60ºCapitulo
Musicas
Beyoncé- Haunted
Quando se está dobrada na casa de banho da universidade prestes a vomitar, percebes o quão estupida e insignificante te tornas. A minha cabeça doía como se alguém ainda estivesse a bater nela, e eu sentia-me miserável dobrada sobre a sanita a despejar todo o conteúdo do meu estômago. Lágrimas secaram a minha pele e eu ainda estava confusa em como tudo se passou, eu não tinha uma visão destas á meses, e certamente eu esperava nunca mais voltar a tê-la.
Mark tinha prometido esperar no carro todo o dia tal como o Harry tinha dito ontem, antes de adormecermos e de ele ter repetido o quanto o seu aniversário foi o melhor vezes e vezes sem conta.
Os meus pés mexiam-se nervosamente enquanto o Niall dizia estar a chegar, sinceramente eu não queria ir para dentro sozinha, não que eu não fosse capaz mas já que eu tinha o Niall eu ia certamente aproveitar para não andar sozinha.
O meu telemóvel vibrou na minha mão em como o Niall estava a chegar, ele tinha estacionado mais longe, mas ele estava perto agora. No entanto enquanto eu esperava a minha cabeça doeu de uma maneira familiar terrível, no entanto não podia ser nada, eu tinha sido claramente informada, de que se eu não provocasse as minhas próprias visões eu estava livre disso agora.
-hey.- O sotaque forte do Niall partiu-se numa pequena tosse.
-bom dia, nós estamos atrasado.- eu disse soprando para as minhas mãos congeladas. Fevereiro no Reino Unido era terrivel.
-tudo bem, eu tive alguns problemas em encontrar um estacionamento.- ele gentilmente acariciou o meu ombro.
-está tudo bem, mas nós devíamos mexer os nossos pés.- riu-me.
-tu estas bem?- Tu estás meio pálida...mais do que tu és.- a sua risada fez a minha preocupação ir para longe. O seu sorriso fácil abriu o meu, e em segundos a minha pequena dor de cabeça foi esquecida.
-então como foi o teu dia ontem?- ele sorriu-me.
-bom, fui a jantar com o Harry, e depois tivemos patinagem.- sorriu com a memoria de estar entrelaçada na cintura do Harry enquanto ele patinava.
-isso parece tão fixe e romântico, eu devia levar a Emma a algo como isso, ela queixa-se o tempo todo.
-tu tens uma namorada?- primeira eu estava feliz, e eu pensei em double date, depois percebi que o meu namorado não ia alinhar numa coisa como essa.
-yap, ela é linda.- a sua voz vibrou em amor, e encontrei-me a pensar se de cada vez que eu falava no Harry a minha voz ficava assim, doce e caramelizada como o nome dele pinga da minha língua.
-céus isso é fantástico, tu vives com ela?- eu gostava de saber se eu sou a única a viver com o meu namorado aos 18.
-noup, ela vive com os seus pais ainda. Nós somos jovens demais para isso eu acho.- ele riu-se.
Não me imagino a namorar com o Harry sem realmente viver com ele, é meio estranho de pensar, isso implicaria que ele fosse a minha casa, e eu á dele, e que nós não estivéssemos constantemente a lidar um com o outro. Eu sou orgulhosa de como a nossa relação tem funcionado, mesmo com ciúmes, e brigas, e a má escolhas do Harry. Vendo o nosso inicio, eu diria que nós somos melhor agora.
-woow, tu não tens saudades?- eu dou um murro amigável no seu ombro querendo descobrir.
-sim, ás vezes eu gostava que ela pudesse ir para minha casa durante a semana, mas os seus pais não deixam, então nós temos sempre as tardes e os fim-de-semanas.
A nossa conversa é bruscamente posta de lado quando o professor de geometria tenta fechar a porta do auditório na nossa cara.
-nós estamos aqui.- o Niall ruge. É um tom muito duro para a sua cara de bebé.
-eu percebi Mr.Horan, mas você e a sua colega estão ambos bastante atrasados.
O professor é alto, cabelo preto e olhos cinzentos duros, os seus lábios numa linha fina, e o nariz direito. Ele tem uma postura ditatorial e eu tento passar para dentro da sala atrás do Niall.
-e você é?- o meu professor de historia parece ser o único professor de jeito.
-Miss.Black, sou nova.- olho para os olhos cinzentos e ele parece de alguma forma conhecer o meu nome.
-ótimo, entre, mas tente não se atrasar novamente.- ele pede.
Passo por entre as cedeira e vou até onde o Niall se sentou, e corro para literalmente. Não quero ficar sozinha agora que estou certamente numa lista de alunas que chegam atrasadas.
-não te intimides por ele, não gosta de ninguém.- o Niall é brincalhão no seu tom.
-parece que ninguém nesta universidade realmente gosta de alguém.
Então somos silenciados pelo professor que aprendi chamar-se Mr.Mitchell ele não fala mais que o essencial e eu tento acompanhar algumas das coisas que ele diz, mas a minha cabeça parece estar a querer focar-se noutra coisa, algo mais forte que ângulos.
E de cada vez que tento empurrar a sensação para trás ela parece ganhar força, como um tsunami, a ganhar espaço. Eu preciso de sair da sala antes que isto exploda.
Levanto a mão e tento conter a minha dor de cabeça.
-Miss.Black?
-eu preciso de sair, eu não me estou a sentir muito bem.- eu começo a ver dois de cada pessoa na sala.
-tem a certeza de que é mesmo necessário.
-ela não se está a sentir mesmo bem, desde demanhã.- o Niall pede por mim.
-tudo bem, pode ir.- ele despensa e o Niall levanta-se comigo.
-tu ficas.- eu baixo-o e sai pela porta da frente.
Tudo parece desfocado quando olho em volta e lágrimas querem saltar, não de dor, mas de impotência, eu pensei que isto tivesse acabado, mas aqui está, tudo a voltar para mim.
Quando vejo a casa de banho abro a porta de um dos compartimentos e dento-me em cima do tampo da sanita. E espero.
Espero.
Espero.
E quando a dor volta, desta vez com mais força do que antes, sinto-me ser engolida, para um lado de mim que pensava que tinha perdido.
Estou literalmente perdida, olho em volta e tudo o que vejo é um enorme edifício, um escritório, a sede de uma empresa, as pessoas mexem-se agitadas de um lado para o outro, e isto é vagamente parecido com algo que já vi, mas que a minha mente tenta esconder de mim agora.
O edifício é de vidro, e mesmo cá dentro posso ver neve a cair lá fora, as ruas são revestidas de branco e efeitos natalícios, e reconheço imediatamente a cidade como Nova York, apenas oque não encaixa, é o porque de eu estar aqui, a ver gente a mexer-se de um lado para o outro.
Fecho os olhos e quando volto a abri-los estou na casa de banho, oiço soluços apertados, de um dos compartimentos e toco a madeira escura da porta, mas nada, fecho os olhos outra vez, na esperança de mudar de cenário, mas nada acontece. Estou outra vez na casa de banho.
A porta abre-se de repente, e salto para trás. Os meus olhos arregalam-se com a visão da mulher á minha frente, tapo a minha boca em choque com o que tenho á minha frente. Ela vira-se para o espelho e limpa as lágrimas da cara, ela continua a ter os mesmos olhos verdes, os mesmos lábios, e as mesmas pestanas curtas.
No entanto ela parece uma mulher agora, uma saia lápis encaixa-se sobre ela revelando curvas que nunca reparei, uma camisa branca acentuando na perfeição o seu peito e expondo o suficiente de pele, e o cabelo anormalmente bagunçado, está perfeitamente liso, no entanto algo não mudou, ela não usa maquilhagem.
Os seus olhos estão vermelhos de tanto chorar, e ela vai á sua mala puxando um lenço para limpar os olhos. Ela deixa cair o telemóvel caro no chão, e dou um passo atrás quando o nome "Harry" brilha na tela. Ela soluça alto e eu embato na parede.
Ela sou eu, mas ela parece arruinada.
Assusto-me quando outra rapariga entra na casa de banho, desta vez ela ela parece preocupada, comigo. Ela é muito, muito alta, mesmo sem os seus saltos gigantes, ela parece ter um metro e oitenta.
-Meu Deus Soph, o que se passa? A reunião é em dez minutos.
-eu não posso ir.- a minha voz é cortada.
Porque é que ela não pode ir? porque é que o Harry está a ligar e ela não atende? ela sou eu, então porque é que ela não lhe esta a atender?
-Porque não? É a tua oportunidade, tens este projeto desde que acabaste a licenciatura.
-eu sei, mas... encontrei alguém.-conheço olhar na cara desta Sophia, ela tem medo. Mas ela não tem que ter medo, ela só precisa de atender ao Harry.
-quem?- a rapariga alta pergunta.
-ele.
O meu coração para quando o meu eu, volta para a casa de banho e despeja tudo na sanita, medo, tremores e frio dentro de mim enquanto vejo a sua amiga apanhar-lhe o cabelo.
Foi a visão mais estranha que tive até hoje, nada parece bater certo, e agora não consigo parar de vomitar, o meu estomago está vazio, mas a imagem perpetua-se na minha cabeça, vezes e vezes sem conta.
-Sophia?- a voz do Niall soa na casa de banho feminina.
-dá-me um minuto.- volto a contorcer-me e outro espasmo percorre o meu corpo.
Respiro fundo e tento controlar-me, preciso de parar, ou nunca vai acabar, a minha cabeça é muito forte, e neste momento roubou toda a energia do meu corpo para alimentar a minha visão.
-Niall? Podes ir até a cafetaria e comprar um bolo, um pequeno, eu preciso de comer.- peço-lhe.
-tudo bem, mas se não estiveres lá em cinco minutos venho buscar-te.- a sua voz é preocupada.
Quando a porta bate, levanto-me com esforço, e saio para me olhar ao espelho, estou branca como cal e os meus lábios estão roxos, forço-me para a frente e lavo a minha cara, o sabor desagradável na minha boca.
Limpo a cara ando para fora da casa de banho, estou tonta, a minha cabeça quer força-se a ver tudo em dois, e tenho que me sentar no banco á frente de uma das salas para não cair.
Mas por muito necessitado que o meu corpo esteja, tudo o que vejo é a minha imagem no espelho, mas não a minha imagem de agora, mas como eu parecia na minha visão. Eu parecia uma mulher, não uma miúda, mas algo esta a assustar-me terrivelmente, isso leva-me a pensar se daqui a três anos, todo este pesadelo não terá terminado.
O Niall aparece á minha frente com um pequeno muffin de chocolate, e sorriu enquanto tiro pequenos pedaços com os dedos.
-tu não tomaste o pequeno-almoço?- ele pergunta.
Na realidade eu esqueci-me, eu estive tanto tempo na cama com o Harry que ás sete eu apenas sai disparada para o carro, onde o Mark estava.
-não.- murmuro pondo outro pedaço de bolo na boca.
-não será melhor ires para casa?- a minha cabeça dói e pela primeira vez tomo bom senso de mim mesma e aceno afirmativamente.
-sim, vou buscar as coisas.- quando tento levantar-me ele sorri e levanta-se ele.
Estou agradecida enquanto tento pôr ordem na minha cabeça, quando o Niall volta agarro a minha mala, e abraço-o carinhosamente.
-estou de volta amanhã.- digo-lhe.
O ar frio atinge a minha pele e vejo o mercedes preto parado a alguns metros de mim, no entanto algo á minha esquerda se move rápido. Olho para lá e não vejo nada, o vento levanta-se, e eu tento concentrar-me em andar até ao SUV.
Quando chego perto Mark sai do carro.
-Miss.Black?- ele tira-me a mala do ombro.
-senti-me mal.- encolho os ombros e ele abre-me a porta de trás.
Quando me sento no cabedal macio afundo-me e fecho os olhos, a minha cabeça parece ter pequenas sequelas da dor de cabeça.
Sinto o carro em movimento e só isso me faz abrir os olhos.
-posso perguntar o que se passou?- ele pede.
-não tomei o meu pequeno almoço, então senti-me mal.- murmuro e encosto novamente a cabeça ao vidro gelado.
-oh já comeu alguma coisa?
-sim, um muffin.- completo.
-tudo bem Miss. Black.
-Mark?- chamo.
-sim Miss.Black?
-é Soph. – murmuro enquanto perco o resto da consciência que ainda me resta.
O ar frio sopra contra a minha cara e abro os olhos. A primeira coisa que vejo é o Harry com uma cara nada amigável, os seus lábios estão numa linha dura, as sobrancelhas franzidas e não há nada de amigável nele. Fecho os olhos e espero que seja eu a sonhar.
-continuo aqui.- a sua voz rouca faz-me arrepiar e diz-me que é real.
Ele passa os braços pelas minhas pernas e costas e iça-me para o seu colo. Enrolo os braços á volta dele e abano os pés olhando em volta, vendo que isto não parece a garagem de casa.
-onde estamos?- pergunto.
-no meu escritório.
Ele carrega no botão do elevador e tento sair do seu colo.
-para quieta fodace.- ele manda devagar.
-qualquer pessoa pode entrar.- cuspo de volta, embora a minha cabeça lateje com o tom alto que usei.
-ninguém vai entrar até eu estar no meu piso, depois ponho-te no chão.- ele resmunga.
-porque é que estou aqui?- finalmente regresso a mim.
-o Mark ligou-me.- claro que ligou
-como pudeste ser tão irresponsável, ficar horas sem comer? Tens cinco anos? Preciso de dizer-te tudo o que deves fazer?- ele finalmente explode.
Aceno negativamente com a cabeça não querendo realmente uma discussão.
-pois parece, estás sempre a fazer algo como isto.- ele puxa-me mais para ele, e encaixo a cabeça na curva do seu pescoço, o cheiro a maçãs do seu cabelo arrepia-me mas faz-me imediatamente sentir melhor.
-vais ficar aqui até eu sair, podes dormir no sofá.
-Harry sou uma adulta, posso ficar em casa.
Os olhos dele queimam intensidade quando olha para mim, os lábios molhados, a sua língua passa repetitivamente por eles, e encontro-me dividida entre os seus lábios, e os seus olhos.
-mas podes ficar aqui comigo, e deixar-me olhar por ti.
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