39ºCapitulo
Quando as palavras amargas deixam os meus lábios algo na imagem me faz realmente entrar em desespero, tanto desespero que a única coisa que posso fazer é rir-me, começar a rir histericamente porque é tão mau, que antes de poder sequer chorar preciso de rir do quão mal eu estou. Do quão patética eu pareço agora mesmo.
Os braços do Harry agarram os meus ombros e ele tenta levantar-me, mas faço força para baixo no banco, ele ainda está branco, ainda mais do que é normalmente. Ele está em choque e mesmo bêbeda eu posso vê-lo perfeitamente, os meus olhos começam a querer fechar-se, acho que tenho sono, mas o Carl ainda não voltou e preciso de dizer adeus...as minhas ideias estão todas baralhadas.
-Vamos embora.- Ele volta a erguer-me e sorriu-lhe porque alguma razão eu não consigo decidir.
-Tu és mesmo giro.- Murmuro. A sua cara transforma-se em pura raiva quando as palavras deixam os meus lábios doces pela bebida.
-E tu estás mesmo bêbeda, e sem noção do que fazes.- Ele cospe e viro a cara para ver o Carl a chegar da casa de banho.
-Olha, olha se não é o namorado magnata da Sophia.- A mão do Carl assenta na minha cintura e os olhos dele são provocadores.
-Tira a mão de cima dela.- O Harry sussurra.
-Haaaarry.- O nome dele sai estranho dos meus lábios.- Vamos para casa.
Os olhos do Harry não saem da mão do Carl até que ele deixa de me tocar e se vira para mim.
-Adeus Carl.- Eu aceno e a minha cabeça torna-se enevoada.
-Adeus boneca.
Oiço um murmúrio vindo dos lábios do Harry e tento faze-lo levar-me em frente, os meus pés doem nas minhas botas e estou com muito calor.
-Volta a tocar-lhe e eu...- Ele não pode acabar a frase, a mão do Carl bate no meu rabo a e a próxima coisa que vejo é o Harry soltar-me de repente, eu apoio-me ao balcão e o punho do Harry certa destramente no queixo de Carl, o Carl volta-se para o Harry e atinge-o na coxa fazendo o Harry baixar-se.
-Para!- Eu tento trazer o Harry de volta para cima mas antes que o poso fazer o punho do Harry passa de raspão pela barriga do Harry, isso fá-lo furioso e ele volta a mexer-se para frente encostando o meu amigo ao balcão.
-Se eu te vir de novo perto dela eu vou arrancar o que resta de homem em ti.- As palavras do Harry são duras e por um momento quase desejo que ele me ignore e que centre a sua fúria no Carl, mas isso não dura para sempre, o Harry vira-se e os olhos verdes gélidos estão em cima de mim, os passos dele são confiantes e decididos enquanto ele se aproxima de mim.
O meu ante braço é arrastado e ele a multidão afasta-se para nos deixar passar, ainda embasbacada com o que aconteceu, o segurança do bar limita-se a olhar para o Harry e quando saímos e descemos as escadas pequenas até á rua o ar frio atinge-me com força, os meus olhos estão marejados, mas não por lágrimas, acho que estou cansada, e tenho a visão turva.
Ele larga o meu braço e vira-se de costas, vejo-o passar as mãos pela cara antes de se virar de novo.
-Isto não é nada teu, tu não és esta.- Ele murmura.
-Algo parece eu sou.- Tento rir-me mas isso apenas o faz zangado.
-Tu tens noção do quão ridícula tu pareces? A contares-me uma merda daquelas e a seguir a rires te como uma miúda para te despedires tu teu amiguinho?
-Não precisavas de lhe ter batido.- Murmuro.
-Oh ai não? E o que é suposto eu fazer deixar outros gajos tocarem na minha namorada como se ela fosse a merda de uma camisola em saldos?!- O grito dele faz cabeças virarem para nós e o frio gela-me os ossos, embrulho-me melhor no meu casaco e baixo a cabeça.
-Desculpa.- Murmuro.
-São precisas mais que desculpas.- Ele volta a virar-se para mim e quando o faz tem um olhar decidido na sua cara.- Eu não quero que o vejas mais.- Ele cospe.
-Vamos para casa.- Murmuro, andando meio cambaleante pelo passeio estreito e quase deserto, aperto mais o casaco contra a minha pele.
-Isto não era um pedido, ou tu deixas de o ver ou eu vou voltar a atrás com a minha palavra.- Ele grita e viro-me.
-O que há de errado contigo? Pelo menos eu não fui para a cama com ele.- Grito-lhe e a sua cara paralisa.- E pelo menos esta é a primeira vez que isto me acontece, então até amanhã.- Viro na Madison em de virar para a Square que é para onde o apartamento do Harry fica e gostava de poder ver as coisas com mais nitidez, porque sei que o bloco de apartamentos de tijolo se vê daqui mas só consigo ver borrões.
-Soph...
-Eu até podia deixar de o ver, mas seria porque eu queria, e não porque me estás a ameaçar.- Grito-lhe, não consigo distinguir se ele está perto ou longe e a minha cabeça gira e sou obrigada a parar.
As mãos do Harry estão na minha cintura e ele vira-me para ele.
-Por favor tu podias nunca mais beber, e nunca mais sair com ele?- O Harry tenta.
-Eu queria vir contigo.- Murmuro enquanto os seus dedos deslizam para a minha mão.
-Eu disse-te que estava a trabalhar, não posso sair de casa num dia de semana que ainda por cima passei fora do escritório.- Ele murmura e sinto-me subitamente culpada, às vezes é difícil perceber que o Harry tem quase a minha idade, mas tem o triplo das responsabilidades que eu alguma vez terei.
Eu portei-me como uma criança mimada.
-Desculpa.- Eu murmuro encostando a cabeça ao ombro dele enquanto andamos até ao mercedes estacionado a uns dez metros de nós.
-Tudo bem, desculpa por mim também...não tudo, especialmente não por lhe ter partido o dente.
-Tu partiste-lhe o dente?- Riu-me.
-Ele tocou no teu rabo, o teu rabo tem Harry escrito.- A sua mão desliza para o meu traseiro e aperta.
-Nada machista.- Murmurei.
E depois silencio, a noite estava fria, o dia tinha sido em maior parte horrível, ainda havia medo a passar pelas minhas veias sobre a minha visão, mas pelo menos ambos nós soubemos reconhecer que fizemos alguma coisa mal...e pedimos desculpa.
Pedir desculpa é sempre um passo para algo de bom.
Quando acordo as portas do elevador se abrem, lembro-me de o Harry me ter tirado do carro, lembro-me de ter aceitado para me trazer para cima, mas o período entre isso parece invisível na minha cabeça. Parece ter passados longos minutos desde ai.
-Posso pôr-te no chão?- Ele pergunta e eu bocejo acenando que sim.
No entanto assim que os meus pés tocam no chão e o Harry acende as luzes, a claridade repentina faz a minha cabeça girar, e tapo os olhos com as mãos.
-Vou fazer chichi.- Minto e corro até á casa de banho que é ao lado da cozinha, mal fecho a porta a bílis sobe-me á boca e sinto o espasmo frio percorrer o meu corpo, tudo é solto na sanita e tento tirar o cabelo da minha cara, a minha surpresa fica quando um par de mãos agarra o meu cabelo e se baixa mesmo atrás de mim, as suas mãos acariciam as minhas costas e sinto lágrimas descerem pelas minhas bochechas, não porque esteja triste, mas porque cada vez que vomito choro, é mecânico.
-Tudo bem, mais vale na sanita do que nas minhas botas.- Teve graça mas o meu estomago volta a espasmar e não paro de vomitar, até que o conteúdo do meu estomago está completamente na sanita e eu carrego no botão para descarregar o autoclismo.
Levanto-me e bocejo a boca com água, lavando os dentes em seguida, o Harry parece preocupado mas não zangado. Encosto-me aos azulejos frios e fechos os olhos.
-Harry?- Pergunto enquanto o alivio passa pelo meu corpo, parece tudo melhor agora.
-Hum?- Sinto o seu corpo muito próximo do meu, os seus lábios no meu cabelo.
-Eu lamento pelo meu pai, lamento por mim, lamento por ter bebido demais, lamento por não pensar mais no teu trabalho, lamento por ainda tentar ser amiga do Carl.
Sinto o seu sorriso na minha testa.
-Eu lamento por ter sido bruto quando empurrei a porta para ir atrás de ti, lamento por ter gritado contigo á bocado, lamento por não ter tentado ir contigo.
Ele esfrega a sua bochecha na minha e a seguir os seus lábios deixam um rasto de beijos até á minha orelha.
-Vamos pôr-te na cama.- Ele segura a minha mão e leva-me até ao quarto, deixando-me para eu me despir e ele ir buscar alguma coisa.
Quando estou apenas com a t-shirt dele, a porta abre-se e ele tem um copo de água na mão e algum Advil na outra.
-Toma.- Ele entrega e sorriu enquanto bebo a água e tomo o comprimido.
Enquanto pouso o copo na mesa-de-cabeceira o Harry abre o meu lado da cama e bate com a mão suavemente nos lençóis frescos e limpos, e deito-me a olhar para ele, sentando ao meu lado a cobrir-me.
-Preciso de acabar algumas coisas.
Ainda que eu já esteja com os olhos fechados abro-os para olhar para ele, para sentir a corrente de aço envolver-nos, para ver a chama branda no olhar dele.
-Podes ficar até eu adormecer?- Tenho medo de que se ele se for embora eu vou apenas trazer á vida alguns fantasmas.
-Sim.- A sua voz é suave enquanto ele se ajeita ainda sentado, os dedos dele mexem-se metodicamente pela minha testa, cabelo e pescoço, e suavemente a voz rouca começa a cantarolar uma música que reconheço...acho que se chama "wait", é como se ele me estivesse a pedir para eu esperar, esperar...
Quando acordo, a minha cabeça está a doer-me muito, o Harry ainda não está ao pé de mim, olho para o relógio e descubro que são quase duas três da manhã, não passou muito tempo desde que me deitei, e por isso quando me levanto e vou á procura do Harry parece realmente que nunca cheguei a dormir. Ele está sentado numa zona de estar, virado para a janela que lhe dá uma vista de arrasar lá para baixo, para o tapete que é a cidade de Nova York.
Sento-me no braço do sofá e olho para a lua que mal se vê, as estrelas parecem ter sido apagadas e o céu está escuro embora toldado pelas luzes da cidade que nunca dorme.
-Porque é que ainda estás acordado?- Pergunto tão baixinho quanto posso.
Ele suspira e depois encosta a cabeça na minha anca.
-Não me consigo concentrar.- A voz flui como mel, rouca e baixa, mas tão poderosa.
-Porque?- Mexo no seu cabelo, os caracóis suaves enrolam-se pelos meus dedos, e massajo o coro cabeludo dele com as unhas.
-Porque tenho medo...
-Medo do quê?
-Daquilo que me contaste...seria um aviso?- Ele olha para mim e desvio o olhar.
-Não sei...ás vezes as coisas não acontecem como as vejo.
-Mas podem acontecer?
-Não sei Harry...- Tento sair mas ele pouca o Mac no chão e agarra a minha mão.
-Se tens a certeza tens que me dizer.- Ele exige.
Sorriu-lhe com tristeza, e acaricio a sua cara.
-Tu tens falado com o teu pai?- Pergunto de chofre.
-O que é que isso tem a ver?- Ele pergunta-me frustrado.
-Diz-me Harry e depois eu conto-te um segredo.- Ando um passo para mais perto dele, os meus lábios tocam no seu queixo.
-Sim...nós temos falado.
-Perdoaste-o?
-Não...sim, acho que entendi o que ele sentiu quando a mãe morreu...e talvez eu lhe ampliasse a dor, falei com ele quando te foste embora, três meses depois acho...eu bateu na porta de minha casa e quase que o expulsei, mas depois ele tirou uma fotografia da minha mãe do bolso e disse que faziam dezoito anos que a minha tinha morrido, comecei a chorar, ele começou a chorar e pediu-me desculpa, foi a primeira vez que ele não me atacou. Respondendo á tua pergunta não o desculpei por todo o sofrimento, mas fui solidário com o seu sofrimento também.
Não posso negar que as palavras tenham mesmo saído da boca do Harry, não posso acreditar no quão mudado ele está, não mudado, mas uma versão melhor de si mesmo, ele sabe controlar-se melhor agora, e parece mais calmo...e por algum motivo ele começou a olhar para o sofrimento dos outros de outra maneira.
-Tu deixaste o passado ir percebes? Tu deixaste que o te prendia á raiva se fosse embora mas eu? Eu nunca vou poder deixar isto Harry, pode acontecer e pode não acontecer, as possibilidades são infinitas, nem sempre tudo fica bem Harry e temos que aprender a viver com isso.
Talvez não seja um lugar, não seja um tempo, ou uma pessoa...talvez nunca nada realmente fique a cem por cento bem, e é isso que nos torna humanos, a procura constante do máximo bem estar sem nunca realmente o alcançar...a vida não é um conto de fadas, não há realmente um "felizes para sempre", mas há a garantia de um "tentar um felizes para sempre".
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Eu sei que não publicava á três dias, mas eu não sou a única a usar o computador, infelizmente ele não é só meu e tenho que dividi-lo.
Também estou quase de ferias e no próximo capitulo vou falar com vocês acerca de algo importante, hoje só preciso de saber se alguém aqui vai ao concerto dos maroon 5 em lisboa, não sei é que o concerto está quase aí e gostava de saber se alguém vai ahahaha
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Eu amo-vos tanto e nos últimos dias eu tenho pensado imenso em todas vocês, literalmente eu tenho pensado muito em como seria conhecer-vos.
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