93ºCapitulo
A minha feliz inconsciência é tirada de mim quando me sinto presa, quente, e esbaforida. Tento puxar de novo o meu sono, mas não consigo. Sou obrigada a abrir os meus olhos e constatar que ainda é de noite. A mesa-de-cabeceira não está ao meu lado, mas o Harry tem o seu iphone ao lado da almofada, o que me diz que já acordou e voltou a adormecer. Pergo no telemóvel e vejo que são quatro da manha. Deslizo o meu dedo pela tela, mas este aparece-me bloqueado por uma senha. Merda.
Levanto a minha cabeça, que é a única parte do meu corpo que não está a ser esmagada pelo corpo pesado do Harry e olho para ele. Tem a cara franzida, mas parece bem. Não está a ter nenhum daqueles pesadelos estranhos que ele teve. Está estranhamento calmo.
Com cuidado retiro a perna dele de cima da minha cintura e o seu braço de cima do meu peito. Ele murmura alguma coisa e vira-se mais para o meu lado da cama. Com passos fininhos chego até ao outro lado do quarto e abro a porta. Acendo a luz e a sala está vazia. Até o meu pequeno gato esta enroscado no sofá.
Sou o único ser vivo com energia suficiente nesta casa para estar acordada, e o meu sono foi-se embora. Vou até á dispensa e uma saqueta de chá é retirada do pacote. Pego em duas canetas e encho-as com agua, metendo-as no micro-ondas. Sei que o Harry vai acordar em breve se eu não voltar para a cama e eu não quero mesmo voltar, quando o meu sono se recusa a vir comigo.
Enquanto as chávenas rodam no micro-ondas penso no que fizemos á horas atras. Já passou imenso tempo, e talvez seja jet-lag.
Imagens do Harry de joelhos á minha frente rodam na minha cabeça e sorrio. Foi sujo, mas incrivelmente quente, e uma coisa deve anular a outra, e eu amo-o, acima de tudo fi-lo com alguém em quem confio. Dei-lhe a minha virgindade, disse-lhe que o amava, partilho uma casa com ele, e tento ultrapassar todos os nossos problemas, ainda que seja difícil por vezes.
Como agora, estou com medo que ele descubra os desenhos, ou que o Louis os tenha levado quando cá esteve, ou que... ou que a perseguição continue. Tenho medo que volte tudo de novo como uma onda para me engolir quando eu menos esperar. Para eu ter que correr para o mais longe possível, e talvez desta vez eu não veja o Harry na linha da meta, talvez desta vez ele não me queira. Talvez a imagem de mim a correr para longe uma arma seja pior desta vez. Talvez me faça arrepender de ter vindo para Oxford.
Mas um talvez nunca foi resposta para nada, eu nunca disse que talvez eu o amasse, eu tive a certeza quando eu disse "amo-te" e ele desse-lo primeiro que eu. Por isso não fui eu a pensar primeiro. Eu não disse talvez eu queira namorar, eu disse "eu quero namorar" não há espaço para talvez na minha vida.
O micro-ondas apita e eu abro a porta do mesmo agarrando nas duas chávenas e depositando as saquetas de chá em ambas. Olho distraidamente para um copo de agua e ao lado uma caixa de comprimidos chama a minha atenção. Pego neles e vejo que são calmantes. Ele anda a toma-los outra vez.
Ele tinha contado sobre dormir á base de calmantes, mas pensava que tinha passado. Que tinha sido apenas uma fase má. Sento-me num dos bancos altos da bancada e pouso a minha cabeça sobre a bancada. Algo está a acontecer e ele não me está a contar.
A porta do quarto abre-se, revelando um Harry em calças de pijama e com o cabelo a cobrir toda a sua testa. Ele tem a cara repleta das marcas da almofada e coça os seus olhos de uma maneira adorável que me faz sorrir.
Ele avança atá mim, e abraça-me beijando o meu cabelo. Ele sorri para as duas chávenas de chá.
-á minha espera?- a sua voz mais rouca por causa do sono.
-yap.- Declaro e ele risse.
Senta-se noutro banco e puxa-me para o seu colo. Pega na sua chávena e beberica enquanto olha para mim. Tenho a minha chávenas no meu das minhas mãos mas só consigo olhar para ele. Olhar para ele é tudo o que sou capaz de fazer.
-porque não me contas?- pouso a minha chávena e encosto a cabeça ao ombro dele.
-não te quero preocupar. Eu consigo manter-te a salvo.- ele murmura ao fim do que parece uma eternidade.
-e tu?
-eu o quê?- ele pergunta confuso.
Respiro o aroma dele, e sinto-me ficar mole.
-quem te vai proteger?
-sou feio o suficiente para me proteger.- Ele gargalha.
-oh Harry, isto é serio.- Ralho.
-conversas dessas agora não.- Ele perde todo o humor da sua voz.
-então quando? Nunca me contas nada.- Pego na mão dele e rodo o anel em torno do seu dedo.
-porque te quero manter a salvo.
-e preocupaste pelos dois?- exclamo.
-sim.
-não Harry, a que preço? Para voltares a ter que dormir com aquilo!- aponto para a caixa verde em cima do balcão.
-merda, Sophia, ouve, eu não conseguia dormir por causa do jet-lag, apenas isso.- Ele aperta-me nos seus braços.
Fecho os olhos e tento absorver a mentira que me esta a contar. Ele não confia em mim.
-porque não confias em mim?- choramingo.
-eu confio amor. Cegamente.
-então conta-me o que se passou.- Mando.
-não.
Ela não me vai contar. Eu deveria saber que ele não iria, mas ainda assim eu tinha que tentar. Estou francamente cansada e irritada, e acho que o meu sono está a voltar. Quero dizer-lhe que me conte, ou eu vou mesmo ficar chateada, mas não á espaço na minha cabeça para discussões.
-então diz-me a verdade. Tomas-te aquilo porque estavas nervoso?
Ele não responde á minha pergunta. Ele suspira pesadamente e passa a sua mão pelo seu cabelo rebelde. Poisa a caneca no balcão e volta a suspirar e a fechar os olhos. Os olhos dele são de um verde tão claro neste momento que parecem cristal.
Ele beija a minha bochecha, e pega em mim ao colo, levantando-se. Leva-me para o quarto e desliga as luzes, fecha a porta e poisa-me na cama devagarinho. Deita-se ao meu lado e puxa as cobertas para nos tapar. Ele vira-me para ele, e ficamos deitados de lado, ele tem a cabeça apoiada no cotovelo e olha para mim, apenas com a luz de fora a incidir no quarto a formar o nosso rosto em sombra.
Ele puxa a bainha da t-shirt que vesti dele para cima e toca na minha barriga com a ponta dos seus dedos.
-vestiste-me a camisola?- murmuro no escuro. Não me lembro de a ter vestido.
-sim.- ele diz com dificuldade.
-hum ok.
-sim, tomei aquilo porque estava nervoso.- sei que ele não queria dizer-me, mas não me queria mentir.
-pensava que estavas mais descontraído.
-e fiquei. Dormi, e acordei uma hora mais tarde, o Louis ligou-me por causa da empresa e fiquei enervado.- Ele admite.
-qual é o problema. Lá.- Dou enfase em "lá".
-alguém invadiu os sistemas de segurança. Mas não se passa nada de especial. O Louis tem um dom para fazer as coisas piores do que são.- Ele ri.
-podias ter-me acordado.- Murmuro vendo a luz bater no peito dele. É tentador de tocar, mas não o faço.
-ambos sabemos o que acontece quando estou nervoso e tu estas por perto. Descarrego sempre em ti. Grito, esbracejo e ajo como um otário o tempo todo. Preferi tomar aquilo.- Ele suspira e vira-se de barriga para baixo, escondendo a cara na almofada.
-hey? Somos uma equipa, é suposto contares comigo.- Passo a mão pelas suas costas.
-sou sempre uma merda para tu quando estou nervoso.- Ele fala com a voz abafada.
Não digo nada e deito-me na mesma posição que ele. Tento enfiar a minha cabeça debaixo do braço dele, e ele ri-se quando os meus esforços falham redondamente. Ele acaba por ceder e passa o seu braço á minha volta.
É sempre muito raro ver o Harry tão venerável, ele parece tão perdido nestes momentos. Mas sei que daqui a algumas horas ele vai estar a dar-me ordens e a dizer-me o que devo fazer, é sempre o mesmo com ele.
Mas por incrível que pareça adoro quando ele é tão sincero comigo. Quando fala abertamente comigo e não tem medo de me dizer algumas coisas. Ele ainda não me conta tudo, mas ele fez um longo caminho desde o início do ano.
Ele disse-me e fez-me todas aquelas coisas loucas, ele provou-me que me amava, eu provei que o amava, fizemos tanto desde que eramos apenas o Harry e a Soph que atiravam telemóveis e chávenas contra a parede.
Ele voou comigo até nova Iorque, salvou-me quando precisei de ser salva, e ficou lá para mim quando precisei. É certo que também me fez chorar muito, nunca tinha chorado tanto na minha vida. Não vejo isso como um bom aspeto, mas a verdade é que me fez bem, fez-me ver além dos sentimentos de dor que tinha.
-eu amo-te.- ele murmura no meio dos meus pensamentos.
-eu amo-te Harry.- murmuro.
As minhas palavras ficam a pairar no ar, e eu viro e reviro-me na cama. Passo uma hora nisto, a fitar o teto, tenho as palavras entaladas na garganta. E já não as consigo conter mais.
-fica comigo Harry, não me deixes voltar para o buraco negro de onde sai. Não deixes que o passado se meta entre mim e ti, nem que o futuro assuste o que vamos fazer daqui para a frente.
Enrosco-me nele e fecho os olhos. Dizer as palavras em voz alta faz a minha alma ficar mais leve.
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Olá meninas, espero que estejam a gostar, isto está mesmo, mesmo no final e eu queria dizer que a Vision está a ser traduzida para inglês, por uma rapariga super querida a @bia1dstrawberries
Espero que gostem.
LOVE YOU GIRLS
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