeça, não tinha realmente entendido o que era frio até que sai do carro.

-Estás estranha.- Ele diz descontraído.

-Estou cansada.- Os olhos dele perscrutam-me e parece não acreditar em mim.

-És má mentirosa, tanto como a tua mãe.

-Eu ouvi isso Alex!- A minha fecha a porta, e vira-se para nós a sorrir, no entanto o meu pai não lhe devolve o sorriso.

-Estão a prever chuva, se o voo dela se tivesse atrasado...

-Para de pensar no que podia ter acontecido, e preocupa-te com o que está acontecer.- A minha mãe cospe e sinto faíscas voarem de um lado para o outro.

Cada um dos meus pais se coloca de um dos meus lados e caminhamos para dentro, é quase desconfortável estar no meio deles, o meu pai pede a minha mala á minha mãe, mas esta recusa e leva-a na mesma.

-Para de ser tão teimosa.

-Para de querer fazer tudo por mim.- Fico chocada com o grito que a minha mãe ecoa, tanto eu como o meu pai paramos e olhamos para ela, os olhos claros ardem e ela recua um passo atrás tentando sorrir, mas falha miseravelmente quando uma careta sai e uma lágrima quente escorre pela sua bochecha.

-Vejo-vos lá dentro.- Ela murmura e entra em casa.

-Vocês os dois estão...tu sabes, chateados?- Pergunto, sabendo que o meu pai detesta quando eu ou o meu irmão perguntamos isto.

No entanto ele suspira e senta-se na escadaria de mármore, e sento-me ao lado dele, ele agarra a parte da frente do meu gorro e tapa-me os olhos.

-Não vale a pensa mandar-te para dentro com um de zangado pois não?- Ele suspira, o meu pai nunca suspira.

-Isso deixou de resultar á uns anos.- Riu-me e tiro o gorro da frente dos olhos.

-Eu sabia que isto ia acontecer, a tua mãe...ela está muito frágil, ela é forte se for algo comigo, ou contigo, ou o Teddy, mas quando o problema é ela, ela não resolve, ela engole tudo e sorri para não nos preocuparmos, como ela fez agora, sorrir e chorar, ela passou a semana toda a fazer isto, a tentar parecer feliz, preciso de duas horas até que ela pare de chorar e adormeça quando nos vamos deitar, e na manhã seguinte ela finge que não esgotou as lágrimas todas horas antes.

Olho chocada para o meu pai e para a maneira como ele me contou, como se eu fosse uma...adulta? É isso que sou agora não é? Uma adulta? Posso lidar com um pouco disto, da vida real, e pensar que a minha mãe e o meu pai também tem problemas faz-me pensar que mesmo que ele nunca discutissem á minha frente, eles faziam-no, e chateavam-se, mas tinham que conviver bem para nós termos uma imagem positiva.

-E tu estas a remoer-te porque sabias que ia acontecer?

-Não queria nenhum de vocês aqui, e sei o quão egoísta sou em relação ao teu avô, mas tu e a tua mãe são muito preciosas e evitar o vosso sofrimento...

-Eu e a mãe? Então e o Teddy?- Abano a cabeça.

-O Teddy sabia Soph, ele só...ele pensou como eu...- Fechos os olhos e tento não pensar no nó que se enrola no meu estomago, o meu irmão sabia e quando lhe contei fingiu nem sequer saber...o que há de errado com os homens, porque é que agem de uma forma tão animalesca e protetora?

-Talvez seja por isso que somos como somos, até que eu não sai de perto de ti eu não sabia o que era o mundo, vivia isolada numa bola de cristal á espera do dia em que a bola se partisse, e quando isso aconteceu eu não fazia ideia do que me esperava, bati com força na realidade e é isso que está a acontecer á mãe, tem vivido isolada contigo numa bolha de segurança, onde nada acontece e agora a vida real bate-lhe a porta e ela não se lembra de como é que se joga este jogo horrível que é a vida.- Desabafo zangada.

O silencio a seguir é estranho, olho para o meu pai e ele está a olhar em frente.

-Tu és demasiado esperta para ser mantida nessa bolha, e a tua mãe também.- Ele murmura.

-Se a mãe precisa de chorar e sorrir ao mesmo tempo, deixa-a faze-lo. Se ela precisa de ir conduzir sozinha por um pouco, ótimo, a vida real é para ser vivida pai, se fechas a mãe tudo o que ganhas é a raiva mal dirigida que viste á pouco. A mãe não te impede de ires para o escritório lutar contra aqueles patifes, não te impende de agir como louco e fazeres paraquedismo...eu li que se amas alguém precisas de o deixar ir, se voltar é porque foi teu, se não...

Quando acabo o meu pai está a olhar para mim, com olhos espantados e uma camada rasa de água a cobri-los.

-Desde quando é que me dás concelhos?- Riu-me, e levantando-me.

-Desde que a bola de cristal onde vivia se partiu.- Desde que o Harry estilhaçou cada pedaço de mim novamente.

O meu avô está deitado numa cama king size meio inclinado sobre um livro, as mãos tremem-lhe e fechos os olhos, a imagem do velhote pálido de sempre com o seu gorro peludo aparece e sorriu, quando abro os olhos estou preparada para entrar no quarto, mas ele já está a olhar para mim, umas das enfermeiras, uma que tem um nome complicado diz-me algo com um sorriso simpático mas só consigo acenar.

O meu avô pergunta alguma coisa em Dinamarquês e sinto-me perdida, ele faz o gesto universal de aproximação e ando até ele. Será que ele entende inglês?

-Olá.- Murmuro, quando me sento na cadeira ao lado da cama.

Ele arregala os olhos e sorri.

-Olá.- Suspiro quando ele fala em inglês comigo.

-Sou a Sophia...

-É a minha filha pai, lembra-se dela? Sempre a querer enfiar-se nas ondas violentas?- A minha mãe ri-se e senta-se no braço da cadeira.

-Sophia...- A mão trémula passeia pelo meu cabelo escuro, tão parecido com o da minha mãe.- Há também um Theodore certo?- Ele fecha os olhos com força, parece tentar recuperar alguma coisa.

-Não pai!- A minha mãe coloca-lhe a mão na dele e ele abre os olhos, tão azuis como o mar cristalino, o cabelo meio esbranquiçado e a calvície lembram-me dele á anos atrás e isso acalenta-me. – Aqui.- A minha mãe mostra uma fotografia de um álbum onde estou eu num baloiço e o meu avô atrás.

O baloiço era velho, e de repente consigo sentir o vento a levar-me o cabelo para trás, as mãos do meu avô nas minhas costas, o meu vestido a levantar, o riso infantil que se misturava com a rouca gargalhada adulta, o cheiro e o barulho das árvores.

-Sim! Que menina bonita te tornaste Sophia.- Ele volta a passar os dedos pelas minhas madeixas escuras e o toque é tornado num furacão de emoção, o sorriso contente na cara dele faz-me chorar, isso preocupa-o.

-Porque chora ela?- Pergunta á minha mãe.

-Porque tem saudades.

***

Sinto algo tremer na minha mão e agito-me no meu sono, abro os olhos devagar e vejo o ecrã do telemóvel vibrar, adormeci com a mão em cima do mesmo, olho e vejo o nome da Ave, deslizo o dedo no ecrã pronta para lhe dar uma bronca, mas ele mal me dá tempo de respirar.

-O Harry esteve cá, entrou com umas chaves feitas sabe-se lá de onde e perguntou-me por ti, disse-lhe que tinhas saído mas ele foi até ao teu quarto, ameacei que chamava a policia mas ele riu-se de uma forma aterrorizante e foi remexer ao teu armário, e quando viu que faltavam as tuas botas preferidas e a mochila perguntou-me o que se passava, não lhe disso nada mas...

-Wow espera! Ele entrou aí em casa?- Digo já sem sono nenhum.

-Pensei que lhe tinhas dado umas chaves suplentes, mas depois pensei que seria ilógico dado que me terias dito.- Sinto a sua confusão.

-Á quando tempo foi isso?- Murmuro.

-Meia hora atrás? A serio ele é assustador no trabalho, mas parecia possuído enquanto procurava alguma coisa que indicasse que não estavas cá.

Fechos os olhos e esfrego as têmporas, com uma dor de cabeça a chegar.

-Ele vai descobrir onde estou de qualquer maneira, vai localizar-me com a fotocópia de passaporte que ainda tem minha lá no escritório, de qualquer maneira também não me estou a esconder dele.- Murmuro.

-Isso não impede que ele não esteja disposto a encontrar-te.

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Eu sei que demorou, mas estas semanas tem sido impossíveis porque só estou em casa á noite e a sério eu sou uma rapariga do dia, estou a escrever agora e são 23:34 e estou a dormir em cima do computar, desculpem-me os erros mas a sério acho que estou a ver a dobrar.

No twitter tinha dito que tinha uma surpresa sooo, bom acho que em parte é meio injusto porque nem toda a gente tem snap chat mas não sei lembrei-me e achei engraçado, então é assim vocês comentam o vosso snap chat e depois aleatoriamente um programa na net escolhe um numero que vai ser o numero do vosso comentário, imaginem que sorteei o numero 26, então o 26 comentário que tiver snap chat vai ser sorteado e eu vou mandar um vídeo a falar e dizer algumas coisas, fazer perguntas etc? Vou mandar uma mensagem a 5 pessoas por isso FORÇA.

Quando ao vídeo no youtube e ao blog acho que só em Setembro é que vou realmente conseguir parar em casa, por isso desculpem-me, e além disso, acima dessas coisas está a Vision, e eu não ia deixar de aproveitar pouco tempo de escrita para fazer outra dessas coisas.

Oh e queria agradecer a toda a gente que tem mandado tweets sobre que quer mais capítulos, e que adora, a sério isso faz-me TÃOO feliz.

Já agora sigam estes twitters, que tem coisas acerca de Vision

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Estou quase sempre ativa nestas redes socias, apenas menos agora porque não tenho net durante o dia, e só para relembrar, eu amo-vos, e cada dia que passo sem escrever é uma tortura porque a sério ler os vossos comentários, e ler as vossas reações é o que me deixa com o MAIOR SORRISO DO MUNDO, EU AMO-VOS E ESTOU ETERNAMENTE GRATA POR VOS TER.

LOVE U GIRLS.

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