66ºCapitulo
Tinha passado uma hora desde que pedi ao Harry que realmente não viesse, o Mark era bem mais que suficiente, e eu contava de estar de volta às horas da minha saída, tudo o que eu precisava era de faltar a uma aula. Tudo o que eu precisava era de garantir que o Harry estava longe, neste momento, tudo o que eu queria é que ele permanecesse na baixa, no seu enorme escritório e que me encontrasse em casa às seis e meia da tarde. A essa hora eu saberia que tudo estava bem.
-Miss.Black?- o meu professor nada simpático chamou.
-sim?
-isto é uma aula de geometria, eu agradecia de parasse de bater com a sua caneta na mesa.- ele ajustou os seus óculos e fuzilou-me com o olhar.
-desculpe.- murmurei e encolhi os ombros.
Baixei a cabeça para o papel branco á minha frente, haviam dezenas de exercícios no quadro, havia uma caneta na minha mão, mas não havia paz no meu espirito. Eu não acompanhava a matéria, e eu desejava que toda a gente na sala de cala-se, que me deixasse ir na onda negra que vinha para mim. Tudo o que eu podia fazer era correr da tempestade, ou parar e enfrenta-la. Eu sonhei isso, eu tive uma visão com isso, a mãe dele era uma tempestade, e estranhamente o Dean estava lá. Talvez as visões enquanto eu não conhecia o Harry eram apenas algo para me levar a ele, mas depois disso talvez ela não tentasse magoar-me, talvez ela estivesse avisar-me. Talvez quando ela se foi, eu pensei erradamente que as visões iam, mas isto está em mim. Não as tenho com frequência, ou posso passar muito tempo sem elas, mas se algo vai acontecer, algo negro está a vir, elas veem.
A caneta do Niall bate no meu papel, escrevendo.
"Tu estas pálida, tu estás bem?"
Eu rabisquei algo descuidado.
"sim. Obrigada"
Eu não estava bem, eu estava a ser lentamente morta, estava a ser puxada no limite da minha insanidade, tanto que os meus lábios eram feridas agora, a lembrança do beijo venenoso do Dean, a palavra "castigar" e "destruir" passaram na minha mente vezes e vezes sem conta. O pesadelo horrível esta noite...
Estava tão feliz, rodava sobre mim, e virava na cama envolta em lençóis brancos, tudo era branco, não havia um chão, não era nada, era a cama a flutuar no céu. Os meus olhos fechados agradecendo a paz que estava no meu coração, o barulho que era apenas silencio, tudo parecia perfeito, mas faltava um pedaço de mim.
O colchão afundou e lindos olhos verdes olharam para mim, dentes brancos emoldurados por lindos lábios carnudos. Os seus caracóis era largos e caiam-me nos ombros. Arrastei a minha mão até ao seu cabelo e deslizei os dedos pelo meio do cabelo castanho, a sensação suave e o gemido satisfeito.
O meu coração queria pular para fora do meu peito quando o ia beija. Ele chamou o meu nome, a sua voz era rouca e grave.
Mas a sensação suave foi para fora, lábios como lixa estavam nos meus e quando eu abri os meus olhos era o Dean, as suas mãos estavam em todo o lado, os seus lábios nos meus e quando mais eu me debatia mais ele me puxava, e em segundos eu estava presa, a sua mão no meu tornozelo enquanto ele me puxou para baixo, para ver o vazio debaixo da cama flutuante, tudo era negro, um longo e distante buraco preto sem fim.
E eu cai, com ele, longos gritos de socorro, e longos risos de gozo. Era maquiavélico, era diabólico, era doentio, era ele.
Abanei a cabeça e mandei os pensamentos para longe, mas não muito. Por muito que eu tentasse eles ficavam sempre por perto, á espera do momento para entrarem em cena novamente.
Fomos avisados que podíamos sair e senti o meu estomago a embrulhar. Tinha um plano, não era perfeito, era perigoso, mas eu queria tentar resolver isto, queria chegar a casa e saber que no amanhã, tudo estaria bem, nada estaria estragado, e nossa relação estaria concertada.
Eu amava o Harry, e amares alguém é sempre grande parte da doença e da cura. O meu pai tinha razão, eu amava-o doentiamente, não podia viver sem ele, e não iria, por isso se havia realmente algo a fazer por isso, eu tentaria.
Os meus passos eram decididos enquanto caminhava pelo corredor escuro, eu precisava de não ter o Niall comigo, precisava de não sair pela frente e ver o Mark que surpreendentemente não estava á porta da sala e precisava de sorte.
Caminhei até ao bar e abri a pequena porta deslizante, as escadas rangiam enquanto eu descia para o piso térreo e verifiquei a rede do meu telemóvel, tudo estava bem eu só precisava de me afastar um pouco e ligar ao Dean. Isso era tudo o que eu precisava de fazer, os meus dedos bateram no ecrã enquanto eu virava para o complexo de bilogia. O edifício era enorme, e mesmo ao seu lado havia outro de química, um pequeníssimo corredor escuro entre ambos. A saída lateral da universidade ficava ali, o Mark não me veria, e eu podia voltar sem ninguém alguma vez ter reparado, eu não sabia o que ficava no lado de lá, eu estava convicta que alguma aldeia rustica perdida no meu do nada.
Á medida que eu procurava por chamadas recentes eu atravessava o beco estreito, a chamada começou a ser feita, e o meu coração bateu com força, lágrimas salgadas estavam pronta a eclodir e assim que a voz suave do Dean sopra um "bom dia" o telemóvel é tirado das minhas mãos, uma mão forte atira-o contra o chão e vidro é feito por todo o lado. Eu grito e lágrimas descem pela minha cara, enquanto eu me encosto a parede e tapo a minha cara com as mãos. Eu sinto que vou vomitar, que a minha cabeça vai explodir com a força com que bateu no tijolo, a minha respiração não existe, e começo a entrar em pânico. Tal como em elevadores, mas dez vezes pior. Tudo está escuro e quando um grande par de mãos agarra os meus braços com força, para me fazer tirar as mãos da cara, grito com força, muita força.
-não!- eu choro debatendo-me.
-não! Não caralho! Não digo eu merda!- a voz rouca, parece piorar o meu estado de embriagues, as mãos descem da minha cara devagar, e o Harry está á minha frente, os olhos firmes, zangados, e odiosos, a sua expressão é dura, pior que medo vem através de mim. Eu nunca vi um estado tão grandioso e poderoso na sua cara, tudo nele é negro, odio ferve dele para mim, e sinto o meu corpo gelar. Estou a tremer de susto, estou tremer porque não sei o que fiz, ou que ia fazer.
-o que...
-anda!
E sou conduzida para fora do beco, a luz da cidade no outro lado faz-me virar a cabeça e olho. Os meus olhos percorrem o corpo alto do Dean e posso ver enquanto um sorriso brilha nos seus lábios, enquanto o Harry me arrasta para a frente, impedindo-me de olhar novamente.
-Harry para!- a minha respiração é cansada e não consigo andar mais, réstias do pânico que senti parecem saltar e não posso conter-me, preciso de parar, e puxo o meu braço com força para fora do aperto dele.
Finalmente ele vira-se e quando chegamos á entrada da universidade novamente. Lágrimas quentes ainda estão na minha cara, e congelar devido ao frio intenso de Fevereiro. Mesmo com luvas, um gorro, e boas camadas de roupa, sinto-me fria, vazia.
O Harry aponta para o Mark e este aproxima-se.
-quero-a no carro.- o Harry manda e quando me preparo para abri a boca sou cortada.
-Hoje. Não. Sophia.- ele soletra para mim e encolho-me.
Ele anda para o lado aposto ao meu, para dentro da universidade e eu sigo Mark, ele parece zangado, mas sei que ele está em apuros porque eu me ia metendo em apuros. Entro para o carro e passado algum tempo tenho que falar.
-pode ligar o ar quente?
-claro menina.
Fecho os olhos e aprecio a sensação quente dentro de mim. Pelo menos até o meu cérebro me mandar o reconhecimento do que acabou de se passar.
Ele sabe, de alguma maneira que me passa ao lado ele sabe de tudo o que se está a passar, sabe que o Dean voltou, foi por isso que ele foi até mim, foi por isso que ele me encontrou, é por isso que ele está zangado, porque descobriu, que eu sabia e não lhe contei.
A porta de trás é aberta e o frio varre a minha pele, os olhos do Harry não são mais que verde oco e maldoso enquanto ele agarra a minha mão.
-Podes ir, deixa este carro na empresa e troca-o por outro.
-sim senhor.- Mark diz e eu pulo para for do SUV.
O Harry abre a minha porta e subitamente apetece-me chorar, não por medo, mas pela distancia com que ele está de mim, ele não me disse nada se não pequenos monossílabos. É como se eu nem existisse. É como se eu tivesse feito algo tão grave, que ele preferisse que eu não estivesse aqui.
Quando saímos do estacionamento sinto finalmente falta do telemóvel, que ficou desfeito no concreto, o Niall vai ficar preocupado, devia mandar-lhe uma mensagem.
Tento chegar ao Iphone do Harry no tablier e assim que o agarro sinto os olhos dele em mim, quente, como a querer queimar-me.
Rapidamente me lembro de que não sei o número de cor então mexo o aparelho entre os meus dedos, enquanto o silencio ensurdecedor toma conta do carro. As árvores passam por nós depressa e o Harry aperta firmemente o volante, os nós dos dedos brancos enquanto ele range o maxilar. Tensão erradia dele, mas eu diria que sou eu quem está mais apavorada, lembro-me de discussões, todas elas eram barulhentas, todas elas eram esmagadoras pelo barulho e atividade verbal, e doía, mas a dor no meu peito agora que ele se recusa a falar comigo é ainda pior. É como se o facto de ele gritar o fizesse puxar para fora, o fizesse deitar os problemas, mas agora ele não está a fazer nada disso. Ele está fodidamente calado.
O silencio é melhor arma de todas, ele magoa, e faz-te pensar. Faz-me pensar que eu devia ter dito ao Harry, mas que eu tinha medo, medo de quando o Dean disse que era melhor eu ser sensata e não dizer nada. Eu fui horrível, mas o medo tem um poder esmagador sobre ti, ele faz-me encolher, a tua personalidade morre para o medo se apoderar de ti, do teu corpo, da tua vida. O medo é um jogo que deve ser jogado com cuidado, subtilmente ele é bom, mas com a força com que ele atuava sobre mim agora era horrível. Eu sentia que estava tudo por um fio, que esta mentira, ou o facto de eu não ter contado nada tinha deixado a nossa relação por um fio, algo fino e frágil, prestes a desvanecer se ninguém o parasse.
Encosto a cabeça ao vidro frio do carro e deixo que tudo seja levado, não quero saber do quão estupida fui, não quero saber se errei, não quero saber, não quero saber e não quero saber. Sou tão humana como ele, e erro tanto ou mais do que ele. Não estou preparada para um julgamento da parte dele, não estou preparada para deixar isto ir, mas se se for, se realmente isto se for vou pelo menos ter a culpa em mim desta vez. Vou saber que a culpa foi minha, porque não falei com ele, porque lhe dei o discurso do "falar e confiança" e no fim fui pelo atalho.
É o que é, e não posso voltar a atras.
A lareira está acesa no escritório do Harry, é moderna, cinza e a chama é tão falsa como a sensação de que está tudo bem que tento transmitir ao Niall quando chego a casa. Os olhos do Harry não saem de mim por um minuto e tento desesperadamente manter firme, manter-me solida.
Entrego-lhe o telemóvel para as mãos e ele dá a volta á secretaria sentando-se. O silencio é duro, e neste momento queria que ele gritasse.
-tens alguma coisa para me dizer?- ele inclina a cabeça, o seu tom calmo. Grita, berra, mas para de ser alguém que eu não conheço.
-não.- encolho os ombros. Vou faze-lo vir á tona, como ninguém faz, isto é o que ele faz no seu trabalho, mas eu não sou trabalho, eu quero descontrolar-me e vou leva-lo comigo.
O seu riso cínico leva tudo para trás.
-algo me disse que essa era a tua resposta.
-é bom, pelo menos estás a falar.- encolho os ombros.
Os seus dedos brincam com o seu lábio inferior e apanho-me distraída pela corrente elétrica zangada á nossa volta.
-incomoda-te o meu silencio?- ele puxa.
-bastante, na realidade é estranho, tudo o que fazer é gritar.- estou a ser insolente, estou a puxa-lo para fora.
-porque é que eu grito?- apetece-me dar-lhe uma resposta aguda, mas penso bem na minha escolha.
-porque não gostas da maneira como eu faço as coisas.
-não. Grito contigo porque se eu te disser apenas que não gosto tu riste-te e continuas, se eu gritar tu vais lembrar-te e evitar...pelo menos era a minha logica. Agora mudei de tática.- os seus lábios adquirem aquele tom perverso no mau sentido, aquele sorriso e olhos zangados.
-queres que eu lamente, e eu não lamento. Ia fazer algo, mas pensei que...
Ele risse um riso alto e rouco que me provoca arrepios.
-tu achas que é pela merda que ias fazer? Não Sophia, eu estou assim porque tu foste hipócrita, inocente e idiota, de todas, a que mais foste foi idiota. A tua hipocrisia foi tão grande que me deixou sem palavras, tu exiges tudo de mim, eu tenho que ser bom, mas e tu? Tu não tens nada do que exiges de mim, tu puxas e puxas, mas não te empurras a ti mesma. Olhas para ti como uma mulher imbatível, e sabes porque? Porque de cada vez que vais meter o pé na armadilha eu puxo-te, mas um dia, eu posso não chegar a tempo, por causa da tua irresponsabilidade.
-eu não acho que sou imbatível, mas eu não sou tão fraca como tu me julgas.
-o problema não é o que eu te julgo, é o que tu te julgas. Diz-me, nesse teu plano brilhante o que ia acontecer se o fosses ter com ele e ele levasse uma arma, ou quando ele falou contigo da primeira vez, que ainda não sei quando foi, tivesse uma arma. Tu não és forte Sophia, tu és frágil, se eu te largar tu vais partir-te em milhões de pedaços.
Levanto-me da cadeira, os meus pés viram-se para ir embora quando a sua mão se envolve no meu pulso, e me puxa.
-tu vais dizer-me agora que merda foi que ele te disse ontem Sophia. Agora!- eu posso ve-lo a lutar.
-tu tens a certeza que tu não sabes?- merda, merda, merda.
-fodace, apenas conta-me caralho, eu não estou contra ti, estou a tentar proteger-te.
-mas a que custo?- eu grito.
-a custo de mim mesmo, se isso fizer de ti uma rapariga viva.
Ele não entende, ele nunca entenderia se eu lhe disse-se que é ele que o Dean quer, ele está sempre a pôr-me á sua frente, ele nuca entenderia que o Dean o quer morto, porque na sua cabeça a única coisa que existe é o Dean a querer-me a mim.
Levo as unhas aos meus lábios e coço com força, a dor do beijo ainda aqui está.
DOIS CAPITULOS HOJE, LEIAM O PROXIMO
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