26ºCapitulo
Oiçam a mesma musica do capitulo anterior
Uma gargalhada rouca fica presa no fundo da minha garganta. Estou a ficar realmente instável, mas algo na maneira como ele falou comigo me assustou, me assustou mesmo a ponto de me fazer rir. A minha cabeça descai para as minhas pernas e eu fico feliz por ter umas meias agora nos meus pés, caso contrario eu teria alguma dificuldade em levantar-me.
-tu não podes dizer-me o que fazer.- um murmúrio sai de mim.
Ele vira-se para mim lentamente, a sua expressão zangada, os olhos de um verde glaciar e a maneira como ele passa as mãos pelo seu cabelo, despondo dos seus caracóis em vários formatos.
-eu não sou tão forte assim Soph, o meu autodomínio é ténue, no melhor das hipóteses, então não puxes por mim.
-tu estas mesmo a tentar assustar-me, e sabes que mais, se me dissesses que porra se passa eu não faria nada.- eu vou até ele. Os nossos peitos a tocarem-se, ambas as nossas respirações furiosas.
-tu estas a ameaçar-me agora, mas eu não sou como qualquer um. E tu minha linda menina não me podes ameaçar de algo.- a sua voz muito próxima, ele está a pairar sobre mim, e eu preciso de inclinar o rosto para trás ver melhor.
-eu não estou a dizer que vou puxar isto de mim novamente, eu tive a minha dose, mas eu preciso que fales comigo.- eu tento apaziguar as coisas, eu não quero uma discussão construída a partir de gritos.
-tu estas salva, tu não precisas de saber mais nada por agora.- ele avança mais para mim, tão perto que o seu queixo está na minha cabeça.
-eu vou descobrir, contigo ou sem ti.
Eu afasto-me dele, mas não o suficiente para quando ele apanha os meus pulsos, ambos na sua mão esquerda. A maneira firme como ele os mantem lá, como ele me mantem no meu lugar. Como a lembrar-me de quem manda. Mas aqui está a questão, não é ele quem manda, e se antes eu o deixava controlar-me e me inferiorizava, agora eu percebi que eu não vou deixar isso acontecer.
-tu vais largar-me Harry.- murmuro.
-e se eu não quiser largar? Ambos sabemos que eu posso ter-te presa.- ele avança para mim. E como se ele estivesse certo ele aproxima as minhas costas da parede, os meus pulsos contra o meu peito enquanto ele faz força. Ele magoa-me o meio do meu peito enquanto força os meus pulsos contra mim.
-é esse o tipo de homem que vais ser por eu querer ser uma mulher independente? Vais estar a magoar-me?- a minha voz falha quando sinto o anel dele pressionar a minha palma e a seguir ele me larga.
-desculpa...eu...- ele começa, mas eu abano mão á sua frente fazendo-o calar-se.
Quero chorar, mas eu tenho ido tão bem na minha luta contra ele que eu avanço em passos rápidos para o quarto e fecho a porta. Nenhum barulho é ouvido, do lado de lá da porta que eu penso que ele está a processar o que ele fez e a maneira rude como me tratou como se eu valesse menos que ele.
Eu tiro a sua t-shirt do meu corpo e dobro-a calmamente metendo-a em cima da sua comoda. Faço o meu caminho para as minhas gavetas e enfio um par de jeans pelas minhas pernas, e enquanto faço metódicas ações do dia-a-dia, percebo que estou mesmo profundamente magoada como ele, e como a maneira como ele tenteou fazer-me submeter. Quando troco a minha camisola posso ver as marcas no meu peito, são de um vermelho esfumando, mas vão sair em minutos, ainda assim eu posso ver a pequena marca do anel que eu lhe dei perto do meu seio esquerdo.
Sinto quando os meus olhos se esforçam por não rebentar em lágrimas e avanço lentamente para a cama. Os meus pés e serem puxados para as botas pretas enquanto eu ato uma das fivelas.
Eu não sei o que eu tenciono fazer a seguir, mas eu não vou ficar aqui a pensar o que vem a seguir, eu vou embora por um par de horas e talvez ambos possamos rever o lado de cada um. Sim isso parece-me passo sensato a fazer, mesmo que eu queira estar com ele, eu aprendi por mim mesma que estar dependente de alguém não é bom, então eu tenho que me convencer de que eu preciso de mim, tanto quanto preciso dele, não apenas ele.
Quando eu saio do quarto eu vejo a figura dele, encolhida no sofá, ele levanta-se rápido quando me vê, os seus olhos atormentados e eu posso ver e sentir que a culpa o está a deitar a abaixo.
-desculpa, eu não sei o que se passou, e eu... eu.- ele não consegue acabar a sua frase e eu não tento percebê-lo.
-eu estou a ir ver se posso fazer um turno no café, e eu vou pedir-te calmamente que não apareças, e se quiseres voltar para tua casa tu estás á vontade.- a minha voz controlada, no nível de tom esperado.
-tu estas... e o nosso fim-de-semana? Eu pensei que podia ficar.
-eu disse umas horas, porque vai ser a porcaria de tempo que vai demorar até a marca no meu peito esvair então eu não te vou ver por esse tempo. E sabes que mais, eu não vou ser novamente aquela rapariga a perdoar-te rapidamente pelas coisas, eu ainda me lembro quando agarraste o meu pulso e eu fiquei com uma marca, então eu agradeço se não me apareceres á frente por uma boa quantidade de horas.
O meu discurso fica no ar, apenas o tempo suficiente para ambos o podermos processar e eu posso sentir a forma como o Harry o interioriza, posso dize-lo pela maneira como ele franze a sua testa, a maneira como ele foca os seus olhos em mim, a intensidade das minhas palavras a infiltrar-se por ele.
-Eu não quero que tu te sintas mal, mas eu não consigo controlar-te e isso deixa-me fora de mim, eu só quero proteger-te, eu morri quando eu te vi no chão e tu não podes escapar das tuas culpas por isso.- ele atira.
-eu sei, e eu fui egoísta, mas eu preciso desesperadamente de resposta e se tu não estas disposto a dar-mas, eu não sei o que mais fazer.
-eu não posso, eu não quero preocupar-te.- ele morde o seu lábio.- eu quero que tu estejas feliz.
A sua frase a enviar arrepios por mim. Eu sei que ele se preocupa excessivamente, mas eu sou uma adulta e eu resolvo os meus problemas, sempre resolvi e sempre fui confrontada com ele.
Abano a minha cabeça e saio do apartamento. Eu passo por Nathan e ele pede-me a renda do apartamento, eu esqueci-me como é meio do mês, mas eu garanto-lhe o pagamento assim que eu voltar. De qualquer forma isso está acordado para mim no meu contrato, eu recebo por semana, por isso eu devia ter recebido quarto, e eu ainda não recebi nada.
O vento frio manda os meus cabelos numa confusão, assim como a confusão na minha cabeça, e eu sinto-me gelada, por dentro e por fora enquanto eu caminho até ao outro lado da estrada para pegar o meu dinheiro, não estou tão certa de ir trabalhar mas eu preciso do dinheiro.
A campainha do café soa quando chego e por ser sábado todas as mesas estão ocupas á exceção de um bando no fundo do balcão. Eu avanço lentamente enquanto vejo a Tiffany meio atarantada com pedidos, e o meu chefe a tirar dois expressos da máquina. Quando os olhos dele param em mim ele parece ter visto um anjo.
-eu sei que estas aqui para o pagamento, mas eu pôr dez libras extras se me ajudares.- ele sorri-me.
Eu sei que a pequena quantia extra não é muito, e ele sabe que eu o faria de qualquer maneira, mas ele ainda tem o seu orgulho e eu sei disso.
-Bom dia.- eu digo-lhe.
-céus só quando não estas aqui é que isto enche.- ele rola os seus olhos em descontentamento.
Eu rapidamente guardo as minhas coisas na pequena sala dos empregados e meto um aventas verde e vermelho na minha cintura, e com um bloco nas minhas mãos eu vou anotando tudo o que os clientes me pedem o seu pequeno-almoço.
A Tifanny é surpreendentemente agradável e ajuda-me, assim como eu a ela. E num piscar de olhos a multidão começa a dispersar, as onze chegam e apenas alguns caseis recém-acordados para a manhã entram, mas a Tifanny e o meu chefe fazem questão de fazer todo o trabalho deixando-me sentada ao pé da caixa recendo o pagamento.
Quando tiro o avental e o penduro no meu cabide, Mr.Harrison entra com um sorriso.
-aqui está.- ele entrega-me um envelope que eu suponho ter o meu dinheiro.
-muito obrigada.- eu sorriu.
-obrigada eu por nos teres ajudado no teu dia de folga.
-será que eu podia ir buscar algum chá?- eu murmuro embaraçosamente.
-minha querida menina, hoje podias dar uma festa aqui que eu não me iria importar.- ele sorri e avança para o seu escritório.
-eu posso fazer-te o chá.- a voz da Tiffany fala baixo.
-isso seria simpático da tua parte sorriu para ela.
Sento-me no banco á frente dela, os meus pés a balançarem no ar enquanto eu espero que ela me sirva o meu tão esperado chá.
-eu sei que quando nos conhecemos eu fui uma cabra, mas eu agradeço o facto de me teres ajudado hoje.- ela sorri-me.
-bom fico feliz que estejas grata pela ajuda e não a despachar-me.
-sim, eu posso ser um bocado estupida.- ela passa-me o meu chá.
-está tudo bem.
Demoro o meu próprio tempo a beber o meu chá e pego no telemóvel para ver umas seis chamas não atendidas e uma de voz, todas elas do Harry. Ele sabe onde estou por isso a sua maior preocupação deve ser levar-me de volta para casa, sem ter que me vir aqui buscar, mas acontece que ainda posso sentir a sua mão a empurrar a minhas para mim própria.
-bom dia.- a voz grave do meu professor de historia da arte me chama.
-bom dia professor.- Sorriu-lhe um tanto hesitante.
-o que faz aqui a esta hora? Não devia estar em casa, talvez com o seu namorado?
-o Harry já não vive comigo.- eu digo-lhe lentamente, toda a gente parece interessada nesse facto.
-oh lamento eram um casal...
-não, não, estamos juntos, apenas ele saiu da faculdade, então ele teve de sair do apartamento.
-oh claro. Quero um café por favor!- ele pede á Tifanny e quase o vou fazer eu mesma quando ela parece mais interessada numa revista cor-de-rosa.
-já fez a pesquisa desta semana?- ele pergunta enquanto beberica o seu café quente.
-bom sinceramente eu acho que este foi o tema mais fácil que nos deu.- riu-me e levo o copo do chá aos lábios. Vejo enquanto ele acompanha os meus movimentos e sinto-me ficar vermelha, negativamente.
-a sério? Como acha que a arte influencia a sua vida Soph?- ele pergunta roucamente.
-para ser franca, a arte em si é um conceito que não me interessa apenas 10 por cento, eu ainda tenho noventa por cento de paixão por isso, mas eu quero mesmo ser uma arquiteta, construir e desenhar coisas memoráveis, eu ainda adoro museus, mas eu sinto-me melhor a ver a arte ao ar livre, é como se tudo encaixasse num grande quadro e não estivesse enclausurado em quatro paredes. A arte deve ser mantida aos olhos de todo e não apenas a quem dinheiro para ir a museus com peças magnificas.
-escreveu isso no seu trabalho?-ele pergunta genuinamente interessado.
-sim, eu sei que sai um pouco do conceito, mas é mais ou menos assim que vejo isto.
- eu sempre soube que a Sophia via tudo de uma perspetiva diferente, quase ilogicamente difere...
O telemóvel dele tocou e ele viu rapidamente quem era antes de despejar o resto do conteúdo da chávena pela sua garganta e se levantar.
-eu preciso de ir.- ele diz-me enquanto sai pela porta.
Eu vejo a sua chávena e como uma réstia de sangue ficou presa numa das bordas.
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Sooo girls? Sei que houve muito pouco Harry aqui, mas as coisas começam finalmente a encaixar-se.
Vou deixar o link do vídeo no primeiro comentário do capitulo, não se esqueçam de comentar os capítulos eu até não me importo que não votem, mas eu adoro mesmo ler os vossos comentários ahaha
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