83ºCapitulo POV- Harry
Nessa noite, Sophia e Harry dormiram tão juntos quanto podiam, passaram horas intermináveis a falar, a tocar, a experimentar, a amar, e por uma vez, sentiram que eram inalcançáveis, que o seu amor era tão forte que a frágil bolha que geralmente os protegia se tinha transformado em ferro, os membros pesados e suados de ambos estavam tão próximos, os peitos encostados um ao outro, ninguém poderia ouvir dois corações, tudo o que se ouvia era um coração a bater por duas pessoas. O coração não era necessariamente um órgão, nessa noite, o coração era amor, algo que Sophia e Harry partilharam desde sempre, apenas não sabiam o quão poderoso era.
Nada estava a salvo, e a promessa de um feliz para sempre nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo.
-Não!- A Sophia resmungou do quarto enquanto eu acabava de fazer a mala.
-Vá lá levanta-me esse rabo da cama!- Gritei de volta.
No entanto não era preciso gritar, quando olhei para cima, a pequena rapariga de cabelo castanho meio encaracolado olhava para mim, com olhos verdes tristes, e o mindinho na boca. A camisola de caxemira cinzenta Burberry pendurava no seu corpo, e senti-me como se estivesse prestes a fazer uma coisa horrível, como se deixa-la aqui, nem que por um fim-de-semana, fosse o maior erro da minha vida.
-Anda cá.- Abri os meus braços e ela caminhou rapidamente para mim, o seu peito colidiu com o meu e ela enfiou a sua cabeça no meu pescoço. Envolvi os braços nela e enrolei a ponta dos seus cabelos nos meus dedos.
-Não vás.- A voz abafada dela sai com força, mesmo que num murmúrio.
Eu sabia que não podia deixar o medo de a deixar sozinha dominar-me, quando me disseram que tinha de ir a Madrid o meu primeiro instinto foi recusar, mas depois percebi que, agora o meu trabalho exige mudanças, e que mais vale forçar o medo para fora agora. Eu confio nela, ela vai portar-se bem, vai tomar conta de si, e eu vou voltar domingo e ver que está tudo bem, que posso viajar que tudo vai ficar bem no final.
-Vai ficar tudo bem, são só dois dias.- Ri-me internamente, eu podia dizer-lhe que eram só dois dias, mas por muito estupido que fosse eu já estava com saudades, e a porra do meu coração batia tão depressa com a ideia de ficar sem ela durante dois malditos dias.
-Vou meter-me na cama e só sair de lá domingo.- Uma parte de mim, a parte irracional queria mesmo que ela fizesse isso.
Se ela continuasse a falar como modo como ia sentir a minha falta eu ia acabar por não ir, por isso decidi levar as coisas por um caminho seguro.
-Tu já pensaste no que queres?- As minhas mãos continuavam no seu cabelo e ela afastou-se para olhar para mim.
-No que quero do quê?- Confusão passou pelo seu rosto bonito, não importa quantas vezes eu olhasse para ela, eu ainda tinha uma surpresa de cada vez que olhava, ela irradiava beleza, um tipo de beleza discreto. Aquele tipo de beleza com o qual precisas de uns minutos para compreender. Eu gostava que ela pudesse ver o quão bonita ela é.
-De prenda de viagem, eu decidi que podíamos fazer disto uma tradição, visto que eu ainda vou a muitos sítios, eu devia trazer-te uma prenda de todos eles.
Eu imaginei uma enorme quantidade de malas que ela pudesse querer, um casaco bonito, uns sapatos, mas as palavras dela apanharam-me de surpresa.
-Então a cada viagem que fores, eu quero que voltes de todas elas, contigo mesmo. Que chegues bem para mim.- Eu vi quando uma lágrima escorregou do seu olho, ela tentou apanha-la depressa, mas não o suficiente depressa para que eu não a visse.
-Desculpa, eu não sei lidar com isto, tu tens estado sempre por perto, e eu não te quero impedir de ir, na verdade eu devia ser uma boa namorada e dizer-te para ires e dares o teu melhor.
-Hey.- A agarrei o seu queixo e puxei-o para mim, deixando um beijo suave nos seus lábios.- Não tem mal, eu não iria ficar propriamente feliz se me fizesses as malas e sorrisses quando eu me fosse embora.
-Eu quero que sejas bom no que faças, mas também te quero a ti, e sinto que estas viagens vão começar a ser uma constante.
A maneira como ela estava a ser sincera comigo apanhou-me de surpresa, ela nunca, nunca me teria dito uma coisa destas, antes ela teria simplesmente engolido as lagrimas e dizer-me o quão feliz estava por mim, desta vez ela está a ser sincera.
-Eu vou evita-las quanto eu consiga, e algumas vezes tu podes vir comigo.
Tudo o que eu queria era que estes dois dias passassem o mais depressa possível, mas algo me dizia que não ia ser bem assim
Quando finalmente consegui fazer a Soph descer do carro, ela parecia arrasada, ela esteve calada, muito calada. Nada da rapariga que tinha partilhado um bolo de chocolate com recheio de morango comigo, ontem na cama. Esta rapariga parecia partida.
Quando eu a deixei finalmente caminha pelo recinto, fiquei de pé a olhar para ela, enquanto os dedos dela deslizaram dos meus, e ela ficava mais longe. Eu corri para ela, e puxei-a para mim, a minha mão esquerda no fundo das suas costas, e outra na sua cara, os meus lábios colidiram com os dela com força, e depois de um instante de choque ela abriu a boca para mim, para a deixar provar corretamente, eu sentia como se o caralho do meu coração tivesse sido colocado ao lado de uma bomba, a ansiedade no meu estomago, enquanto a minha língua explorava a boca dela.
Quando a respiração dela se tornou errática soltei-a.
-O Mark vai estar aqui ás quatro da tarde para te levar ao escritório.- Sexta era o dia em que ela tinha uma aula nas turmas da tarde.
Ela assentiu com a cabeça, e os lábios inchados dela faziam-me pensar que nos próximos dias quando ela sentisse os seus lábios, ia lembrar-se do meu beijo insistente. Beijei o seu nariz e ela sorriu, não era uma coisa que eu fizesse muito, na verdade eu achava estupido, mas agora eu não queria saber.
-Eu amo-te.- Ela murmurou como um segredo.
-E eu a ti meu anjo.- A alcunha de algum modo tinha a ver com ela. A maneira como os seus grandes olhos mostravam alguma inocência, como ela mal tinha noção do quão bonita era, como ela se preocupava mais com os outros do que com ela em geral.
Eu era um filho da mãe cheio de sorte, na verdade, eu não sabia corretamente o que eu tinha feito para a ter, mas eu dava o meu melhor para a proteger e amar.
Enquanto eu conduzia o Audi para a empresa e deixei Mark no estacionamento da faculdade, eu pensei em como eu estava a deixar toda a minha paz de espirito nas mãos daquele homem, se alguma coisa falhasse, se ela se magoasse, ele iria pagar.
Fechei os olhos e contei até dez, eu precisava de me descontrair, eu tinha tido uma noite incrível, eu tinha uma namorada ainda melhor, e eu estava prestes a fechar o negócio do ano. A minha vida estava bem, como sempre esteve.
Quando eu estacionei na minha vaga na empresa, senti que começava um novo ciclo, que a partir de agora tudo ia ser diferente, não conseguia perceber se era pelo facto de que este negocio ia mudar o rumo da empresa, ou por qualquer outra razão, no entanto nada me preparou para quando as portas do elevador deslizaram e entrei no meu piso ver o Matt feito louco a andar para a frente e para trás, a gritar com a Chloé. A rapariga permanecia calada, a cabeça baixa. Eu tinha a certeza de que se eu não acabasse com aquilo ela ia revindicar para ele, nas últimas semanas eu aprendi que o olhar calmo de Chloé não condiz com a sua vontade de ter sempre razão, ela tinha aprendido a morder a língua, mas Matt parecia estar a testar os limites dela.
-Esse tipo de informação era pessoal percebeste? Não é suposto tu acederes ao sistema Chloé, nunca foi, se tu achas que tens algum tipo de direito a mais porque fomos almoçar, tu não tens.- Ele gritou e eu parei no meu lugar. Alguma coisa na situação me lembrava de mim, a gritar com a Soph á uns meses. A raiva que senti de Matt desapareceu quando percebi que á uns meses atras eu faria a mesma coisa se a Soph se metesse na minha vida só porque nos tínhamos beijado.
-Não grites comigo, tu não és meu chefe, agora se ficaste tão ofendido leva esse teu enorme ego daqui para fora!- A minha boca caiu com o que ela disse. Dei por mim a sorrir, talvez esta fosse a secretaria que ia manter o emprego muito tempo.
Voltei a mexer-me entrei no átrio, Matt parecia prestes a dizer mais qualquer coisa mas calou-se quando me viu.
-Bom dia Mr.Styles. – Chloé levantou os olhos e forçou um sorriso, acenei com a cabeça e entrei no escritório com Matt atras de mim.
-Tenta manter as discussões fora daqui Matt, e lembra-te se alguma das politicas de confraternização for quebrada, não vou proteger o teu rabo merdoso.
-Eu não vou fode-la ou assim, só a levei a almoçar.- Ele senta-se á minha frente e entrega-me um monte de papéis.
-Esse é o problema, não estas a fode-la, estas a pagar-lhe almoços. É assim que tudo começa.
-Por favor tenho dez anos a mais que a miúda.- Ele revirou os olhos.
-Isso nunca te impediu.- Ri-me e assinei os papéis.
O silêncio que se seguiu fez-me olhar para ele, os seus olhos estavam arregalados e de alguma forma senti-me como se algo estivesse mesmo mal.
-O que foi?- Perguntei entregando-lhe os papéis.
-Encontramos a Abbie, ou pelo menos seguimo-la.- Ele encostou-se para trás.
-E?
-O teu pai anda a vê-la, outra vez.
Foi a sensação mais estranha do mundo, foi como levar um grande murro no estomago, de algum modo, ao deixar as minhas ações na empresa do meu pai, eu achei que estávamos a caminhar para alguma coisa que não fosse rancor, pelo menos pensei que podíamos conviver. Fecho os olhos com força e aperto as bordas da mesa. Isso é o que a Soph me faz, faz-me esperar que toda a gente mude, não, nem todos.
-A serio?
-Sim, ele levou-a a jantar fora.
-Achas que ela está a tentar dar-lhe a volta, para ajudar o Dean?- Se ela estiver, eu não quero saber se ela é uma mulher, eu vou arranjar maneira de nunca mais a ver.
-Não, as cláusulas do contrato que fizeste com o teu pai quando lhe vendeste maior parte das ações eram claras, se ele fizesse algum movimento contra ti perdia tudo.
-Então o que pode ser?- Levanto-me, estou zangado, porra memórias de quando ela dormia em nossa casa inundam a minha mente.
-Talvez o teu pai nunca tenha parado de a amar.- O Matt sorri.
-Por favor, ela só o queria pelo dinheiro, e ele só a queria pelo sexo, é tão claro como agua Matt.
Ele levanta-se e recolhe os papéis que assinei.
-De qualquer maneira tem a certeza de que não chegas tarde ao aeroporto, ou que a Sophia te convence a não ir.
Com um último olhar ele sai da sala, e sento-me na cadeira de cabedal, enquanto me viro para a enorme janela. Há algo que me assusta no facto de o meu pai e a Abbie estarem juntos, ou a ver-se. É como uma repetição, posso lembrar-me com exatidão do dia do casamento, eu fiz tudo aquilo, eu odiava tanto o facto de o meu pai ter encontrado alguém para o lugar da minha mãe que tive que me certificar que acabava com aquilo
O vestido de noiva era a coisa mais ridícula do mundo, mas enquanto eu a fodia com força e ouvia todos á espera que ela entrasse sentia um fluxo de adrenalina enorme, o vestido incomodava-me, mas eu sabia que quando todos se calassem todos iam ouvir os gemidos esganiçados da minha futura madrasta, e eu ia rir-me, rir-me porque nunca ninguém ia substituir o lugar da minha mãe nas revistas, nas noticias, nas galas, ela ia ser a única mulher com o apelido de Styles, a única e ultima. Eu não pensava em dar a oportunidade a ninguém de o ter.
-ohh Harry!- A ruiva gritou e eu ouvi passos, eu fiz questão de enfiar-me com mais força, tão forte que as pancadas do nosso corpo iam ser ouvidas. Tão forte que o meu pai ia levar aquilo como um tiro.
-Estou quase...é tão bom.- Ela gritou, e uma cortina foi afastada.
Primeiro eu vi odio, depois desapontamento e a seguir fúria. O meu pai saltou para cima de mim, o seu punho atingiu a minha mandibula mas a única coisa que eu podia fazer era cuspir o sangue e rir-me, enquanto me continuava a esfregar na sua noiva agora recém-descoberta.
Ela afastou-se de mim e eu ri-me. Subi as calças e apertei o cinto a minha ereção fazia pressão, mas eu queria passar pelos convidados e mostrar-lhes, mostrar que eu tinha fodido a noiva do meu pai no própria casamento, e até três meses atras.
-Porque é que tu não consegues parar Harry!- Ele tentou vir novamente para cima de mim, mas uns braços pararam-no.
-Porque eu não vou descansar enquanto não te vir tão destruído como eu.- Murmurei, enquanto o sabor a sangue se espalhava por toda a minha boca.
-Então eu prometo-te a mesma coisa Harry. Tu vais um dia encontrar alguém, e eu vou desfazer-te isso seu filho da puta.
E doeu, mesmo que eu não quisesse admitir, doeu.
Fechei os olhos com força e senti-me sujo, tão sujo como nunca me tinha sentido antes, senti-me o homem mais cobarde do mundo, e pensei no quão verdadeira é a frase, "tu nunca vais ser feliz se não aprenderes a perdoar". Eu sabia que o meu pai não tinha nada a ver com o que aconteceu á Sophia, ainda assim, durante anos ele tornou a minha vida num inferno, eu tinha 17 quando arruinei o seu casamento, depois disso fui obrigado a ir para a universidade, e tive tudo congelado durante dois anos, mesmo assim o odio do meu pai continuava lá, mesmo quando a Soph apareceu e ele tentou dizer-lhe o que eu tinha feito. Eu nuca me vou esquecer do quanto eu implorei nessa noite, eu implorei-lhe para que ele não lhe dissesse. Acho que foi ai que eu percebi que o meu pai era melhor que eu, ele nunca ia tentar nada contra ela.
Eu fui um cobarde, mas eu já não o era. Eu tinha amor agora.
O meu telemóvel vibrou em cima da mesa.
**Tenho saudade tuas campeão :(**
Sorri e deixei o telemóvel em cima da mesa.
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Eu lamento andar a postar tão desregulamente, mas tenho montes de matéria para estudar para história e não quero baixar as minhas notas, no entanto a fic é uma coisa muito importante também por isso, eu sei que não devia desleixar-me e acho que o estou a fazer, acho que estou só a deixar mais um dia entre capítulos, no entanto os dias de postagem são os mesmos, dia sim, dia não.
Só para vos manter informadas, segui os primeiros e últimos comentários no último capítulo e continuo a faze-lo neste, e as raparigas selecionadas estão a receber as minhas mensagens, por isso fiquem atentas
Já vos disse que vos amo hoje?
I love u girls
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