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18ºCapitulo

Sei que não é de dia, mas estou estranhamente desperta e angustiada. A minha cabeça não dá qualquer sinal de dor. Por isso sei que não vou ter nenhum tipo de visão. Muito relutantemente abro os olhos e estes focam-se no teto do quarto apenas iluminado pelas frestas dos estores. Viro a cabeça e deteto um movimento clandestino na cama do Harry.

Viro-me totalmente de lado e o movimento parece ainda maior. Penso na hipótese de estar mais alguém ali dentro, mas não iria acontecer. Eu sei que não.

Rebolo para fora da minha cama e mecho-me até á cama do Harry. O meu coração aperta ao ver o estado da sua pele. Ele esta coberto de suor e todo o seu corpo é tomado por convulsões. Quero agarrar-me a ele e parar o seu corpo de agir de forma assustador.

-Harry?- abano ligeiramente o seu corpo. Mas nada, ele não se mexe. Começo a ficar preocupada.

-harry?- abano-o com mais força e o seu corpo revolta-se contra mim atirando-me para o chão.

As costas doem-me com o impacto e ele volta a mexer-se. Rastejo até ele novamente com as costas a latejar.

Sento-me em cima dele tentando parar as convulsões e os gemidos que escapam dos seus perfeitos lábios. Agarro-o pelos ombros e abano-o com força. Estou realmente assustada com os gritos que ele começa a deixar escapar.

-Soph.- Ele grita e eu paro de o abanar. Sei que ele ainda não acordou. Volto a tentar o nome dele.

-Harry acorda por favor.- Sussurro

Ele mexe-se e os seus olhos abrem-se de rompante. Sinto-me a cair para trás na cama assim que ele se senta.

-Soph- Ele meio que geme.

-aqui.- Digo esticando as mãos para ele.

Oiço o seu suspirar de alívio e ele gatinha para ficar por cima. Todo o seu cabelo esta empapado em suor e colado á sua testa. Olhos para a pele vincada pelos terrores noturnos. Ele coloca as suas mãos cada uma do lado da minha cabeça. O seu nariz a roçar contra a curva do meu pescoço. Gemo involuntariamente. A respiração a ficar ainda mais acelerada do que antes.

-é tao fácil mexer contigo Soph.- Ele sussurra e suga o lóbulo da minha orelha. Arqueio as minhas ancas contra as dele ao sentir o pequeno movimento da sua língua sobre a minha orelha.

-Harry.- digo ofegante.

-humm.

-o que se passou?- a minha respiração está entre cortada. Ele senta-se e leva-me com ele. Quando estou o seu colo ele puxa as cobertas para cima e ficamos os dois na nossa pequena bolha.

-tiveste um pesadelo Harry.- Afirmo

-sim.- olho para ele e ele parece magoado   

-queres contar-me?- ele arqueia a sobrancelha mas parece estar tentado a contar-me

-talvez apenas uma parte dele.- Ele sussurra

-sim. Acho que já ficaria muito feliz se falasses comigo.- Digo e ele dá-me uma pequena cabeçada.

É tao engraçada a forma como nos comportamos. Não somos namorados. Não somos amigos. Não somos irmãos. Somos alguma coisa de muito diferente. A maneira como ele disse o meu nome quando não me viu. Sei que ele estava a sonha com algo de mau. Nunca tinha visto ninguém comportar-se assim por um simples pesadelo. A mente do Harry é algo de muito complexa. Ainda assim sinto-me cada vez mais atraída para ele, há alguma coisa nele que não me deixa afastar. E não sei se isso é bom ou mau. Porque depois de tanta tempestade eu começo a ter a certeza de que estes momentos são certos. Eu não faço ideia do que posso chamar a isto. Nunca tive um relacionamento antes, nem algo parecido. Não é algo que eu domine. No entanto o Harry faz-me querer mais. Mais de algo que nem sei o que é. Ele torna-me zangada mas ao mesmo tempo carente. Sinto-me carente do seu toque e só agora que estou aqui ao seu colo me dou conta disso. Do quanto me sinto mal quando ele não está comigo.

-foi um acidente.- Ele sussurra e desperta-me dos meus desvaneios.

-um acidente?- estou confusa

-sim. Um acidente de carro.- E algures na minha mente lembro-me dele me ter perguntado de algo relacionado com isso.

-então tiveste um?

-sim eu disse-te não disse?- ele vira a sua cabeça para minha

-não sei ao certo é muito cedo.- Digo a brincar e encaixo a minha cabeça debaixo do seu pescoço.

-pois é. Queres ir dormir?

-não continua por favor adoro ouvir-te falar. Raramente me contas coisas sobre ti.

-bom é isso basicamente. Um acidente de carro.- arqueio a sobrancelha.

-Só isso mais nada?

-acho que é demasiado Soph.- ele sorri

-mas... tu ... han?

-vamos dormir Soph por favor.

-vais conseguir dormir?- raramente tenho pesadelos, mas quando tenho demoro imenso tempo para adormecer. Não tens pesadelos mas tens algo pior o meu subconsciente relembra-me. Sim eu tenho algo pior Harry. Tu vais acabar por esquecer o teu pesadelo. O meu só vai acabar quando eu ajudar alguém que nem conheço.

Ele puxa-nos para baixo e contínuo em cima do seu peito e olho para as suas tatuagens. Já nada faz sentido. Há algumas horas ele disse-me que só me podia dar diversão. Mas agora tenho a certeza que amigos de beneficência não se agarram assim a meio da noite. Não mesmo. As tatuagens dele saltam-me novamente á vista e observo os pássaros com mais atenção. Eles imensamente parecidos com um dos meus desenhos. Também já os vi em camisolas. Se calhar são mais vulgares do que pensei.

-o que foi?- ele pergunta

-os teus pássaros são lindos.- acabo por confessar

-obrigada.- ele diz

O silêncio instala-se por momentos e não sei o que dizer. Não tenho sono e não quero dormir. O Harry continua acordado. Não olho para ele mas sei que continua. As mãos dele a encaracolar a ponta do cabelo e o movimento acalma-me, mas não me trás o sono.

-não consigo dormir.- Digo uma eternidade depois

-tenta.- ele remata

-estou a tentar.- riposto

-não, não estas Soph. Sinto-te irrequieta por todo o lado

Bufo porque não sei o que mias fazer. Não há nada que me consiga lembrar que valha a pena para sair daqui.

-então sempre que tiveres pesadelos vou ficar sem sono?

-o que te leva a pensar que vou te mais?- ele fica hirto ao ouvir-me falar

-não sei.- e não sei mesmo. Foi algo que me saio mas que me soa tao acertado.

-hum

-OK sabes que mais vou fazer o meu trabalho de desenho abstrato.- digo sem pensar e dirijo-me á minha capa de desenhos e tiro um lápis e uma folha A4 branca. É um trabalho simples. Só tenho de desenhar algo abstrato.

Avanço novamente até á cama e o Harry está agora sentado e com as pernas abertas para eu me sentar entre elas.

Afundo o colchão com o meu peso e encosto as minhas costas no seu lindo torso. Sinto a respiração dele levar-me calmamente para um outro sítio calmo e pacífico. Rabisco ao calhas e sinto o seu olhar pregado na folha. Adoro que el se interesse pelo que faço. Quero faze-lo bem e quero que ele goste.

-ajuda-me sussurro

-como?- ele parece hipnotizado á medida que os meus dedos traçam linhas para baixo e para cima na folha

-fecha os olhos e diz-me o que vês.- murmuro

-não preciso de fechar os olhos só para te dizer que vejo um anjo.- a voz dele não passa de um murmúrio

As minhas mãos ganham vida e fazem o que a voz rouca lhes ordena como se ele fosse um grande feiticeiro a ditar o que eu devo fazer. As asas que desenhos estão solitárias no espaço vazio do carvão. Ele coloca a mão dele sobre a minha e descemos juntos na folha. Ele traça uma linha na horizontal e depois mais uma. Largo a minha mão e deixo-o fazer o que ele quer fazer. E do nada, uma praia e um por do sol estão desenhados abaixo das nuvens vazias onde se encontram as asas que desenhei. Como se houvesse um inferno por cima de um paraíso. Ele solta o lápis e eu apresso-me a pintar e retocar as asas. Cada vez estão mais escuras. Fazendo-me lembrar as asas do anjo negro das minhas visões.

-porque as estas a fazer tao negras?- ele agarra a minha mão que carrega com demasiada força no lápis.

-não estão tao escuras como estavam á algum tempo atras.- sussurro para mim mesma.

-o que? nao consegui ouvir?-ele parece perdido

-nada. É só que me entusiasmei.

Ficamos pelo menos mais uma hora a ver-me desenhar e aperfeiçoar o desenho. Quando estou satisfeita poso-o na mesinha de cabeceira.

-tens mesmo de o levar para a aula?- ele diz quando encosto a minha cabeça ao sei peito. Ainda estamos sentados um contra o outro.

-posso sempre fazer outro.- digo meio a sorrir meio a dormir.

-estas com sono.- ele não espera minha resposta para nos deslizar para debaixo das cobertas

-não é estranho que eu esteja a dormir contigo?- pergunto ensonada

-não, não de todo. É apenas estranho dormir contigo e apenas dormir.- ele gargalha

-ohh.- sinto-me a queimar

-nem preciso de olhar para ti para saber que estas vermelha. Adoro conseguir prever todos os teus passos.- ele parece orgulhoso

-não consegues.- Resmungo

-Dorme doce Sophia

-Dorme com os anjos Harry. Anjos bons.

-Tenho o mais belo e puro comigo. Aqui mesmo.

E acabo por adormecer. Pela segunda vez esta noite. Apenas desta vez adormeço descansada e feliz. Com a segurança de que de manha ele ainda vai lá estar. Provavelmente não tao doce mas ainda ele.

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É Pequeno mas acho que está meravilhoso. Queria postar hoje para nao vos desiludir 

Ly 

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