21ºCapitulo
Parece que quanto mais o tempo avança mais distraída pareço ficar, as cortinas não foram puxadas e a luz infiltra-se com uma intensidade esmagadora dentro do quarto, rolo para o lado direito da cama mas arrepio-me com frio o que me faz abrir os olhos tão rápido quanto possível.
A única evidência do Harry aqui é o monte emaranhado nos lençóis e a sua t-shirt ensopada em suor no meio do chão, o meu armário está aberto e levanto-me cuidadosamente até ele, espreitando. Lembro-me de ter aqui uma t-shirt dele mas agora não está cá, sorrio com o pensamento dele a procurar no meio das minhas coisas.
Agarro a t-shirt e ando com ela até á máquina de lavar pondo-a lá, murmuro um bom dia a Ave mas volto atrás para constatar que ela não está lá o que é estranho, ela levanta-se sempre primeiro que eu, e o barulho que ela causa a acordar faz-me despertar.
Bato na porta do quarto suavemente e entro, o quarto está escuro e acendo a luz, Ave está enrolada na cama com uma careta horrível na cara enquanto me aproximo e puxo as cortinas para o lado.
-Não...- Ela enfia a cabeça debaixo da almofada e riu-me atirando-me para cima da cama.
-Vais chegar atrasada.- Riu-me e ela destapa a cabeça.
-Não, porque o figurão do teu namorado ainda deve estar na cama.- Ela ri-se de forma rude.
-Acho que estás enganada, literalmente, em tudo o que disseste.
Ela destapa-se e senta-se mais rápido do que seria possível para alguém que simplesmente acabou de acordar.
-Como assim?
-Bom ele não é o meu namorado, e depois ele saiu á um longo tempo atrás.
-Como é que sabes que foi á muito tempo?- Ela pergunta enquanto revolve o armário á procura de alguma coisa para vestir.
-A cama...os lençóis estavam frios.
-Oh importaste de me fazer o pequeno-almoço?
-Bom queimar torradas já eu sei fazer, mas talvez tenha um pouco de sorte com o teu café.
Levanto-me e saio não antes sem levar com uma almofada nas costas. Quando chego á cozinha agarro no comando da televisão da sala e ligo-a enquanto procuro uma caneca e a meto debaixo da máquina, meto a capsula lá dentro e começo a colocar o pão dentro da torradeira.
De repente um barulho chama a minha atenção no quarto e vou até lá, não sem antes diminuir a potencia da torradeira. O ecrã brilha com uma mensagem de Carl.
"ALERTA: FORMATURA NA PROXIMA SEGUNDA...será que podíamos falar?"
Pisco os olhos para a mensagem um pouco confundida.
"Claro quando quiseres, vou estar ocupada esta manhã mas talvez á tarde?"
Pouco tempo depois chega uma mensagem.
"Posso ir buscar-te?"
"Claro, mando-te o endereço"
A ultima coisa que respondo e arrependo-me logo em seguida, por muito estranha que as coisas andem entre mim e o Harry, aquilo que aconteceu a noite passada mexeu comigo, de alguma forma aquela imagem de que ele podia aguentar com o mundo e muito mais partiu-se ligeiramente e não é mau, de todo, é apenas estranho conhecer alguém sendo tão forte e observa-lo a meio que quebrar-se.
Quando volto á cozinha tiro as torradas para um prato e Ave já está a beber o seu café.
-As primeiras torradas boas do mês!- Ela levanta o seu punho para mim e riu-me enquanto dou meia volta novamente para o quarto.
-Não vais comer?
-Não tenho muita fome, como mais tarde.
O metro está cheio e tanto eu como a Ave estamos entaladas a um canto da carruagem a esperar chegar ao nosso destino, o edifício da empresa não é longe mas estávamos ambas demasiado cansadas hoje para irmos a pé, nenhuma de nós dormiu muito e de qualquer maneira é mais fácil apanhar o metro do que um táxi.
Enquanto subimos os degraus para a rua ela suspira pesadamente, a luz fraca do sol bate na minha cara e dou por mim a sorrir melancolicamente, a olhar para a maneira como o sol me bate na cara, a aproveitar e dar graças por ter sol na minha vida, por não estar em Oxford, e por finalmente ter o Harry cá, mesmo que de uma maneira estranha ele está perto de mim quando eu o quiser ver.
-Não é fantástico como a primavera nos faz sensíveis? A nós mulheres?- Ela pergunta.
-Isso são lágrimas nos teus olhos?- Riu-me e ela acerta-me com a mala.
-São alergias ok? Estava a ser irónica, a primavera podia perfeitamente ser dispensada, podíamos simplesmente ter logo o verão e começar a planear onde é que vamos este ano.
No ano passado eu, a Ave, o Carl e o James tivemos um bom tempo em Montesano, no meio da floresta, embora agora James tenha voltado para o Reino Unido ele ainda é lembrado por todos nós, com isto todos os anos desde que eu e Ave nos tornamos amigas fazemos uma viagem de uma semana ou duas a algum lugar, da primeira vez fomos a Hudson River onde o Harry falou que tinha uma casa...eu gostava de lá ir, embora ela tenha dito que é a única coisa que lhe trás paz e eu não quero mandar isso abaixo.
-Sem a primavera eu não ia fazer anos.
-Bom argumento, no entanto podíamos compensar-te no Natal sabes?
-O Natal é demasiado frio para eu poder usar uns calções ou um vestido.- Riu-me e finalmente chegamos ás portas que deslizam.
Quando entramos a única coisa que precisamos de fazer é mostrar o cartão, embora eu ainda não tenho um de permanência e apenas um de visitante sinto-me importante.
-Então vais ver o Harry hoje?- Ela pergunta enquanto esperamos pelo elevador.
-Não sei, segundo ele agora jogamos pelas "regras dele" e então ele vem com a conversa de que "agora apetece-me estar contigo" é confuso e ténue de se seguir, porque tenho medo, tanto quando ele, e se ele me disser que não, e se ele só me quiser quando quer? Não é como se eu fosse aguentar algo assim.
-Diz-lhe isso, mas por favor não deixes que ele decida quando, como e porquê. És mais dona de ti mesma do que ele.
-Gostava de ter a tua certeza.- Murmura baixinho enquanto entramos no elevador lotado de gente.
-É estranho ele ir ao apartamento para ti?- Pergunto-lhe.
-Não, quer dizer é estranho que o veja como meu patrão aqui, mas que em casa ele seja um tipo de normal...acho que tenho que aprender a lidar com isso.- Ela dá-me um suave encontrão quando as portas se abrem no seu piso e acena-me ligeiramente antes de sair em cima dos seus saltos altos pronta a saltar para cima dos números.
A viagem ocorre sem grande problema até que paramos no 13º andar e o meu coração para de se mexer quando vejo o Harry é porta com um ar aborrecido, então lentamente todas as pessoas no elevador se afastam e quase que posso ouvir um engolir em seco em uníssono. Ele aperta o botão do seu andar antes de continuar a andar para o fundo onde estou. Os olhos dele nunca largam os meus, há uma corrente de aço a puxar-nos e é indestrutível, o que os nossos olhos e corações tentam unir á força as nossas cabeças tentam quebrar, a respiração dele bate no topo da minha cabeça quando ele se posiciona atrás de mim, a sua mão suavemente poisa sobre a minha anca e tenho que me impedir de tremer.
Um coro de "Bom dia Mr.Styles" é ouvido a que posso senti-lo acenar com a cabeça, no entanto nenhuma das pessoas que disse bom dia olha para ele, quase como se ele fosse arrancar a cabeça ao primeiro que se arriscasse.
As pessoas saem lentamente até que a ultima sai no 18º piso, falta um piso para mim mas parece que nada acontece quando carrego no dezanove, o Harry ri-se e puxa-me novamente contra ele, o seu braço passa perto da minha cabeça quando ele carrega lentamente no piso dele e o elevador puxa-nos.
-Porque é que está a subir para o teu?
-O vigésimo andar tem uma prioridade sobre todos os outros, eu preciso de ser capaz de chegar ao coração da empresa rápido.- Ele ri-se e viro-me para ele. Fico feliz que ele esteja a gracejar comigo.
-Eu duvide que uses este elevador, eu aposto que tu tens o teu próprio elevador...- Sorriu e ele aproxima-se de mim, a sua mão toca o meu rosto e o sorriso dele aumenta á medida que ele se aproxima de mim.
-Tens razão, mas como tu ainda não usas o meu elevador acho que vou continuar a importunar-te neste.
Ainda? Quer dizer que há a possibilidade?
-Ouvi dizer que tens a tua formatura na próxima semana.- Ele murmura.
-Sim, embora eu duvide que andem por ai a distribuir panfletos sobre isso.
-Tens razão.
Ele olha para mim e o seu sorriso desaparece, é quase como se ele não quisesse falar disso, mas se sentisse triste por algo...talvez eu deva convida-lo? E se ele dissesse que não? Eu estou tão confusa, eu quero-o na minha vida de volta, mas não sei o que fazer, da primeira que caímos nisto, caímos os dois ao mesmo tempo, mas agora? Agora eu tenho que arranjar uma maneira de correr atrás dele sem me perder outra vez a mim mesma, lutei muito por estas novas peças que vem comigo, pela resistência que ganhei e se ele me pedisse talvez eu fosse capaz de mandar tudo abaixo por ele, mas ele não vai fazer e ele vai habituar-se á minha nova versão tal como eu me habituei a ele no inicio.
-Tu tens um convite para o almoço em casa dos meus pais se quiseres.- Digo-lhe com tanta confiança quanto consigo colocar na minha voz.
Ele parece surpreso com o convite e tenta esconder o sorriso que se tenta formar na sua cara.
-Eles ainda moram no mesmo sitio?
As portas do elevador abrem-se e ele dá um passo atrás.
-Está onde sempre esteve.- Murmuro enquanto carrego no numero do meu andar e sou puxada para baixo.
Quando chego uma pilha frenética de risos enchem o comodo e sinto-me tímida, como um aluna nova no seu primeiro dia numa turma onde todos se conhecem.
-A Sophia chegou.- Jace grita e de imediato Morgana cai em cima de mim com uma pilha de papeis.
-Precisas de assinar dez folhas aqui.- Eu agarro os papeis cuidadosamente e...onde é que vou ficar mesmo?
Olho em volta um pouco desesperada mas todos estão nos seus sítios, a trabalhar e não quero interromper ninguém, sobressalto-me quando uma mão afaga o me ombro, Isaac está a sorrir enquanto aponta para a secretaria mais pequena escondida a um canto perto da janela. Agradeço-lhe e ando até lá poisando os papeis em cima da secretaria e sentando-me.
Olho lá para baixo e depois novamente á minha volta, estão todos tão ocupados com os seus afazeres que não podem sentir a batida frenética do meu coração, de como bate depressa a pensar no que estará o Harry a fazer, de como estará sentado, a falar com quem... um sorriso involuntário cresce na minha cara, se isto não estar-se apaixonada eu não sei o que pode ser, a constante felicidade e a inquietação que isso trás faz-me sentir eufórica, são dois oposto, duas faces da mesma moeda, e mal me posso controlar, quero dar-me desesperadamente, quero tê-lo desesperadamente mas é tão difícil dar um passo em frente, e sei que uma vez que mande essas parede a baixo será mais fácil, mas parece tão longínquo o tempo em que tive que me abrir para alguém, deixar os sentimentos saírem...e ele ainda não me disse que...que me amava, e isso deixa-me a tremer, com um frio na barriga, porque será que depois de o ter todo, posso voltar a viver com menos que isso?
O meu telemóvel vibra e abro a mensagem.
"Não faças planos para sexta e sábado
-H
Xx "
Logo a seguir outra mensagem vem para mim.
"Passo em vossa casa sexta á tarde, podemos ver um filme como nos velhos tempo
-Carl"
E mais uma vez preciso de fazer malabarismo com a minha vida.
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