37ºCapitulo
O almoço foi no tenso, para dizer o mínimo claro, o Harry manteve-se calado ao meu lado, enquanto o meu pai me encarava como se eu estivesse a convidar o diabo para se juntar á refeição. Há muita coisa que eu espero do meu pai, que ele me faça passar por isto não é de todo uma delas.
-Então a Mere decidiu comprar flores verdadeira em vez de flores de plástico.- O Teddy abana a cabeça e olho para o sorriso dele, ele está noivo e há um brilho nos olhos azuis que me deixa curiosa para saber como se obtém.
-Flores de plástico são horríveis.- Murmuro.
-Elas não dão trabalho.- O Harry contraria.
-As coisas que não dão trabalho também não dão alegrias.- Sorriu-lhe com o canto da boca, uma expressão que aprendi com ele.
O Teddy olha para nós e sorri ao Harry, é incrível o quão independente ele é, mesmo com o meu pai a detestar o Harry o Teddy não deixa esse juízo de valor irromper-lhe pela cabeça isso deixa-me orgulhosa e com vontade de ser tão independente do meu pai, ás vezes eu fico com tanto medo de fazer algo mal que acabo a cair no que ele quer, e não no que eu quero.
-Tenho uma coisa para dizer.- O Teddy levanta-se e agarra a mão da Mere.
-Mano, acho que já a pediste em casamento uma vez.- Todos na mesa se riem.
-Sim, mas desta vez não sou eu o único responsável pelo que nós vamos contar.
O Harry olha para mim e sorri dando-me a mão por debaixo da mesa, quase como se ele soubesse o que vem a seguir. Deixo que a minha respiração se perca nele e na maneira como o resto do mundo parece ser apenas um zumbido, as paredes de vidro que envolvem a sala de estar dos meus pais são invisíveis e a única coisa em que me posso concentrar são nos olhos, e no toque dele.
-A Mere está gravida.- A minha bolha de vidro parte-se e engasgo-me com saliva. Viro a cabeça bruscamente e sinto os olhos arregalados, a minha mãe, o meu pai, a avó, até o Harry se levantam para os abraçar, mas a única coisa que posso fazer é ficar especada no meu lugar.
-Soph?!- Cada um deles se vira para mim, e sinto-me perder o chão, a minha cabeça lateja com força, e levo uma mão á têmpora esquerda.
-Só um minuto.- A minha voz falha quando arrasto a cadeira para trás e ando até ao quarto, quando estou a dar uma volta na chave o Harry entra empurrando-me para trás.
Acho que lhe peço que saia, acho que o empurro, acho que grito mas que nenhum som sai, e é a única coisa de que me posso lembrar antes de ficar tudo preto.
Os meus pés caminham sem fazerem um som, estou de pé em frente a uma "eu" se parece muito comigo, demasiado comigo. O cabelo dela está enorme, e sinto-a feliz...há um enorme peso na barriga dela e quando olho para baixo uma pequena barriga transforma-se em algo pesado, e tenho quase dificuldade em caminhar. Estou deitada num sofá que não sei a que casa pertence e alguém toca á campainha, de onde estou posso ver as ondas do mar bater na areia, também posso ver o Harry no escritório, a teclar que nem um louco, dando um olhar e um sorriso quando apanha a mulher gravida que sou eu a olhar para ele.
A campainha toca mais uma vez e levo a mão á barriga, um instinto suponho. Quando me levanto para atender a porta, uma senhora com o cabelo castanho aparece e sorri-me como se eu realmente a conhecesse. Ela abre a posta mas não há ninguém do outro lado, ela encolhe os ombros e fecha-a sorrindo.
-Os miúdos estão sempre a brincar.- A voz dela é estranha.
Aceno com a cabeça mesmo que ela não esteja realmente a falar comigo. A mulher gravida levanta-se e caminha até á porta aberta do escritório, ela tem um vestido fluido de verão e está descalça. Ela não bate á porta porque ele parece querer mante-la aberta para ter um olhar atento sobre a rapariga gravida.
Caminho e encosto-me a um canto, vendo a interação dos dois.
-Precisas de alguma coisa? Está tudo bem?- O Harry pergunta, há um vestígio de barba na sua face.
-Tudo. Estás aqui fechado á imenso tempo.- A rapariga caminha e senta-se na cadeira á frente da dele, ao que ele revira os olhos.
-Tu não estas tão pesada assim que eu não te posso ter no meu colo.- Ele censura.
A minha eu acaricia a barriga e sorri levantando-se, a seguir aconchega-se no colo dele, a sua cabeça fica recostada e ele acaricia-lhe as costas suavemente.
-Queres conversar?- O Harry pergunta-lhe.
-Claro, sobre o quê?
-Sobre o nome?- Pareço receosa quando pergunto.
-Tu tiveste alguma ideia?- Ele beija-lhe o cabelo macio e bem tratado.
-Eu quero...eu quero que ela tenho um segundo nome.- Sinto a minha própria garganta arde no momento em que a mulher gravida que sou eu profere as palavras a seguir.
-Qual?
-Hope...
A minha cabeça explode com uma dor infinita e a seguir a única coisa que vejo é um bloco de operações, a minha cara está contorcida em angústia e á muito sangue, a seguir a minha cara é da Mere, a seguir a minha, novamente a da Mere, até que desaparecemos da cama e a única coisa que resta é uma poça de sangue, e os gritos vazios do Harry e do Teddy...
Oiço palavras perdidas na minha cabeça, ecos.
-Porque Hope?- A voz do Harry sussurra mas é quase um grito.
-Porque quero que a minha esperança nunca morra.
Tenho a cara molhada, e não são lágrimas, quando abro os olhos a primeira coisa que vejo é o Harry a olhar pela janela do meu quarto, mecho-me com a cabeça no seu colo e ele vira-se rapidamente para olhar para mim.
A sua mão passa pela minha cara, um pano húmido limpa a minha testa.
-Tu estavas tão sossegada.- Ele murmura, os olhos vermelhos e as bochechas coradas. Ele esteve a chorar?
Tento levantar-me, porque me sinto vulnerável e desprotegida deitada, um pânico crescente faz o meu corpo tremer. Penso em como eu nuca estou sossegada quando isto acontece, geralmente eu tremo muito, pelo menos pelo que me disseram, da primeira vez que aconteceu um médico diagnosticou-me com epilepsia.
-Posso levantar-me?- Pergunto. Demora um pouco até ele ceder o aperto sobre mim, mas finalmente larga-me, caminho até á casa de banho e lavo o rosto, secando-o cuidadosamente no final. Quando levanto a cabeça lá está ele, encostado na ombreira da porta, o rosto perdido e em pânico, mas sinto-me vazia, tão vazia e entorpecida que não lhe consigo dar o reconforto de que ele precisa.
-Queres conversar?- Foi a mesma frase que ele fez na minha visão.
Abano a cabeça e destranco a porta do quarto, os meus pais levantam-se e abraçam-se, mas a única pessoa que tenho na mira é Mere, ela parece triste no sofá, com o meu irmão a tentar obviamente consola-la.
Quando me liberto dos meus pais caminho até lá, baixo-me e agarro-lhe na mão, tento o meu melhor sorriso, e embora não seja realmente o melhor o que digo a seguir é verdadeiro...ou quase.
-Eu não me estava a sentir bem desde de manhã, desculpa-me.- Ela sorri e tenta falar mas corto-a.- Eu vou adorar ser uma tia, e eu vou ajudar-te em tudo o que tu precisares e tens que me prometer que vais ao médico, e cuidares o melhor que podes de ti e desse bebé, para que o possas trazer para nós.- Há lágrimas nos seus olhos e ela abraça-me com força, enquanto o abraço olho para o Teddy e forço um sorriso também.
O Harry aparece atrás de mim e estende-me uma mão para me colocar de pé, olho para ele e depois para toda a gente, a minha avó está distraída com a televisão e sorri-me, que ao perceber que estou melhor, mas sei que é a maneira dela não se deixar ir, ela tem convivido com o meu avô a morrer um dia de cada vez então ela está a distanciar-se da dor.
-Tu estás bem meu amor.- A sua preocupação torna-se evidente e aceno que sim.
-Acho que vou para casa, preciso de descansar foi um dia intenso.
Depois de nos despedirmos de toda a gente descemos juntos pelo elevador, o Harry tem um semblante tenso e preocupado, eu continua gelada, e de cada vez que vejo o meu reflexo no espelho olho para a minha barriga, e o grito a clamar por esperança enche a minha mente.
-Queres ir para minha casa? Podes ficar lá esta noite, podemos passar pelo teu apartamento.
-A minha avó vai ter que ir para lá esta noite, não posso deixa-la sozinha.- Murmuro sem olhar para ele.
-Eu não vou deixar-te hoje.- E na minha cabeça oiço-o murmurar que não me vai deixar hoje, nem nunca e as palavras que ele não diz acalmam-me.
-Eu vou escrever-lhe um bilhete para ela saber.- Murmuro.
O caminho até minha casa é rápido de carro, quase dez minutos depois estamos no bloco de apartamentos de tijolo, o Harry segue atrás de mim enquanto abro a porta e arrumo uma pequena mala, escrevo um bilhete e deixo-o no frigorifico, prometendo voltar amanhã cedo, mas para prevenir mando também uma mensagem.
-Tens tudo?- A voz do Harry espeta facas na minha alma, é doloroso.
-Sim, podemos ir.
As avenidas passam por nós, e por um momento esqueço-me de onde estou, porque na realidade sinto-me como se estivesse numa tarde cinzenta em Oxford, mesmo que esteja sol, parece que não brilha o suficiente para mim.
Quando o Harry estaciona na garagem é uma viagem metódica até á cópula do edifício, parece tudo igual á ultima vez que aqui estive, a não ser pela loira sentada no sofá grande, com um Ipad, ela ergue a cabeça e os olhos verdes brilham para mim.
-Sophia!- Ela guincha e caminha até mim abraçando-me.
Sinceramente a atitude dela anima-se, uma parte de mim pensava que ela me odiava desesperadamente, mas aqui está ela a abraçar-me.
-Olá.- Murmuro, e tenho tantas perguntas para lhe fazer, mas parece que nada quer sair da minha cabeças, as palavras parecem querer ficar cá dentro.
-Se vocês quiserem eu posso ir para casa do meu namorado.- Ela olha para mim e para o Harry e quando lhe vou pedir que não saia o Harry interrompe.
-Isso é bom.- Ele grunhe e ela beija a bochecha dele antes de agarrar na mala e marcar o número do que julgo ser o namorado.
Quando ela sai atiro-me para o sofá e olho para a cozinha ao longe, á uma enorme vista atrás de mim sobre a cidade mas hoje nem isso me anima realmente. O Harry senta-se perto de mim e coloca a mão na minha testa.
-Tu estás com febre.- Ele murmura e encosta os lábios á minha testa.
Eu ouvi dizer que a dor no coração pode dar febre.
-Tu estás a deixar-me preocupado e não quero pressionar-te mas...
-Posso tomar banho?- Interrompo sem olhar para ele.
Ele suspira com força e acena com a cabeça. Levanto-me e descalço os sapatos, agarrando neles com a mão e caminhando até á casa de banho.
O meu vestido é deixado no chão, assim como a minha roupa interior bonita, interiormente riu-me ao pensar na minha jornada na La perla a escolher minuciosamente cada peça. A banheira enche vagarosamente e sento-me na borda com apenas os pés na água, as unhas dos meus pés foram pintadas de lilas e vejo a cor tremer á medida que a banheira enche. A porta abre-se atrás de mim e oiço, sinto e respiro o Harry enquanto ele tira a roupa e a sua frente se encosta em mim, as suas mãos metodicamente fazem um coque no cimo do meu cabelo, as suas mãos mexem-se devagar sobre os meus ombros e deixo que a emoção venha, que o meu coração volte a bater um pouco mais, que o calor entre um pouco de cada vez, mas parece que ainda não é suficiente.
Olho para trás e vejo-o nu enquanto se ajoelha atrás de mim, os joelhos no mármore frio do chão, as suas mãos viajam pela minhas cinturas e ele beija as minhas costas com suavidade, fazendo a minha pele estremecer, passo a minha mão para trás e toco-lhe no cabelo fechando os olhos, a sua mão viaja para a minha coxa e sinto-me diferente em relação ao seu toque, sinto que tirando quando fazemos sexo, este é capaz de ser o momento mais intimo que já tivemos, com ele a tocar-me sem que seja preciso dizer alguma coisa. Tiro os pés da agua e viro-me para, ele ainda está ajoelhado no chão e deixo-me escorregar, ficando em cima das pernas dele, com as penas á sua volta e aconchegando-me no peito dele, deixando que ele me toque, que ele me sinta, o meu verdadeiro eu.
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Eu sei que não está grande mas precisava de acabar aqui porque senão vocês iam ter algo neste que era suposto só terem no próximo capitulo, e preparem-se porque pela primeira vez em muito tempo eu sei o que vai realmente acontecer no próximo capitulo, e só tenho uma coisa a dizer, eu vou adorar explorar um lado que nunca ninguém viu da Soph.
Eu só queria dizer mais uma coisa, eu vou para desânimo de muitas vocês editar a primeira temporada porque aquilo está cheio de erros, e a seguir vou editar a dois e finalmente a três, mas isto apenas quando acabar esta temporada.
Por favor não se assustem e não pensem muito no final da historia, eu sei que muitas de vocês temem pelo que eu posso fazer no final, mas eu posso garantir que não é nada de mal, não vou dizer que vai ser um mar de rosas, mas não quero que pensem o pior.
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