78ºCapitulo
Sinto todo o sangue do meu corpo disparar contra a minha cabeça, posso ver o interior de mim, e como tudo no meu ser bombeia o sangue para cima, como se uma força maior estivesse a ordenar que eu precisasse de sofrer.
Levo as minhas mãos á cabeça e aperto com força. Lembra-te Sophia, se doer noutro sítio não vai doer na cabeça.
A minha respiração é tao áspera, e sinto gostas de suor a formar-se na minha testa. As minhas mãos descem da minha cabeça e empurram o peito do Harry. Sinto as minhas pernas a ganharem vida, e corro para a casa de banho.
Não vou conseguir evitar isto.
-Soph?- o Harry grita atrás de mim.
-mantem-te longe.- grito de volta.
Fecho a porta da casa de banho antes de ele me alcançar e deixo-me cair de joelhos contra a porta. Uma aguda dor perpassa a minha cabeça e não seguro o grito. Isto só está a começar.
-fodace Sophia o que se passa ai dentro?
A porta treme e eu começo a chorar mais. Está a ser mais doloroso do que todas as outras vezes. As minhas unhas vão para a madeira da porta e bato com o meu punho com força na porta. Só tenho de canalizar a dor para outro sítio.
Arrasto-me para a banheira e ligo a água, quanto menos ele ouvir melhor. Só preciso de o manter a salvo de mim mesma, e do inferno que é a minha cabeça.
-oh merda.- Urro quando me ponho de pé.
Estou em frente ao espelho completamente desfeita e descabelada, mas o que me preocupa é o sangue que me escapa pelo nariz. Tento limpa-lo, mas nada acontece, ele apenas continua a correr.
As minhas mãos envolvem a toalha freneticamente para limpar o sangue que escorre pelo meu nariz. O Harry não para de bater na porta e toda esta sobre carga de energia em mim, está a deixar-me em pior estado do que todas as outra vezes.
-HAAAA.
A última coisa que sinto é o mármore frio contra a minha cabeça.
Estou envolta em preto e nada aprece ter nexo, eu sou eu, mas ainda assim, isto não é de todo o que se passa de cada vez que venho para dentro de mim. As minhas mãos tocam o tecido preto que me envolve e não vejo nada, nada para além de neve. Neve branca que nunca mais acaba, cada passo que dou parece ser o sítio por onde comecei.
Mas por algum motivo bizarro não tenho medo. Avanço o quanto posso e corro. E pela primeira vez na minha vida sinto que sou livre. As minhas pernas são nada, e apenas nada, e toda eu sou leve.
Rodopio sobre mim mesma e sinto a minha gargalhada. O céu é branco, assim como o chão, é como o céu na terra.
O meu passo abranda e sinto o vento contra a minha cara a levantar o meu cabelo. Aqui eu não sou má. Aqui eu sou eu, não sou estranha, posso ver o que quiser, que ninguém me vai julgar.
Deito-me na neve e sinto o frio contra mim, é como se toda a minha dor fosse neutralizada pelo frio e não há nada que me faça ficar tao feliz... a não ser o Harry.
Levanto-me e olho em volta. Não há nada, nem sinal do Harry. Avanço, e avanço na esperança de ver o Harry vestido de branco, ou até de preto como eu.
-Sophia.
Uma voz feminina chama e viro-me para trás. Uma mulher de cabelo escuro, e olhos verdes olha para mim, a sua pele pálida quase do tom da neve.
-conheço-a?
-então querida? Não sabes quem eu sou?
-não, lamento.
-creio que passo muito tempo contigo, devia conhecer-me.- ela olha-me com bondade.
-a sua cara não me é estranha.- a minha voz a falhar.
Uma serie de imagens em sangue passam pela minha cabeça, a mãe do Harry, com mil e um vidros pelo corpo, sangue a jorrar por todo o lado, parece o diabo, vestido de anjo.
Viro-me o quão depressa posso e os meus pés correm pela neve branca. Mas de repente a neve já não é tão amigável. Queima. Um grito histérico escapa-me pelos lábios quando vejo que o que piso não é neve. É vidro.
Levanto o vestido preto e corro, corro e corro. Mas tal como aqui cheguei, também não vou longe.
Nuvens pretas vem na minha direção e paro virando para olhar para todos os lados. A minha cabeça procura freneticamente por um ponto em que a mãe do Harry não controle a minha cabeça.
A cara dela aparece no céu e ela ri-se.
-não adianta fugir querida, só tens uma opção.
Volto a fugir, mas em vez de vidro o chão é de terra batida e á espinhos por todo lado. O céu é negro e a atmosfera é quase impossível de respirar.
Uma lágrima cai quando o meu vestido fica preso nas sebes, fazendo o tecido e a minha pele rasgar. Um corte profundo a jorrar da minha pele. Limpo freneticamente as lágrimas e vejo o borrão vermelho que me escorre pelos olhos.
Estou a chorar sangue.
Solto um grito e tudo parece piorar. Há chuva, chuva preta, a água é preta e quando olho para cima á procura de ajuda divina nada acontece.
As folhas mortas e os espinhos abre-se num caminho e a mãe dele sai de lá com um sorriso maléfico nos lábios. Parece deleitar-se com o meu sofrimento.
-pensei que se o guiasse pra mim, isto ia parar.- Choro.
-enganei-me.- Ela ri-se
-como?
-agora ele pensa que és um anjo, e que não te merece. Preciso que te mostres a ele.- Ela encara-me séria.
-não.
-não? Posso fazer muito mais do que te por a sangrar do teu lindo e empinado nariz.
A mão dela sobe e o vento gira á minha volta, fazendo com que, o que sobrava das minhas roupas se desfaça.
-deixa-me mostrar-te.
-não me toques.- ele grita.
-Harry, ouve-me.- sussurro.
-oiço o quê sua cobarde? És uma mentirosa, seduziste-me por dinheiro, nunca foste quem aparentavas, onde anda a menina bonita agora?- ele grita e avança até mim.
Vejo a sua mão subir e encolho-me.
-isto nem é metade amorzinho.
Abro os olhos e tenho a mãe do Harry á minha volta. Toda ela dança como vento á minha volta. E uma dor aguda apodera-se do meu coração. Olho para o meu peito e há um buraco enorme no lugar do meu coração. Não há sangue, no entanto á dor, muita.
A minha cabeça é violentamente puxada para cima e vejo o Harry. É ele, ele veio salvar-me. Deixo-me cair de joelhos e sorrio. Vai ficar tudo bem, está tudo bem, não vai acontecer nada comigo. Eu não sou tão má assim, eu sou boa, eu posso recuperar o meu coração.
-Harry.- Murmuro, e olho para cima.
No entanto a visão que preenche os meus olhos é nojenta. O Harry tem o meu coração na mão e está a desfaze-lo, está a rir-se de mim, mas nos olhos dele á lágrimas. Pretas.
Ele está vestido de branco e tem um lindo par de asas como um anjo da guarda, mas em vez de me ajudar, está apenas a torturar-me, apenas isso.
Sinto raiva dentro de mim, algo que não consigo controlar, e devagar levanto-me. O meu peito a doer com o buraco profundo nele deixado.
Dou um passo para ele e ele recua, não prevendo isto.
-tu não és ele.- Sussurro.
As minha mãos vão para o seu peito e empurro-o com tanta força que se desfaz numa nuvem de partículas pretas a voar por cima de mim e da mãe dele.
A mãe dele parece em choque, e de repete todo o cenário monstruoso começa a desvanecer-se á minha volta. Ela cai no chão e dissolve-se com o cenário maldoso que criou para mim. Olho em volta enquanto vejo tudo cair, nada vai ser como de antes, eu não me posso assustar comigo mesma. Não posso deixar aquela mulher controlar-me.
Quando tudo cai e fica branco, eu sou o único ponto preto na minha cabeça. E por alguma razão desconhecida sinto-me bem.
-Acorda amor, por favor.- Uma voz chorosa chama por mim.
Os meus olhos estão pesados e custa-me abri-los. Demoro algum tempo a focar a minha visão, mas o que vejo é o Harry. O Harry sentado ao meu lado. Estou numa cama branca e ele está sentado numa cadeira.
Tento mexer-me, mas não vale a penas. Doí-me muito o corpo, quase como da vez em que fui atacada.
-Harry.
A minha mão mexe-se para o cabelo dele, a sua cabeça poisada no meu braço de forma carinhosa. A minha mão passa pelas ondas suaves e ele levanta a cabeça tão depressa que a minha moa cai.
-oh graças a Deus, estás acordada.- ele murmura.
Os seus olhos estão muito vermelhos, e tem olheiras roxas á volta dos olhos.
-o que aconteceu?- choramingo.
Percebo então que estou na cama do hotel, e que já é de noite.
-não sei. Não abriste a porta, e gritas-te imenso, eu não conseguia abrir aquela merda, e quando voltei para com a chave, estavas caída no chão, pálida e tinhas uma poça de sangue á volta da tua cabeça, era o teu nariz. Por momentos pensei que...
-que?
-que alguém lá tivesse entrado.
Ele volta a encostar a testa á minha mão e eu fecho os olhos. Uma convulsão apodera-se de mim. As memórias da minha visão a virem até mim. Uma visão é como a trovoada, a visão é o relâmpago, e só passado algum tempo vem a parte da absorver o que se passou.
-não ligas-te a uma ambulância pois não?- entro em pânico.
-não.- Ele diz, mas parece-me que esta a esconder alguma coisa.
-então?
Ele hesita e olha durante longos segundos para mim. Um baque na porta distrai-me e vejo o meu pai á porta a torcer um pano vermelho. Os meus olhos arregalam-se.
Está cansado, e tem a camisa branca salpicada, assim como as mangas arregaçadas e um ar nada feliz na cara.
-ligas-te ao meu pai?- sussurro horrorizada.
-estava desesperado.
-ele disse-te alguma coisa?- pergunto com medo.
-disse-lhe que sofrias de ataques de pânico graves, quando entravas em choque.- o meu pai esclarece.
-oh Soph lamento tanto ter-te assustado no elevador, nunca mais volto a fazer uma coisa daquelas.
Ele olha para mim com os olhos grandes e perdido e eu acaricio-lhe os caracóis.
-esta tudo bem. Não vai voltar acontecer.- eu murmuro-lhe.
-vais ficar aqui esta noite. Amanha vens para casa.- o meu pai diz de sobro olhos franzido, e sem mais ou menos, sai.
-porque esta ele tão chateado.
-eu estaria de um estupido qualquer tivesse feito a minha filha ter um ataque de pânico.
E sinto-me mal, não foi um ataque de pânico, e não foi apenas culpa dele Foi minhas também eu não me consigo controlar, eu devia ficar calma, a maior parte do tempo, mas em vez disso insisto em passar a vida a discutir com ele.
-dorme amor, precisas de descansar.- Ele beija a minha testa.
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Olá um dia atrasado. Não me vou explicar porque não tem explicação, ando cansada, doente, e com uma terrível dor de costas.
Para alguma menina que vá pensar em dizer "nós ficamos chateadas porque demoras-te uma dia mais, o problema é que tu não estas sempre á espera como nós" tenho a dizer que também leio fic's, mas respeito quando se atrasam, já recebi mensagens deste tipo e expliquei á menina o que se passa. Mas agora digo-o aqui, sou humana, e cometo falhas.
Uma última coisa é o facto de estar com um problema na caixa de mensagens (esta resolvido agora) a todas a raparigas que disse que ia dar a minha opinião sobre a fic, por favor mandem-me os links das respetivas fic's ok? Peço desculpa pela demora :/
LOVE YOU GIRLS
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