28ºCapitulo
Caminho até á saída do campus. A imagem do Harry a pairar sobre mim faz-me ficar quente. Eu desejo o rapaz por muito errado que isso seja, ele faz-me sentir tao, mas tao viva que parece que a vida não tem fim. Por muito que lhe queira bater ás vezes a maioria do tempo, sem o saber desejo-o. Passo o dia a pensar em chegar a casa para poder ter um vislumbre daqueles lindos olhos verdes. Tudo nele me parece demasiado perfeito. Tao perfeito que parece mentira. Sei que debaixo de tanta perfeição á um coração a bater lentamente á espera que alguém o traga de novo á vida.
-Soph.- Alguém chama e eu giro sobre mim própria para encontrar o dono da voz.
-oh Niall.- Comprimento sorridente
-vais a algum lado?- ele pergunta
-sim, na realidade vou almoçar com o meu pai.
- o teu pai não estava na América?- ele parece confuso
-sim, na realidade ele só me veio visitar- o sorriso dele morre um pouco
-oh bolas, queria convidar-te para vires almoçar- eu podia convida-lo o meu pai não iria importar-se, eu acho.
-queres vir? Tenho a certeza que o meu pai te vai adorar.- digo-lhe convincente. Se não aceitar também vou compreender, pode parecer um bocado intimista da minha parte.
- Porque dizes isso?
-o que?- estou confusa
-que o teu vai gostar de mim?- haa isso.
-és o oposto do Harry e o meu pai detesta o Harry.- Digo a rir
-quem não detesta?- ele ironiza
-eu.- Protesto
-mas a semana passada tu...
-a semana passada eu estava passada e o Harry também. Acho que agora estamos bem
-bom ele continua a ser muito rude e irritante com a maioria das pessoas. E mais tarde ou mias cedo vai acabar por fazer alguma coisa.
-bom por agora só posso contar com o presente. Queres vir?
-claro.
Andamos calmamente pelas ruas de Oxford que se enchem para passar a hora de almoço em casas de outros parentes. Não vivo aqui por isso a única coisa que faço é seguir as indicações do Niall quando lhe passo o papel com a morada do restaurante. Conversamos maioritariamente sobre as aulas. Apenas horários, livros e desenhos. Ele parece interessado no que me interesso por retratar. Acabo por lhe confessar que sou uma apaixonada por rostos abstratos. É uma espécie de maneira de deixares a tua cabeça dizer-te o que vais desenhar e no fim tens um rosto que nunca viste na vista. Desenhar o que não vejo é uma forma de aliviar a pressão de desenhar tudo que vejo quando não quero ver.
-então tu podes desenhar-me.- o Niall pergunta-me e eu riu
-sim Niall eu posso desenhar a tua cara.
-não o me corpo?- ele interroga
-não
-porque não?- não lhe vou explicar isto.
-bom porque a anatomia masculina não é o meu forte. Não sei porquê apenas consigo desenhar um modelo de anatomia masculina.
-como assim um só modelo?- ele está curioso
-quando tento desenhar um homem, se não estiver a copiar por uma imagem sai sempre o mesmo desenho.
-então a minha anatomia não se encaixa? – Ele finge uma falsa mágoa
-é isso, é sempre um homem alto e ...tu sabes.
-eu sei?- ele quer mesmo que eu fale
-nunca pensei demasiado nisso, é algum tipo de complicação acho eu.- Digo por ser verdade
A verdade é que nunca pensei nisso na realidade, sempre me pareceu normal. Como se desenhar sempre o mesmo corpo masculino fosse normal. Como se fosse apenas aquilo que eu pudesse desenhar. E mais uma vez um vazio atinge a minha cabeça. Desde ontem á noite que isto está repetitivamente a acontecer. O que será que eu vi? Porque não consigo ver outra vez? Estarei a ficar esgotada? Não. Não pode ser. Sinto-me bem, melhor que bem. Mas é comos e houvesse um buraco na minha cabeça e como se que cada vez que eu tento ver o que se passou o buraco apenas engole as memorias mais fundo. Terá alguma coisa a ver com o que a voz me disse. Eu lembro-me vagamente de ela me dizer para olhar para cima. O que estava em cima naquele momento? A festa? Sim a festa. Quem estava na festa? ...
-Soph? -o Niall chama pondo fim á minha linha de raciocínio
-sim?- pergunto ainda meio aluada.
-vou ter que ir, o meu irmão veio até cá, mas quis fazer-me uma surpresa. Vou ter que ir.- Ele diz curvando-se para me beijar na bochecha o que me faz corar.
-até amanha.- Ele murmura. Sim amanha é segunda-feira.
-até amanha.- Murmuro de volta
O caminho até ao restaurante é feito comigo a olhar para todo o lado. Mas que raio há de errado comigo? Não podia eu ser uma rapariga normal. Sem toda a treta de vozes e visões na minha cabeça? Tinha eu que ser assim? Tinha eu que ser amaldiçoada com isto. Como a Bela Adormecida. Tinha eu que me picar na roca como a Aurora. Tinha eu que comer a maça venenosa como a Branca de neve? Tinha eu que ter um relógio que batesse as doze badaladas. Tinha eu que ter um príncipe tao destruído por dentro, sendo por fora dono de uma beleza tão cativante. Tendo os olhos mais profundos que vira até então. Os olhos que me atormentam durante a noite. Trazendo-me até ao presente. Guiando-me como luzes sinalizadoras- há tanto que desconhecemos acerca um do outro. Mas no entanto tanto que parece que sabemos tudo. E como num momento apenas quero que ele seja normal. Mas no outro sei que sem todas as suas anormalidades ele não seria ele e que eu não seria eu. Sabendo tudo o que sei. Sabendo o que a cabeça é capaz de fazer. Ainda terei eu o direito de o julgar? Ainda terei eu o poder de lhe atirar alguma coisa a cara? Ao rapazinho que perdeu a mãe, ao rapazinho que não tem pai. Ao rapazinho deve ter crescido de forma autossuficiente? Não sei oque quero, nem o que não quero. Sei apenas que já não me imagino sem ele. Sei que cada passo que dou está determinado por ele porque ele é... ele é onde começa o vazio na minha cabeça e onde termina a enchente que faz o meu coração palpitar. Eu sei que nunca nada disto vai chegar. Sei que ele não quer mais, mas mesmo assim sou capaz de imaginar alguma coisa para lá disto. Mesmo sofrendo com visões do futuro eu ainda sou capaz de pensar num. Com ele. Mesmo tendo ele tantos problemas com o passado ainda sou eu capaz de pensar e de o obrigar a reviver o que aconteceu lá atrás? Quando eu própria tenho medo de abrir a gaveta do que sei que se vai passar. Terei eu o suficiente para o trazes ao presente. Eu sei que tenho uma espécie de ligação com ele apenas não sei que é e o que me vai fazer. Apenas amo a maneira como ele me abraça. Como ele dá mão, como me beija e como me protege da noite. Como numa das únicas noites em que tive sou capaz de ter tido um pesadelo, ele perguntou se tinha sido ele. E ter um pesadelo é tao anormal comigo. Eu nunca os tenho. Eu penso que é a natureza a equilibrar o universo. A equilibrar o facto de eu sofrer o que uma pessoa normal sofre com os pesadelos. Eu vivo os pesadelos do futuro. Incapaz de saber quando vão acontecer.
-hey?
-hãn?
-Soph?- é o meu pai
-oh olá pai.- digo elevando-me para lhe beijar a bochecha
-o que se passa Soph?- ele pergunta á entrada do restaurante.
Agora que reparo de fora, é um restaurante elegante com um toldo vermelho escuro por cima. Algo que o meu pai escolheria. Olha para as pessoas lá dentro a comer e consigo ouvir o tilintar dos talheres.
-nada, esta só a ... pensar.- Digo-lhe
-a pensar em quê?
-bom, tu sabes, na vida, na mãe, no Teddy.- Encolho os ombros.
-Tu podias ir lá. Tu sabes fazer uma pausa.- Ele diz enquanto abre a porta do restaurante para mim.
-as aulas começaram á duas semanas. Fazer uma pausa do quê?- pergunto
-bom tu sabes... de Mr.Styles.- a forma como ele diz o seu nome é estranha
-para de lhe chamar isso pai.- ele ri e eu junto-me a ele.
-olha querida eu sei como é. Com toda a tua bagagem e um sitio novo não deve ser fácil.
-não é. Mas eu adoro viver aqui. É tudo tao mágico.-
Ele não responde apenas chama um empregado e este encaminha-nos para uma mesa á janela. O meu pai puxa-me a cadeira e depois instala-se e depois senta-se á minha frente. Agora que olhos bem, o restaurante é sossegado, apenas algumas pessoas a comer e falar com os seus companheiros. A decoração é em vermelho e castanho. As mesas são de madeira tal como as cadeiras e as toalhas são vermelhas.
-gostas mesmo disto não gostas?- ele pergunta
-sim, na realidade gosto. No início eu própria achei que fosse apenas um capricho para satisfazer a minha necessidade de não estar ligada a nenhum de vocês. De consegui sobreviver sozinha. Mas depois apareceu Harry. Ele parece tu. Sempre a dizer-me para secar o cabelo. Para levar um casaco, para comer, para dormir e para não sair sozinha.- ele parece maravilhado com tudo o que digo acerca do Harry.
-ele não te deixa sair com o cabelo molhado?- o meu pai pergunta a rir.
-Noup. Ele é tao protetor que parece que nunca sai dos estados unidos.
-Bom, afinal talvez ele não seja assim tao mau.
-acredita pai. Ele é pior que tu.
-bom e o que é que queres comer?
-um bife com batatas fritas e salada, eu acho.- inclino a cabeça para um lado como ele faz, a testar a minha escolha.
-parece-me bem. Vou pedir o mesmo.
Depois de ambos pedirmos as nossas refeições olho lá para fora. Uma criança loira tem chupa na boca e deixa-o cair começando a chorar. A mãe tem uma menina no colo e parece atrapalhada. Parece ter vinte e poucos anos. Ela tenta acalmar o menino sem grande sucesso. Levo a mão á minha mala e tento pescar um dos chupas de coca-cola que tenho sempre na minha mala. Quando o encontro levanto-me. O olhar do meu pai segue-me até ao exterior da loja. Quando a mãe do rapazinho se vira dou-lhe o meu pequeno chupa.
-é um segredo.- digo-lhe com os lábios. Ele assente com a cabeça.
-eu não tenho segredo.- ele diz com a voz rouca do choro
-agora tens um.- Sorriu-lhe e faço-lhe uma festa no cabelo loiro liso.
Quando volto para dentro do restaurante o meu pai está a sorrir babado para mim. Oh bolas. Sim pai gosto de crianças. Obrigada por me teres dado um irmão mais novo.
-gostas de crianças?- ele pergunta
-sim. Porque? Uma rapariga passada como eu não pode gostar delas?- pergunto amigavelmente.
-não é isso é só que...Tu sabes o menino da tua cabeça. A voz. Podias ter desenvolvido uma espécie de fobia.- Ele argumenta baixinho.
-ainda bem que não criei.- Respondo
-como vai isso?- ele pergunta
-oh o normal. Sem ter nada de normal.
-como assim aconteceu alguma coisa?- ele esta preocupado
-não sei. Ontem aconteceu uma coisa e eu fiquei com uma espécie de amnésia.- Sei que falar disto com o meu pai é estranho, mas é a única pessoa que não fica totalmente desconfortável ao falar disto comigo. Até a minha se arrepia e por vezes chora á minha frente e faz-me ficar histérica. O meu pai é o único que fica firme.
-não queres ir a um novo psiquiatra?- ele pergunta
-para me chamarem de maluca egocêntrica? Não obrigada.
-sabes Sophia nem todos tem esse tipo de opinião.- O que andou ele a aprontar?
-como assim?
-bom querida como eu estou longe e nem eu nem a tua mãe podemos controlar os ataques. Eu falei com um amigo meu. Eu sei que parece estranho. Mas ele é um bom psiquiatra estou a falar asserio. Ele tirou o curso na mesma faculdade que eu. Eu contei-lhe de ti e ele pereceu interessado em conhecer-te.- O que? Ele andou por ai a contar de mim
Contas sobre isto a toda a gente?- falo demasiado alto
-não querida. Ele é o um dos meus melhores amigos. Não conto a ninguem. Devias saber disso.- Ele parece horrorizado.
-ele é de cá Sophia. Visitei-o ontem á noite e contei-lhe. Ele quer conhecer-te. Toma.- Ele dá-me um cartão com um número de telemóvel e uma morada.
-eu disse-lhe que te iria dar isso. Não recuses a partida algo que julgas não precisa.- Meto o cartão na carteira resignada e olho para ele.
A nossa comida chega e o meu pai fala-me da minha mãe e do Teddy. E de como eles fizeram uma saída até ao central park e o Teddy cruzou-se com uma "amiga" o meu pai acha que ele gosta dela. Ele ficou tao vermelho como eu. A rapariga parece ter sido educada com os meus pais. Mas ainda assim ela ficou um pouco envergonhada por o Teddy a apresentar. O Teddy era apenas um dos rapazes mais bonitos do liceu. Todos sabiam que eu era irmã dele. Por isso na frente dele ninguem dizia nada. Tenho a sensação de que ele fez ficar claro eu não queria brincadeiras comigo. Por muito estupido que o Teddy seja eu amo-o. Ele acha a minha facilidade de amar as pessoas, má. Eu apenas amo as pessoas, porque um ser humano foi feito para ser amado e não odiado.
-o que queres de sobremesa?
-waffles, eu acho. Cobertos de chocolate- ele ri e pede também para si também.
Quando o senhor chega com os nosso waffles devoro os meus mais depressa do que sei lá o quê. O meu pai risse da minha figura e diz-me que tenho chocolate por toda a cara. Na realidade tenho apenas os lábios cobertos de chocolate. Mas ainda assim limpo-os.
Quando acabamos de pagar a conta saímos do restaurante ele anda até ao que deve ser o seu hotel.
-uau pai belo hotel.- Digo a sorrir. O edifício é enorme.
-a minha suite é a última.- Ele aponta para lá.
-agora que penso nisto. Como é que vais para casa?- ele pergunta.
-vou a pé.- Digo. E como pura magia um Audi R8 preto aparece. Não preciso de olhar para lá dos óculos escuros que o condutor tem para saber que é o Harry. Mas saber que este é o carro dele dá-me cabo dos miolos.
-é ele?- o meu pai sussurra enquanto o Harry sai do carro com um elegante fato preto e com uma gravata preta acetinada. O que raio fará o rapaz para andar sempre tao bem vestido. No fundo sei que é por causa do pai dele
-yap. É ele com o seu estranho poder de aparecer quando preciso.
-Boa tarde Mr.Black.- o Harry estende a mão ao meu pai
-Mr.Styles.- o meu pai já não soa tao duro. Agora ele sabe que o Harry me "protege"
-Sophia.- Ele beija a minha bochecha fazendo-me corar.
-como é que sabias onde eu estava. Pergunto-lhe ligeiramente irritada
-o Niall disse-me.- Ele diz comos e fosse óbvio. Eles conhecem-se?
-oh bom.- apenas digo
-bom tenho um avião para apanhar.- o meu pai tira-me dos meus desvaneios. Oh papá não vás.
-claro pai.- as lagrimas tentam formar-se mas estou a esforçar-me por as combater.
-quer que eu o leve Mr.Black?- o Harry parece um senhor a falar.
-não obrigada Mr.Styles, tenho táxi a espera. Apenas leve a Sophia para casa.- o meu pai pede e o Harry assente.
-bom até daqui um mês princesa. -O meu pai também quer controlar as lágrimas. Atiro-me a ele e abraço-o com toda a força que tenho. Por muito chato que ele seja eu vou sempre ama-lo.
-amo-te pai.- Digo-lhe baixinho ao ouvido
-e eu a ti Heli.- Ele diz. Mas nem isso me faz solta-lo.
Quando ele se despede do Harry com um aperto de mão. Os dois parecem trocar uma espécie de mensagem. O Harry agarra a minha mão quando o meu pai vira costas. E quando o vejo a chegar ao elevador pelos vidros da portada. Solto a minha mão da do Harry e envolvo o seu pescoço com os meus braços. As lágrimas escorrem sem que eu as consiga parar. O Harry aperta-me com força e sussurra palavras carinhosas no topo da minha cabeça, deixando leves beijos na minha nuca.
-vamos para casa anda lá.- Ele puxa-me pela mão e abre a porta do luxuoso carro desportivo.
-que carro fixe.- Murmuro. Ele olha para mim e franze o sobre olho. O que se passa? Ele debruçasse sobre mim e mete-me o sinto. Reviro os olhos pois eu ia fazer isso.
-eu ia fazer isso.- Reclamo
-não vamos correr riscos-ele diz num tom sombrio enquanto ele mete os óculos e liga o carro. Parece um CEO em vez de um estudante. Parece aquilo que é e não é. Um homem e uma criança ao mesmo tempo. Dou-me ao luxo de lhe apreciar o belo perfil. Testa lisa com o cabelo a escapar em ondulações, maxilar forte e um nariz direito, e ainda o bónus dos lábios cheios. Podia eu desejar um colega de casa mais bonito?
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Bom meninas este capitulo deu trabalho. Espero que gostem.
LY❤
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