11ºCapitulo
Está quente, muito quente sinto-me a queimar. Mas algo na maneira quente como me sinto me faz querer ficar ainda mais quente.
É o Harry está por todo lado. Abro os olhos e vejo-me entrelaçada nele. Estou de costas para ele. Ele tem uma perna por cima das minhas e uma das suas mãos descansa na minha barriga agora nua, pois a camisola subiu, enquanto o outro braço está debaixo do meu pescoço.
Sinto-me tao confortável que podia ficar aqui todo o dia quieta. Mas o facto de ter o Harry a dormir ao meu lado aquece a minha curiosidade. Viro-me cuidadosamente para não o acordar.
A minha respiração fica quebradiça ao ver o belo espécime masculino que se encontra a minha frente. As faces antes pesadas estão agora angelicais e joviais parece ter 19 anos agora e não 23. Os lábios estão inchados e entreabertos do sono profundo e tranquilo, e as suas longas pestanas descansam no topo das suas bochechas. E a única coisa que posso concluir desta bela visão é o facto do rapaz deitado ao meu lado ser um anjo, um anjo entorpecido com alguma espécie de segredo que o torna zangado e frio.
Não me quero mexer nem tocar-lhe, mas a cicatriz no seu pescoço volta a atormentar-me. É como se eu a conhecesse de algum lado. Vou tocar-lhe, acabo por decidir.
Os meus dedos tocam na pele sensível e áspera ao mesmo tempo, é irregular e vai até á parte de trás do seu pescoço.
Ele mexe-se e eu retiro a mão. Segundos depois sou comtemplada com um lindo par de olhos verdes. A sua expressão continua calma, mas ele leva a mão á parte de trás do seu pescoço. Antes o que eu achava ser um tique nervoso é afinal ele a mexer na enorme cicatriz que lhe cobre a metade esquerda do pescoço.
-bom dia.- Ele sorri
-bom dia Harry.
-dormiste bem?
-sim... sim dormi muito bem.- Murmuro insegura.
-eu também, nem precisei de... nada.- ele rebola e cai no chão de gatas.
-a que horas é a tua primeira aula?- ele pergunta. MERDA esqueci-me que hoje tinha aulas.
-Oh meu deus.- Grito
-o que foi?- e lá está aquele sorriso á gato de cheshire
-tenho geometria descritiva às 8:50, são 8:40, oh meu deus eu nunca me atraso.
-hoje atrasas- ele rir
-vou demorar pelo menos 15 minutos para chegar ao edifício de artes. Argh.
Deixo o Harry a rir-se no quarto enquanto corro para a casa de banho. Entro no comodo de duche e ligo a água. A água quente é fantástica contra a minha pele e relaxa ainda mais os meus músculos.
Merda não me posso demorar. Lavo-me e enrolo-me numa toalha e saio do comodo.
Cheira a torradas na cozinha e espero que o Harry não me obrigue a comer porque estou realmente nervosa com o meu primeiro dia na universidade.
Visto umas calças de ganga e uma camisola simples com um casaco desportivo por cima e os all star . Sim deve servir se vou andar no meio de réguas e pó de carvão.
Enfio o meu bloco e o meu estojo numa mala juntamente com a carteira e o telemóvel. Paro ao ver o telemóvel. Sete chamadas não atendidas do meu pai. Quero ligar-lhe mas não tenho tempo.
Saio disparada do quarto e quando vou a pegar nas chaves que estão no chaveiro atras da porta sou impedida um braço que chega primeiro as chaves.
-não estas mesmo a pensar ir embora sem comer. Estas?- ele arquei uma sobrancelha
-vá-la Harry estou atrasada.- Choramingo
-não.- E sei que preciso de o convencer
-eu como qualquer coisa quando sair do primeiro bloco.
-vou certificar-me disso.- Ele assegura
-fixe até logo.- Tiro-lhe as chaves da mão.
Corro o mais depressa que consigo até ao caminho que me leva para o meu edifício. Correr dá-me tempo para pensar que... eu odeio correr. Paro e começo a andar calmamente, afinal a aula começa em cinco minutos e mesmo se eu for a correr não vou chegar a tempo e ainda vou transpirar.
O meu estomago ronca e isso faz-me pensar no Harry. Eu dormi com ele. Eu passei a noite nos braços dele. Ele tinha mão na minha pele exposta hoje de manha. Estávamos tao quentes, estávamos isolados numa bolha de calor, adoração e carinho. Mesmo que nenhum de nos estivesse consciente de que estávamos a ser carinhosos, nós estávamos, e foi adorável.
A fome dá lugar a borboletas. Nunca nenhum rapaz me atraio de forma tao forte com o Harry. A maneira como num minuto ele é carinhoso e preocupado e no minuto seguinte é rude e malcriado. Isso eu posso dizer que metade disso deve-se dever á educação que lhe deram. Se bem que não é justo julgar os pais dele sem ao menos os conhecer certo?
Os meus pensamentos param quando vejo a fachada do prédio. Corro lá para dentro e quando dou por mim estou numa sala com mais de 200 estudantes. Vai ser difícil, mas vou conseguir chegar á primeira fila.
Desço até ao fim da sala e vejo um lugar vago ao lado de uma rapariga loira. Levanto a cabeça por dois minutos e esta outra miúda a olhar para o lugar. Sem pensar corro para ele e sento-me respirando por alívio. Atrevo-me a levantar o olhar e a rapariga ao meu lado parece estar a chamar-me criança interiormente enquanto a outra rapariga está a fumegar pelas orelhas, toma embrulha grita-lhe o meu subconsciente .
Felizmente o professor só agora começou a mexer em papeis e agradeço-lhe mentalmente por isso. Tiro o meu bloco de notas e uma caneta do meu pequeno estojo. Estou certa de que vamos precisar de alguns materiais, o que me leva a pensar numa ida às compras. Uma ida ás compras SOZINHA a voz irritante na minha cabeça volta a gritar, e quero manda-lo aquela parte nada bonita.
Uma mão toca no meu ombro e sou obrigada a olhar para trás. É aquele rapaz. O Dean da loja dos sumos.
-olá.- ele sorri
-olá.- soou alegre e gosto disso pois por dentro toda eu sou um ponto de interrogação.
-então artes han? Ninguém diria.
-então e porque han?
-bom tens ar de certinha, ar de letras digo.- oh bom pensei que tinha ar de qualquer outra coisa.
-então uma rapariga de artes não pode ser certinha. Há e fica sabendo que uma rapariga certinha não tem o quarto desarrumado. Eu tenho.- Digo a rir
-és bonita de uma forma engraçada e certinha. Pensei que fosses de letras. Sabes maioria das raparigas aqui tem um piercing ou uma tatuagem algures.- Ele sussurra num de voz confidente. Olho á minha volta e vejo que ele tem razão. A rapariga ao meus lado tem um piercing debaixo lo lábio.
-bom eu não tenho nenhuma tatuagem e dispenso ter o meu corpo furado. É uma forma de dor completamente ridícula.- Acabo por dizer baixinho. Respeito quem o faz e não quero que a rapariga ao meu lado se sinta mal.
-Muito bom dia a todos.- O professor diz e acabo por me voltar para a frente.
Á sua maneira a aula corre calma e sem muita agitação. Apercebi-me que tive sorte por conseguir entrar. Consigo ouvir um burburinho de lamentação dos alunos que não conseguiram entrar.
Não toca e fico atenta ao telemóvel para ver as horas. Quando o professor nos dispensa saímos todos se forma calma. Isto não é nada como o secundário. Aqui todos são praticamente adultos.
O Dean vem ao meu lado e sinto-me agradecida por não ficar sozinha, sei que tenho 20 minutos de intervalo o que é relativamente mais do que no secundário.
O meu estômago ronca e isso faz lembrar-me do aviso do Harry para comer depois do primeiro bloco.
Tento lembrar-me onde é o café e qual o caminho a tomar quando uma grande cabeleira encaracolada desperta a minha atenção. O Harry vem a caminhar pela relva com a pasta cheia de fotocópias. Suponho que por andar no 2º ano já tenha começado a estudar.
O meu coração palpita a medida que ele se aproxima. A nossa noite vem me á cabeça. Sei que ele só dormiu comigo porque estava com pena de mim e da minha maldita visão.
-Soph, bom hoje tenho o turno da tarde no café se quiseres aparecer era fantástico.- O Dean fala. Tinha me esquecido que estava com ele. Será que o Harry vai armar outra fita? De onde será que eles se conhecem? Não me posso esquecer de perguntar ao Harry.
-ela não pode vai ajudar-me com a pintura da casa de banho.- a voz rouca soou do alto da minha cabeça. Bolas o Harry é mesmo alto.
-por favor Harry tu e ela vivem no bloco de apartamentos mais caro do campus.- o Dean revira os olhos.
-comes-te?- o Harry fala e ignora o Dean.
No entanto continuo a pensar. Os outros alunos de outros blocos mais baratos tem de pintar? Sei que parte do meu apartamento é pago por uma bolsa. Mas não sabia que era o melhor. Talvez um dos, mas não o melhor. Isso quer dizer que o meu pai paga bastante pela outra parte suponho.
-hey Sophia?- o Harry volta a chamar
-não Harry ainda não comi nada.- a minha voz sai melindrada e os olhos dele arregalam-se
-bom Dean vou levar a Sophia a lanchar. Porque eu posso.- o Harry diz e arrasta-me atras dele.
Como assim pode? O Dean não pode porque? O que ele disse sooa como um consumidor supremo. Quem raio acha ele que é? O Harry mantem o seu passo tao acelerado que me é impossível acompanha-lo.
-para Harry.- Guincho.
Ele para e olha para mim lá do alto das suas lindas e esverdeadas janelas. Fico hipnotizada com o quão mais verdes os olhos dele são do que os meus. Os meus são escuros perto dos dele. Os dele são com águas calmas a chamar-me. Eu sei que já não posso evitar ir até ele. Vou entrar na tempestade que é Harry Styles o meu lindo companheiro de casa.
-que foi?- ele pergunta rude
-porque não pode o Dean levar-me a lanchar?- sei que parece uma pergunta estupida mas quero saber.
-porque não tem dinheiro para isso.- Ele não ri e isso faz-me ter menos raiva do que ele disse ao pobre rapaz. Pobre não no sentido económico.
-e achas bonito espetar isso na cara do rapaz?
-bonito ou não é a verdade.- ele encolhe os ombros e continua a arrastar-me. Com um solavanco liberto-me do seu aperto.
-e achas que todos nós temos pais que nos comprem um iphone porque atiramos o nosso contra a parede?- pergunto bruscamente. Ele está a começar a irritar-me. Eu não quero ser mal-educada de todo.
-tu tens.- Ele atira e tenta chegar de novo ao meu abraço.
-achas mesmo isso?- estou chocada
-é o que sei.- ele é arrogante a falar
-bom Harry e o que te leva a pensar isso?- agora eu quero saber
-vives no melhor de apartamentos do campus, tens um monte de roupa, livros, materiais de desenho, telemóveis, computadores, os teus pais mandaram decorar o apartamento e o teu pai ainda tentou subornar-me para abandonar o apartamento. Que conclusões queres tu que eu tire?
Recuso-me a acreditar nisto. Recuso-me a acreditar que o Harry acha que eu sou uma miúda rica quando não o sou. Recuso-me. Viro costas e vou-me embora. Ele não é ninguém para dizer o que sou eu ou os outros.
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