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3º Capitulo

Depois de passar 10 minutos enterrada no sofá a chorar e a pensar em tudo o que passei em casa com os meus pais e o meu irmão decido que está na altura de ir até ao meu quarto e ver o que anda o rapaz dos caracóis a fazer. Sei que se chama Harry Styles mas rapaz dos caracóis é fofo e ele parece ser fofo quando carranca como quando o meu pai lhe ofereceu dinheiro para se ir embora.

Entro no quarto a tempo de o ver agachado na cama com uma guitarra ao colo e o meu peluche entre os seus joelhos. Sinto-me ofendida por ele ter mexido nele sem minha permissão. Foi o meu primeiro peluche e foi a primeira coisa que o meu pai comprou quando soube que a minha estava grávida de mim. É uma ovelha branca e fofa e tem a cabeça sempre a abanar de um lado para o outro devido á falta de enchimento no pescoço.

-então? - Pergunto quando ele não repara na minha presença.

-já resolveste os problemas com o teu pai ou vamos ter que trancar as portas e ficar aqui escondidos até acabares de te formar?- ele atira e sinto-me na defensiva

 -Eu não tenho problemas com o meu pai- atiro zangada

-Claro que não suponho que seja Mr.Black nos seus melhores dias.- Ele diz arrogantemente

-És sempre assim tao rude?- pergunto chateada

-O teu pai tenta subornar pessoas para te deixarem em paz todos os dias?- ele estala e sinto uma grande vontade de chorar.

-para com isso não te conheço á 30 minutos e já me estas a tratar como se me conhecesses á anos- atiro com a garganta apertada

-oh querida mas eu conheço-te - e algo na forma como ele diz querida faz o meu coração saltitar, mas sei que o disse de forma irónica

- És a típica menina do papá, tem o que quer quando quer e bem lhe apetece- ele atira e apresso-me a tirar-lhe o peluche das pernas. Quando me baixo para o fazer vejo pedaços de um iphone mas não me lembro de ter ouvido nenhum barulho durante a minha investida de choro.

- Se estas zangado com alguma coisa podes simplesmente ir bater num saco de box em vez de descarregares em mim.- Atiro-lhe e parece que finalmente chego amago da questão, os seus belos olhos verdes arregalam-se e os lábios de entreabrem-se.

-não estou zangado- diz frio, rápido e curto

-vê-se, olha para o estado do teu telemóvel- aponto e ele olha para o iphone com o vidro destruído

-Não estou zangado- ele grita e sai do quarto.

Mas que raio? De repente em vez de uma vontade de chorar quero atirar-lhe a guitarra á cabeça. Criança, mas quem pensa ele que sou? Ele deve achar que sou mesmo uma menina do papá. Não é mentira de todo mas eu não sou como ele acha, eu nem sequer tenho as coisas quando quero, geralmente eles fazem-me esperar tempo suficiente para que eu dê valor às coisas.

Vou até á sala e ele está no sofá. De todos os começos que imaginei com a minha companheira de quarto este cenário foi o ultimo que me passou pela cabeça.

Eu não quero ficar mal com ele, eu vou apenas fingir que ele não insultou o meu pai, não me atirou á cara que sou uma menina do papá e que teve um ataque de fúria que o fez atirar o telemóvel contra a parede.

Sento-me ao lado dele e respiro fundo 10 vezes antes de falar diretamente com ele porque até agora eu estive a falar com ele mas apenas na minha cabeça. A maneira como ele falou comigo intimidou-me um bocadinho, eu não me costumo intimidar, a não ser quando a minha mãe diz ao meu pai que fiz um disparate, porque sim, nesse caso eu quero literalmente ser engolida pelo chão.

-olha Harry isto não foi de todo o começo que imaginei- sussurro e ele olha para mim e algo aquece no meu amago o olhar dele penetra-me a alma parece ver para além de tudo, os olhos verdes são tao claros que perecem ter uma tonalidade quase acinzentada.

-nem eu- ele confessa e sinto-me feliz.

-bom eu não sou especialista em dividir casas na realidade é a primeira vez que saio da minha.- Digo com medo que ele volte a pensar no assunto da menina do papá.

-eu também não, se não contarmos com as vezes em que fugi de casa.- Ele diz a rir e o meu queixo literalmente cai.

Oh senhor meti-me numa casa com um fugitivo? Ele percebe as minhas reticências em relação ao assunto e apressa-se a continuar

- Não que esteja fugido agora, senão não estaria no melhor edifício da universidade.- Ele ri sarcasticamente.

-claro, não me queria intrometer ou ser indelicada- digo baixinho

-claro que não querias- ele goza. Sinto-me mal mas não me apetece sair e apanhar ar, quero ligar aos meus pais. Olho em volta e não alcanço o telemóvel em lado nenhum. Se calhar é um sinal, eles saíram á meia hora e eu já estou com saudades. Mas não me interessa minimente preciso de lhe ligar.

Estou como o Harry á uma meia hora mas parece-me que ele tem vários estados de espirito. Primeiro foi bem-educado com o meu pai, depois foi rude com a minha mãe, voltou a ser rude quando se apresentou a mim e me tratou por Sophia e agora gritou-me e depois gozou com a minha forma de ser delicada com ele. Agora que penso no assunto quero mesmo atirar-lhe qualquer coisa dura e pesada á cabeça.

Encontro o telemóvel mas está sem bateria. Meto-o á carga não quero o meu pai stressado é tudo o que ele não precisa, e decido que não lhes vou ligar hoje.

Saio do quarto e sento-me num dos poufs em frente á televisão e faço zapping pelos canais, não dá nada de jeito aqui e para complicar não consigo entender porque raio temos só 6 canais. Será que aqui não há televisão por cabo? Oh senhor tudo menos isto.

-Harry? -chamo. Parece estranho só o ter conhecido hoje, mas já estar a depender tanto dele.

-humm.- Ele grunhe e sei imediatamente que ainda deve estar irritado por eu ter descoberto o seu telemóvel aos cacos e o ter acusado de estar zangado.

-podes chegar aqui?- peço. Sinto-me estranha em pedir-lhe coisas pois é o primeiro dia em que aqui estou mas eu não sei de todo o que fazer quanto ao problema dos canais.

-sim?- ele pergunta com a testa franzida e uma carranca profunda na sua linda face. Mas que raio! Grita o me subconsciente.

-Não sei de todo o que fazer com a televisão só tem 6 canais será que temos algum problema com a televisão?- Ele parece divertido com a pergunta e sinto o seu humor regressar ao normal.

-nunca estiveste muito tempo fora de casa pois não?- ele ri. Não sei se minto ou se digo a verdade, mas a minha língua dispara no sentido da verdade.

-nem por isso- digo baixinho, e ele percebe a minha hesitação.

-olha Sophia tenho te a dizer que aqui no campus não há televisão por cabo ok?- ele diz mais brando e o meu queixo cai. Como não há televisão por cabo? Oh senhor voltamos ao seculo passado?

-não acredito- deixo escapar e ele ri-se

-lê um livro- ele diz e eu estaco

-eu tenho mais de 100 livros numa das minhas malas mas já os li todos e não os quero ler de novo.- Digo batendo o pé no chão.

-então desenrasca-te- ele diz e eu estaco, porque raio me trata ele assim?

Vou até ao meu quarto e olho para o despertador em cima da mesa, são 21:12 e tenho fome, frio e quero chorar, Acabo sempre com frio quando estou triste e tenho fome por não comi ao almoço nem lanchei, disse ao meu pai que estava mal disposta mas nem assim ele pareceu ficar satisfeito. Agora até a obsessão pela comida do meu pai me trás saudades.

Eu quero o meu quarto, a minha mãe, o meu pai e a comida quente. Eu quero a minha cama, eu quero tanta mas tanta coisa.

Sentei-me na cama e agarrei no meu laptop, tinha uma série de fotografias minhas com os meus amigos como fundo. Mas agora eu já não queria aquela imagem. Procurei nos ficheiros e coloquei a última foto que tinha tirado com o Teddy como fundo.

Deitei-me na cama e pensei em tudo o que tinha acontecido, mas fui interrompida por duas batidas na porta.

-o jantar está pronto se quiseres comer.- o Harry disse e numa questão de minutos o meu queixo cai novamente .

-tu cozinhas-te?- perguntei chocada

-sim eu cozinhei.- Ele diz e sai.

Como é que eu deveria reagir a ele ter cozinhado. Eu não sabia cozinhar mas ele sabia. Eu pensei em aprender em alguns vídeos através do youtube caso nenhum de nós os dois saber, mas ele facilitou-me bastante a vida.

Chego á sala e um cheiro a massa e carne picada enche o ar. Uh massa que diria? Eu não conheço o Harry, mas ele fez-me comida por isso eu já gosto dele. Eu sou capaz de comer qualquer coisa menos feijões, grão, bacalhau e a maioria dos peixes e carne de porco. Isto revela-se muito difícil para quem tenta alimentar-me, mas dou-me bem com a maioria das guloseimas do dia-a-dia.

-então?- digo para tentar aligeirar o ambiente, ele esta sentado a cortar o amolga e eu sento-me na cadeira á sua frente.

Tiro duas almogdas e uma porção de esparguete e agarro nos talheres. Não quero parecer esquisita mas tenho seria reticencias quanto á carne.

-se não gostas não comes simples.- Ele responde e procuro um copo de água, ao que ele sorri. Ele provavelmente iria fazer o comentário de qualquer das maneiras por isso é que retirou tudo o que envolvesse humidade da mesa.

-eu gosto- defendo e corto o primeiro pedaço de almogna. É bom e isso é estranho costumo reagir mal a comidas que não são feitas pela minha mãe.

Como mais algumas grafadas de almongda e ele olha para mim.

-vais comer as almongdas separadas do esparguete?-ele pergunta confuso

-vais reclamar com tudo o que vou fazer com a minha comida?- estalo na mesma medida que ele.

Ele não diz nada e a sua expressão fica impassível. Pergunto-me se será sempre assim. Melhor se será assim num dia de aulas normal. Chegamos e ambos fazemos as nossas coisas sem nunca pararmos para dizer "olá" acredito que o meu pai ficaria feliz, mas não é de todo o que me apetece.

Mordisco mais um bocado de uma almogda e enrolo o esparguete no garfo e chupo-o devagar. Volto a fazer isso mais três vezes até olhar para o Harry. Tem o garfo cheio de comida suspensa no ar e olha para mim com as pupilas muito, mesmo muito dilatadas, pergunto-me se será míope ou coisa que o valha.

-importas-te de não fazer isso?- ele resmunga baixinho. Olho para mim mesma em busca de algo que esteja mal mas parece-me tudo na perfeição.

-o que?- pergunto. Obviamente á alguma coisa que não estou a fazer bem penso com sarcasmo.

-essa coisa de chupar o esparguete... ah ...-Destabiliza-me.- Gagueia.

-oh... Claro- meto o garfo no prato e corto o esparguete.

-então- Apresso-me a dizer, instalou-se um ambiente denso na sala, mas é estranhamente relaxante.

-o que foi?- ele pergunta, mas já não tao rudemente, parece-me que agora está disposto a falar comigo.

-andas em que ano?- a minha curiosidade vence-me.

-no 2º ano de economia.- Ele diz e sem ele ver sorvo um grande fio de esparguete.- Para com isso asserio deixa-me destabilizado.- Ele volta a resmungar.

-oh economia hãn?- estou surpreendida. Ele pareceu-me ser o típico rufia que anda de festa em festa, mas para estar no 2º ano de economia deve ser mesmo, quero dizer mesmo inteligente.

-é o que parece- ele diz, e parece-me algo que o meu pai diria. - e tu?

-oh... artes- digo, fiquei surpreendida por ele perguntar, pensava que acabaríamos a conversa com algo rude saído da sua linda e perfeita boca em forma de coração.

-humm parece-me que somos opostos.- ele diz e um sorriso matreiro baila-lha nos lábios.

-diz-me que não és o típico homem que acha que as mulheres ficam com as artes e línguas e literatura só porque devem deixar as coisas difíceis como matemática para os homens. - Faço realmente figas para que ele não seja desse tipo. Mas sinceramente nem sequer sei de que tipo é o Harry.

-não eu não sou, a minha...- ele acaba a frase a meio e quando olho para a sua cara, ele fechou-se completamente e só seus olhos transbordam tanta frieza que me arrepio.

-a tua...- incentivo na esperança que ele responda.

-nada. Continua a comer.- Ele diz e algo no seu tom me faz realmente ficar calada. Não por muito tempo porque agora espicaçou-me a curiosidade, e eu sou como um mendigo num banquete quando se trata de curiosidade, só não quero que ele saiba.


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