2º Capitulo
-Tu estas confortável? – A voz sedutora envolve-me como ceda e sinto-me ainda mais disposta a agarrar-me ao quente lugar onde me encontro.
-Sim, totalmente.- Murmuro sentido a minha barriga apertar-se em conforto.
-Ótimo.- Os lábios macios beijam a pele do meu pescoço, fazendo-me erguer as ancas da cama, a pressão dos lábios na minha pele sensível e a maneira como ele mordisca fazendo-me suspirar um pouco alto.
-Tu és tão fácil de agradar Soph.
Puxo os caracóis e dele e empurro-o na direção da minha boca, e assim que os lábios dele encostam nos meus, parece que tudo se evapora e estou a cair, a cair, parece horrível, um abismo sem fim.
Chamo por ele mas ele não está aqui, ele despareceu, os olhos verde hipnotizantes foram-se, os suspiros romântico evaporaram-se e a única coisa que sinto é a pressão no fundo do meu estomago enquanto caiu.
Quando finalmente me sinto assente sobre algo e me levanto, a primeira coisa que vejo é o Harry sentado no balcão da cozinha e sorrir para uma mulher que está de costas, longo cabelo cai-lhe pelas costas e ela ri-se de algo que ele disse. Aproximo-me da mulher com cuidado, e o meu rosto caí, quando percebo que ela, ela sou eu. Diferente, um pouco menos arranjada mas eu.
É como uma versão de mim senão me tivesse ido embora, é horrível e não consigo suporta-lo.
-Hey! Soph acorda! Raios!- Sinto os braços de Ave abanarem-me com força e puxo uma respiração forçada.
Os meus olhos abrem-se para logo a seguir se fecharem. A claridade no quarto horrível e o som que Ave faz com os sapatos muito mais, parece feito para torturar pessoas acabadas de acordar.
-Ah porra Soph, tu vais chegar mesmo atrasada e preciso de ir para o trabalho, levanta-me esse rabo. Agora!
E tu sabes, quando tens uma amiga como Ave que não importa o quão adulta e deslumbrante ela pareça nas suas roupas de trabalho. Ela vai saltar no mesmo lugar com aquelas armas a que ela chama sapatos até que o barulho se torne insuportável e eu tenha mesmo que me levantar.
Rebolo para o lado e levo o edredom comigo quando me levanto, com os olhos ainda meio fechados, cambaleando para a cozinha com o cheiro a morangos no ar. Chá de morango!
-Tu fizeste o meu preferido.- Murmuro enquanto encaracolo os dedos á volta da chávena.
-Mesmo que não mereças, tu tens mesmo que começar a usar um despertador, eu não vou acordar-te para sempre.
-Para bem dos meus ouvidos é bom que não.
-Bebe isso e cala-te, temos um longo dia pela frente.- Ela prolonga as palavras como se de facto isso realmente importasse, é só uma visita, mas mesmo assim não deixo de estar nervosa.
-Depois disto vamos meter-te bonita e fresca para apresentarmos o teu projeto.
É obvio que ela está a exagerar, não vou mesmo apresenta-lo, vou deixar uma cópia das plantas na empresa onde ela trabalha e esperar que dê frutos. Estou mesmo ansiosa e talvez seja por isso que o meu sonho foi mais estranho que o normal. O meu estado do espirito influencia muita coisa, sempre influenciou, e geralmente se estou nervosa mal consigo dormir, parece um círculo de pensamentos.
-Anda!- Ave puxa-me pela mão e entramos no meu quarto vasculhando o armário até achar a combinação perfeita.
Beberico o meu chá enquanto Ave atira duas saias para cima da cama. Ela parece ainda mais nervosa que eu, por isso desfruto do momento enquanto o chá quente me aquece por dentro levando o frio da noite embora.
-Aqui, isto é o meu melhor.
Reviro os olhos ao sorriso vencedor dela e ponho-a fora do quarto olhando para a roupa em cima da cama. Uma saia travada branca, um top preto que segundo ela "vai parecer profissional e discreto com o blazer por cima". Quando acabo de me vestir grito-lhe o meu melhor "já estou" e ela entra com um dos seus preciosos sapatos de salto alto no quarto.
-Aqui Black, estes Manolo custam a tua vida, se ao fim do dia eu os vir riscados tu podes nunca mais voltar.
Enquanto me baixo e os calços sinto que á medida que "cresço" eles me dão outro poder. Ato as tiras de cabedal á volta do tornozelo e olho-me ao espelho. Nada de all star, nada de jeans folgados, nada de camisola de basebol. Sou uma mulher, bem na realidade sempre soube que era uma, mas não uma com tantas curvas. Olha para mim, com uma saia de gente grande, os sapatos alongam-me as pernas que nem parecem minhas, e quando Ave faz deslizar o Blazer pelos meus braços está perfeito. Sou uma arquiteta e nada nem ninguém pode parar isso.
-Agora só precisamos de tratar desse cabelo.
São quase dez minutos até que possa finalmente ver-me ao espelho. O meu queixo cai quando vejo o comprimento do meu cabelo totalmente esticado, brilhante e volumosos. Abano a cabeça como um cão e ela ri-se. Sinto-me tão pouco eu, que de alguma forma é como se estivesse a desempenhar uma personagem.
Ela tenta trazer um pincel á minha cara, mas afasto-me bruscamente.
-Nem penses.- Tiro-lhe o pincel da mão e ela ri-se.
-Um passo de cada vez não é?- Aceno que sim e ela passa-me uma mala preta de aspeto caro para a mão.
-Agora nós as duas vamos sair e mostrar a Nova York que nascemos para isto.- Ela levanta a mão e eu bato na dela enquanto arrumamos os projetos dentro de uma pasta grande. A minha mala pesa no meu ombro e Ave agarra com força na pasta gigante que lhe dei.
-Vamos, o Taxi está a espera, e a contar!
De repente dou-me conta de que não posso fazer isto sem o anel.
-Vou já, dá-me um momento.
-Vou descer, e se pagarmos demasiado caro por isto, tu e a tua preguiça vão pagar.
-Ok desce!
Enquanto a oiço fechar a porta corro para o quarto, trepo pela estante, mesmo com o balanço dos Manolo, e pesco a caixa pequenina de trás de um monte de livros. O anel brilha para mim e coloco-o no dedo enquanto desço mais cuidadosamente para baixo correndo para a apanhar.
Quando saímos do Taxi os meus olhos admiram o edifício enorme á minha frente, é horrivelmente bonito, algo de moderno que desencaixa um pouco com o resto dos prédios que nos envolvem, com café e pequenas lojas.
-não admira que nunca queiras chegar atrasada, isto deve ser fantástico.- Olho assombrada para a altura do edifício á minha frente. Deve ter só vinte andares mas mesmo assim parece alto como tudo.
-Anda, podemos entrar pela minha porta porque tenho...- ela tira um cartão e faz uma pose ridícula no meio da rua.
Ela passa o cartão por um leitor e as portas deslizam. Quase discretamente enquanto caminhamos para o centro, e o que acho que a receção da empresa.
O átrio é gigante, á um pequeno lago a correr, e poltronas espalhadas por todo o sítio, na realidade é mesmo bonito enquanto finas correntes transparentes descem do teto até á água cristalina do laguinho. Pessoa movimentam-se por todo o lado numa correria geral como só poderia descrever como fascinante. Aprendi durante o tempo que aqui estive que correria nem sempre significa algo mau, na realidade dou por mim a sorrir enquanto tropeço para dentro do metro cheio, ou quando sou apanhada na 5ª avenida á hora de almoço. Há coisas fascinantes em se viver na cidade que nunca dorme.
-Soph despacha-te!- Ela agarra o meu pulso e puxa-me para dentro de um elevador demasiado cheio.
As pessoas bocejam e o cheiro a café é enjoativo, sinto-me presa e apertada, e o meu medo de andar de elevadores agrava-se. A mão de Ave aperta-se no meu pulso e agradeço, é um sinal de que ela está aqui. Que estou aqui e não num sitio desagradável.
As portas abrem-se no que julgo ser o 12º andar e saltamos para fora do elevador. Ela ri-se enquanto me guia por um corredor largo e arejada. Aponta para uma secretaria ao canto, perto de uma janela e ri-se enquanto poisa as coisas naquilo que deve sem duvida ser a sua secretaria.
-É pequena, mas é á janela. Tive que lutar com um tipo qualquer por isto.- Ela ri-se e um homem um pouco mais alto que eu, e mais baixo que ela ri-se,
-O meu nome é Jonh.
Ave fecha os olhos com força e respira pesadamente. Depois vira-se e dá o seu melhor sorriso ao homem.
-Claro Jonh, lamento.
Agarra-me pelo braço e saímos pela porta novamente, revira os olhos e volto a rir-se. Ela é sempre tão sarcástica que chega a ser mesmo engraçado.
-Agora piso dezanove, por alguma razão os arquitetos ficam sempre um andar abaixo do chefe, é como se a construção falhasse, os responsáveis fossem abaixo com ela em casa de algum acidente.
-Parece-me justo. Dizia a minha mãe que ser arquiteta não era uma profissão de risco.- Riu-me enquanto entramos no elevador.
-Oh e se conseguires que eles avaliem o trabalho, o que é obvio que vais conseguir, podes conhecer o dono disto tudo tudo, e garanto-te, ele é lindo. Tem vinte e cinco anos e os olhos dele queimam cuecas.
Começo-me a rir desesperadamente enquanto o elevador sobe.
-Bom talvez deva dar-te uns concelhos sobre não cair nas mãos de uma cara bonita.
-Que seja, se ele me saltar para cima, eu salto-lhe para cima também! – Saímos do elevador a rir e sinto o peso da pasta com os projetos a começar a pesar, talvez não seja de facto o peso em si, mas mais a responsabilidade.
Ela abre uma porta de madeira grande, e entramos numa sala quase branca, tirando uma secretaria á entrada do piso, e uns sofás castanhos escuros. A secretaria que está na receção do piso sorri a Ave e esta puxa-me a mão enquanto entramos paramos á frente de um gabinete. Ela bate á porta e mante-se firme ao meu lado. De repente vira-me para ela, e ajeita-me o casaco, e puxa-me a sair para baixo.
-Sorri.- Ela manda e sorriu quase forçadamente. Ela inspeciona os meus dentes e riu-me enquanto aproxima a cara.
De repente a porta abre-se endireitamo-nos muito depressa. A minha respiração engata. Um homem extremamente atraente está a minha frente, ele é muito alto, o cabelo é curto e como castanho muito claro, quase a tocar o loiro, e os seus lábios são tão grossos que parece que o homem estava ali dentro a pousar para uma revista com o seu incrível fato.
-Posso ajuda-las?- A sua voz é suave, mas subtilmente grossa, um timbre estranho que me recorda a voz do Harry.
É destino?
Ave mexe-se meio atarantada ao meu lado.
-Bom nós temos uma reunião...bem é mais como um projeto para apresentar, nós podemos deixa-lo aqui?
O homem franze a testa e os seus olhos castanhos brilham.
-Todos os projetos precisam de passar por um processo de seleção, isso seria como fazer batota.
-Sim mas eu pensei...
-Como é que consegui agendar o quer que fosse?- Ele pergunta zangado.
-Eu trabalho aqui.- Ela murmura.
Eu não consigo desviar os olhos deles os dois, na realidade eu sei que a seguir ele vai perguntar-me como é que me meti aqui e Ave estará em sarilhos. Ele não parece alguém com quem tu queiras brincar ao "estou de passagem, ignoram-me"
-E você?- Quando ele se dirige a mim, ganho um nó na garganta, parece que a única coisa que consigo fazer é engolir em seco enquanto o observo a olhar-me por tempo demais.
-Ela está comigo, o projeto é dela.- Ave fala por mim e suspiro de alivio.
-Como tenciona apresentar-me o quer que seja senão não consegue sequer dizer-me algo básico como o que acabei de perguntar?- Ele revira os olhos e sinto-me ligeiramente insultada.
-Ela está só nervosa.
-Pare de falar por ela, por amor de Deus.
Respiro fundo e volto-me apertando a alça da pasta com os desenhos com mais força na minha mão. Oiço os passos de Ave atrás de mim.
-Porque é que não lhe respondes?- Ela sussurra no meu ouvido.
-Porque ele é um cretino.- Sussurro-lhe também.
Abro a porta de madeira e saímos novamente para perto do elevador. Ave bate o pé enquanto esperamos pelo elevador.
-Não acredito que o deixas-te dizer-te aqui Soph!
-Bom a próxima pergunta dele se eu lhe respondesse seria "então a sai amiga abusou da posição de trabalhadora e deixou um estranho entrar nas instalações" e ai tu estarias em problemas por minha causa.
As portas do elevador abrem-se e deslizamos lá para dentro.
-Não eu não estaria, eu apresentei a tua candidatura á duas semanas, tu estavas mais do que na lista como todos os outros.- Ela bate com os saltos no chão do elevador.
-Está tudo bem Ave podemos tentar outra vez...
-Eles só abrem este tipo de concursos a projetos uma vez por ano, e há milhares de candidaturas!
-Porque é que estas tão zangada? Há centenas de empresas em Nova York...
-Tu passas a vida a calar-te para as pessoa poderem ficar bem...
-Isso não é verdade, ele só não merecia o esforço, para alguém tão atraente ele parecia horrivelmente mau.
Depois das palavras deixarem a minha boca um silencio paira sobre nós no elevador. Olho para Ave e o seu queixo está quase no chão.
-Esta é a primeira vez que te oiço dizer que um gajo é giro, sem ser um modelo ou coisa do género. Foi por isso que ficaste tão tímida, e sentiste-te intimidada pelo quão atraente ele parecia.
-Não... ele era bonito, mas ele foi muito mal educado.
-Sim... No entanto eu vou arranjar o nome dele, e talvez o seu numero e depois vamos ligar-lhe numa sexta a noite enquanto vemos filmes lamechas no Netflix, vamos ligar em privado e fazer uma piada do género "É do senhor que lava a roupa?" e ele vai dizer que não, e depois nós vamos dizer "então é um grande porco" o que na teoria não deixa de ser verdade.
Riu-me enquanto saímos do elevador e bato-lhe ligeiramente na cabeça.
-Tu és mesmo cruel. Cruel, mas sábia.
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Amanhã há outro, já está escrito, e não me peçam para o colocar hoje, porque não vou. Eu não sei o que se passou, mas de alguma forma eu não consegui postar estes dias porque o site não abria no meu computador, dizia que "pagina não encontrada" o que foi uma grande porcaria.
Só queria esclarecer que passaram apenas três anos no final das contas, eu decidi reduzir o numero, não muito no entanto, mas o suficiente para ela estar quase a terminar o seu curso.
Eu espero que vocês estejam a gostar, e não desanimem por causa do Harry, eu aposto que ele vai voltar em grande ahaha.
Love u
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