3ºCapitulo POV- Harry
Arranjo o nó da gravata e olho-me ao espelho. Tusso ligeiramente e viro-me para entrar novamente no quarto. A bola de pelo branca mexe-se debaixo dos cobertores e afago-lhe o pelo quando passo por ele.
-Pobre Mr.White.
Abro a porta e saio do quarto descendo as escadas duas a duas, Gemma sorri-me ao longe na cozinha enquanto vou abro a porta do escritório e pego no Mac levando-o para o balcão do pequeno-almoço. Cheira tão bem que tenho que me controlar para não sorrir como uma grande criança.
-Sabes quando me pediste para vir comigo fiquei um pouco assustado, mas agora que me demonstra-te que sabes cozinhar dou-te um ponto.
-Bom desde que não me obrigues a pagar metade da renda.- Ela ri-se e o seu cabelo meio cor de rosa é lançado para trás. A minha irmã sabe melhor que ninguém o que dizer para me fazer sorrir.
Poem dois pratos e serve-me de bacon e ovos, sentando-se depois ao meu lado.
-Estou tão feliz por me deixares trabalhar contigo aqui.- Ela leva uma garfada de comida á boca.
-Estou feliz por fazeres parte disto, no entanto se começas a descambar ponho-te na rua.- Digo-lhe enquanto mantenho os olhos fixos no ecrã do computador, levando uma garfada de bacon á boca.
-Vou portar-me bem, porque agora tenho um novo curso e sou gestora de uma das melhores empresas de construção e telecomunicações da américa.
Riu-me com o tom de brincadeira dela, a Gemma sempre foi o tipo de rapariga indecisa e quando fez 23 decidiu que queria tirar outro curso, e deixar de ser enfermeira. Sinceramente foi um alivio quando ela veio até mim com um diploma e me disse que tinha "escolhido" a minha empresa para trabalhar.
-Tudo bem Gemma apenas lembra-te que pode ser mau começar do zero ainda por cima com uma cunha. As pessoas vão ser um pouco maldosas.
Olho para ela e o seu sorriso abate-se. Tento perceber porquê, mas a Gemma é indecifrável, se ela quiser manter as coisas para ela, consegue, eu não consigo lê-la. Nunca consegui descodificar as mulheres, pelo menos nem todas.
-Vai correr tudo bem Harry, para de ser chato.
Quando chegamos ao novo edifício que acolhe as nossas instalações Gemma fica no quarto piso e eu sigo para o décimo segundo. As portas deslizam e Chloé sorri-me da sua secretaria. A Chloé e o Louis foram as únicas pessoas que trouxe comigo. Pareciam ser realmente as únicas duas pessoas que estavam disposta a estar ao meu lado, as únicas que não se importaram de esperar o suficiente para virem comigo á um ano atrás para Nova York. As únicas que nem sequer pestanejaram.
-Bom dia Chloé.
-Bom dia Harry.
Ela sorri-me e passa-me a pasta com os acontecimentos do dia, enquanto caminho para dentro do escritório. Poiso tudo na mesinha de café, mas quase deixo a papelada cair quando alguém tropeça para dentro da minha sala, a rapariga loira pragueja para os seus sapatos e franzo o sobro olho para ela. Mas que raio?
-Oh Mr.Styles...não fazia ideia que ia estar aqui.- Ela olha para o seu relógio.
-Bom sim, este é o meu escritório, é aqui costumo estar.- Digo-lhe num tom de voz sério. Ela cora e dá uns passos para a frente.
-É que chegou muito cedo, geralmente... de qualquer forma sou a nova contabilista, o meu revisor pediu-me para lhe deixar os relatórios deste mês.
Ela deixa os papeis em cima da mesa e sorriu quando percebo quem ela é.
-Miss. Ave Wilson estou certo?- Sorriu para ela, daquela maneira que parece deixar as mulheres desorientadas.
-Sim senhor.
-Oh ótimo, obrigado, isto vai dar-me jeito.
Agarro os papeis e ela sai, confusa por eu saber o seu nome. Mal ela sabe...
Abro os papeis e olho para o trabalho impressionante dela, no entanto isso não foi o que me fez contrata-la, havia outra coisa por detrás da sua fácil entrada na empresa.
Sento-me na cadeira e viro-me fitando o vista da manhã de sol em Nova York, isto é demasiado sol para mim, mas não para ela, eu sabia que de alguma forma ela acabaria por vir aqui parar, para junto dos seus pais, para junto do seu porto seguro. Uma risada acida deixa a minha garganta e tiro a carteira do bolso. O papel amachucado e já sem cantos cai para a minha mão e desdobro a folha antiga em que ela escreveu uma data de merda não justificada.
Eu aprendi um monte de coisas ao longo dos anos, inclusive como não deixar que alguém volte a entrar pelo caminho que ela escavou. Eu tapei cada buraco, para me certificar de que mais ninguém entrava, e no entanto foi uma coisa boa a fazer, porque vejamos, quando eu tinha 17 anos e era um miúdo estupido e arrogante isso não me serviu de nada, mas agora eu sou um homem, ela tornou-me num homem, depois foi-se embora e tornou-me num homem, mas um homem com um propósito diferente daquele que eu tinha imaginado quando me entreguei a ela. Amar é tão duro como perder alguém, e só me apercebi disso quando acordei e a primeira pessoa que vi foi a Gemma.
Foi como se alguém me tivesse levado uma parte vital de mim, eu não podia acreditar...
Flashback on.
Era como se houvesse uma nuvem de fumo dentro da minha cabeça, haviam vozes, choro, gritos, e uma ligeira lembrança de dor, a minha perna latejava e de alguma forma isso fez-me abrir os olhos. A luz branca artificial fez-me querer mante-los fechados. Mas havia algo que eu precisava de fazer, eu queria segurar a Soph e dizer-lhe que estava tudo bem...eu queria pedir-lhe desculpa.
Voltei a forçar os olhos para se abrirem, mas a única coisa que pude ver foi a Gemma sentada numa cadeira verde com aspeto desconfortável para se passar muito tempo. A minha cabeça girou á volta da sala e percebi que estava no hospital. Memoria da voz grossa do Dean a dizer-me como ia fazer a Soph dele assombravam a minha cabeça, o som do tiro, a cadeira a bater na minha cabeça...
-Harry?!- A Gemma apertou a minha mão e sorri-lhe, ainda não convencido da falta de presença da Soph.
-Estou acordado...acho eu...- Sorri ligeiramente e ela beijou a minha bochecha.
-Estou tão feliz por estares acordado, vim assim que a Sophia me ligou.
A sua cara cai um pouco quando as palavras deixam os seus lábios, parece quase como se ela não quisesse tocar no assunto, como... como se algo estivesse terrivelmente errado.
-O que se passa? O que aconteceu? Onde está ela? Ela está bem?- Sento-me na cama, mas não sem antes uma dor lancinante me percorrer a perna. Levo a mão á cara, mas tenho um penso enorme sobre a minha bochecha.
-Merda...- murmuro, parece que fui atropelado por um camião.
-Acho que... quando cheguei ela... tu tinhas isto na tua mão, se calhar eu devia dar-to.- Ela devolve-me um papel ligeiramente amassado, talvez por ter estado na sua palma por muito tempo.
-Eu leio, mas primeiro onde está ela? Ela está bem?- O meu coração bate acelerado contra o meu peito, medo passa por mim como uma descarga de eletricidade. Será que não atingi o filho da puta? Será que não o magoei o suficiente?
-Ela teve uma crise, foi algo como cansaço e pânico, mas ela estava bem passado algum tempo...será que podias ler o papel?- Os olhos verdes dela imploram qualquer coisa que sou incapaz de perceber o que é.
-Por favor Harry não tornes isto mais difícil.
-Merda senão me dizes onde está a minha namorada não vou ler porra nenhum até a encontrar.- Amasso o papel na mão e levanto-me, pelo menos tento quando a minha perna cede e a dor toma conta de mim. Contenho um gemido.
Preciso de encontra-la.
-Fica quieto Harry, e lê.- Ela empurra-me de novo para a cama, mas tento lutar contra ela.
-Eu não vou ler merda nenhuma, eu preciso de a ver.
Pânico. Estou a ficar em pânico. Porque é que a Gemma não me diz? Olho em volta e carrego na campainha que chama os enfermeiros, ou assim o espero.
-Harry para.- Ela sussurra e vejo lágrimas molharem os seus olhos.
-Porque? Merda Gemma onde está ela?
Alguém entra no quarto. Uma enfermeira com um ar simpático sorri-me, e enche-me um copo de água.
-Acordou da anestesia finalmente Mr.Styles, a sua irmã tem estado num estado preocupação nos últimos...
-A minha namorada? Sophia Black?- Por favor que ela esteja bem, por favor.
-Desculpe?
-Vá chamar o médico para o vir ver, e diga-lhe que ele já acordou, eu falo com ele.
-Com certeza Miss.Styles.
Assim que a enfermeira fecha a porta a Gemma olha para mim, os seus olhos estão cheios de pena e remorsos.
-Que merda não me estás a dizer? Porque é que a Soph não está...
-Porque se foi embora Harry.
Julgo não ter ouvido bem, talvez ainda esteja mesmo meio a dormir.
-Podes repetir por favor?
Desta vez espero que ela diga algo um pouco mais coerente, mas as mesmas palavras voltam a cair-lhe dos lábios, como palavras proibidas. E é como se voltasse a sentir nada, é como levar repetitivos murros no estomago, mas sem realmente sentir nada. De repente lembro-me do papel amarrotado na minha mão e abro-o, olhando para as letras tremidas, e para o vestígio seco de lágrimas.
"Porque acima de tudo Harry eu amo-te, e talvez esse veneno a que chamamos amor, seja o que nos mata e nos matem vivos.
Eternamente tua
Sophia "
Levanto os olhos do papel. Não. Não. Não. Não.
-Não pode ser, ela tem que estar lá fora... ela não se foi embora.
Desta vez levanto-me da cama, mas caiu e dor faz-me gritar e a Gemma precipita-se para cima de mim, tentando levantar-me.
-Harry por favor...- Lágrimas caem dos olhos dela enquanto me tenta levantar mas não consegue.
Lágrimas borram a minha vista, a dor física na minha perna não se compara ao buraco vazio no meu coração. Soph...
Fecho os olhos e deixo-me ficar contra o peito da Gemma, choro como nunca antes tinha feito, como nunca tive alguém para o fazer, nenhuma mãe, nenhum pai...a única pessoa em quem confiei foi-se...
Flash back off
O papel, e todas as cartas foram lidas, e relidas vezes e vezes sem conta, como um lembrete de que nunca mais ninguém ia faze-lo. De como nunca mais ninguém ia conseguir destruir-me como ela fez.
E quando tentei desculpa-la...não havia uma desculpa. Por muito perdida e partida que ela estivesse, nós podíamos refazer tudo o que tínhamos perdido. Os dois. Mas ela foi-se. Foi como o vento, como se tudo o que passamos, vivemos...como se tudo isso não existisse. Nos primeiros dias eu odiei-a e amei-a de forma intensa, quando acordava de manha e ela não estava lá, isso foi o maior castigo que eu poderia receber, e passei quase três anos da minha vida a tentar fazer o que ela me pediu, deixei que ela acabasse o seu curso, deixei pelo tempo que ela me pediu, mas a dor ainda estava lá cavada no meu peito quando eu adormecia e acordava, não tão nítida como no primeiro momento, mas eu ainda podia sentir o rancor que tinha da dor que ela me provocara, e agora eu ia faze-la perceber o que ela tinha feito...
A porta de madeira tremelicou e Theo entrou com um sorriso na cara. Eu sabia que ela viria até cá hoje com Ave, na verdade assim que Miss.Wilson veio ao meu gabinete eu sabia que ela estaria a sair do edifício, porque a sua colega começara o trabalho.
-Mr.Styles, eu fiz o que me pediu, mas não correu exatamente como pretendíamos.
Levantei-me e andei até ele. Não importava quanto tempo passa-se, a Soph era perita em dar-me cabo dos planos.
-Porque?
-Bom Miss.Black recusou-se a responder-me como nós planeamos, ela agarrou nas plantas e saiu.
Merda. Raiva ferveu através de mim, não importava o quê aquela rapariga metia-me doido, mesmo sem saber que era eu, ela fez-me frente. Eu preciso de levar este plano adiante.
-Onde está ela agora? Ela não deixou nem um contacto?- Não que eu realmente precisasse mas eu queria fazer isto de maneira legal.
-Não, ela deve estar a descer neste momento.
Levei as mãos ao cabelo e decidi que se não fosse de uma maneira seria de outra.
-Ótimo, peça a Chloé que não passe as minhas chamadas.
E enquanto eu corria pelas escadas de incendio do prédio onde tudo o que eu contruíra começara finalmente a funcionar eu pensei em como eu ia ter a minha vingança. E em como ela ia desejar nunca ter feito o que fez.
Quando abri a porta e cheguei á rua pude vê-la a sair pela entrada principal da empresa, as portas giratórias tinham-na segura, e a minha respiração engatou quando a vi.
Era a primeira vez em três anos que a estava a ver, e por um momento, era como se não tivesse acontecido nada. Era como se tivéssemos passado todo este tempo juntos, enquanto o seu cabelo completamente esticado voava com o vento, e as roupas profissionais a deixavam elegante, enquanto o ar de menina lhe foi tirado pelos sapatos que ela tinha calçado.
Faz-te homem Styles!
Levantei a cabeça e caminhei em direção a ela, enquanto ela tentava olhar para o chão, agarrar na pasta e na mala, passando os óculos de sol pela cabeça para segurar o cabelo. Eu tinha algo no meu estomago a gritar vingança, eu estava pronto para lhe dar a provar o mesmo veneno que ela me dera.
Embati nela com força e ela quase se desequilibrou, deixando tudo o que tinha nas mãos cair com um grande estrondo no chão. Sussurrou um desculpe, mas eu nem me mexi, fiquei a olhar para ela, enquanto se ajoelhava e apanhava tudo com as mãos a tremer. E finalmente aconteceu, ela olhou para mim com grandes olhos suaves, que rapidamente se transformaram numa tempestade de emoções. A sua cara ficou ainda mais pálida, e eu quase podia jurar que ouvia o eu coração bater enquanto ela se levantava.
Ela era quase da minha altura com os sapatos, os nossos olhos estavam presos e fechei as minhas mãos em punhos. Tudo o que eu tinha evitado ao longo destes anos estava a vir á tona. Raiva, muita, muita raiva. Eu queria poder agarrar nela e encosta-la a uma parede, gritar-lhe o quanto me apetecesse. Faze-la sentir-se tão destruída como eu senti.
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Eu sei que era suposto isto ser publicado ontem mas deixem-me saber se mais alguma de voces não consegue aceder ao wattpad sempre, isso tem-me vindo a acontecer, e queria saber se é só comigo.
Eu avisei sobre isso no twitter, e espero que não tenham ficado chateadas, porque acho que este capitulo compensou um pouco, mas percebam que não foi culpa minha, desculpem mais uma vez eu não queria desiludir ninguem.
Se quiserem manter-se um pouco mais a par dos dias em que publico podem seguir-me no twitter (@Image1D_) e no instagram (@sara_hxs) eu costumo seguir maioria de voces, como algumas de voces já sabem, é só que tenho a sensação que voces vem mais os meus tweets do que as mensagens que vos mando por aqui :(
love u all
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