31ºCapitulo
Quando acordo o Harry ainda está a dormir, mas desta vez ao contrário no sofá, a cabeça onde tinha os pés, o seu braço está estendido na minha direção e sei imediatamente que ele acordou depois de eu adormecer, quase como se tentado chegar a até, mesmo assim era impossível eu deixa-lo aproximar-se de mim.
Levanto-me com cuidado e caminho até á casa de banho, quando entro no chuveiro e a água quente bate na minha pele sinto-me ligeiramente melhor, mais pronta para o encarar, no entanto a sensação é muito pouco comparado com o que preciso de coragem para o enfrentar.
Quando acabo o meu duche seco o cabelo com a toalha e embrulho-me numa maior para ir para o quarto e trocar de roupa, fecho a porta com cuidado e olho para o quarto com a cama desmanchada mas vazia, era assim que a nossa cama estava sempre em Oxford, as memórias da noite carinhosa sempre presentes quando chegava a casa.
Visto umas calças de fato treino e uma t-shirt e saio novamente do quarto. Preciso de colocar alguma coisa no estomago, não como desde ontem á tarde e fico mal disposta, é fraqueza e preciso mesmo de me alimentar. Chego ao armário mais alto da cozinha e tiro a caixa a caixa de chás, fervo a água, e mergulho a saqueta na chaleira com movimentos metódicos.
Quando finalmente tenho uma caneca quente nas mãos sento-me no pequeno balcão a olhar para o homem adormecido no meu sofá, a luz da manhã começa a tocar-lhe o cabelo castanho, e os seus lábios vermelhos começam a rachar pela respiração metódica que sai por eles.
Viro a cabeça para a chávena de chá pousada no balcão e olho para o liquido a bater vagarosamente contra as bordas, com um dedo toco suavemente o liquido, é algo estranho mas água sempre me acalmou. Giro o dedo pelas bordas do liquido e formo um remoinho...tal e qual como a minha vida, caótica, agitada, difícil, porem entediante sem o que a torna todas estas coisas. O Harry tem vindo a tentar combater a minha insegurança em falar com ele sobre as coisas e uma parte de mim sabe o porque de eu ser assim, começou com a Abbie, com a Tiff e agora aquela mulher...todas elas eram o que eu não sou, altas, magras e inegavelmente lindas, todas elas tinha dinheiro e sabiam como agir perto de um homem com o Harry, e eu... parece que o medo de dizer algo errado está permanentemente na minha cabeça, ele achar que não pertenço a uma categoria que ele próprio criou sem se dar conta. Se pensar nisso com atenção é exatamente isso, o medo de que ele não me aceite com esta parte infantil de mim mesma, eu costumava pensar que o Harry tinha perdido muito do seu crescimento, mas agora acho que é preciso de crescer embora ainda não saiba bem como.
-Bom dia.- A voz dele vibra através da sala e levanto a cabeça para olhar para ele. O meu coração pula com a visão dele.
-Bom dia.- Murmuro. Ele tem círculos negros abaixo dos seus olhos, e suponho que eu também, nenhum de nós tirou realmente o seu melhor sono.- Queres uma chávena de chá?- Levanto a minha e ele acena com a cabeça timidamente.
Os pés descalços fazem barulho no soalho de madeira á medida que ele se aproxima do balcão e se senta á minha frente. Tiro uma caneca do armário e despejo o chá para a caneca juntando um pouco de leite a seguir. Os meus olhos mantem-se para baixo sabendo que ele me está observar como se eu fosse desaparecer a qualquer momento.
Levanto o olhar para ele e às vezes é difícil sustentar um olhar tão pesado e forte como o dele, às vezes o olhar do Harry tem mais poder que uma bomba nuclear, destrói-me mais rapidamente que uma na verdade.
Empurro a caneca na sua direção e volto a concentrar-me na minha, levando o líquido aos lábios.
-Para de olhar para mim dessa maneira.- Sussurro.
Ele abana a cabeça e por um momento penso que se vai partir.
-Desculpa.- Parece uma folha a cair, quase que não o oiço, mas na realidade sinto-me agradecida por isso, se ele gritasse neste momento talvez eu não aguentasse a pressão.
-Pelo quê exatamente?- Poiso a caneca e olho para ele, as bochechas pálidas, ele engole em seco.
-Por não te ter contado, por ter dito o que disse quando saíste.
Volto a baixar a cabeça para a chávena de chá e oiço-o respirar mais superficialmente, quase como se ele estivesse a tentar apanhar a sua respiração. Sinceramente depois de tanto tempo é quase impossível saber se está certo ou errado, se o que fazemos, se isto pelo que tento lutar é certo ou errado, e será que descobrir faria sequer uma diferença? Ás vezes tenho medo do que isto me pode fazer, eu quero saber quem sou acima de tudo, mas estar com o Harry torna-se rouba tanto de mim, ele suga a minha mente e a única coisa em que posso pensar é na maneira bonita como sorri, é como se o mundo ficasse a preto e branco para pousar todas as cores nele. É bonito, insano e confuso.
-Ela vai ficar muito tempo por perto.- Murmuro.
-Eu vou acabar com o negocio, se isso te fizer mais confortável.- Ele rouqueja e preciso de levantar a cabeça.
-Se isso me fizer mais confortável?- Digo com raiva.- Bom não sei o que é que achas?... Sabes que mais? Faz o que quiseres a sério, não é como se a minha opinião servisse realmente para alguma coisa.- Levanto-me e despejo o resto da bebida no lava-loiças.
Viro-me a tempo de o ver abanar a cabeça.
-Não foi...- Ele começa mas corto-o.
-Quando acabares podes sair.- Digo-lhe e caminho até ao quarto.
-Estás a mandar-me embora?- A sua voz falha as palavras.
-Não sei, não sei nada agora, é como se tivesse uma ferida aberta e de cada vez que ela começa a cicatrizar tu vais e espetas-lhe o dedo, eu amo-te, e cometemos os piores erros com as pessoas que amamos, mas também esperamos que sejam essas pessoas a perdoar-nos e sinceramente Harry eu ainda não vi nenhum gesto teu que demostrasse que estou perdoada, queres-me ou não me queres? Vais ficar ou vai ser de passagem? Porque sinceramente tento dar-te o espaço de que precisas para perceberes o que sentes, mas tu não avanças nem recuas, ficas preso nessa linha e eu ando á tua volta á espera que as coisas me caiam em cima e tu não te mexes, não me proteges, não me dás a garantia...- Começo a rir-me quase histericamente.- Lembraste de uma vez eu te ter perguntado por uma garantia quando ainda nem eramos namorados? Sabes o que é que me disseste? Que eu não ia ter nada que qualquer outra não tivesse tido...e quero pensar que essa época passou, mas parece que estás a fazer-me passar por isso outra vez.
Sento-me no sofá e levo as mãos à cara, esfrego os olhos para impedir as lagrimas de cair, mas parece quase em vão, mesmo assim tento desesperadamente não parecer como me sinto, partida, angustiado...tudo isso me faz lembrar da minha impotência á três anos atrás.
O Harry baixa-se á minha frente e tira-me as mãos do rosto.
-Se vais chorar, ter uma merda de ataque de nervos por minha culpa, fá-lo á minha frente.- Os olhos dele são um turbilhão de emoções e deixo que as comportas de abram.
-Não quero ser assim outra vez Harry, não quero voltar a sentir-me amarrada á volta da impotência de não me poder mexer, gosto do que tenho aqui, gosto do lugar que conquistei, e queria partilha-lo contigo, mas a única coisa que podes fazer é dar-me para trás e...e...- As palavras não saem enquanto as lágrimas caem nos jeans pretos que tenho vestidos, o Harry usa os polegares para tentar secar a água do meu rosto mas é impossível.- E quer poder sair sem ter que te dizer, sem que algum de nós fique assustado, e agora que temos isso, tu estás a condicionar-me porque não me situas na tua vida.
Olho para ele, quero que a minha alma se funda na dele, quero estar ligada a ele como antes, mas de uma forma melhor, quero este homem mais do que alguma vez precisei de admitir a alguém, se há uma chance no mundo de encontrar-mos alguém para nós, é de uma num milhão e tenho este sentimos de corrente de aço a puxar-me para ele, indestrutível, forte.
-Tu estás bem situada na minha vida Sophia, tu tens o teu lugar, onde sempre pertenceste, nunca ninguém vai chegar tão alto como tu chegaste, nunca ninguém chegou aqui.- Ele pega na minha mão e encosta-a ao lado esquerdo do seu peito.- E se são as palavras bonitas que queres ouvir, eu não te as vou dizer, da próxima vez que eu disser aquilo que queres ouvir vai ser num outro contexto, quando não tiveres a mente nublada com todas as coisas fodidas que faço.
Levanto a cabeça e olho para ele. A sensação de vazio no meu peito parece estar a desmoronar, é como uma anestesia, ele está a levar a dor embora devagar, ele senta-se e puxa a minha cabeça para o seu colo passando os dedos pelo cabelo suavemente. O meu coração começa a abrandar, e as lágrimas param de correr á medida que o carinho dele na minha cabeça me acalma.
-Tu estás perdoada.- A voz rouca faz-se ouvir e sinto-me como se levada por uma onda. Uma avalanche de memórias destrói-me.
"Foi como um mundo de tempo perdido no espaço. Não era ele. Não podia ser ele. Havia um nó do tamanho do mundo no meu estomago"
"-Não podes fazer isto Harry, não podes.- Suspiro tremulamente.
-Já o fiz."
"-Mr.Styles.
-Miss.Black, desculpe o atraso, precisei de fazer um telefonema.
E pela primeira vez desde que o vi, sorri, não um sorriso que me ia fazer sorrir, mas um sorriso de um só lado, frio, arrogante."
"-Bom, se quer trabalhar para mim, preciso que memorize as minhas palavras.- A sua voz é rouca"
"-Parar porquê? Se acabamos de começar?- Ele ri-se e viro-me para ele. E quero abraça-lo, mas ao mesmo tempo uma sensação para a minha necessidade de o ter nos braços."
"Ele encosta a minha cabeça ao seu peito e passa os dedos pelo meu cabelo.
-Tu não estas desculpada, mas pelo menos tu conseguiste dizê-lo.- Ele murmura suavemente no meu cabelo."
Riu-me e abano a cabeça, lágrimas secam no meu rosto e aconchego-me mais, a minha bochecha na sua coxa.
-Estás perdoada por me teres deixado durante três anos, estás perdoada por cada coisa que me escondeste, estás perdoada pelo venhas eventualmente a fazer, estás perdoada porque como disseste vamos sempre fazer mal aqueles que amamos, então de agora em diante estas perdoada.- Ele murmura a rir-se.
-A sério?- Digo num tom risonho, mas há uma pergunta seria por de trás das minhas palavras.
-Eu fiz tanta coisa mal Sophia, e tu perdoaste-me sempre, tu tens razão, tu és um humano, assim como eu, nós vamos errar, cair, nós vamos deixar aquele passado desastroso para trás e tentar aprender a lidar com o que resta daquela enorme fogueira de raiva, dor e sangue, a única coisa que podemos fazer é seguir em frente...e eu não quero que tu desistas de mim.- Ele passa uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.
-Não me deixes desistir.- Murmuro, sinto-me a ser absorvida pelas palavras e pela paz momentânea que ele me transmite.
Ele ri-se e afaga-me o cabelo de uma maneira quase infantil.
-É tão rápido para te distrair.- A voz dele é quase triste.
Abano a cabeça para mostrar que não compreendi.
-Tu estavas tão magoada comigo a noite passada que nem me deixaste tocar-te.- Ele rouqueja.
-Estou magoada contigo Harry, mas porque me mentiste quando te contei a verdade, assusta-me e destrói um pouco da minha confiança que tenhas estado com alguém, mas não há nada que eu possa fazer, então dá-me algum tempo.- Memorias do meu pesadelo vem á minha cabeça e estremeço.
-És sempre muito sensata, vais ser uma boa mãe.- Ele murmura e arregalo os olhos.
Viro a cabeça e olho para a janela de onde vem o sol, são apenas oito e meia da manhã mas sinto-me como se estivesse quase a anoitecer, penso nas vantagens de ser sábado, mas não é realmente uma grande coisa.
-Não era este o tipo de fim de semana que eu tinha planeado.- Ele murmura.
-Raramente as coisas saem como nós as planeamos. É por isso que temos um futuro, porque não sabemos o que vai acontecer, porque temos que esperar para lá chegar.- Lembro-me de todas as vezes em imagens do que se ia passar vinham á minha cabeça, lançando tremores sobre mim.
Sempre achei engraçado a maneira como as pessoas correm atrás de pistas sobre o que se vai passar nas suas vidas, sempre com pressa, receio e ansiedade, e em parte sou capaz de sentir o mesmo, mas onde fica a diversão de esperar? Eu sempre soube quem o Harry era em criança, mas se eu tivesse imaginado que me ia cruzar com ele anos mais tarde teria feito a mesma escolha? Provavelmente não. Porque estaria demasiado assustada para lutar, pensaria que era fraca para enfrentar tudo aquilo por que passei. Ainda não sou forte, mas também ainda estou de pé, á espera da minha chance. É por isso que temos um futuro, dá-nos a esperança de algo melhor, algo pelo que podemos lutar.
E agora a olhar para o Harry lembro-me perfeitamente de dizer que Oxford era a minha casa, e que talvez o meu futuro fosse lá, porque naquele momento sentia-me em casa, mas vejo perfeitamente que me sinto em casa agora, e não é Nova York, Los Angeles, Canadá, Brasil, Portugal, Espanha ou Istambul, é ele, ele faz-me sentir como se eu fosse certa no mundo, como se eu pertencesse a um sitio.
-Agora tu estás a olhar para mim de uma forma estranha.- Ele sussurra.
-Gosto de olhar para ti quando estás calmo, isso deixa-me calma, com a sensação de que está tudo bem.
-Mesmo que não esteja tudo bem?- Ele enrola uma mecha do meu cabelo á volta do seu dedo.
-Mesmo que não esteja tudo bem.- Murmuro.
-Um dia vai estar realmente tudo bem, e vou ser capaz de te deixar mais calma ainda, sem essa ansiedade toda.- Ele sorri-me.
-Vou graduar-me segunda-feira.- Murmuro ansiosa por trocar de tema.
-Ainda estou convidado?- Ele recosta-se para trás no sofá.
-Se não fizeres nenhuma asneira até lá sim, ainda estás convidado.
-Vou portar-me bem então.- Ele murmura e baixa a cara até á minha. Os lábios rosa a pairarem nos meus. Ele fecha os olhos e raspa suavemente os lábios pelo meu lábio superior.
Imagens dele com outra mulher passam na minha cabeça quase como um alarme mas empurro-as para o fundo da minha mente, ele está a confiar em mim, então eu vou confiar nele também.
Enfio a minha mão nos caracóis suaves e puxo-o para mim, saboreando-o, e deixando que o beijo fale por mim, fale por ele.
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Olááá meus anjos, não sei o que acharam, mas grandes mudanças estão para vir brevemente e acho que vocês vão gostar.
Algumas de vocês tem-me perguntado pela quarta temporada, e eu lamento dizer-vos mas este é o livro final da trilogia, ainda faltam 60 capitulos para acabar por isso vamos aproveitar ok? Não fiquem tristes eu vou voltar com outra historia para vos contar, e espero que vocês gostem, não queria dizer que já tinha uma ideia para outro livro, mas tenho recebido algumas perguntas sobre isto. De qualquer maneira quero dizer-vos que hoje vou responder a TODOS os comentários, na verdade vou responder a todos os comentários deste capitulo porque á imenso tempo que não faço isso, responder realmente a todos, então vou faze-lo hoje por isso falem comigo.
Love u girls
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