74ºCapitulo
O meu corpo parece adormecer quando entro para o chuveiro com água quente. Se isto é considerada uma boa forma de acordar, algum andou a enganar toda a população.
As minhas mãos mexem-se lentamente para me lavar e acabo por fechar os olhos. A água quente é fantástica contra os meus músculos e eu deixo-me levar.
-porra Soph.- um estrondo faz a porta vibrar.
Um Harry zangado entra dentro da casa de banho, para abrir as portas da cabine. Um grito histérico sai dos meus lábios, enquanto ele desliga a água. Uma toalha é embrulhada á minha volta e eu pareço ainda menos acordada. Oh fixe, que se lixe.
Ele enrola a toalha á minha volta e passa-me para cima do seu ombro. Estou tao cansada que nem contra isso consigo protestar.
-da próxima vez que formos andar de avião, vais deitar-te às quatro da tarde.- a voz rouca do Harry embala-me.
Sou deitada em cima da cama, e sinto algo macio cair em coma da minha cara.
-tens cinco minutos para te vestir, senão, eu próprio te venho vestir.
A minha mente continua em branco e eu deixo-me dormitar enquanto oiço a sua linda voz a percorrer o meu cérbero. Sinto-me ser transportada para outro mundo onde só a voz dele existe, mas sou interrompida quando um grito estridente me escapa dos lábios.
-eu avisei-te.- ele ri-se.
O meu rabo arde com a palmada que ele me deu, e eu consigo virar-me a tempo de agarrar numa almofada e de lha mandar.
Os meus olhos olham á minha volta e vejo umas leggings, e uma sweatshirt cinza ao meu lado. Caminho até á gaveta da roupa interior e visto-me o mais rápido possível, sem antes conseguir ver a marca vermelha no meu rabo ele vai paga-las. Quando passo as leggings pelas pernas e a sweatshirt pelos braços, sinto-me fresca e limpa.
Avanço em direção ás botas de cano baixo pretas e despacho-me a calça-las. São bonitas e dei umas miseras 78£ por elas. É obvio que o dinheiro acaba Soph.
Salto para fora da cama e abro a porta revelando uma sala agitada, com um Harry ainda mais agitado á procura de alguma coisa. Decido parar na ombreira da porta só para o provocar. Todas as vezes que vi mil formas de morrer, estão agora a passar numa rápida sessão pela minha adorável cabeça.
Ele vira-se de repente revelado os seus caracóis ainda molhados, uns jeans justo azuis, uma sweatshirt com "lose your mind" vestida e umas botas de camurça pretas.
-queres um chá? Não achas que já estamos atrasados que nos chegue.- ele fala nervoso.
-o meu rabo dói.- a minha expressão é séria.
-ainda bem. Agora agarra num gorro, na mala, e vamos embora.- ele agarra a minha mão.
Os seus dedos hábeis fazem um gorro deslizar pelos meus cabelos, e a minha mala é colocada no meu ombro enquanto ele me puxa para a porta.
Quando chegamos ao aeroporto corremos para a zona de embarque. Eu quero parar e comprar chocolates mas ele garante-me que se eu parar, ele vai deixar-me sozinha. Não que eu acredite, mas não preciso disso na minha vida.
Assim que nos encontramos sentados em luxuosas poltronas o meu sono parece regressar todo e encosto-me a ele. A minha cabeça descansa contra o seu ombro e o perfume dele invade-me os sentidos. Adoro senti-lo contra mim. ele descansa a cabeça contra mim, e uma variedade de cabelos bate na minha testa. Uma risadinha escapa-me e sinto que ele está divertido.
-A tua primeira vez em primeira classe e vais passa-la a dormir.- ele beija o meu cabelo.
-queres que faça o quê?- pergunto.
-podemos falar de nós?- ele pergunta e por um momento penso que vai acabar comigo...num avião.
-e o que queres falar?- a minha voz na passa de um sussurro.
-de ti, nunca me falas-te muito da tua família.
Ele parece genuinamente curioso, mas não sei se quero falar disso. A minha família é um ponto sensível. É para todos, até para o Harry inclusive, não sei porque quer falar disso agora.
-bom, a minha mãe trabalha, com livros, é uma espécie de...editora? Eu acho que ela é mais como uma revisora para dizer a verdade. O meu pai trabalha numa empresa de construção, ele é co-director geral...
-espera ai, como é que o teu pai é co-director geral e eu o ouvi dizer que se estivesses sem dinheiro ele podia tentar dar-te algum?...- eu sei onde ele quer chegar.
-eu, bom... tu sabes eu sou...orgulhosa, eu ganhei a bolsa, e passei o verão a trabalhar, é suposto eu conseguir sustentar-me durante este ano. É como uma prova que eu deva superar, a mim mesma.
-estas a dizer-me que o teu pai tenta dar-te dinheiro e tu não aceitas?- ele ruge.
-bom...sim, quero ser independente. É por isso que detesto que me pagues coisas.
-isso não é razão. Se o teu pai te pode ajudar deves aceitar.
-bom eu na sou uma criança. Eu posso sustentar-me a mim própria.
-para de ser tao orgulhoso Sophia.
-se o teu pai...
-não vás por ai.- ele ameaça.
Viro-me para a janela e encolho as pernas, apoiando o queixo nos joelhos. É sempre a mesma coisa. Sempre que falamos de alguma coisa que não nós acabamos a discutir. Ele pode sempre perguntar o que quiser, no entanto eu nunca posso dizer nada. Sempre que o assunto parte para o pai dele ele ganha outra forma e isso deixa-me chateada.
Durante meia hora ele não me toca e eu começo a sentir-me cansada de novo. A cair na sonolência.
Caminho por entre um sítio escuro, e verde. Parece noite, e a única coisa no céu são um par de olhos verde-escuro, que brilham como duas luas cheias.
Os meus passos são pequenos e cuidados e gostava de conseguir correr. Algo sem forma sussurra ao meu ouvido.
-cuidado o carro vai apanhar-te e o senhor matar-te.
Quero correr, mas as minha pernas recusam a mexer-se de forma rápida. Caminho como se estivesse a caminhar para a faculdade. Madeixas do meu cabelo espalham-se na minha cara quando o vento me rasga a pele. A tonalidade castanha do meu cabelo transforma-se em azul escuro e a seguir em verde, as minhas mãos são sugadas para o alto da minha cabeça como se um enorme aspirador me sugasse.
-vem comigo amor.- a voz rouca do Harry chama-me de baixo e faço força para não levantar.
Olho para cima e ambos os olhos no céus olham para mim como que a sorrir de maldade. Fogo ardente preenche o chão e eu luto para ficar no meio.
-não podes ficar no meio querida. Ou morres, ou ele morre.
Um grito escapa-se da minha boca e penas pretas voam á minha volta. As minhas pernas tornam-se leves e vejo-as desfazer-se em pequenas penas brancas, a misturarem-se com as outras. A escuridão está a sugar-me e não consigo evitar.
Umas mãos agarram as minhas e a corrente de vento desaparece. As mãos são asquerosas e tem um feitio horrível. Elevam me tão alto, apenas para me deixar cair na terra batida.
A minha cabeça levanta-se, e estou na mira de uma arma... ele voltou, ele vai matar-me outra vez. E desta vez o azul dos seus olhos é tão nítido que não tenho dúvidas de quem é.
-hey amor?!
A voz rouca do Harry traz-me para o presente e abro os olhos tão rápido que sinto como se o mundo estivesse a viver á velocidade da luz, deixando para trás os comuns mortais.
-tiveste um pesadelo?- ele desvia o braço da sua cadeira e puxa-me para o seu colo.
Sinto meu corpo tremer enquanto ele me embala nos braços. Sinto os meus olhos demasiado abertos e quase não os pisco. O aperto do Harry aumenta e agarro-o com força com medo que me deixe ir.
-olhe desculpe? Pode trazer-me um chá para a minha namorada?- ele pede a uma das senhoras dispostas na frente da nossa área.
-claro senhor.
-o que foi? Fala comigo.- ele implora.
Estou em choque e não consigo dizer-lhe que sonhei com alguma coisa de tão horrível. Ele vai aparecer na minha vida outra vez. Sempre achei bom demais a minha mente não me massacrar tanto com aquela noite. Isto não estava acabado, e eu sabia-o.
A boca do Harry move-se para o meu ouvido.
"Like Louis Lane
And she smiles
Oh the way she smiles
She's talking to angels, counting the stars
Making a wish on a passing car
She's dancing with strangers, she's falling apart
Waiting for Superman to pick her up
In his arms, yeah"
A maneira como a sua voz faz o meu corpo ganhar vida é impressionante. Cada átomo do meu corpo parece estar ligado á sua voz, e neste momento eu considero-me uma boneca de papel que reage ao sopro dele.
-está tudo bem amor. Estas a salvo.- ele beija os meus lábios.
-ele vai voltar.- choramingo.
Ele olha para mim aterrorizado, isso faz o meu pânico aumentar. O Harry nunca se assusta. Mas as minhas palavras sussurras parecem despertar o pânico nos seus olhos.
-ele não vai amor, eu prometo.- ele embala-me.
A senhora chega com a chávena e eu bebo pequenos golos no colo do Harry. A manta dele é puxada sobre mim, a fim de me aquecer. A chávena quente é ótima contra os meus lábios gelados, e cada gole parece descongelar o meu corpo. Cada membro de cada vez.
-sorri para mim.
A voz do Harry é suplicante. A sua cabeça encostada á minha, os seus olhos arregalados, e um sorriso pequeno forma-se nos meus lábios. Se o meu sorriso o faz feliz, eu adoro faze-lo.
-o teu sorriso tranquiliza-me.- ele diz.
-foi só um sonho estupido.
O meu chá acaba e deixo-o na mesa polida no canto. Puxo a manta até ao meu pescoço e aninho-me mais nele, enterrando a cabeça debaixo do seu pescoço.
-tens tido pesadelos acerca do que se passou?
A sua pergunta apanha-me desprevenida, e eu poderia dizer alguma coisa para o desincentivar a não ir não ir naquela direção, mas a minha mente parece bloquear a ideia de lhe mentir.
-não. Ás vezes são pequenas memorias, mas desaparecem num instante.
-eu quero que te sintas segura, não quero que tenhas pesadelos.
A sua voz está carregada de preocupação e isso aquece-me por dentro.
-apenas, não discutas comigo, isso parece ajudar ao meu estado nervoso.
E em menos de nada, os seus lábios estão nos meus. A mover-se de forma meiga, a pedir para explorar, a pedir para me deixar amar.
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Então? Bom desculpem andar a demorar, mas tenho tido montes de testes esta semana, hoje foi o ultimo, e eu prometo pelos meninos, que amanha vou vai haver outro capítulo. Mas digam-me o que acham sim?
LOVE YOU GIRLS
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