4ºCapitulo
Eu revirei-me na cama e os meus olhos pararam no teto. Eu tinha os meus olhos irritados, e eu não hesitei em esfrega-los para obter algum alivio, eu abracei a minha ovelha com mais força, e ao mesmo tempo eu fechei os meus olhos. Eu senti as lágrimas a virem outra vez para mim, mas eu empurrei-as para baixo. Eu não me tinha dado ao trabalho de fechar o estore, nem de tirar a t-shirt com que estava a dormir á quase cinco dias. Eu não sou uma porca de qualquer maneira, eu tenho tomado banho duas vezes por dia. Um comportamento irracional, que percebi ser causado pelo meu desgosto. Eu tomar banho é uma forma do meu sistema se tentar livrar do dia em que ele me deixou, como a lavar tudo, embora não resulte, eu sinto-me fresca e limpa.
Eu não fiz outra coisa em cinco dias senão chorar e dormir, eu não me levantei muito mais do que o necessário. No segundo dia eu achei que poderia ser uma heroína e arrumei o quarto, o que apenas resultou numa sessação forte de choro e soluços. Eu arrumei a roupa do Harry, eu pus de volta as cama, cada uma no seu canto, e pela primeira vez em meses eu dormi na minha própria cama.
Hoje é o primeiro dia que não acordo a chorar, e sinto isso como um progresso. Eu tenho evitado as chamas dos meus pais, e eu envie uma mensagem ontem a dizer que estava bem. Eu não falei com a Kate, e não estou nem ai, tudo o que eu planeio fazer é amanha voltar às aulas.
Eu tenho evitado olhar muito em volta de mim, porque qualquer coisa me vai fazer chorar, mas eu vou vê-lo eventualmente, e claro eu tenho consciência de que ele tem que vir buscar as coisas dele. Ele deixou roupa, e a guitarra, oh e claro ele deixou os cacos do meu coração espalhados pelo chão da nossa sala.
Eu tenho pensado no assunto de ir trabalhar para a loja de sumos, eu vou pagar isto sozinha agora, e talvez os meus pequenos rendimentos da bolsa, e dos meus pais do natal não sejam suficientes. Eu ponho as pernas para fora da cama, e esfrego a minha cara.
Eu preciso de começar com pequenos passos, apenas coisas simples que eu posso fazer sem ele, eu tive um choque enorme no meu organismo porque eu estive com ele por meses, e de repente não o ter foi um choque total, mas eu não vou ficar a chorar a minha vida toda. Quantas raparigas já não tiveram um desgosto de amor? Todas elas estão vivas, isto é apenas uma questão de tempo eu espero. Eu amo-o, mas ele decidiu amar mais o ego dele em vez apreender a lidar com a situação. Eu compreendo-o, mas ele disse que nunca me ia deixar, e aqui está ele, a fazer o contrário.
Eu visto-me depressa, o dia está estranhamente solarengo tendo em conta os temporais que houve por aqui nos últimos dias. Eu visto uma camisola de lã e os meus velho jeans, eu enfio as minha botas nos meus pés e eu agarro o meu gorro bordô. Quando eu lhe pego eu tenho vislumbres do Harry a baixar-se para me o por na cabeça.
Eu abano a cabeça rápido, e limpo a memória. Eu vou até a cozinha e eu olho para ela. Eu não comi grande coisa, eu bebi muito chá, e eu acho que isso foi tudo o que consumi por cinco dia, chá.
Eu volto a preparar uma chaleira de chá, e enquanto a água ferve, eu visto o meu sobretudo preto. A chaleira apita e eu deixo o meu chá lá dentro durante mais do que o tempo necessário. Eu gosto do meu chá forte, twinings é forte, e tem café o que me vai ajudar a ficar de pé. Eu despejo o chá para a minha garrafa e eu começo a beber enquanto ponho a minha mala sobre o meu ombro.
Eu saio de casa e eu tento mesmo respirar o ar frio, mas eu tenho ficado isolada do mundo por cinco dias, a respirar o ar quente e confortável de cada, e o ar agreste de Oxford não me ajuda em nada. Eu caminho pelos passeios da universidade, enquanto e eu beberico o meu chá. Eu deito aquele típico fumo pela boca, quando bebo o chá e isso faz-me sorrir. O primeiro sorriso em dias.
Eu chego aos portões enormes da universidade e ando mais alguns metros até ver a loja de sumos do outro lado da estrada, atravesso a estrada, e quando chego oiço o som familiar da campainha a indicar que entrei soa.
Eu não vejo o Dean em lado nenhum, e a única pessoa ao balcão é a Tiffany, ela enrola o seu espesso cabelo loiro em volta do seu indicador, enquanto folheia algumas revistas.
Eu aproximo-me do balcão e eu sei que ela não gosta de mim, e que provavelmente é porque ela gostava do Harry, mas eu não estou com o Harry agora, então eu só preciso de ser simpática.
-Bom dia.- eu sorriu.
Ela levanta a cabeça e olha para mim como se eu fosse um extra terrestre.
-Hey.- ela finalmente murmura.
-Sabes aquilo de substituir o Dean? Eu queria tentar.- Eu estou mesmo a ser educada, então é bom que ela não venha com nenhuma investida, porque não estou preparada para chorar na frente dela.
-bom podes preencher aquele impresso.- ela aponto o indicador para o fim do balcão.
Ela não é rude, mas também não é simpática. Eu ando até lá e preencho todos os espaços. Até aquela pergunta irritante de "Porque quer ficar com o lugar" sinceramente, é obvio que se me inscrevo quero é trabalhar para ganhar dinheiro. Eu tagarelo alguma coisa como adorar o estabelecimento e se situar perto da universidade.
Eu escolhi o horário das 15:30, porque todas as minhas aulas acabam nesse horário. Alguma no entanto requerem mais atenção, mas eu posso afinar alguns pormenores sobre isso se for escolhida.
Eu entrego-lhe o papel, e sorriu-lhe agradecendo. Eu caminho para fora do estabelecimento, e eu vejo um vulto encostado a um carro no fim da rua. Eu cerro os meus olhos para ver, e eu não posso evitar o meu coração palpitar enquanto eu penso na possibilidade de ser o Harry. Eu quero vê-lo, mas ao mesmo tempo eu não quero. Eu sei que eu vou chorar, e eu não quero.
Eu vejo que o homem é alto demais mesmo para o Harry e eu ponho de parte a ideia. Eu caminho na direção dele, porque a universidade fica para aquele lado. Eu vou me apercebendo de que ele está a olhar para mim, mas mesmo assim ele tenta parecer despercebido. Ele encosta-se ao carro, e eu passo por ele. Ele está vestido de preto.
Eu sinto um arrepio e eu penso se foi porque o vento se levantou, eu olho para as janelas do carro e eu não vejo nada lá dentro, por uns segundos eu fixo o meu olhar no vidro do carro mas vejo apenas névoa, meu coração salta, o que me faz andar mais depressa.
Eu estou a ficar paranoica só pode ser isso. Era só um homem encostado a um carro, não pode acontecer grande coisa. Milhares de pessoas passaram por ali, certamente ele está á espera da filha, ou da namorada.
Eu cruzo os portões da universidade e caminho de novo até ao apartamento. Estar a ir sozinha para o apartamento é meio estranho, assim como sair, mas eu vou ter que me habituar a viver sozinha. Inicialmente era esse o objetivo desta viagem, mas tornou-se mais do que isso.
Eu digo bom dia ao Nathan, mas ele para-me com um sorriso.
-Soph.- ele sorri.
-precisa de alguma coisa Nathan?- franzo o sobre olho.
-está aqui a renda deste mês.- ele entrega-me o envelope e eu finjo um sorriso.
-obrigada Nathan.- eu agarro e volto ao meu caminho.
Eu tenho a certeza que Nathan reparou que o Harry não tem estado em casa, eu acho que todos no nosso edifício tem reparado nisso. Eu não tenho saído, e ele saio e não entrou. Então eu acho que é uma questão de tempo até se começar a comentar o facto de ele ter saído.
Eu abro a porta de casa, e eu vou distraída com o envelope, eu oiço Mr.Whitte ronronar, e levanto a cabeça para lhe sorrir. Ele tem-me feito companhia e eu aprendi que ele pode ser um incrível consolador sem abrir a boca como as pessoas.
Eu deixo a carta de lado, e eu pego-lhe. Ele está muito maior do que ele era, mas não muito no entanto.
Eu vou até a dispensa e eu tiro uma lata de comida para ele. Eu poiso-o no chão e dou-lhe a comida para uma taça.
Enquanto ele come, eu percebo que a minha fome não voltou e que mais uma vez eu tenho-me "alimentado" por chá. Eu vou comer alguma coisa como bolachas talvez.
Eu vou até ao quarto e eu troco-me para um pijama quente e confortável. Eu deixei a t-shirt do Harry debaixo da almofada. Quando eu estiver preparada para deixar a t-shirt eu vou deixar, mas eu continuo a precisar de alguma segurança á noite quando eu estou a ter alguns pesadelos.
Eu agarro o meu telemóvel e atiro-me para o sofá enquanto eu ligo a minha televisão, é quase uma da tarde e eu não tenho vontade de voltar sair de casa. Eu acho que se eu não fosse tão energética eu ia deixar-me ficar em casa até ter oitenta anos. Mas mesmo assim eu preciso de gastar alguma da minha energia visto que eu só tenho dormido.
Eu ligo a televisão para ter alguma ilusão de companhia mas não estou mesmo a prestar atenção enquanto passo o dedo pelas aplicações no telemóvel. Eu escolho um jogo aleatoriamente eu tento prestar alguma atenção, mas eu não consigo. Eu preciso de uma distração a sério, então eu lembro-me de uma espécie de terapia.
Eu corro e busco o meu bloco de desenhos enquanto eu pego numa caneta preta. Consiste em desenhar imagens abstratas, uma de cada vez e preenche-las até nada caber dentro da imagem, e assim até formar um grande conjunto. Não parecendo acalma-me e relaxa-me bastante.
Eu mexo a caneta sobre o papel e eu acho que vou conseguindo um bom desenho. Mas eu canso-me então eu acabo a desenhar uma caricatura estupida da Mélanie, a chefe de claque do meu liceu.
Eu riu-me com a minha imitação e deixo a minha cabeça descansar na almofada. É a primeira vez que passo umas horas sem chorar e está a ser mais fácil do que pensei, talvez o tempo cure mesmo tudo, a mente humana é bastante forte, mas tem um dom de também poder ser incrivelmente fraca quando quer. Eu posso tentar não pensar nele, mas a minha memória vai reavivar casa momento, cada beijo, e cada sentimento.
Eu assusto-me quando a campainha toca, e o meu coração bate. Será ele? Eu tento parecer normal e fazer com que o meu coração se acalme, mas enquanto eu ando até á porta eu rezo para que seja ele, mas ao mesmo tempo não. Porque eu não saberia como lidar com ele mesmo que eu quisesse.
Eu abro a porta, e a minha boca cai ao ver quem me tocou á campainha.
-Olá Sophia.
E as lágrimas querem voltar, eu quero rebobinar e nunca ter aberto a porta, e eu não quero que o medo tome conta de mim neste momento, mas é exatamente o sentimento que predomina em mim.
Medo
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