10ºCapitulo
Saio do meu turno no café e ando até casa. É apenas uma passadeira e atravessar o portão e lá está o campus, mas hoje o caminho parece longo, demasiado longo, algo está mal e há uma sensação no fundo do meu estômago a dizer-me que fique a atenta. Rodo a minha cabeça, mas apenas vejo nada, começo a pensar que estou a ficar doida, talvez esteja mesmo.
Atravesso a passadeira e ando até ao portão, mas algo continua a estar mal. Olho de novo para trás e um homem chama a minha atenção, é o mesmo homem que estava aqui da ultima vez, desta vez ele veste uns jeans,e uma camisa. Os seus óculos a taparem os seus olhos enquanto avanço mais depressa para dentro do campus.
Sinto-o atrás de mim e ando mais e mais depressa, sei que mal passe o portão estarei a salvo, mas desta vez os portões parecem estar a quilómetros.
-Fodace.- deixo escapar quando tropeço.
Corro um pouco e vou até ao porteiro na entrada do campus, ele não me parece ser um grande porto seguro, mas neste momento tudo é melhor que aquilo, do que olhar para trás e ver um homem atrás de mim.
O porteiro pergunta-me se esta tudo bem e aceno com a cabeça continuando o meu caminho.
Eu queria tanto saber quem o homem é, mas eu não tenho a coragem de voltar para trás e tentar descobrir. Mas algo nele me deixa inquieta, como se me estivesse a espiar, como se estivesse sempre por perto nos dias em que alguém... em que alguém perto do Edward estivesse comigo. A minha cabeça dispara na direção do Harry, mas não tenho lata suficiente para lhe telefonar a perguntar.
Ainda estou abalada com o beijo, a maneira como ele me beijou apenas para manter um possível pretendente fora, talvez seja por isso que quis sair com o Dean, para o contrariar, sei como são os rapazes e o Dean vai aproveitar e dizer ao Harry, pelo caminho o Harry percebe que não me pode fazer o que quer.
Sim vou sair com o Dean por interesse, e sei o quão mau isso é sabendo do ódio que o Harry tem ao Dean, mas não posso querer apenas pensar no Dean agora, o meu objetivo é magoar o Harry como ele me magoa a mim. A maneira como ele falou de possivelmente se ter envolvido com alguém ainda está fresca na minha cabeça.
Sem pensar levo a mão ao telemóvel.
Ele atende ao segundo toque.
-Soph?- a voz suave do Dean a aparecer.
-Dean? Queres passar por cá, eu quero dizer, podes trazer uma pizza e podemos ver um filme, ou apenas jantar.- Torço os meus pés, num gesto estranho, mas que parece levar o nervosismo embora.
-oh...bom é claro, que tipo de pizza queres que leve.
-oh qualquer coisa com queijo extra .- riu-me.
-vou já comprar senhorita.- ele ri-se e eu desligo.
Saltito até ao meu apartamento e tento arrumar tudo o melhor possível. Tenho estado tão desleixada da casa em geral que tudo parece uma confusão, bom tudo era uma confusão com o Harry também, ele não era muito obcecado com limpeza, alias eu acho que ele era capaz de viver no meio do lixo.
A campainha toca e corro a abrir a porta. Mr.Whitte fica ao meu lado e acho amoroso, eu posso não ter uma boa companhia humana agora, mas eu tenho um amiguinho melhor.
-olá.- o Dean abraça-me quando entra, e tenho dificuldade em reconstruir.
-extra queijo.- ele levanta a pizza-
-preferida. Podes mete-la em cima da mesa.
Ele vai até lá e pousa-a enquanto vou atrás dele.
-nunca tinha entrado em nenhum destes apartamentos, são enormes.
-talvez com o teu novo ordenado tu possas.-riu-me.
Ele senta-se numa cadeira á minha frente e ri-se comigo. Ambos a comermos as nossas pizzas. Eu não sei como me devia sentir, mas não me parece que isto tenha sido uma boa ideia, na verdade talvez tenha sido a minha pior ideia de todas.
-é talvez eu posso, mas não posso deixar o Josh sozinho a pagar a renda.
-quem é o Josh?
-o meu colega de casa, ele precisa de tanta ajuda como eu para pagar, e trabalhar no supermercado não é muito.
Penso no pequeno filho bastardo á minha frente, em tudo o que ele deve ter passado.
-o que aconteceu ao teu pai.- pontapeio-me mentalmente quando me apercebo que as palavras saíram.
-ele está bem, numa pequena vila perto de Manchester. Ele é mais novo que o pai do Harry e ele tem uma oficina de carros agora.- ele encolhe os ombros.
-nunca te passou pela cabeça pedires um teste de ADN ao Harry e reclamar alguma coisa?- falo, e ele olha-me chocado.
-céus, claro que não o Edward matava-me, ele quase esfola o Harry por saber que ele vai ser o único a herdar as coisas. Ele preferia colocar uma bomba em tudo do que deixar aquilo tudo ao Harry.
O Harry tinha-me dito algo parecido, apenas achei que estava a exagerar. Eu pergunto-me porque poderá umpai ter tanto ódio a dar a um filho, porque não poderá ama-lo, e respeita-lo.
E de repente a coisa bate-me, o Harry está assustado, ele esperou toda a sua vida por amor, e quando descobriu que eu tinha algo de mal ele assustou-se, mais do que apenas o facto de se ter assustado com as minha visões assustou-se em perceber que eu tinha mal dentro de mim. Mas sou humana todos temos mal dentro de nós, alguns mais que outros, infelizmente o mal foi um traço que o Harry trouxe do seu pai.
Eu não podia amar outra pessoa, eu amava o Harry porque no fundo eu e ele éramos ambos demasiado imperfeitos para pessoas normais, ambos destorcidos por acontecimentos que nos fugiam ao controlo.
Eu sempre soube que o Harry era assustado com a maldade nos outros, a maneira descontrolada como ele me tentava proteger só podia ser sinonimo disso, mas ele nunca perdeu tempo a avaliar se eu tinha maldade, eu não acho que o meu "problema" seja uma maldade, mas ainda assim ele pode achar assustador a fonte de consolação dele ter algo de tão obscuro.
- o pai dele não perde tempo, pelo menos em tornar-te um aliado.- alivio.
-Soph eu não estou aqui por isso, eu nem seque estou aqui em trabalho, eu apenas trabalho com ele, isso é tudo, eu nem falo com ele de qualquer modo.- ele encolhe os ombros.
-não falas?
-não, os arquitectos só reúnem com ele algumas vezes com ele.
-e como é? Trabalhar com algo que queremos fazer no futuro.
-oh céus é otimo, a parte do design em maquetas é o meu preferido, eu pude idealizar um edifício e tê-lo numa maqueta. Mesmo que ele não vá ser usado foi tão fantástico.
-isso parece tão fixe.
-e é, tu devias tentar um estagio.- ele sugere.
-talvez eu vá, mas eu preciso de dinheiro antes e de estar estável, eu não posso deixar o meu recém emprego agora e depois não conseguir o estágio.
-as tuas notas são otimas de qualquer maneira não terias dificuldade.
-vou jogar pelo seguro desta vez.- murmuro.
-eu lamento o que se passou com o Harry.- ele olha-me e parece sincero.
-eu também encolho os ombros.
-eu acho que ele gostava mesmo de ti.
Eu não digo nada, ficando no meu silêncio.
São onze da noite quando o Dean se vai embora. Eu fecho a porta do apartamento e levo a minha mão á minha cara. Eu sinto quando lágrimas escorrem. Eu não sei o que se passa comigo, estou nervosa, triste, com um buraco no meu coração, e céus sinto-me como lixo.
Avanço até ao duche e deixo a agua quente relaxar-me, eu não acredito que convidei o Dean para o nosso apartamento, eu não acredito que ele me beijou, o meu dia foi tão estranho, cheio de algo uqe não posso descrever. Em comparação á semana passada tudo isto tem estado calmo, tenho aprendido a não chorar a toda hora, e até consegui um emprego, devia estar agradecida por tudo o que está a acontecer de bom no final de tudo.
Mas eu sempre ouvi dizer que no fim do dia o amor é o que conta e eu não tenho tido nenhum, eu não tenho o meu homem, os seus risos e piadas de "knock knock" o seu espírito de cavalheiro, e a sua capacidade protectora sobre mim. Não tenho os seus braços enquanto durmo, prontos para lutar contra as sombras na minha cabeça e isso magoa-me mais que tudo.
Saio do chuveiro e enrolo-me numa toalha enquanto ando até ao quarto e vou apagando as luzes á medida que passo pelas divisões.
Quando chego ao quarto passo a t-shirt dele por mim, eu não consegui deixa-la longe de mim, eu levo a minha mão ao meu peito e sinto o fio que ele me deu, o pequeno pendente de coração em ouro. Ainda não consegui tira-lo.
Quando estou pronta para ir para a cama , algo me chama. Olho para a cama do Harry e lembro da primeira noite, ele dormiu ali, ele acordou para me dar um comprimido para a minha futura dor de cabeça, e mesmo sem me conhecer ele cuidou de mim.
Vou até á cama e enrolo-me nos lençóis e mantas e desejo adormecer rapidamente, para fugir ao mundo de sofrimento.
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Eu lamento ser pequeno, mas amanha será enorme, e será amanha que começará a ação, eu tenho uma coisa enorme na minha cabeça, mas eu ainda não tenho a certeza.
Mais uma vez obrigada pelo elevado número de leituras e votos, vocês tem sido fantásticas.
Love you girls
Desculpem-me os erros, amanha revejo
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